Através de um vidro escuro escrita por Scya


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo com flashback! Eu espero que gostem tanto quanto eu! Boa leitura.



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Através de um vidro escuro

Capítulo 4

Por Scya

 

Uma das lembranças mais preciosas de Teddy envolvia especialmente a época em que sua amizade com Victoire se tornou tão especial que ajudou a definir toda sua vida, naquela época em que Teddy começou a perceber o que Victoire tinha de diferente de todas as outras pessoas que conhecia, começou a perceber também como ela era uma das únicas pessoas capazes de fazê-lo se sentir bem, assim como ela sempre foi uma das únicas pessoas que foram capazes de ajudá-lo quando ele mais precisou.

E tudo começou a fazer sentido há muito tempo atrás, quando Teddy tinha nove anos e ainda não havia chegado nem perto de compreender quem ele verdadeiramente era e, principalmente, não fazia ideia do que não sabia ainda. Ele se lembrava das visitas bastante recorrentes até Londres com sua avó, como naquele dia em especial que Andrômeda estava saindo do St. Mungus após levar o seu neto para visitar um Curandeiro.

— Vovó, eu não entendo por que eu preciso ficar visitando o Curandeiro todo o mês, já faz muito tempo que eu não fico doente. – Reclamava o jovem Teddy Lupin, que já estava praticamente da mesma altura que sua avó.

— Mas visitamos o curandeiro justamente para você não ficar doente, querido. – Andrômeda explicava pacientemente enquanto terminava de preencher alguns papéis na recepção do Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos. Desde que Teddy se lembrava, sua avó era uma mulher muito imponente, que carregava um ar de superioridade onde quer que estivesse. Como sempre muito bem vestida, Andrômeda usava roupas escuras e um colar prateado cintilando em seu pescoço. Poderia ser considerada uma mulher alta, com postura perfeitamente correta e os cabelos castanhos levemente cacheados caindo por suas costas. Teddy percebia, também, os cabelos de sua avó adquirindo uma tonalidade cada vez mais clara, assim como a presença cada vez maior de fios grisalhos.

— E porque eu ficaria doente? – Indagou o jovem, esforçando-se para tentar ler os papéis que a avó preenchia em cima do balcão com muita rapidez e familiaridade.

— Por que seu pai tinha uma doença muito grave querido e um dos maiores medos dele era que essa doença fosse, de algum modo, passada para você. – Andrômeda respondeu com simplicidade conforme entregou todos os papéis para a recepcionista e gesticulou para que Teddy a seguisse em direção ás lareiras da rede de flu.

— Uma doença? – O garoto perguntou, subitamente muito interessado e com a voz carregada de curiosidade em poder desvendar ainda mais coisas sobre a vida de seu pai. - Que doença o meu pai tinha?

— Essa é uma conversa para outra hora, Teddy. – O tom de Andrômeda se tornou severo e repreensivo conforme alcançaram as lareiras de flu. Teddy imediatamente se encolheu, sabendo que seria inútil tentar arrancar quaisquer informações de sua avó, sempre irredutível em suas decisões finais. Ele captou, porém, um olhar bastante profundo dos olhos castanhos escuros de Andrômeda, um tipo de olhar que o jovem Lupin não soube identificar quando foi consumido pelas chamas verdes e apareceu na sala de estar da casa dos Tonks.

Mas é claro que Teddy não se esqueceria do assunto com tanta facilidade, não com a memória de um garoto de nove anos e o mesmo talento e curiosidade para descobrir o que quer pudesse existir de errado com o seu pai. Por esse motivo, não muito tempo depois, Teddy estava visitando seu padrinho Harry Potter quando a ideia retornou novamente aos seus pensamentos.

Teddy já estava suficientemente cansado de correr atrás do filho mais velho de Harry, James Sirius, por toda a extensão do quintal da casa dos Potter durante a tarde toda. Considerando que o garotinho tinha apenas 3 anos, Teddy o considerava com energia demais para o seu próprio bem. James simplesmente passava grande parte do tempo convencendo Teddy a participar de suas brincadeiras, além de ter um talento natural para se machucar com uma tremenda facilidade, o que apenas servia para desesperar Teddy toda vez que James começava a chorar.

— Ele é mais forte do que parece, Teddy. Não precisa se desesperar. – Explicava Harry toda vez que precisava correr até o quintal para resgatar o filho que soluçava sem parar. Pouquíssimo tempo depois, antes que Teddy tivesse qualquer oportunidade para descansar, James retornava correndo para o jardim e Teddy precisava segui-lo de perto outra vez.

O único momento em que conseguia alguma tranquilidade era durante o tempo reservado para a soneca de James no meio do dia. Geralmente era nessa oportunidade que Teddy se sentava em uma poltrona na sala dos Potter ao lado de onde Harry estava sentado, lendo casualmente o Profeta Diário enquanto o seu filho mais novo, Albus, sendo o completo oposto de seu irmão, brincava silenciosamente com seus ursinhos de pelúcia espalhados pelo chão. Ele completaria 1 ano em poucos meses e ainda não havia aprendido a andar, apenas se dedicava a engatinhar pela casa perseguindo Ginny por onde quer que ela fosse.

— Harry, vovó comentou alguma coisa sobre eu ter uma doença que eu meu pai tinha. – Começou Teddy, percebendo que aquela era uma valiosa oportunidade para conseguir suas respostas.

— E o que ela te disse a respeito disso? – Harry perguntou com simplicidade, ainda sem tirar os olhos do jornal.

— Ela disse que ele tinha medo que eu também tivesse essa doença e que por isso eu visito o curandeiro todo o mês. – Teddy não precisou se esforçar muito para que sua voz expressasse toda a tristeza e o medo que estava sentindo desde que a ideia de ter uma doença que desconhecia o atingiu.

— Sua avó acredita que a doença que seu pai tinha ainda possa vir a se manifestar em você quando você for um pouco mais velho. – Harry ergueu os olhos do jornal para observar o semblante preocupado do afilhado. Procurando confortá-lo, o padrinho sorriu quando continuou dizendo: - E não há problema nenhum em visitar o Curandeiro com frequência, Teddy.

— Como assim se manifestar? – Teddy perguntou, dessa vez tendo um terrível sentimento de medo florescendo dentro de si. Era quase como se um desespero repentino o envolvesse. - Você quer dizer que eu tenho essa doença?

Harry imediatamente percebeu que havia cometido um erro. Ele observou Teddy por um instante antes de arrumar os óculos e se virar completamente para o afilhado. Estudou-o por um instante, observando como o olhar de Teddy expressava um misto de curiosidade com preocupação e ainda uma ponta de desespero. Ele sabia tão bem quanto Andrômeda que somente a verdade acalmaria aquela inquietação dentro de Teddy. Era só uma questão de tempo, Harry sabia. Não poderiam esconder por muito mais tempo, logo a verdade viria á tona. Não era como se estivessem ocultando a verdade do garoto por algum motivo específico, eles apenas se preocupavam de que a reação de Teddy, novamente, não fosse das mais agradáveis.

— É uma doença que pode ser hereditária, sim. – Decidiu explicar Harry que mantinha os olhos fixos em cada movimento de Teddy. - Você tem traços dessa doença porque o seu pai tinha. Agora, se vai desenvolver os sintomas e a maneira como você vai desenvolvê-los... Bem, isso depende somente de você.

Harry sabia que aquela explicação não seria o suficiente para Teddy, mas considerava ser a melhor forma de acalmá-lo por enquanto e evitar novas perguntas tão cedo. Ele observou o semblante no rosto do afilhado se suavizar aos poucos enquanto ele tinha certeza de que Teddy tentava, mentalmente, guardar o máximo possível daquelas palavras em sua mente, para depois, com tempo, conseguir entendê-las.

Quando Teddy fez menção de fazer outra pergunta, passos infantis foram ouvidos do andar de cima da casa dos Potter e tanto Teddy quanto Harry sabiam que James já tinha acordado. Foi uma questão de poucos minutos para que os dois observassem o exato momento em que o garotinho desceu as escadas, acompanhado de perto por sua mãe e com as energias completamente renovadas.

Para Teddy, aquela ainda seria uma tarde muito longa.

Por algum tempo, ele deixou o assunto de lado e concentrou-se em tentar desvendar por conta própria o que sua avó e seu padrinho estavam escondendo dele. Ficava repetindo as palavras de Harry em voz alta, procurando algum modo de fazê-las parecerem menos assustadoras. Às vezes, surpreendia-se ao perceber que estava observando fotografias de seu pai por tempo demais, captando alguns detalhes que pudessem ajudar quase como se estivesse convencido de que haveria uma pista em suas feições cansadas.

Em um dia depois do almoço, antes de Teddy separar os brinquedos que usaria durante a tarde e planejar os melhores lugares para brincar de esconde-esconde, ele decidiu lembrar a avó sobre o seu compromisso para o dia.

— Vovó, daqui a pouco a Vic vai chegar para passar o dia. – Ele anunciou em voz alta para a avó, que usava magia para organizar a cozinha após o almoço.

— Sim querido, eu me lembro. – Ela respondeu casualmente enquanto acenava a varinha em direção aos armários.

Teddy se apressou em direção à sala, onde começou a recolher suas coisas espalhadas pelo tapete. Havia seu Onióculo jogado no sofá, onde tinha gravado todos os lances do último jogo de Quadribol que Ginny o havia levado. Ele segurou o Onióculo entre os dedos conforme o levou até o armário de vidro e o colocou repousado ali em cima para garantir que não desaparecesse no meio de sua própria bagunça.

Ele não pode evitar, estando tão perto da estante de fotografias, de observar novamente a foto de seu pai e reformular a pergunta em sua cabeça: o que poderia haver de errado com ele? Enquanto seus olhos analisavam os olhos profundos de seu pai, assim como seus cabelos castanhos claros, ele percebeu as marcas em seu rosto se tornarem mais acentuadas conforme ele sorria.

— Vovó? – Ele chamou, pensando ter encontrado finalmente o que estava procurando. - Por que o meu pai tem o rosto cheio de cicatrizes? Elas estão ai por causa da doença que ele tinha?

Teddy ouviu o som alto da cozinha. Provavelmente sua avó derrubara alguma coisa no chão. Ele observou Andrômeda surgindo na sala e rapidamente o fitando com um olhar surpreso.

— Sim querido, elas estão ai por causa disso. – Ela respondeu ainda um pouco receosa e acompanhando os mínimos movimentos de Teddy com o olhar.

O garoto se afastou da prateleira de fotografias e virou-se para a avó, seus cabelos mudando para uma coloração mais clara, se aproximando do loiro escuro. Ás vezes, quando atingido por emoções muito fortes ou quando estava assustado ou preocupado demais, Teddy mudava a cor dos cabelos inconscientemente. Ele ainda precisava aprender a controlar suas próprias habilidades.

— Isso quer dizer que eu vou ter o rosto cheio de cicatrizes também? – Quando ele perguntou, sua voz saiu baixa e assustada.

— Teddy, querido... – Andrômeda se adiantou e tocou o seu rosto gentilmente, fazendo com o que o neto olhasse em seus olhos. - Eu acho que nós precisamos conversar. Eu acredito que você já esteja grande para entender uma coisa a respeito do seu pai.

O coração de Teddy deu um solavanco. Sentiu-se de repente muito animado quando a curiosidade voltou a transparecer em seu olhar e principalmente na cor de seus cabelos, que agora estavam se colorindo em uma tonalidade laranja.

— Sobre a doença que ele tinha? – Ele perguntou, sendo direto para conseguir a resposta que tanto queria.

— Sim, querido. – Quando Andrômeda assentiu, ela também indicou para que ele se sentasse no sofá. Teddy se aconchegou no alto de algumas almofadas e observou a avó com ansiedade conforme ela o acompanhou.

Sentados lado a lado, Andrômeda teve a sensação de que Teddy ainda era muito jovem para entender tudo o que ele ansiava saber. Ela ainda precisava ajudá-lo a amarrar os cadarços com firmeza, dobrar os cobertores de manhã e escolher sua roupa para ocasiões especiais, como os dias de visitar o Padrinho ou de brincar na casa de Victoire e na Toca. Ela percebia, bem no fundo daqueles olhos que conhecia tão bem, como Teddy se sentia traído por desconfiar que estivessem escondendo uma parte fundamental da história de seus pais, o que não deixava de ser verdade.

O que Dora faria? Principalmente, o que Remus faria? Parecia justo desfazer a imagem que Teddy tinha de Remus para talvez transformá-la em algo controverso e que poderia causar confusão na cabeça de seu jovem neto? Andrômeda não sabia a resposta para essa pergunta, ela só esperava que Dora e Remus pudessem perdoá-la. Não parecia justo esconder por muito mais tempo uma condição fundamental que Remus carregou em sua vida, estando intimamente ligado com quem ele foi. Suficientemente convencida, Andrômeda decidiu falar.

— Acontece que seu pai tinha licantropia. – Ela buscou começar explicando sobre a condição propriamente dita, para depois poder listar suas consequências.

— Licantropia? E o que é isso? – Ela pode perceber o olhar de confusão no rosto infantil de seu neto conforme Teddy ouvia uma palavra inédita.

— É uma doença transmitida quando você é mordido por um lobisomem. – Decidiu ser direta nesse ponto, para observar atentamente como Teddy absorvia a informação.

— U-Um... Lobisomem? – Imediatamente, Andrômeda se arrependeu de sua escolha de palavras. O semblante de Teddy expressava medo e preocupação. - Mordeu o meu pai?

— Sim, querido. – Andrômeda se apressou em dizer e procurando suavizar a expressão de preocupação no olhar de seu neto ela tentou explicar o restante da história. - Um lobisomem muito terrível mordeu o seu pai quando ele ainda era bem pequeno. Por toda a vida dele, ele carregou a licantropia como uma maldição.

— O que isso quer dizer? – Inicialmente confuso Teddy fixou os olhos na avó. Quando as palavras foram sendo lentamente absorvidas, sua voz adquiriu um tom de urgência. - Vovó, o que isso quer dizer?

— Teddy querido... – Andrômeda esperava o pior. Esperava observar o olhar assustado no rosto de seu neto, assim como esperava um longo tempo para conseguir fazê-lo compreender, como foi preciso da outra vez. - O seu pai, como consequência dessa mordida, também se tornou um lobisomem.

— I-Isso quer di-dizer.... – Teddy se sobressaltou por um instante quando seus olhos se arregalaram e o garotinho se levantou correndo do sofá. Andrômeda tentou alcançá-lo, mas Teddy correu até a prateleira de fotografias e fixou o olhar na foto de seu pai. – Meu pai é um lobisomem... E você disse que eu posso ter a doença que ele teve... I-Isso quer di-dizer que eu também.... E-Eu também posso ser... Um lobisomem?

— Teddy, por favor, me deixe explicar... – Andrômeda se levantou em seguida e se colocou ao lado do seu neto observando a prateleira de fotos. Ela tocou gentilmente seu ombro e tentou fazê-lo se virar para ela, mas Teddy não respondeu ao seu toque.

— Eu sou um lobisomem?  - Ele perguntou simplesmente, conforme começou a dar passos para trás, os olhos aterrorizados fixados na avó. - Meu pai era um lobisomem? Eu sou perigoso, então?

— Nós ainda não sabemos, Teddy. – Ela fechou os olhos por um momento, tentando lembrar-se do sentimento de medo e insegurança que sentiu sempre que nenhum Curandeiro soube dizer, ao longo dos anos conforme Teddy crescia, se ele desenvolveria qualquer sinal de licantropia. - Precisamos esperar quando você estiver na puberdade para termos certeza que nenhum traço da licantropia foi passado para você.

— E-Eu sou um lobisomem... – Teddy repetia para si mesmo conforme se afastava decididamente da avó. Ele ergueu ambos os braços na altura dos olhos e os avaliava, como se esperasse o aparecimento de qualquer marca, sinal ou característica de sua possível nova condição.

— Não querido, você não é. – Andrômeda abriu os olhos novamente, dispostos a transmitir a confiança necessária para fazer Teddy entender que ele não se tornaria um lobisomem. - Você não vai se transformar na próxima lua cheia e começar a atacar pessoas. Você pode ter, no máximo, alguns traços da doença, mas não se transformará, assim como aconteceu com Bill...

Mas Teddy não escutou. No instante seguinte, ele estava correndo para fora de casa. Andrômeda tentou acompanhá-lo, mas quando alcançou o quintal não conseguiu localizar nem mesmo o vulto de seu neto desaparecendo completamente de seu alcance por entre as árvores além dos limites da propriedade.

Teddy não soube dizer por quanto tempo correu, mas ele sabia perfeitamente para onde estava indo. A vizinhança, assim como o lago e o vasto bosque que cercavam o vilarejo onde cresceu não eram nenhum mistério para ele, tendo realizado incursões por entre aquelas árvores várias vezes antes.

Era um lugar onde ele sabia que Andrômeda não o encontraria. A última coisa que ele precisava agora era ter que se preocupar em ouvir um discurso longo de sua avó procurando explicar o que Teddy já havia entendido. Seu pai era um lobisomem e ele, consequentemente, era seu filho. Não sabia ao certo se ele mesmo era um lobisomem, era muito confuso para um garoto da sua idade chegar a tais conclusões, mas era justamente a ideia de ter herdado a condição especial de seu pai que fazia sua mente conspirar contra sua lucidez, provocando todo o terror que transparecia em seus olhos com a possibilidade de poder, um dia, machucar alguém.

Teddy correu muito rápido, da maneira que apenas garotos de dez anos conseguem, sem nem sentir seus pés tocarem o chão. Ele sentia-se flutuando por entre as árvores, leve, veloz, com a respiração tão rápida quanto as batidas de seu coração.

Foi somente quando chegou até certo ponto da floresta, quando se sentiu suficientemente seguro e distante de sua casa que Teddy parou de correr. Percebeu que estava ofegante e que a culpa não havia sido a corrida até ali: Teddy estava chorando. Lágrimas escorriam por seu rosto sem que ele tivesse consciência de quando começaram a escapar-lhe dos olhos. Ele respirou fundo e fechou os olhos conforme colocou as mãos apoiadas nos joelhos. Seus cabelos nunca estiveram de um vermelho tão intenso.

Quando Teddy se recostou contra a primeira árvore que encontrou, sentiu as pernas cambalearem e ele desabou no chão. Encolheu-se e abraçou os próprios joelhos quando as lágrimas começaram a escorrer com mais urgência e Teddy começou a soluçar.

Ele nunca esteve tão sozinho assim como nunca sentiu a necessidade de estar sozinho. Não se lembrava da última vez que se sentiu tão irritado com a avó ao mesmo tempo em que se sentia completamente ferido. Era como se tudo o que ele soubesse até hoje, sobre seu pai e sobre ele, tivesse sido uma mentira. Como eles conseguiram esconder isso dele por tanto tempo? Se pelo menos Teddy tivesse prestado mais atenção...

Remus Lupin era um lobisomem. Ele sentia-se assustado com a ideia, era verdade que agora conseguiria imaginar seu pai sendo uma ameaça para as outras pessoas que eram próximas dele, assim como conseguia imaginá-lo carregando uma maldição e se transformando em um monstro. Naquele instante um arrepio percorreu Teddy quando ele percebeu que sentia medo da condição de seu próprio pai e, principalmente, o que aquilo significava para ele.

Ele não foi capaz de parar de chorar por um tempo indeterminado, assim como não sabia se seria capaz de se mover ou sair dali tão cedo. O silêncio das árvores era acolhedor, assim como o som dos pequenos animais escondidos ao seu redor era o suficiente para abafar seus soluços ofegantes.

Não era possível saber quanto tempo tinha se passado, mas Teddy percebeu tardiamente, por estar muito envolvido com seus próprios pensamentos, que havia o som de passos se aproximando e uma voz gritando seu nome periodicamente para as árvores silenciosas.

— Teddy! – Chamava a voz de uma garota. – Teddy!

Foi uma questão de poucos minutos para que uma garota cuja estatura mal alcançava o ombro de Teddy aparecesse mais adiante e rapidamente avistasse os cabelos vermelhos escarlate encolhidos contra uma árvore. A menina sorriu e correu para alcançá-lo, seus cabelos loiros pérola balançando em suas costas.

— Teddy! – Ela chamou quando finalmente se aproximou do garoto, sua voz transparecendo a conquista por encontrá-lo após uma longa busca. - Finalmente eu te encontrei! Eu procurei em todos os lugares perto do lago, mas você não estava lá. Eu não quis acreditar quando sua avó disse que você tinha fugido de verdade, então eu saí para procurá-lo e que bom que eu te achei...

Victoire Weasley tinha a mania de falar rápido demais e ela dificilmente se dava conta disso. Era um verdadeiro desafio para as pessoas desavisadas conseguirem acompanhá-la. Teddy não sabia o que significava o fato de Victoire tê-lo encontrado em seu refúgio miserável, mas não ficou nada feliz com isso quando rapidamente cortou as palavras de sua melhor amiga com uma voz mais alta do que o planejado.

— Vai embora!         

— Teddy, o que foi? – Os olhos de Victoire se arregalaram quando ela percebeu que ele havia gritado com ela. Profundamente magoada ela percebeu que a parte visível de seu rosto, uma porção de seu queixo, estava completamente molhada e que sua voz estava rouca. Ela percebeu que havia alguma coisa errada. - O que você tem? Por que você está chorando?

— Vai embora!

— Eu não vou ir embora! – Victoire insistiu e seu tom de voz lembrou Teddy de como ela conseguia ser teimosa quando queria. - Foi você que me convidou para vir até a sua casa na véspera do meu aniversário e eu vim sem nem fazer você pedir duas vezes!

— Você não entende...  – Teddy tentou falar, mas um soluço alto o impediu. Ele tentou respirar fundo e suas mãos, abraçadas aos joelhos, estavam tremando muito.

— O que eu não entendo? – Victoire insistiu, tentando descobrir o que estava errado e agora adquirindo um sentimento de preocupação com seu melhor amigo. - Teddy me diz o que aconteceu, por favor?

Teddy limpou a garganta e ainda se recusou a olhar diretamente para a garota em pé a sua frente, continuou encolhido contra os joelhos sentado nas raízes de uma árvore quando decidiu falar: - Eu descobri uma coisa sobre o meu pai.

— É mesmo, Teddy? – A voz dela expressava curiosidade. Ela sabia como o amigo gostava de descobrir coisas sobre seus pais. - E o que é?

— Ele tinha uma doença... – Teddy precisou lutar contra sua vontade de voltar a chorar descontroladamente. - Uma doença muito séria e perigosa...

— Uma doença? – Victoire arqueou as sobrancelhas conforme esperava Teddy continuar.

Algumas lágrimas solitárias voltaram a encharcar o seu rosto inchado. Ele não sabia se aguentaria dizer muito mais, tudo parecia extremamente mais complicado e doloroso quando dito em voz alta. Instantes antes de irromper em lágrimas de novo, ele confessou: - Meu pai era um lobisomem.

— Um lobisomem? – Ele ouviu a voz de Vic transmitir o quanto ela estava assustada com a afirmação, completamente surpresa também. Mesmo sem olhá-la, ele sabia que ela tinha recuado um pequeno passo para trás e que seus olhos estavam fixos nele. - De verdade? Eu não acredito nisso, Teddy... Você tem certeza...?

— Tenho, sim. – Ele respondeu imediatamente, não precisando mais se preocupar em esconder que estava chorando e sentia, por isso, um grande alívio. Sempre soube que poderia confiar em Victoire. - Minha avó tinha comentado sobre essa doença alguns meses atrás, mas foi só hoje que ela me disse a verdade sobre meu pai ser um lobisomem.

— Isso quer dizer que ele era perigoso? – Havia hesitação na voz da garota. - Eu sempre li sobre alguns lobisomens que tiveram que ser contidos pelo Ministério por atacarem trouxas durante a lua cheia, mas eu não acho que seu pai tivesse sido perigoso assim.

Lá estava Victoire mostrando por que sua tia Hermione gostava tanto dela. Dificilmente encontrariam uma garota que fosse mais curiosa do que Victoire Weasley, que sempre se interessou pelas coisas mais simples e por procurar se aprofundar mais nos assuntos que lia no jornal. Como consequência disso, ela era muito inteligente.

— Ele era um lobisomem. Deve ter sido sim muito perigoso. – Teddy respondeu automaticamente quando percebeu que as palavras rápidas de sua amiga tinham terminado. Ele percebeu como ela procurava mostrar o que sabia sobre a situação e ao mesmo tempo encontrar um modo de amenizar o seu impacto.

— Oh, Teddy. Eu sinto muito. – Ela estava sendo sincera e gentil, mesmo que sua voz ainda refletisse um pouco de sua apreensão. Quando Teddy não respondeu, ela se adiantou e se sentou ao lado dele no chão, cruzando as pernas e se inclinando para tentar encontrar os seus olhos.

— Você já deve ter reparado... Nas cicatrizes, não é?  - Ele afundou o rosto ainda mais nos braços quando percebeu que Victoire tentava encará-lo. - Que ele tem em todas as fotos? E também como ele sempre parece mais cansado em algumas fotos do que em outros e...

Ele não conseguiu continuar. Dizer as palavras e discutir as provas que confirmavam a acusação sobre a real condição de seu pai tornava tudo muito mais doloroso e real. Ele perdeu-se nas palavras quando voltou a soluçar baixo.

— Eu entendi Teddy. Não precisa chorar, eu entendo o que você quer dizer. – Victoire estava desesperada por dentro. Não sabia o que fazer para fazer Teddy parar de chorar e vê-lo assim tornava tudo mais insuportável ainda. Ela sentia um aperto no coração que não estava ali momentos antes. Nunca tinha visto Teddy Lupin chorar. - Mas eu realmente acho que seu pai não era um lobisomem perigoso. Todos sempre disseram que ele era uma das melhores pessoas, meu pai inclusive gostava muito do seu pai.

— É isso que não faz sentido! – A voz de Teddy tornou-se alta e agressiva de novo, fazendo Victoire recuar para dar-lhe mais espaço. - Como as pessoas conseguiriam gostar tanto do meu pai, dizer que ele foi um herói, quando na verdade ele era um lobisomem?

Quando Teddy finalmente ergueu a cabeça para encarar Victoire, ela teve uma visão de seu rosto inchado, vermelho e úmido, assim como a tristeza transparecendo em seus olhos escuros e a expressão irritada e com raiva que Teddy transmitia nas feições cansadas. - Você acha que eles mentiram para mim esse tempo todo?

— Não, eles não mentiram para você. – Ela respondeu rapidamente e com a voz firme enquanto continuou encarando-o.

— Então como, Vic? – Ele implorava por uma explicação, por alguma coisa que fizesse sentido e pudesse reconstruir suas esperanças. - Como um lobisomem consegue se transformar em um herói? Ele era perigoso, ele tinha uma doença perigosa... Ele poderia machucar alguém!

— Mas não machucou, Teddy! – Victoire respondeu novamente com firmeza, embora sua voz estivesse igualmente exasperada. Não poderia deixar Teddy pensar essas coisas a respeito de seu pai.

— E como você pode ter certeza? – Ele questionou.

— Porque sim! – Para ela, de repente, tudo ficou claro. Sua mente começou a funcionar rapidamente conforme Victoire lutava contra o tempo de conseguir organizar seus pensamentos e reunir tudo o que sabia a respeito de Remus Lupin. Quando encontrou as palavras certas, ela começou a dizer com a voz acelerada e firme. - Seu pai não era apenas um lobisomem, Teddy. Ser um lobisomem era apenas uma parte de quem ele era, uma parte bastante insignificante se comparado ao grande bruxo que ele foi, a todos os amigos que ele teve, a sua coragem, lealdade, seu talento... Ser um lobisomem era apenas uma condição, Teddy. Não o impediu de ficar junto com a sua mãe e de lutar pelo o que era certo na Guerra.

— Você quer dizer que... – Teddy tentou dizer ao mesmo tempo em que procurava encaixar as palavras de Victoire em seus pensamentos.

— Ele continua sendo o seu pai, Teddy. Continua sendo um herói. Como ele sempre foi. – Ela o assegurou, transmitindo um olhar confiante para seu melhor amigo.

— Então não tem nada de errado em ser um lobisomem? – Ainda havia bastante insegurança e hesitação na voz do garoto, mas ele havia parado de chorar e seu rosto estava adquirindo um semblante mais tranquilo.

 – Se não muda em nada quem você é, então para mim não tem problema nenhum. – Ela sorriu para ele e se arrastou para o seu lado, onde seus ombros se encostaram e eles fixaram o olhar no horizonte de árvores.

— Acontece, Vic... – Ele respirou fundo antes de continuar, com medo de que tudo perdesse o sentido de novo. - Que minha avó me disse que existe possibilidade de eu ser um lobisomem também.

— Então, você não está triste assim apenas por causa do seu pai... – Ela concluiu.

— Eu estou com medo, Vic. – Quando Teddy confessou, havia apreensão em sua voz. - E se eu for perigoso? E se eu acabar machucando alguém? Eu nem sei direito o que quer dizer ser um lobisomem, quanto mais ser filho de um lobisomem e...

— Ted, você não é um lobisomem. – Victoire respondeu como se isso encerrasse o assunto.

— Vovó disse que existe a possibilidade de eu desenvolver traços da doença quando eu for mais velho... Eu não quero ser um lobisomem! Eu nunca pedi por isso! Eu não quero ser perigoso! – Sua voz ficou mais alta e urgente novamente, como se ele quisesse deixar claro que Victoire não estava prestando atenção o suficiente no que estava acontecendo e no quanto isso era importante.

Ela continuou insistindo com a voz calma e baixa: - Ted, você não é perigoso. E também não é um lobisomem. Você pode sim ter traços da licantropia, sabe... Não tem problema nenhum em ter traços da licantropia, é perfeitamente normal para mim.

— Como assim? Como você sabe? – Teddy parecia apreensivo e exasperado quando ouviu Victoire dizer o nome da doença com tanta naturalidade. Até hoje mais cedo, nunca tinha nem sequer ouvido falar em licantropia e a ideia de que Victoire pudesse conhecer a condição de seu pai melhor do que ele o deixou preocupado com o tamanho de sua estupidez. Ela é Victoire, a menina mais inteligente que eu conheço, ele pensou procurando se tranquilizar e ao mesmo tempo ansioso para saber do que sua melhor amiga estava falando.

— Meu pai não gosta muito de falar sobre isso... Mas ele me disse já faz um bom tempo. Eu nunca soube exatamente quando te contar, nunca pareceu o momento certo... Até agora. – Victoire adquiriu um tom sério e de repente Teddy sentiu-se completamente preocupado.

— Do que você está falando? – Desde que se lembrava, eles não guardavam segredos um do outro.

— Antes de eu nascer, durante a Guerra... Meu pai foi mordido por um lobisomem. Um lobisomem terrivelmente mal que era seguidor do Lord das Trevas. Você sabe, meu pai também têm cicatrizes. – Quando ela contou, Teddy se virou para encará-la a tempo de perceber o leve rubor colorindo suas bochechas e seu olhar se tornando um pouco assustado.

— Seu pai é um lobisomem? – Teddy deixou escapar.

— Não, ele não é. – Ela se apressou para respondê-lo antes de continuar contando. - O lobisomem que o mordeu não estava transformado e não era lua cheia também, assim meu pai não se tornou um lobisomem, mas ele tem traços da licantropia.

— E você nunca me contou isso antes? – Decepcionado, Teddy recostou-se contra o tronco da árvore e seus ombros se tocaram novamente.

— Me desculpe, Teddy. É bem mais complicado do que isso. – Ela gesticulava com os dedos e movimentava as mãos exageradamente quando estava nervosa. Teddy adorava observá-la fazendo aquilo. - Eu tive muito medo quando ele me contou também, mas logo eu entendi que não tinha nada de errado com ele, assim como não tem com você. Você continua sendo a mesma pessoa que sempre foi e se você precisar de ajuda com qualquer coisa, papai com certeza vai adorar conversar com você.

— Mas Vic... – Teddy fechou os olhos por um momento, tentando absorver tudo o que estava acontecendo e tudo o que sua melhor amiga o dissera quando uma nova dúvida surgiu em seus pensamentos: - Quem exatamente sou eu? Parece que quanto mais eu descubro sobre essa Guerra e sobre os meus pais, mais diferente eu me sinto.

Ela podia sentir o quanto Teddy estava desconfortável com aquela situação, completamente perdido e inseguro. Por um instante, ela teve pena de Teddy Lupin antes de respirar fundo e organizar seus pensamentos novamente, disposta a ajudá-lo.

— Você é Edward Remus Lupin, como sempre foi. Você é afilhado do meu tio Harry Potter, mora com sua avó como sempre morou. Seu avô era um bruxo nascido trouxa que era de uma família de marceneiros, como você já me explicou várias vezes que são...

— Trouxas que trabalham com madeira, sim. – Teddy a ajudou a se lembrar, surpreendendo-se com a memória de Victoire para detalhes. - Meu avô gostava muito de trabalhar com madeira, mesmo sendo um bruxo.

Ela sorriu para ele por um instante e quando ele retribuiu seu coração encheu-se de alegria. Cheia de convicção, ela decidiu continuar: - E eu sou Victoire Weasley. O meu avô também gosta muito de artefatos trouxas, mesmo sendo bruxo. Parece que temos muito em comum, não é mesmo?

— É verdade, Vic... – Teddy ficou pensativo por um instante, como se as palavras de Victoire tivessem despertado algo diferente nele. - Temos sim muito em comum. Se o seu pai têm traços de licantropia, quando meu pai era um lobisomem.

— Sim, eu também pensei sobre isso. – O sorriu de Victoire era sincero e repleto de alegria ao perceber que sua conversa estava ajudando Teddy a se sentir melhor. - Temos, nós dois, alguma ligação com lobisomens. E outra coisa, também. Você não é um garoto normal, você é um metamorfomago, assim como sua mãe.

Era uma das qualidades de Teddy que chamava a atenção da maioria das pessoas, sua habilidade para mudar e transformar sua aparência de acordo com sua vontade. Para Victoire, porém, não era isso que fazia Teddy especial, era apenas um detalhe que a intrigava bastante.

— E você é parte Veela, assim como sua mãe! – Teddy sorriu quando percebeu sua nova observação e Victoire se surpreendeu com o entusiasmo do melhor amigo.

— Eu nunca tinha pensado sobre isso, mas sim. Nós dois temos mães com algum diferencial que foi passado para nós. – A ideia parecia reconfortante agora, acreditar que ela e Teddy estavam de certa forma ligados, com muitas semelhanças entre os dois. - Viu, Teddy? Não tem problema nenhum com quem você é. Você continua sendo o mesmo Teddy de sempre e os seus pais estariam muito orgulhosos se pudessem ver como você está aprendendo sobre quem você é.

— Então mesmo com o meu pai sendo um lobisomem, não tem nada de errado comigo... E também não tinha nada de errado com ele! – Ele não se deu conta de como estava entusiasmado e feliz até perceber que havia abraçado Victoire fortemente e sorria de orelha a orelha quando se separaram.

— Não tem por que ter medo, Teddy. Está tudo bem. – Com uma voz gentil, ela sorriu para ele e suas bochechas ficaram levemente ruborizadas após o abraço inesperado. - Nós dois temos um diferencial, mas não somos diferentes das outras crianças. Eu ainda sou Victoire Weasley e você ainda é Teddy Lupin.

— Eu não acho que tenha qualquer coisa errada com você Vic, você é perfeita de qualquer maneira. – Disse Teddy antes de recostar-se novamente contra o tronco da árvore.

Victoire agradeceu por ele não estar olhando, porque ela tinha certeza de que nunca esteve tão vermelha em toda sua vida.

Todo o conflito interno e o peso de uma dúzia de sentimentos novos e agonizantes que antes pairavam sobre Teddy agora pareciam ter ido embora. Ele estava com o mesmo olhar tranquilo de sempre conforme os dois continuaram sentados nas raízes daquela árvore por um bom tempo.

Não havia todos os conflitos e toda a culpa, não havia o medo e o terror no olhar de nenhum dos dois. Eles passaram horas conversando e rindo, do jeito que somente melhores amigos conseguem. Distraídos, como sempre ficavam quando passavam tempo demais juntos, eles não perceberam o sol aos poucos diminuindo no horizonte e nem se deram conta quando acabaram adormecendo, com a cabeça de Victoire repousada no ombro de Teddy, a cabeça dele gentilmente inclinada contra a dela e seus dedos entrelaçados.

O primeiro a acordar, horas depois, foi Teddy. Ele escutou o farfalhar contínuo de folhas secas de mexendo que o fez abrir os olhos. Por um instante ele se assustou com a escuridão ao seu redor e não conseguiu identificar nada na pouca luz proveniente do luar. Estava começando a se desesperar quando avistou, ainda um pouco longe, três pontos luminosos que ele reconheceu como sendo de três varinhas e que estavam, consequentemente, causando o farfalhar de folhas que o despertou.

— Teddy! – Ele reconheceu a voz do padrinho o chamando ao longe. Conforme os pontos luminosos se aproximaram, ele reconheceu as outras duas figuras como dois aurores que trabalhavam com Harry no Ministério. - Teddy!

— Harry? – Teddy tentou responder alto o bastante para que o padrinho pudesse ouvir, embora sua voz ainda estivesse sonolenta.

— Eu não acredito... – Ele ouviu o padrinho reclamar conforme localizou a direção da voz e, atirando um feitiço de luminosidade, pôde enxergar Teddy com perfeição, ainda recostado a uma árvore com Victoire adormecida ao seu lado. - Encontramos eles! Estão aqui!

A garota loira se remexeu e apertou ainda mais sua mão que estava entrelaçada na de Teddy enquanto Harry corria na direção dos dois.

— Teddy! – Quando Harry chegou perto o suficiente dos dois estava repleto de alívio e preocupação. - Vocês estavam aqui o tempo todo?

Victoire acordou em um salto quando ouviu a voz de Harry logo à frente. Ela imediatamente se sentou e piscou várias vezes, soltando a mão de Teddy inconscientemente. Teddy assentiu para responder a pergunta do padrinho, ainda um pouco atordoado pelo sono.

— Pelas barbas de Merlin, sua avó está tão desesperada! Seus pais também, Vic! Todos estavam achando que vocês tinham sido sequestrados ou que tivessem se perdido... Eu tive que colocar o batalhão de aurores inteiro atrás de vocês dois... – Harry se apressava para tentar explicar aos dois o que estava acontecendo ao mesmo tempo em que Victoire mal conseguia distinguir de onde vinha a luz forte proveniente da ponta da varinha de Harry com o feitiço Lumus.

— Como assim sequestrados? – Ela perguntou em seguida. - Eu só vim procurar o Teddy porque a avó dele me disse que ele tinha fugido para ficar sozinho.

— Eu só precisava de um tempo sozinho, padrinho. Acho que acabamos dormindo. – Teddy tentou se justificar quando percebeu que as coisas haviam saído de seu controle e se tornado muito mais graves do que ele poderia imaginar.

Harry havia percebido que a luz excessiva estava incomodando Victoire e apagou a varinha. Os outros dois aurores que o acompanhavam se aproximavam lentamente como dois pontos luminosos na escuridão.

— Mas por que está tão escuro? Que horas são? – Victoire perguntou surpresa ao perceber que o ambiente ao seu redor estava completamente enegrecido pela noite.

— São duas da manhã, Vic. – Respondeu Harry e rapidamente adicionou: - Aliás, feliz aniversário.

— Ah! Já é meu aniversário, Ted! – Ela anunciou completamente feliz conforme percebia que já era 2 de maio. - Eu não acredito!

Teddy precisou ajudá-la a ficar de pé e em seguida desejou um feliz aniversário quando a abraçou. Harry seguiu o afilhado e abraçou sua sobrinha antes de se virar para Teddy com um olhar severo:

— E nós precisamos ter uma conversa séria, Teddy. Sobre o seu pai e sobre você.

Mas antes que Harry pudesse dizer qualquer outra coisa, Teddy se apressou a respondê-lo e as palavras que ele disse naquele dia ficaram por muito tempo gravadas em sua memória:

— Não se preocupe Harry. Eu sei exatamente quem eu sou.


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Notas finais do capítulo

Eu adoraria saber a opinião de vocês sobre como a história está indo, o que acharam do capítulo e, principalmente, críticas construtivas! Não se esqueçam de estar aqui para o próximo capítulo. Um abraço e até.



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