Através de um vidro escuro escrita por Scya


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Nesse novo capítulo vamos voltar para o tempo ‘presente’ da fanfic e continuar a ver como está nosso Teddy Lupin adulto! Novamente, esse é um capítulo mais curto, espero que não tenha problema. Tenham uma boa leitura!



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Através de um vidro escuro

Capítulo 5

Por Scya

 

— Está se perguntando se escolhemos mesmo um bom lugar para morar? – Perguntou a voz gentil de Victoire Weasley atrás dele.

O Teddy Lupin de vinte anos que se distraia observando a movimentação das ruas londrinas levou um susto quando percebeu que seu devaneio havia tomado muito mais tempo do que o planejado. Quando se virou, havia uma Victoire de recém-completos dezoito anos que já havia saído do banho e o observava com seus olhos azuis e o mesmo sorriso gentil que a garota de oito anos tinha em sua lembrança.

— Apenas me certificando se a vista realmente vale o preço que pagamos. – Ele deu de ombros conforme seus olhos percorreram a silhueta esguia de sua namorada. Ela estava usando um vestido branco com bordados em algumas partes e uma saia levemente rodada, fazendo Teddy lembrar-se vagamente da época que ela costumava dançar balé.

— É a vista mais verde que você vai encontrar por aqui. – Ela adicionou enquanto começava a vasculhar entre as caixas espalhadas pelo chão do apartamento procurando sua varinha.

— Parece bom o bastante. – Teddy concluiu ao se distanciar da janela e discretamente apalpar a embalagem de presente no bolso interno de seu casaco. Observou os cabelos loiros pérola de Victoire em movimentos leves balançando em suas costas.

— Podemos terminar de trazer as coisas até mesmo antes do final de semana. – Victoire sugeriu conforme a vontade crescente de deixar a casa dos pais e se mudar para Londres com Teddy tomou conta da conversa de novo. - Se você topar, é claro.

— Você parece muito ansiosa. – Ele observou Victoire finalmente encontrar a varinha e apanhar uma bolsa pequena com os pertences que levaria de volta para a casa.

— É impressão sua. – Ela deu de ombros.

Como se algo inesperado irrompesse por seus pensamentos, Teddy achou que deveria verificar se estavam atrasados. Apanhou o relógio do bolso interno do casaco e observou os ponteiros de moverem por um instante antes de falar em voz alta:

— Quais as chances do seu pai concordar com isso se a gente se atrasar para o almoço da família?

Victoire ergueu os olhos para ele, surpresa com o comentário e deduzindo que já estavam em cima da hora. Imediatamente ela respondeu: - Mínimas.

— Então é melhor irmos. – Teddy se adiantou para ajudar Victoire a encontrar todos os pertences que levaria para a casa dos pais, assim como também verificou se todos os cômodos estavam com as janelas fechadas.  Quando estavam prontos para partir, os dois se encontraram novamente no cômodo que futuramente seria a sala. - Mas antes, tenho uma coisa para você.

O comunicado pegou Victoire de surpresa. Ela arqueou as sobrancelhas e observou com atenção os movimentos meticulosamente calculados por Teddy, os quais Victoire teve certeza de que ele planejou durante uma semana inteira. Ele se aproximou dela de frente e alcançou uma de suas mãos. Com sua mão livre, ele retirou a embalagem de presente do bolso interno de seu paletó e Victoire pôde ver que se tratava apenas de uma caixa retangular escura. Quando Victoire tentou alcançar o presente, Teddy imediatamente segurou com mais força sua mão esquerda, que estava entrelaçada na dele, e rapidamente rodopiou Victoire para que ela parasse de costas para ele. A garota deixou escapar um suspiro de surpresa que despertou um sorriso sincero no rosto de Teddy.

Ele soltou a mão de Victoire e precisou torcer para que ela continuasse de costas para ele. Agora com a possibilidade de usar as duas mãos, ele abriu a embalagem retangular e apanhou o presente. Sentiu a delicadeza do material contra seus dedos desastrados e implorou mentalmente para que ele não estragasse tudo com sua estupidez.

Segurando as duas pontas do presente, Teddy pediu para que Victoire fechasse os olhos e, confiando que ela o tinha feito, ele passou o colar na frente de seu rosto até parar na altura certa de seu pescoço, onde Teddy precisou usar as duas mãos para manusear o fecho.

Teddy pediu para que ela continuasse com os olhos fechados e ele pode saber, por pequenos ruídos, que ela estava sorrindo quando assentiu. Ele colocou as duas mãos em seus ombros e a guiou para dentro do quarto principal que daqui pouquíssimo tempo os dois dividiriam. Pararam de frente para o espelho que Teddy havia notado mais cedo e ele soltou os ombros de Victoire somente o suficiente para poder abraçar sua cintura e murmurar em seus ouvidos que ela já podia abrir os olhos.

Victoire obervou seu reflexo no espelho, imediatamente fixando sua atenção no colar prateado que enfeitava seu pescoço. Ela rapidamente levou as mãos até ele e começou a observar os detalhes. O pingente era a silhueta de uma bailarina no meio de um rodopio e que brilhava junto com a corrente prateada devido a várias pedrinhas minúsculas que cintilavam contra a luz.

— Para a minha bailarina. – Teddy sussurrou.

Ela ficou sem palavras por um instante sem perceber o olhar admirado que Teddy conseguiu observar em seu rosto. Quando recuperou sua racionalidade, ela perguntou:

— Você se lembra mesmo de quando eu costumava dançar?

— Eu me lembro de cada um dos seus movimentos. – Teddy respondeu simplesmente, conseguindo provocar um sorriso no rosto de Victoire, assim como causar um leve rubor em suas bochechas, exatamente como acontecia desde que ela era mais jovem. Ela se recostou contra o pescoço dele e os dois continuaram assim, abraçados de frente para o espelho pelo que pareceu uma eternidade agradável. Ninguém poderia dizer o que se passava pelos pensamentos dos dois até Victoire se pronunciar:

— Dominique tinha muita inveja de mim. – Ela começou dizendo, seu rosto adquirindo a expressão pensativa de estar presa em seus próprios pensamentos e lembranças. - Eu parei por causa dela... Vivia me acusando, na época que dançávamos juntas, de sempre ficar competindo para me sair melhor do que ela. Era tudo bobagem, eu não estava realmente competindo com ela, mas é claro que Dominique não acreditou em mim. Ela tinha raiva porque se esforçava tanto... Mas no final, eu ensaiava bem menos do que ela e sempre conseguia me sair melhor.

Dominique, a irmã mais nova de Victoire, era completamente diferente dela. As duas compartilhavam apenas os olhos azuis, enquanto Dominique era a única dos filhos de Bill e Fleur Weasley que havia herdado os cabelos ruivos característicos da família do pai. Apesar de mais nova, ela era também alguns centímetros mais alta do que Victoire e tinha o rosto pincelado de sardas. As duas foram selecionadas para a Grifinória quando estudaram em Hogwarts, com Dominique tendo grande talento para encrencas e Quadribol. Desde o nascimento do terceiro filho do casal, Louis Weasley, as duas dividiam um quarto no Chalé das Conchas e constantemente, de um jeito possível somente entre irmãos, viviam brigando entre si pelos motivos mais supérfluos e pelas diferentes opiniões.

— Você tinha talento e ela, nem tanto. Mesmo ela gostando mais de balé do que você. – Teddy conseguia se lembrar das várias vezes que Dominique teve raiva de Victoire por motivos semelhantes, assim como se lembrava de como Victoire precisava sempre desculpar-se com irmã que tinha como uma característica muito forte ser extremamente orgulhosa.

— Eu não queria minha irmãzinha me odiando. – Victoire continuou dizendo com suas palavras se tornando mais rápidas. - Eu não gostava realmente de dançar, apenas estava me divertindo. Eu me lembro como a tia Gabrielle ficou arrasada quando eu decidi sair. Ela estava quase convencendo minha mãe a me transferir para Beauxbatons por causa das aulas extracurriculares de dança por lá. Dominique sempre quis ir para Beauxbatons, mas nunca conseguiu.

Havia tristeza no olhar de Victoire, algo bastante profundo. Teddy sabia que sua namorada amava a irmã e que sempre a protegeria e a defenderia se fosse necessário. Ele sabia também que observar o rosto de Vic se tornando tão triste em um dia como hoje não era uma opção de verdade.

— Eu realmente não sei como é essa sensação. Sou neto único. – A voz de Teddy tinha um tom convencido e descontraído que ele usava quando queria que Victoire recuperasse seu olhar de presunção.

— Você tem o Jimmy, o Al e a Lily como seus irmãozinhos, querendo ou não. – Ela retrucou com a voz em um tom de advertência. - A Lily olha para você com muita admiração, Ted. E você ganhou, também, todos os outros priminhos da família.

— É uma família muito complicada. – Teddy fez uma careta quando um pensamento engraçado o alcançou. - Eu ainda me lembro de quando o Hugo era bem pequeno, de como ele insistia em querer puxar o meu cabelo sempre que me via, só porque era colorido.

Os dois riram em seguida, Teddy precisando controlar o seu instinto para automaticamente mudar seu cabelo de cor para ilustrar a situação.

— Sim, é exatamente disso que eu estou falando. – Victoire disse entre as risadas que se seguiram. - Nós vimos todos eles crescendo e essa é a sensação mais estranha do mundo.

— E hoje, é seu aniversário. – Teddy a lembrou novamente fazendo com que Victoire se desvencilhasse do abraço de seu namorado e se virasse de frente para ele, como se de repente tivesse se lembrado de que eles estavam de saída pouco tempo atrás.

— Finalmente, estou com 18 anos e pronta para começar o treinamento de Curandeira. – Ela concluiu e estava retornando para a sala, puxando Teddu pelo braço em direção a porta de entrada.

— Você ainda não tem 18. – Ele provocou assim que a garota chegou até a porta e alcançou a maçaneta.

— Como assim? – Ela olhou para ele, confusa.

— Você nasceu meio dia e meia. – Com um olhar convencido, ele percebeu a confusão no olhar de Vic.

— E como você sabe disso? – Ela exigiu saber.

— Eu estava lá, não se lembra? – Ele zombou, já alcançando a varinha no bolso interno do paletó para que os dois pudessem aparatar. Victoire estava trancando a porta com sua cópia da chave trouxa quando respondeu exasperada:

— Ted, você tinha dois anos!

— É verdade... – Ele afirmou, já percebendo o olhar de indignação vindo de Victoire antes de acrescentar: - Talvez eu possa ter perguntado para a Ginny só para ter certeza...

E de novo, os dois riram juntos antes de Victoire guardar a chave da porta em sua bolsa e rapidamente lançar a Teddy um olhar sério.

— Eu acho que já precisamos ir.

— Você está certa.

Eles se beijaram rapidamente uma última vez antes de darem as mãos e desaparecerem em um giro no ar quando aparataram.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram o capítulo? Vejo vocês no próximo, espero ansiosamente os comentários de vocês sobre a história e o capítulo. Deixem-me saber se estão gostando!



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