50 Tons de Mentiras escrita por Carolina Muniz


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Heeeeey ♥



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♥ Capítulo 4 ♥

"Então, esta é a minha vida. E quero que você saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e ainda estou tentando entender como posso ser assim."

— As Vantagens de Ser Invisível

➰➰➰

Nada.

Nada foi o que Ana fez a respeito. A não ser que tacar base e pó de arroz no rosto para esconder a marca vermelha da palma de Elena fosse fazer alguma coisa. Ela não considerava, mas foi um sucesso de qualquer forma. Pelo menos até o domingo, quando teve de ir com os pais ao almoço na casa dos Grey em comemoração a um caso de prestígio sendo ganho por Carrick.

O pai de Mia era advogado, um dos melhores, conhecido por nunca ter perdido um caso, e aquele em comemoração era sobre um empresário que vinha roubando propinas, e Carrick provou. Então, naquela manhã de verão a mansão dos Grey estava animada como sempre, com direito a música alta e festa na piscina.

Em três dias, e ainda havia uma mancha vermelha no lado esquerdo do rosto de Ana, era mais fraca, mas ainda assim visível a olho nu, então a garota teve de passar a devida maquiagem que escondesse bem aquilo, penteou o cabelo e o deixou bem perto do rosto e esqueceu de colocar um biquíni de propósito para não ter que entrar na água que correr o risco da marca aparecer.

Ao chegar na mansão com os pais, logo foi arrastada por Mia para a área da piscina, onde tinha mais gente do que Ana imaginou que teria.

Não demorou para o almoço ser servido, e toda a família estar em volta da enorme mesa do jardim. Não havia tantas pessoas de fora, a família Grey era realmente grande, apenas alguns amigos que ajudaram Carrick no caso e a nova namorada de Elliot – que por conseguinte do azar que Ana tinha, estava sentado ao lado.

— Aninha sabe o quanto eu sou inteligente – o bendito dizia a namorada, se gabando como sempre.

Ana revirou os olhos, nem parecia que aquele cara tinha vinte anos.

— Não me chame de Aninha – ela reclamou.

— Anão, então – ele rebateu.

A garota bufou alto, logo recebendo um apertão perto da costela: sua mãe. Elena estava sentada ao seu outro lado, infelizmente porque Mia havia ido trocar de roupa e a loira sentou em seu lugar.

A morena baixou a cabeça e voltou ao seu prato.

Bufar também era falta de educação na concepção de Elena.

Era engraçado como depois de saber o segredo da mulher, Ana ficava olhando o tempo toda para a mesma e para Christian, como se esperasse que eles fossem se beijar a qualquer momento, e também observava quando um deles saíam de suas vistas, esperando o outro sair também para se encontrarem, mas aquilo não acontecia. E eles pareciam saber que ela estava olhando, pois se esforçavam em ficar sempre perto de si, como para mostrar que estavam ali.

Foi observando tanto que Ana percebeu que eles não agiam como amantes sórdidos, eles agiam como nada. Se ela não tivesse visto e tido uma confirmação dos próprios, teria rido na cara de quem acusasse algum envolvimento dos dois. Eles ao menos olhavam um na cara do outro, não havia nenhum tipo de toque ou código. O que será que Christian viu em Elena? Ela era bonita, mais velha e rica. Mas ele também era bonito e rico, e podia ter qualquer uma, por que a Elena? Ela era fria, egoísta, autoritária, sempre queria mandar em tudo. Ana entendia porque seu pai ficou com ela, e também já tinha idade suficiente para saber o que era um casamento por conveniência, o que era o caso de seus pais. Mas e Christian? Ele sabia que existia outras mulheres no mundo, muito melhores do que Elena.

Ana balançou a cabeça e tirou os pensamentos da cabeça, já estava cansada de tanto tentar encontrar explicação para algo casual e claramente consensual que eles tinham. O almoço terminou, e todos foram para a sala de estar num consenso de tomarem vinho e conversarem mais.

Coisas de adulto.

Mas se viu seguindo sua mãe para a sala junto de seu pai, ignorando o pedido de Mia para subirem para o quarto com a filha mais nova dos Hanson.

Assim como ela não queria deixar sua mãe ter oportunidade para se encontrar com Christian, ela não queria ficar sozinha com Mia. Sabia que alguma hora teria um deslize, então era melhor não arriscar. Então, lá estava ela, sentada ao lado de Elena e Grace, enquanto os adultos bebiam e falavam sobre as mais variadas coisas, sem a menor vontade de conversar também. O que todos estranhavam, Ana era conhecida por dominar qualquer assunto e dar sua opinião própria seja sobre o que for.

A garota apenas tentava não encarar Christian o tempo todo, que conversava com Elliot e o filho dos Hanson do outro lado da sala.

— E a pequena Ana? O que acha sobre esse novo projeto da Lincoln? – ela voltou aos outros quando ouviu a pergunta do Sr. Hanson.

O homem era um pouco mais velho que seu pai, divorciado da mãe do filho e casado há alguns meses com um modelo que fazia Ana muito feliz sempre que falava sobre a garota ter porte para as passarelas, exagerava no vinho e ficava engraçado quando passava do limite do álcool, uma vez até desafio a menina para uma competição de dança no meio de uma festa de caridade.

— Hã, eu não me envolvo nos assuntos da empresa – ela respondeu de qualquer forma. – Mas tenho certeza que o papai fez um ótimo negócio, como sempre.

Os sorrisos foram automáticos. Ana desde cedo foi ensinada a elogiar os pais e a enaltecer sempre que tiver uma resposta relacionada a eles.

— É bom que concorde, não, Linc? – o Sr. Hanson brincou.

— Claro – seu pai concordou. – Afinal, aquilo tudo será dela um dia.

E assim a conversa se voltou para filhos, Carrick se orgulhando dos próprios mesmo que nenhum fosse seguir sua carreira, e era clara a sua felicidade sobre Christian que começará a faculdade assim que o verão terminar.

— E você Ana, já sabe o que pretende seguir? – Mendy, esposa do Sr. Hanson questionou, e todos se calaram para ouvir a resposta da menina.

Era engraçada a forma como todos se encantavam com Ana – para a irritação de Ana e felicidade de Linc – e sempre estavam querendo saber sobre o futuro dela. Para os sócios de Linc, ela era uma criança prodígio, e fosse que carreira seguisse no futuro, teria sucesso, e claro, eles estariam por perto para uma sociedade, ainda mais depois da garota ter avançado uma série na escola, já era um pulo para a faculdade.

— Provavelmente, administração – ela respondeu em automático.

Como se tivesse escolha de verdade!

— Mas isso não impede uma carreira de modelo – comentou Mendy com uma piscada de olho.

Ana sorriu para ela e sentiu o rosto ficar vermelho, desviando o olhar e acabando por deixar cair nos olhos gélidos de Elena. Podia imaginar exatamente o que a mãe estava pensando: gorda não é modelo e Mendy apenas estava tentando ser gentil.

— Ah, chega dessas conversas em cima da menina, ela é muito nova ainda – Grace interveio, amável como sempre. – Christian, filho, toque alguma coisa para nós – pediu ela um pouco mais alto, atrapalhando a conversa dos meninos.

Christian se virou para a mãe e Elliot bateu de leve em seu ombro, de brincadeira. Grace era uma mãe rotineira, e todos os seus filhos precisavam seguir sua lista: uma língua estrangeira, uma arte macial e um instrumento. Mia tocava violoncelo, Christian piano e Elliot guitarra. Uma vez, o mais velho disse que apenas decidiu por guitarra porque sabia que sua mãe nunca o pediria para tocar na frente de todo mundo.

E ele estava certo, pois nem Mia escapava muitas vezes.

Ana observou as palavras de negação quase saindo da boca de Christian, mas provavelmente por todas as pessoas em volta, ele apenas se levantou e seguiu para o enorme piano negro no canto da sala, perto da janela do chão ao teto.

— Ana, você tem uma voz linda, vamos, nos alegre – Grace incentivou, puxando sua mão para que se levantasse.

A garota arregalou os olhos.

— Isso Ana, nos alegre com sua voz de soprano – Elliot falou.

A menina semicerrou os olhos para o mesmo e já podia sentir o rosto queimando.

— Querida, junte-se a Christian – Elena quem falou dessa vez, a voz controlada como sempre, mas a ordem explícita para Ana.

A garota se levantou automaticamente e seguiu para o piano.

Enquanto se sentava no banco ao lado de Christian, se perguntou se algum dia conseguiria se livrar de Elena e não ser mais dominada por ela.

Encarou Christian e sustentou o olhar cinzento do outro.

Será que ele também era dominado por ela? Ana não conseguia pensar em Christian dominando Elena, ele teria que ser como seu pai para aquilo. E ele não era... Ou era?

Ele levantou uma das sobrancelhas numa pergunta explícita.

— Read all about it – ela respondeu à pergunta silenciosa sobre a música.

Ana desviou o olhar para as mãos de Christian sobre as teclas brancas e pretas, ela sabia exatamente quais tocar para as notas de Read All About It, e Christian melhor ainda, ele nem precisava olhar para nenhuma partitura.

 

You've got the words to change a nation but you're biting your tongue

(Você tem as palavras para mudar uma nação, mas você morde sua língua)

You've spent a lifetime stuck in silence afraid you'll say something wron

(Você passou a vida toda preso em silêncio com medo de dizer algo errado)

If no one ever hears it, how we gonna learn your song?

(Se ninguém nunca ouvir, como vamos aprender a sua música?)

So come on come on, come on come on

(Então vamos lá, vamos lá, vamos lá, vamos lá)

 

Ana mordeu o lábio inferior e mirou Mia descendo as escadas junto de Melissa, a filha do Sr. Hanson, a garota sorriu para si num incentivo para que continuasse.

 

You've got a heart as loud as lions so why let your voice be tamed?

(Você tem um coração tão alto quanto um leão, então por que deixa sua voz ser domada?)

Maybe we're little different, there's no need to be ashamed

(Talvez sejamos um pouco diferentes, não precisa ter vergonha)

You've got the light to fight the shadows so stop hiding it away

(Você tem a luz para lutar contra a escuridão, então pare de escondê-la)

Come on, come on

(Vamos lá, vamos lá)

 

A garota voltou a encarar as teclas sendo tocadas por Christian e repousou as mãos sobre as coxas, tentando se impedir de olhar para o rosto do mesmo.

 

I wanna sing

(Eu quero cantar)

I wanna shout

(Eu quero gritar)

I wanna scream till the words dry out

(Eu quero gritar até as palavras se abafarem)

So put it in all of the papers, I'm not afraid

(Então coloque tudo nos papéis, não tenho medo)

They can read all about it, real all about it oh

(Podem ler tudo sobre isso, ler tudo sobre isso, oh)

 

Era difícil não olhar para ele quando o mesmo parecia estar em transe olhando para ela. A garota tentou mirar qualquer coisa, mas seus olhos o tempo todo voltava aos dele.

 

At night we're waking up the neighbours while we sing away the blues

(À noite acordamos todos os vizinhos, enquanto cantamos os blues)

Making sure that we're remember yeah, 'cause we all matter too

(Tendo certeza de que lembremos, porque todos nós importamos também)

If the truth has been forbidden, then we're breaking all the rules

(Se a verdade foi proibida, então estamos quebrando todas as regras)

So come on come on, come on come on

(Então vamos lá, vamos lá, vamos lá, vamos lá)

 

Então ela desistiu, apenas ficou sustentando o olhar de Christian, e nem precisava se esforçar para lembrar da letra da música assim como ele com as notas. Read all about it era a música preferida de Ana desde sempre, e fora a primeira que fez Christian ensiná-la, e mesmo a contragosto, chamando a canção de brega e sem sentido, ele aprendeu apenas para ensiná-la.

 

Let's get the TV and the radio to play our tune again

(Vamos fazer a TV e o rádio tocar nosso tom de novo)

It's 'bout time we got some airplay of our version of events

(Já era hora de tocarmos um pouco da nossa versão dos eventos)

There's no need to be afraid, I will sing with you my friend

(Não precisa ter medo, eu vou cantar com você, meu amigo)

Come on come on

(Vamos lá, vamos lá)

 

Ana inspirou o ar, se convencendo de que existia outras pessoas na sala, que existia um mundo inteiro ao seu redor mesmo que olhar para Christian a fizesse duvidar daquelas coisas.

 

I wanna sing

(Eu quero cantar)

I wanna shout

(Eu quero gritar)

I wanna scream till the words dry out

(Eu quero gritar até as palavras se abafarem)

So put it in all of the papers, I'm not afraid

(Então coloque tudo nos papéis, não tenho medo)

They can read all about it, real all about it oh

(Podem ler tudo sobre isso, ler tudo sobre isso, oh)

 

A letra terminou, as notas termiraram, a música acabou, mas Ana só voltou para a realidade quando uma rajada absurdamente alta de aplausos foi ouvida. A mordeu o lábio inferior e virou o rosto para onde Mia estava, e tentando controlar os batimentos cardíacos ela apenas ignorou o sorrisinho malicioso de Mia direcionado a si enquanto a mesma aplaudia.

— Ai, vocês fariam um lindo casal – Mendy soltou de repente.

Ana encarou o chão com o rosto queimando, o silêncio reinando na sala.

— Acho que Mendy exagerou no vinho, nos desculpem – o Sr. Henson disse enquanto ria.

Todos voltaram a conversar, dessa vez usando um tom de brincadeira quando Carrick emendou o que Mendy disse falando sobre como seria bom juntar as famílias Lincoln e Grey.

Ana desejou que um buraco se abrisse no chão, mas ele não se abriu, então ela teve que se levantar do banco do piano e seguir em direção a Mia enquanto Elliot comentava sobre ele querer ser o sortudo Grey a se casar com Ana pois ele surtia um amor secreto por ela. O que realmente fez a garota rir foi a namorada do mesmo declarando um fim falso e dramático de namoro.

Mia cruzou o braço com o de Ana e sorriu.

— E como está o coração depois dessa? - perguntou a Grey em voz baixa. - Vocês não paravam de se olhar. Só sei que se continuar assim daqui a pouco estamos planejando seu casamento.

Ana revirou os olhos.

— Ai, que vergonha – a garota suspirou. – Eles não vão mais parar? – questionou quando Grace começou a falar sobre as qualidades de Christian para Elena em pró do "casamento" dele com Ana.

A morena o lado de dentro da bochecha ao pensar que Elena com certeza já sabia de todas as qualidades de Christian, principalmente as que Grace não queria saber.

Maldita Mendy!

— Fala sério, você está adorando tudo isso. Tem que me dizer quando rolar o primeiro beijo – Mia murmurou.

Ana bufou de leve e se afastou da amiga.

Aquele era outro tópico muito delicado de se falar. Ana nunca havia beijado ninguém, enquanto Mia até já havia deixado tocarem em seus seios, e mesmo que ela dissesse que não se importava, que estava esperando o garoto certo para beijar, ela se sentia excluída quando a garota começava a falar sobre aquelas coisas e ela não tinha experiência nenhuma. Ainda mais agora que provavelmente o garoto certo nunca iria beijá-la.

Ana deixou a sala discretamente quando Mia começou uma conversa Melissa, e seguiu para o corredor do banheiro do primeiro andar. A garota nem chegou a entrar, apenas se recostou na porta e fechou os olhos.

Estava exausta e nem sabia do que. Seus dias ultimamente estava sendo cansativos emocionalmente e aquilo estava acabando consigo. Nunca pensou que iria querer tanto que o verão acabasse para que pudesse voltar a escola e ficar cinco horas diretas longe de casa e de sua família. E agora ficaria na mesma sala que Mia, já que havia avançado uma série. Havia sido uma ótima notícia durante todo o verão, mas agora ela só queria que aquilo não tivesse acontecido.

Como conseguiria mentir para Mia por tanto tempo?

A garota abriu os olhos quando sentiu alguém ao seu lado, já suspirando mentalmente por imaginar ser Mia.

Mas não era.

Era Christian. E ele parecia tão exausto quanto ela.

Ana baixou os olhos rapidamente quando ele a encarou. Ela não sabia bem em que momento aquilo havia começado, mas bastava ele olhar para ela que ela sentia a necessidade de admirar o chão, e antes aquilo só acontecia com sua mãe.

Surpreendentemente Christian segurou seu queixo e o levantou até que ela estivesse cara a cara com ele.

— Nunca mais faça isso – ele sussurrou.

Ana franziu o cenho, o coração disparando ainda por Christian estar tocando-a.

— Fazer o que? – questionou.

— Baixar os olhos quando eu olho para você – respondeu simplesmente. – Não deveria fazer com ninguém, seus olhos são impressionantes.

Ana se esqueceu de soltar o ar preso na garganta, ficando ofegante quando seus pulmões protestaram.

— Para com isso – ela murmurou, e suspirou em seguida, já se virando para ir embora.

— Não, espera – Christian tocou em sua cintura para pará-la.

— Você precisa parar com isso – ela falou.

Seu coração parecia uma hélice de helicóptero àquela altura, e no silêncio daquele corredor, suspeitava que Christian pudesse ouvi-lo.

— Eu só preciso que você finja que eu não existo – ela pediu, voltando a encará-lo.

Eles nunca estiveram tão perto, as respirações chegavam a se misturarem, a mão de Christian permanecia em sua cintura, agora literalmente a segurando. E, ao contrário do que Elena dizia a garota, Anastasia era linda. E mesmo que Ana nem acreditasse mais naquilo, Christian sabia. Os olhos, o cabelo, o rosto, até suas bochechas eram lindas. E naquele momento ele conseguia ter a completa certeza daquilo, tão perto, todos os detalhes eram milimetricamente perfeitos nela.

Ana perdeu o ar, ou se esqueceu de como se respirava por um instante, tudo parado ao redor, sem mundo mais uma vez. Ela mordeu o lábio inferior de nervoso, sentindo as mãos suarem, e viu quase em câmera lenta os olhos de Christian se desviarem para sua boca.

Ela não era boba, sabia exatamente o que iria acontecer se ela não se afastasse naquele segundo. Mas Ana não sabe se estava decidindo ou apenas não se afastou, quando ele tocou em seu rosto, tirando seu cabelo do caminho. Percebeu quando ele passou mais tempo observando sua bochecha esquerda do que o necessário, e apenas decidiu não comentar sobre a mancha vermelha que com certeza estava vendo ali. Ele acariciou seu rosto, desde a testa até seu queixo, parando em sua boca, o polegar gentilmente em seus lábios, e então voltando a mão para sua bochecha, descendo por seu pescoço até que parou em sua nuca.

Os lábios se tocaram de leve com os dela.

Os olhos de Ana ainda estavam abertos, os lábios de Christian encostando nos seus, até que ela se deixou levar e fechou-os lentamente, pensando apenas naquela sensação. Sua boca se abriu levemente quando ele apertou sua cintura, trazendo seu corpo contra o dele, e ela ofegou ao sentir sua língua em sua boca.

Ana tentava não pensar a fundo no fato de ser o seu primeiro beijo e ela nem saber se estava fazendo o certo. Apenas se ateu a sensação, todas as sensações que estava tendo pela primeira vez. Era incrível. Totalmente. Tudo aquilo. Ele estava beijando-a, realmente beijando-a... Assim como ele fazia com sua mãe!

Foi como um tiro em todas as borboletas que voavam em seu estômago constatar aquele fato.

A garota se afastou dele de forma rápida, se desencostando por completo.

— Por que você fez isso? – perguntou, sendo difícil proferir as palavras com o nó repentino em sua garganta.

Ela não ia chorar, né?

— Porque eu quis - ele respondeu.

Ela abriu a boca para dar uma resposta inteligente, audaciosa e bem teimosa. Ela queria dizer para que ele nunca mais fizesse aquilo, que ele não tinha o direito de ficar agarrando-a daquele jeito, que aquilo era pedofilia, mesmo que ela soubesse que não era. Ela não ligava, queria dizer verdades falsas para ele. Mas não conseguiu. Não conseguiu formular uma frase engenhosa enquanto ele obviamente estava à espera de uma.

— Você e minha mãe se merecem mesmo - ela disse junto da única lágrima escorrendo por seu rosto, para a surpresa de ambos.

Christian Grey estava a fazendo chorar pela segunda vez.

— Sabe, eu não sou como uma boneca que vocês podem brincar e depois colocar numa caixa, ou no caso... Me mandar para a Inglaterra. - ela fungou e então respirou fundo. - O que você acha que está fazendo? Que me beijando vai fazer com que eu não diga nada para ninguém? Ou a minha mãe me ameaçando vai fazer com que eu esqueça? Olha, eu não ligo para o que vocês fazem. Seja lá o que for... Só me deixa em paz, porque por mim vocês dois podem ir para o inferno - falou, passou as costas da mão pelo rosto, limpando agora as lágrimas que desceram sem parar. – Eu odeio você, provavelmente mais do que eu odeio a Elena.

Por um longo tempo, Ana não se arrependeu de que aquelas foram as últimas palavras que disse à Christian por muitos anos, mas ela se arrependeu de não ter se despedido de Mia aquela noite como deveria.

➰➰➰

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Ai, meu Jesus ♥ não sei o q dizer... e vcs?

OBS: Gente, a Ana tem 13 anos e o Christian 18, ele não é tão mais velho assim e ela também não é uma criancinha, tudo de boa ter rolado um beijo, e a Mia já está prestes a fazer 14. E eu com 14 já estava namorando um garoto de 19 haha, mas enfim, logo o tempo vai passar, e Ana já vai estar grandinha. Espero q vcs estejam gostando da fic, beijoooos.



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