50 Tons de Mentiras escrita por Carolina Muniz


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiii ♥



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♥ Capítulo 5 ♥

"Se ao menos conseguíssemos enxergar a infinita cadeia de consequências que resulta das nossas pequenas decisões... Mas só percebemos tarde demais, quando perceber é inútil."

— Alguém Disse

➰➰➰

 

Segunda-feira chegou, e Ana não queria levantar da cama pelo próximo ano.

A garota não desceu para o café da manhã, o que era estranho, ela sempre descia, pois ia correr toda manhã. Aquilo começou depois que sua mãe a intimou que precisava perder 5kg até as aulas começarem, e elas começariam em duas semanas e Ana não havia perdido nem dois.

A noite passada havia sido a pior de toda a sua vida, e mesmo sendo tão nova, Ana duvidava que teria alguma noite pior no futuro. Quando chegaram em casa, seus pais tiveram uma discussão terrível, e muitos vasos da sala foram quebrados, Ana desconfiava que teria cacos de vidro e porcelana pela casa até o ano que vem. E se não fosse o suficiente, Elena deu um de shows com Ana por a garota aparentemente não servir nem para ser bonita, vociferando sobre como ela seria a garota gorda da escola, e pela primeira vez a menina fez algo que ainda a assustava mesmo depois de horas.

Talvez por assustá-la tanto o que fez, ela tenha tomado aquela decisão: não iria contar para o pai sobre a traição de Elena, mas iria dar um jeito naquela situação. O que Elena fez não tinha perdão e ela sabia que seu pai iria dar um jeito naquilo. Ele podia ser um homem frio e calculista, mas nunca fora violento, e não iria aceitar algo do tipo de Elena.

Então a garota estava lá, em frente a porta do escritório do pai, quando deveria estar correndo para emagrecer, pronta para desafiar sua mãe como nunca havia pensado que teria coragem de fazer.

A garota entrou no escritório sem bater, pois, sabia que não havia ninguém em casa, e seu pai quase nunca trazia um sócio ainda mais numa manhã de segunda.

Ana fechou a porta atrás de si virou para a cadeira onde seu pai deveria estar, mas não foi lá que ela o encontrou.

— Pai!? - gritou assim que viu a cena.

Seu pai e sua governanta estavam num momento mais do que íntimo em cima da mesa, e graças ao destino os dois ainda estavam de roupas.

— Ah, meu Deus, Ana! - Tiffany exclamou saindo dos braços de Lincoln e abaixando o uniforme que já estava acima da cintura.

— Ana, por que não bateu? - seu pai perguntou, mais irritado do que... Não, ele só estava irritado por ser atrapalhado.

— Achei que estivesse sozinho... - a menina falou. - O que vocês...? Qual é o problema de vocês!?

— Ana, eu acho que isso... - seu pai começou, mas logo foi interrompido pela mesma.

— Você e Elena são repulsivos - vociferou a garota.

Tiffany abaixou a cabeça quando a morena a olhou de relance.

— E até você, Tiff? Eu... Eu não entendo, pai. Se não gostam mais um do outro a ponto de traírem, por que continuam juntos?

— Ana, você não enten... O quê? Como assim traírem um ao outro? Do que está falando?

Ana abriu a boca e fechou rapidamente.

Deslize, Anastasia, DESLIZE.

Droga! O que iria fazer agora?

— Anastasia, estou falando com você!

— Elena está com alguém - ela disse rápido.

Quando ela disse que não tinha medo de seu pai?

— Quem? – ele questionou sem se abalar.

— Eu não sei - mentiu.

— Anastasia! - insistiu o outro.

— Eu juro que não sei.

— E como você sabe que ela...?

— Eu só sei.

Lincoln suspirou alto. Tiffany saiu do escritório de fininho.

— O que é isso em seu rosto? - Linc perguntou.

Seu pai levantou uma das sobrancelhas, aproximando-se da garota.

— Foi sua mãe? - insistiu, levantando o queixo da garota para analisar a mancha vermelha.

— Sim - a menina respondeu.

— Por quê?

— Eu... Eu...

— Anastasia, fala!

— Eu a chamei de vadia.

— O quê?

— Foi sem querer, quando eu vi já havia dito - defendeu-se.

— E por que você fez isso?

— Nós estávamos discutindo e aí escapou.

O homem bufou e soltou o queixo da garota, virando-se para a mesa.

— Anastasia, eu não vou ficar perguntando - apenas disse, o tom ameaçador.

Ana suspirou.

— Eu descobri que ela estava com alguém e ela disse para que eu não contasse para ninguém, nós discutimos e eu acabei a chamando de vadia, então ela me bateu.

— Ela te bateu por que não queria que você falasse que ela estava com um cara?

A garota torceu a barra na blusa nos dedos e desviou o olhar.

— Ela te marcou por causa de um homem!? - seu pai vociferou.

De repente ele pegou o telefone em cima da mesa e tacou na parede, fazendo o aparelho se estraçalhar.

Ana arregalou os olhos e olhou para o pai.

— Você sabe quem é, Ana, eu sei que você sabe. Não sei o porquê de não querer dizer, mas tudo bem - Linc falou, extremamente nervoso agora. - Peça para Tiffany te ajudar com as malas.

— Malas?

— Sim, nós vamos viajar.

— Para onde?

— Você só precisa saber que vamos viajar. Agora vai.

Ana engoliu em seco e saiu do escritório atrás de Tiffany, que não sabia onde enfiar a cara quando a menina apareceu na sua frente.

As malas já estavam no hall de entrada quando Linc voltou.

Tiffany já estava de saída e tentou não olhar nos olhos do homem e nem nos da garota. Lincoln subiu as escadas como um furacão, logo depois Elena entrou na casa atrás dele. Ana permaneceu no quarto, sentada em sua cama, esperando o que aconteceria a seguir.

Aquele cômodo havia mudado drasticamente enquanto Ana crescia, dinheiro nunca foi problema para seus pais, e muito menos em dar para ela, e o quarto mudava conforme os novos gostos de Ana. E ela estava numa fase de amar borboletas, as palavras eram repletas delas desenhadas a mão por profissionais, sem contar que havia uma biblioteca particular para Ana bem ali. Mas a garota se viu odiando aquele cômodo desde a noite passada, a única coisa que conseguia pensar ao estar ali era do que fez.

Ela havia feito mesmo? Não foi um sonho?

Mas não tinha dúvidas, o cheiro ainda prevalecia ali para lembra-la, e sua garganta também doía pelo esforço. Ela realmente havia forçado toda a comida de domingo sair de seu estômago, colocando dois dedos fundos na garganta para expelir o vômito. Não achou que havia emagrecido, mas pelo menos as calorias – e foram muitas – que adquiriu no dia anterior, estavam fora de seu corpo.

A garota se virou para a porta, pegou seu iPod e pôs os fones de ouvido, seu celular ainda estava confiscado por seu pai, então nem o aparelho tinha para se distrair. E então tudo começou fazendo Ana fechar os olhos com força. Houve gritos, houve barulhos altos o suficiente para fazer a menina colocar os fones de ouvido com a música no último volume e ainda assim escutar. Até que ela sentia a mão de Elena – inconfundíveis pelas unhas enormes - sobre a sua, puxando-a com violência para fora da cama.

A garota a encarou e sustentou o olhar da mãe. Ana pôde ver a marca avermelhada no rosto de sua mãe, mais vermelha até do que a sua esteve, e o sangue no lado do lábio inferior. A garota arregalou os olhos.

— Está vendo o que você fez? - Elena disse, a voz rouca. - Você e eu vamos dar um passeio agora.

— O que está fazendo? – questionou.

Elena não respondeu, mas seu olhar brilhando de fúria foi o suficiente para fazer Ana tremer.

— Ai, me solta! – a garota reclamou, tentando se soltar das mãos da mãe, quando a mesma a arrastou para fora do quarto, fazendo seu iPod cair junto ao fone de ouvido.

— Vamos! - Elena gritou com ela, forçando-a a descer as escadas.

— Cadê o meu pai? - Ana perguntou.

— O seu pai? Ah, meu amor, você não vai vê-lo nunca mais.

— Me solta, Elena! Pai! Pai! - Ana gritava enquanto Elena a puxava para atrás da casa.

Os vizinhos estavam longe, a casa era cercada por uma cerca alta e o jardim era enorme, com a casa ficando bem longe da rua. Não tinha chance de alguém escutá-la. Mas mesmo assim, Ana gritava enquanto com a ajuda do motorista Elena a colocava dentro do carro.

— Não, me deixa sair! Me tira daqui! Pai!

O motorista colocou seu cinto de segurança e fechou a porta.

Ana nunca havia gostado daquele motorista, ela sempre o via como um homem assustador. Não houve nenhuma surpresa ao ver que ele estava junto a Elena. A garota tentou abrir a porta, mas Elena a segurava com força. Ela tirou o cinto e pulou para a outra porta, porém antes que conseguisse chegar até lá, o motorista trancou as quatro.

— Não! Não! Me deixa sair! Elena! Mãe, não faça isso!

— Agora já é tarde - a platinada disse do banco do passageiro da frente.

— Eu juro que vou ser boazinha, por favor! Eu não quero ir embora.

— Pare de chorar! – a outra vociferou. - Já está decidido.

— Eu não disse quem era, eu não disse.

— Não importa.

Ana fungou e começou a bater no vidro blindado do carro.

— Pai! Papai!

— Seu pai não vai te ajudar, agora cala a boca - Elena disse, quando o motorista começou a dirigir.

— Socorro! Socorro! - a garota bateu no vidro.

— Droga, cala a boca dela, quando sairmos para a rua, as pessoas vão acabar escutando – motorista se irritou.

Elena revirou os olhos, tirou o cinto de segurança e se virou para Ana, pegou na mão machucada da menina e apertou com força. A garota sufocou um grito de dor.

— Cala a boca ou vai ser bem pior - falou ameaçadoramente.

Ana balançou a cabeça para cima e para baixo, tentando não gritar.

— Ótimo!

Elena soltou sua mão e voltou para o lugar, colocando o cinto de segurando novamente.

— É melhor colocar o cinto, não queremos nenhum acidente, não é mesmo?

Ana se apressou em colocar o cinto com uma mão. As lágrimas caíam silenciosamente enquanto ela apertava seu braço contra o peito, tentando aliviar a dor. Chegaram ao aeroporto particular rapidamente. O jatinho esperava junto com o piloto.

— Como combinamos, entendeu? - Elena falou para o motorista antes de sair do carro e abrir a porta de Ana.

Para a surpresa dela, a menina foi sem pestanejar, caminhou até o jatinho e entrou no mesmo, sentando-se numa das poltronas rapidamente.

— Traga uma compressa de gelo - Elena disse para o motorista que também entrou.

— Sim, senhora.

A loira se sentou de frente para Ana e sorriu para a filha.

— Teria sido tudo mais fácil se eu tivesse feito isso antes - falou, tocando com a ponta do dedo o lábio machucado.

Ana encostou a cabeça no tecido macio da poltrona e tentou ignorar tudo ao seu redor.

A dor estava insuportável.

O motorista voltou com a compressa e deu a Elena.

— Aqui - a loira entregou a filha - coloque em sua mão, querida.

Ana franziu a testa.

O que dera em Elena? Ela era tão bipolar.

Mesmo com medo, pegou o gelo e colocou na mão. O curativo estava sujo de sangue, com certeza alguns pontos haviam se desfeito.

Respirou apenas pela boca enquanto o jatinho era preparado para voar. Elena se levantou e colocou o cinto de segurando na garota, deixando a menina mais confusa ainda.

Após a subida e a autorização de poder andar pelo jato, Ana se levantou e foi até o banheiro. Tirou o curativo da mão com dificuldade e a colocou debaixo da água fria. Fechou os olhos com força e respirou novamente pela boca. Por sorte, os pontos não haviam arrebentado, apenas friccionado. Abriu o armário e pegou ataduras e esparadrapo. Mordeu fortemente o lábio enquanto enrolava o pano branco envolta da mão assim como aprendeu nas aulas de primeiros socorros na escola.

Voltou para a poltrona depois de tudo feito e colocou os joelhos rentes ao peito, apoiando a cabeça na janela.

— Está tudo bem, querida? - Elena perguntou.

Ana a encarou por um segundo e então fechou os olhos, e assim ficou até que caiu no sono.

Anastasia não se lembra bem do o que houve depois que seus olhos se fecharam, apenas flashes se faziam presentes em sua memória. Ela não se lembra de ter saído do jatinho, de ter entrado no carro - mas se lembra de sair dele e dar de cara com o prédio enorme e medieval - daí apagou tudo.

Ela acordou numa cama pequena, de solteiro, olhando diretamente para um teto de madeira.

Ela sabia onde estava, seu inconsciente sabia. Porém, era complicado separar naquele momento as coisas que ela havia pesquisado na internet e o que realmente estava na sua frente. Ela já havia pesquisado sobre o colégio antes. Ele era renomado e um dos melhores do mundo. Provavelmente deveria ser mais bonito do um prédio mais parecido com uma casa mal-assombrada. Ela se lembra da primeira coisa que perguntou a Madre Superior assim que a mesma entrou no quarto.

— Se é o melhor, por que é tão acabado?

— Nós não ligamos para luxo aqui, srta. Timber - a Madre lhe respondeu, com um ar de arrogância, o que, na opinião de Ana, era totalmente contrário à razão de ela "não ligar para luxo".

➰➰➰

 

 

 

 

Maaaaano, quem tem Elena não precisa de mais nada para um castigo


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Notas finais do capítulo

XOXO



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