Através de um vidro escuro escrita por Scya


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo postado! Vamos ver um pouco mais do Teddy no presente, inclusive apresentando uma personagem muito importante: senhorita Victoire Weasley. Boa leitura!



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Através de um vidro escuro

Capítulo 3

Por Scya

 

 

O ar rodopiou rapidamente e de dentro de um pequeno redemoinho, Teddy Lupin surgiu. O frio repentino da cidade de Londres o pegou desprevenido, fazendo com que ele se encolhesse em seu próprio casaco. Respirou fundo então conforme seus olhos se acostumavam com o novo ambiente. Havia aparatado em um beco escuro e repleto de lixeiras metálicas enferrujadas. Estava na vizinhança do local onde sabia que Victoire Weasley estaria.

Ele rapidamente saiu do beco escuro com passos desajeitados e ainda meio desnorteados. Quando chegou até a rua principal, percebeu que a vizinhança era mesmo bastante tranquila. Todos os outros prédios ao seu redor tinham um ar de serenidade que ele julgou bastante agradável, embora o ambiente fosse completamente diferente do ambiente da cidade onde foi criado. Apesar da paisagem cinzenta e da presença de prédios e mais prédios no horizonte, ele logo avistou, após caminhar alguns quarteirões, o principal motivo que levou Victoire e ele a escolherem aquele prédio em especial para o apartamento.

Havia uma praça no meio do mar de prédios e residenciais. Era uma área com diversas árvores, com uma grande movimentação de crianças, pessoas caminhando e idosos alimentando pássaros. Era exatamente o tipo de praça que se esperava encontrar em uma cidade grande, mas ainda assim parecia aconchegante o suficiente para que Teddy pudesse se imaginar correndo por entre aquelas árvores ou até mesmo alimentando os pássaros. Ele pensou de uma maneira muito carinhosa de como Lily gostaria de correr por ali também e de como Victoire ficaria feliz em levá-la junto com irmão mais novo, Louis, para um belo passeio.

De frente para a praça, estava o prédio que estava procurando. Teddy logo passou pela portaria após apresentar seu nome e o porteiro trouxa conferir que se tratava de um dos novos proprietários de um apartamento no prédio. Ele adentrou no saguão e, um pouco assustado com a movimentação de pessoas ao redor do elevador e também preocupado que algum trouxa percebesse que ele não era habituado com aquelas tecnologias trouxas tão avançadas como um elevador, Teddy seguiu pelas escadas. Seu apartamento ficava no sexto andar, mas subir escadas não era exatamente algo que ele não estivesse acostumado, tendo em vista seus sete anos em Hogwarts e suas 142 escadas.

Quando finalmente chegou ao sexto andar, estava com o fôlego bastante irregular. Fez uma nota mental de que deveria começar a praticar exercícios físicos com maior frequência e talvez voltar a jogar Quadribol com James Potter, Fred II e Roxanne Weasley. Quando chegou à porta do apartamento 32B, ele logo percebeu uma grande movimentação e barulho de objetos e mobília sendo arrastada. Sem demorar muito, apanhou a cópia da chave em seu bolso e entrou no apartamento.

Embora Teddy já tivesse vindo visitar o apartamento com Victoire algumas outras vezes, era a primeira vez que o encontrava com pertences espalhados por toda a extensão do cômodo que deveria ser a sala. Havia caixas e mais caixas, uma mesa com quatro cadeiras empilhadas em um canto, uma mesa de centro com uma mala cheia de roupas em cima e várias outras malas menores e maiores espalhadas pela sala.

— Vic? – Chamou Teddy, considerando tudo aquilo muito confuso. – Não tínhamos combinado trazer somente os móveis para cá essa semana? Que monte de roupas e caixas são essas?

— Ora Teddy, não seja ridículo. – Protestou uma voz feminina vinda de uma das portas que Teddy sabia ser a cozinha. – Essas são as minhas coisas. Vovó disse que era uma boa ideia eu começar a trazê-las logo essa semana. Você sabe como Dominique está ansiosa para ter um quarto só para ela.

Teddy continuou observando a quantidade absurda de pertences espalhados pela sala. Um pouco assustado, ele decidiu andar até um quarto e quanto passou pela porta, se surpreendeu ao ver que havia ainda mais caixas lá dentro, inclusive um espelho que ele sabia ser do quarto antigo de Victoire.

— Eu só gostaria de saber se vai sobrar algum espaço para minhas coisas. – Reclamou Teddy, caminhando casualmente pelo apartamento, saindo de um quarto para entrar no outro, que por sorte ainda estava vazio. Ele passou pelo corredor apertado para retornar até a sala.

— Mas como você anda dramático, Ted Lupin. – Victoire estava na sala também, agitando sua varinha em direção a algumas caixas que imediatamente levitaram em direção a cozinha, fazendo um barulho característico que indicava que provavelmente estavam cheias de pratos e copos de vidro. Victoire, um pouco distraída contando as caixas que faltavam, não percebeu o retorno de Teddy para o cômodo. O rapaz observou com atenção a maneira como ela se movimentava por entre as coisas espalhadas, completamente à vontade. Quando ela finalmente se virou e se deparou com um par de olhos castanhos a observando, seu sorriso foi o mais sincero que Teddy já tinha visto. – Olá estranho. Eu realmente não entendo como você consegue perambular tanto por um apartamento tão pequeno...

— Você não deveria estar aqui hoje, sabia? – Disse Teddy, se esforçando para caminhar por entre as caixas espalhadas. – É seu aniversário, Vic.

— Sim, eu sei. – Ela concordou, embora continuasse remexendo no meio das malas procurando alguma coisa específica. – Se você acha que eu deveria estar na casa dos meus pais, então por que veio me procurar aqui?

— Por que, senhorita Victoire Weasley, – Começou a dizer Teddy em seguida, conforme se desvencilhava das últimas caixas para finalmente alcançá-la. – Eu sempre sei exatamente onde encontrá-la.

Novamente, o sorriso de Victoire era o mais sincero que Teddy já havia visto, assim como era também o mais bonito. Não demorou muito para que Victoire o alcançasse e terminasse com qualquer distância entre os dois quando o abraçou, motivada primeiramente pela saudade que sentia de estar nos seus braços. Era um sentimento engraçado, ela pensava, como sempre sentia falta de Teddy ao seu lado desde que eram crianças, como não confiava em mais ninguém para confortá-la ou nem ao menos abraçá-la. Era somente o conforto de seus braços, o aconchego e recepção de seu corpo que conseguiam fazê-la sentir-se bem em qualquer situação. Quando ela passou os braços por seu pescoço, Teddy se inclinou e murmurou em seu ouvido:

— Feliz aniversário, Victoire. – Em seguida, Teddy a envolveu em seus braços e a apertou com força contra si, a erguendo alguns centímetros do chão. Victoire era consideravelmente mais baixa do que ele, sendo infinitas vezes mais delicada e graciosa, além de ser a garota mais bonita que Teddy já vira na vida. É claro que havia um tremendo contraste entre os dois. Desde muito jovem, Vic era tão graciosa quanto a bailarina que costumava ser quando criança, enquanto Teddy era o rapaz mais desajeitado que Victoire conhecia. Teddy não se considerava também um rapaz bonito, não importando o quanto manipulasse sua aparência, sempre haveria os traços que não conseguiria desfazer-se por completo, fora o fato de ser muito alto e extremamente magricela.

Apesar de tudo, Teddy já havia passado muito tempo pensando que Victoire deveria procurar alguém que combinasse com ela ao invés de insistir que estar com ele era o que ela realmente queria. Por muito tempo depois que ficaram juntos, Teddy teve medo de que Victoire fosse demais para ele e que eventualmente fosse deixá-lo por outro rapaz com sangue de Veela e descendência francesa. Quando confidenciou isso a sua namorada algum tempo atrás, ela não pode deixar de rir de sua expressão de verdadeira preocupação e até mesmo começou a irritá-lo com ameaças dessa fascinante possibilidade algumas brigas depois.

— Como estão as coisas por aqui? – Perguntou Teddy por fim, quebrando o silêncio que se estendeu. Ele tinha certeza que Victoire tinha fechado os olhos, como fazia todas as vezes que o abraçava. Continuou segurando-a firmemente contra seu corpo conforme Victoire respondeu:

— Tedioso demais. Muito solitário. – Ela disse em um tom dramático conforme se afastou de Teddy o suficiente para que seus olhos azuis encontrassem com os olhos castanhos dele. – E como você está?

Teddy não respondeu de imediato. Ele precisou desvendar o real sentido daquela pergunta quando percebeu o tom de preocupação na voz de Vic. Ela estava se referindo aos outros significados daquele dia para ele, um dia repleto de excessivas lembranças, pensamentos e reflexões. Acima de tudo, pelo seu olhar, Teddy sabia que ela estava perguntando, também, se ele já havia ido visitá-los.

— Muito melhor agora que eu encontrei você. – Ele respondeu em um tom baixo e completamente miserável conforme devolveu o olhar repleto de significado. Vic piscou algumas vezes e a preocupação cresceu um pouco dentro de seus olhos quando ela se aproximou dele novamente, desta vez para beijá-lo. Nada no mundo conseguiria fazer Teddy descrever a sensação de ser beijado por Victoire Weasley. Talvez porque ele se sentia completamente perdido dentro de seus melhores sonhos, talvez porque ele se sentia tão completo e feliz que dispensasse quaisquer explicações. A questão é que Victoire era a única que conseguia compreendê-lo de uma maneira diferente. Sempre havia sido.

Quando se separaram, depois de muita relutância por parte dos dois, Teddy sorriu. Ele sentiu o aperto em seu coração se afrouxando conforme observou os traços leves e delicados do rosto de Victoire, estes já há muito tempo gravados em sua memória.

— Você está ansiosa? – Ele não resistiu em perguntar, terminando com o tom triste que aquela conversa estava tendo anteriormente e adquirindo seu característico tom divertido e descontraído.

— Pelo meu aniversário? – Ela olhou para ele confusa conforme apertou ainda mais os braços ao redor do seu pescoço, praticamente apoiando todo seu peso nele.

— Para morar aqui. Comigo. – Ele esclareceu, não podendo controlar o sorriso involuntário que se formou em seu rosto.

— Ah, Teddy. É claro que estou ansiosa! – Ela finalmente se separou do abraço dele, somente um pouco, para poder dar pequenos pulinhos de felicidade e segurar as mãos dele com carinho - É tudo o que eu sempre quis, tudo o que a gente planejou está dando certo.

— Eu só preciso ter cuidado para o seu pai não mudar de ideia sobre deixar você morar comigo. – Ele advertiu, fazendo um careta que conseguiu arrancar, como sempre, um sorriso sincero de Victoire.

— Ele nunca deixou, você sabe disso. – Ela o lembrou, a voz adquirindo o tom de quem confidenciava um grande segredo. - É muito difícil para ele me ver indo embora, mas ele entende que vai ser melhor para mim, com o treinamento começando e tudo mais.

Ah, o treinamento. Não era muito difícil se lembrar do real motivo de Victoire estar se mudando para Londres. A filha mais velha de Bill e Fleur Weasley, completando seus 18 anos hoje, já havia decidido qual o rumo que seguiria em sua vida adulta, após muito tempo em dúvida e com constantes desavenças em sua família a respeito disso.

— E quanto ao treinamento, você também está ansiosa? – Teddy perguntou simplesmente para ter a oportunidade de vê-la radiante, do jeito que ela sempre ficava quando falavam sobre o assunto.

— Sim, ainda estou me preparando. Tem alguns livros que ainda preciso ler e feitiços que eu preciso praticar e... – É claro que além de toda a felicidade que estava sentindo por finalmente acreditar que tinha encontrado o seu lugar de direito havia também toda a insegurança de uma garota de 18 anos.

— E quanto sua mãe? – Ele perguntou adquirindo um semblante preocupado. Ele sabia que Victoire teve, por muito tempo, receio de que se tornar uma Curandeira realmente fosse o que queria para a sua vida principalmente por conta das conversas que teve com sua mãe e que adiaram o início do treinamento por vários meses.

— Ela continua sendo contra eu entrar para o treinamento de Curandeiros, como sempre. Acha que é um desperdício de talento. – Victoire respondeu, com o rosto adquirindo um olhar triste e preocupado.

— Seus N.I.E.M.s foram muito melhores do que os meus. Você conseguiria qualquer emprego que quisesse com eles. – Teddy sorriu para ela, ao mesmo tempo em que ergueu uma de suas mãos gentilmente para prender uma mecha de seus cabelos atrás de sua orelha.

— É exatamente isso que a senhora Fleur Weasley pensa. – Respondeu a garota, revirando os olhos dramaticamente. - Mas o problema, Ted, é que eu sempre quis ser uma Curandeira, sabe? Foi o que eu fiz a minha vida toda até agora: eu cuidei de um monte de primos e dos meus irmãos, cuidei de você. Sempre me senti responsável por eles. – Ela explicou, começando com uma de suas principais manias: falar rápido demais. Quando ela percebeu o sorriso convencido no rosto de seu namorado, adicionou rapidamente: - É claro que eu já te disse isso antes, estou apenas tagarelando.

— Eu achei que você quisesse ser Curandeira porque passou tempo demais com a Madame Pomfrey quando seus primos iam parar na Enfermaria da escola. – Teddy poderia se recordar com muita clareza das várias vezes que Victoire era chamada por algum monitor para ser comunicada que um de seus primos havia ido parar na enfermaria por algum acidente. Na maior parte do tempo, esses primos se tratavam de James Potter, sua própria irmã Dominique e seus primos Fred e Roxanne Weasley. As causas dos acidentes que levavam um ou outro a cumprir uma estadia prolongada na Enfermaria quase nunca eram descobertas.

— É verdade, isso também. – Victoire não pode deixar de sorrir com a lembrança de James Potter com metade da cabeça enfaixada depois de um acidente durante um jogo de Quadribol, ou até mesmo quando Dominique teve um acidente na aula de poções que resultou num inchaço fora do comum no seu braço direito e no seu pescoço. - A questão é que o St. Mungus tem um excelente programa de treinamento que começa em três semanas e eu estou dentro, para valer.

— Eu sei que está. – Teddy se aproximou novamente de Victoire, acabando com a distância entre eles mais uma vez quando passou os braços ao redor de sua cintura e puxou-a para si. Eles sorriram um para o outro conforme Teddy continuava dizendo: - Vai ser realmente muito divertido, cuidar de todas aquelas crianças catarrentas... De efeitos colaterais de poções mágicas... De muitos ossos quebrados, fraturas expostas... Transfigurações que não deram muito certo... Uma rotina cheia de imprevistos, muito inovadora.

Victoire poderia reconhecer de longe o tom de sarcasmo da voz de seu namorado. É claro que ela sabia exatamente o que a estava esperando quando iniciasse seu treinamento para valer, mas a questão é que Teddy Lupin nunca perderia a oportunidade de vê-la estreitar as sobrancelhas com uma expressão irritada.

— Como você é cruel, Ted. – Ela de aproximou dele graciosamente, estando tão próximos um do outro que Teddy já poderia sentir o toque suave de seus lábios nos dele. Exceto que Victoire deslizou suavemente até sua orelha onde disse em um tom baixo e igualmente sarcástico: - Pelo eu vou estar me divertindo. Você se diverte muito atrás daquelas pilhas de papéis e documentos que você tem que preencher no Ministério sempre que um bruxo adolescente assoa o nariz e explode alguma coisa na vista de trouxas?

Teddy poderia dizer que Victoire estava rindo antes mesmo de ver seu rosto quando a garota se afastou dele o suficiente para encará-lo de frente. Ele sentiu-se, novamente, completamente apaixonado por ela, até mesmo quando estava irritada por um comentário dele.

— O Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas é muito mais do que isso, você sabe muito bem. – Ele retrucou com o mesmo nível de irritação, mas ainda mantendo a voz gentil.

— Se sentiu ofendido? – Ela provocou novamente, estreitando seus olhos para observar o pomo de Adão subindo e descendo na garganta de Teddy conforme ele respirava.

— Nenhum pouco. – Ele respondeu por fim, momentos antes de Victoire surpreende-lo com um beijo. É claro que ele já esperava por isso, mas Vic tinha o dom de tornar o mais simples dos gestos completamente especial e significativo. Ele a envolveu em seus braços outra vez e passou os dedos por seus cabelos compridos e loiros.

Novamente, ele sentiu como se o tempo não importasse mais. Nada importava mais. Ter Victoire assim, tão perto dele, era tudo o que ele precisava para que as coisas a sua volta começassem a fazer sentido de novo. Ele se sentia a pessoa mais feliz do mundo quando Victoire estava com ele, completamente entregues um ao outro, prontos para fazer tudo outra vez, se fosse preciso.

A sensação de beijar Teddy Lupin, para Victoire, era muito semelhante a sensação de entrar de cabeça em um redemoinho. Era uma sensação engraçada, quase como uma vertigem, onde ela tinha apenas a sensação de estar caindo e rodopiando repetidas vezes, até não ser capaz de sustentar-se em pé. Era como entrar em outro mundo que só os dois compartilhavam, feito dos seus mais belos sonhos e prazeres favoritos. Teddy era, de verdade, como um sonho. Muito imprevisível, mas sempre agradável, fazendo com que Victoire tivesse a vontade de não acordar nunca mais para não precisar despertar desse sonho ou até mesmo a vontade de dormir novamente na esperança de encontrá-lo de novo, completamente inédito e adorável.

— Teddy... – Ela chamou algum tempo depois, quando outro problema irrompeu seus pensamentos, enchendo-a de preocupação. - Quando você conversou com Andrômeda sobre isso, você tem certeza que ela ficou bem? Porque você sabe que você é a única família que ela tem, e deixá-la sozinha naquela casa depois de tudo o que ela passou e...

— Ei... Vic, ta tudo bem. – Teddy apressou-se para responder, percebendo que a namorada havia voltado a falar rápido demais. Ele podia ver seus olhos azuis repletos de preocupação e ressentimento. - A Vovó deixou. Ela ficou, inclusive, muito feliz. É claro que se ela ficou chateada eu não saberia dizer, mas eu prometi que a visitaria praticamente todos os dias e que também ela seria uma das primeiras a vir visitar o apartamento quando tudo estiver pronto.

— Mas e se ela se sentir sozinha, Ted? E se ela precisar de alguma coisa? – Victoire era uma garota de ouro, como o tio Ron sempre dizia. Seu olhar de preocupação era profundamente tocante, assim como a grande empatia que ela sentia por outras pessoas.

— Então ela vai me procurar, pode ter certeza disso. – Teddy percebeu que havia conseguido tranquilizá-la somente quando o olhar entristecido desapareceu. Ele acariciou os contornos de seu rosto com a ponta dos dedos e, da maneira mais delicada que encontrou, beijou-lhe a testa com muito carinho.

— Eu preciso tomar um banho, ou nós dois vamos nos atrasar. – Victoire anunciou conforme se separou de Teddy. Apontou a varinha em direção a uma mala repleta de roupas limpas e em seguida as roupas que ela havia escolhido começaram a flutuar em direção ao banheiro, assim como seus pertences.

Victoire seguiu correndo até o banheiro e foi uma questão de tempo até que Teddy pudesse ouvir o barulho da água correndo. No instante seguinte, ele se sentiu completamente sozinho. Sabia que Victoire não demoraria muito no banho e por isso mesmo, assim que se virou para sentar-se nas cadeiras que tinha avistado mais cedo, decidiu que seria uma ideia melhor usar o tempo livre para apreciar a vista. Adiantou-se em direção da janela, onde o vidro já havia sido aberto por Victoire mais cedo. Do sexto andar de um prédio em Londres, Teddy podia apenas avistar os telhados de alguns prédios menores ao seu redor, assim como também podia avistar prédios maiores para todos os lados.

A praça no quarteirão da frente era uma mancha verde. Dali de cima, ele podia ouvir as crianças correndo por entre as árvores, alguns cachorros latindo pelas ruas londrinas e os carros trouxas parados no semáforo ao lado do estacionamento de seu prédio. Havia pensando na possibilidade de comprar um automóvel trouxa para quando decidisse passar algum tempo perambulando pela Londres trouxa. Havia comprado o apartamento com direito a uma vaga na garagem do prédio e a ideia de utilizá-la poderia ser bastante atraente, se Victoire não tivesse interferido em seu plano antes mesmo dele terminar de compartilhá-lo com ela. Segunda sua namorada, automóveis trouxas eram muito perigosos e causavam acidentes com muita frequência.

Ele sorriu ao pensar em como Victoire se daria bem como uma Curandeira. Ela tinha tanto cuidado com os mínimos detalhes para se assegurar de que tudo fosse ficar bem o tempo todo e, principalmente, se assegurar de que ele fosse ficar bem.


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Notas finais do capítulo

Por ser minha primeira história da terceira geração, eu sinto uma necessidade maior de ambientar os personagens e apresentá-los para vocês nesses trechos de diálogos. Eu só espero que esse não seja um problema. Um abraço e até o próximo capítulo!



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