Minha cabeça doía. Pisquei algumas vezes antes de conseguir abrir os olhos, mas a claridade me incomodou e voltei a fechá-los. Ouvia alguém falando comigo, mas minha mente não processava. Sentia-me dolorido, mas nada que pudesse me causar preocupação. Ajudaram-me a sair do carro e me colocaram em uma ambulância, mesmo eu insistindo que não precisava. Estava mais preocupado com a motorista do outro carro, que ainda parecia inconsciente.

 Suspirei, recostando-me na parede da ambulância e fechei os olhos novamente. A claridade me incomodava de uma maneira absurda, o que fazia minha cabeça latejar de dor. Aceitei de bom grado o copo de água que o enfermeiro havia me oferecido. Ele disse que a dor passaria. Devia ter algum remédio ali, porque a dor realmente foi diminuindo aos poucos. 

Não demorou muito até que chegássemos ao Cambridge Hospital Campus e eu tentei convencer ao jovem enfermeiro, que estava me encarando com incredulidade, a me deixar ir embora. Não havia necessidade de ser atendido, pelo menos do meu ponto de vista, já que a dor havia cessado. O moreno negou com a cabeça, dizendo que eu precisava examinar a cabeça, já que havia sofrido uma grande pancada com o impacto.

 O médico que me atendeu, doutor Hertz, decidiu por fazer uma ressonância do crânio, para poder avaliar de maneira mais completa se algo tinha acontecido após a batida. Coloquei o avental que a técnica de radiologia me entregou e deitei-me na maca do aparelho. Fechei os olhos. Minha cabeça já havia voltado a doer de maneira absurda, não queria nem imaginar como ficaria com todo o barulho que aquela máquina fazia.

 Já havia sido atendido e esperava, em meu quarto no hospital, o doutor vir me dar o resultado do exame e, esperava, liberar-me. Não demorou muito para que ele aparecesse, dizendo que tudo estava bem comigo e eu só precisava tomar remédio para dor, caso sentisse, e voltar dali algum tempo para confirmar se tudo continuava bem. Aproveitei para perguntar sobre a moça do outro carro e o médico disse que ela estava bem, descansando no quarto ao lado do meu, o que me fez pedir para vê-la antes de ir embora, e ele autorizou.

 Levantei-me com a ajuda do médico e me troquei antes de ir ao quarto da jovem, cujo nome me disseram ser Lindsay. Mordi o lábio inferior ao avistá-la deitada sobre a cama de hospital. Devagar, a morena abriu os olhos e os arregalou enquanto encarava os meus, também provavelmente com expressão de incredulidade.

 — Larry? - eu a ouvi dizer, surpresa. A voz era exatamente a mesma de meu sonho.