Através de um vidro escuro escrita por Scya


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo de flashback sobre a infância de Teddy Lupin. No capítulo anterior tivemos uma introdução aos flashbacks e agora a história será alternada entre flashbacks e capítulos no presente. Uma boa leitura!



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Através de um vidro escuro

Capítulo 2

Por Scya

 

 

Aos seis anos, Teddy podia ainda não compreender direito o que havia acontecido, mas no 2 de maio daquele ano ele estava relativamente mais calmo. Teve muito tempo para conversar com a avó, com o padrinho, com o Ministro da Magia Kingsley que era um grande amigo de seus pais, conversou também com Ginny que era uma grande amiga de sua mãe e basicamente com todos os membros da Ordem da Fênix que sempre tinham histórias incríveis e inéditas para compartilhar com Teddy sobre os seus pais. Acontece que para Teddy, aos seis anos, seus pais eram os maiores heróis do mundo bruxo, como todas as pessoas o haviam convencido depois de um tempo. Teddy tinha muito orgulho de Remus e Nymphadora, por sua grande coragem e comprometimento com a Guerra. No fundo, ele havia perdoado os pais por tê-lo deixado com a avó naquele dia, por terem decidido encarar a Batalha de Hogwarts e por terem morrido na esperança de que o Mundo Bruxo se tornasse um lugar melhor para as futuras gerações.

— E nós podemos vir visitá-los sempre? – Perguntou Teddy novamente naquele dia, onde caminhava segurando a mão de Ginny Weasley enquanto acompanhava a avó e o padrinho em direção ao cemitério da cidade de onde vivia, logo após saírem da catedral.

— Sempre que você quiser. – Confirmou Ginny com um sorriso sincero.

Teddy parecia muito animado com aquela data especial. Não parava de fazer sempre as mesmas perguntas, sempre procurando saber o máximo possível sobre os seus pais e sobre o que tinha acontecido na Guerra. Por mais que seu padrinho e sua avó conservassem um semblante triste, assim como Ginny também, ele se sentia ótimo por entender, ou pelo menos pensar que conseguia entender, tudo o que estava acontecendo, como as coisas estavam claras para ele e como tudo parecia certo.

Conforme caminhavam, avistaram as primeiras lápides do cemitério aparecendo ao horizonte, atrás de um portão de ferro que estava aberto. Teddy se encolheu um pouco, pois das outras vezes que tinha visitado o cemitério com sua avó, ele era ou muito pequeno para conseguir se lembrar ou não conseguia entender o real significado de estar ali. Desta vez, conforme mais lápides pincelavam sua vista, ele se sentia extremamente triste. Era um dia frio e o céu estava nublado, além de estar ventando muito. Os cabelos ruivos de Ginny estavam esvoaçados pelo vendo, mas ela não pareceu se importar conforme Teddy apertou sua mão com mais força e ela retribuiu, segurando-o firmemente conforme o guiava pelas ruas estreitas do cemitério.

E mais adiante, eles chegaram até duas lápides brancas que Teddy se recordava com uma clareza assustadora. Os dois túmulos eram idênticos, feitos com o mesmo material. Ao lado deles e construído com uma pedra mais escura, Teddy sabia que estava o túmulo de seu avô, Ted Tonks. Ele se estremeceu ainda mais conforme uma sensação ruim percorreu todo o seu corpo. Ginny pareceu perceber que havia alguma coisa errada, pois se aproximou dele gentilmente e permitiu que ele a abraçasse para assim conseguir se aproximar dos dois túmulos.

O primeiro túmulo era o de Remus. Teddy observou com os olhos inconscientemente cheios de lágrimas coforme Harry se aproximou da lápide e depositou lá em cima uma porção de flores de cor roxa que havia trazido especialmente para isso. Ele se afastou um pouco do túmulo com um semblante triste conforme se aproximou de Ginny e de Teddy com um sorriso fraco. Teddy observou o modo como padrinho observava o túmulo com muita atenção. Caso se esforçasse o suficiente, poderia conseguir ouvir os pensamentos de Harry, visto que ele parecia tão imerso neles que Teddy sentiu um arrepio. Foi apenas depois que Teddy conseguiu ler as inscrições na lápide.

Remus John Lupin

10 de março de 1960 – 2 de maio de 1998

A lápide de Tonks estava entre a de Remus e a de seu pai, Ted Tonks. A de Ted já estava mais velha no cemitério, mas havia sido recompensada com flores novas hoje por sua esposa, Andrômeda. Nymphadora tinha flores coloridas, de vários tamanhos e formas, enfeitando seu túmulo. Sua mãe ainda estava organizando os buquês coloridos sobre sua lápide e Teddy percebeu, com um aperto no coração, que as mãos de sua avó estavam tremendo muito e que ela estava chorando. Desesperado para poder ajudar, ele se desvencilhou do abraço de Ginny e correu em direção da avó. Foi em direção ao túmulo com muita determinação e começou a arrumar os buquês coloridos para a avó. Andrômeda não pôde conter o sorriso conforme observou o neto, extremamente pensativa. Dali, Teddy conseguiria ler com mais clareza ainda as inscrições na lápide de sua mãe:

Nymphadora Tonks Lupin

21 de agosto de 1973 – 2 de maio de 1998

Quando terminou de organizar as flores, a avó estendeu-lhe a mão e juntos os dois foram ao encontro de Harry e Ginny. Os quatro pararam em frente aos túmulos em um semicírculo e Teddy sentiu-se muito aconchegado quando sua avó o abraçou. Ele percebeu que ela tinha fechado os olhos muito pensativos e tentou fazer o mesmo.

Fechando os olhos, ele conseguia imaginar a imagem dos pais com uma grande nitidez. Era quase como se Remus e Tonks estivessem vivos em seus pensamentos. Havia passado tanto tempo admirando o retrato dos dois em sua cômoda que agora tudo parecia certo. Tudo estava certo.

— Eles foram grandes heróis. – Disse Teddy simplesmente, chamando a atenção de Harry e Ginny ao seu lado.

— Sem dúvida que foram, Teddy. – Confirmou Harry, sorrindo para o afilhado.

— Serão lembrados para sempre como heróis. – Ginny também sorriu para Teddy.

Por um período indeterminado de tempo, os quatro ficaram ali, de pé, em silêncio enquanto apenas observavam as lápides de queridos amigos, de família, dos pais. Remus e Nymphadora não poderiam estar mais felizes.

Foi somente depois de um longo tempo que Andrômeda se pronunciou:

— Precisamos ir, Teddy. – Ela anunciou, chamando a atenção do neto. –Ou vamos chegar atrasados no aniversário de Victoire e você sabe como ela faz questão que você seja pontual.

— Ela sempre insiste em me mostrar tudo o que ela ensaiou instantes antes de apresentar para toda a família! – Teddy reclamou, revirando os olhos. Victoire fazia aulas de balé com sua tia Gabrielle, principalmente devido ao seu talento natural e sua graciosidade para a dança. Esse ano em seu aniversário, assim como em várias outras oportunidades, Victoire e suas companheiras de balé fariam uma apresentação para família.

— Ela faz isso porque você é o melhor amigo dela, Teddy. – Explicou Ginny, sempre muito paciente. – Ela só quer a sua opinião antes de mostrar para todas as outras pessoas.

Era incrível como Ginny tinha todas as respostas e sempre as melhores explicações. Sem ter muita escolha, ele apenas assentiu conforme eles começaram a caminhar de volta para casa, em passos tão lentos quanto os que haviam usado para chegar até ali.


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Notas finais do capítulo

Sim, é um capítulo bastante triste para os desavisados. Gostaria de lembrar que eu tenha uma One-shot pós guerra que se encaixa um pouco nesse assunto, chamada ‘As coisas que deixamos para trás’... Inclusive foi de lá que retirei algumas ideias para esse capítulo e para capítulos posteriores. Críticas construtivas são muito bem vindas, assim como opiniões e comentários de incentivo. Obrigada por acompanharem.