Im-permanência escrita por Eddie Rodrigues


Capítulo 8
Café




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São cinco horas. Sento-me no café quase vazio, mochila a tiracolo e um turbilhão de pensamentos e expectativas na cabeça que parece não parar nunca. Coloco minhas mãos desajeitadas sobre a mesa e percebo que estou ansioso, algo que tem se tornado parte da rotina, peço um café. Pego um livro que carrego na mochila e tento ler alguma coisa, o olhar vidrado na página faz parecer que estou realmente penetrado na história, mas na verdade, a minha mente está vagando em outros lugares. Não dá, estou ansioso demais para conseguir ler qualquer coisa. Olho em volta e observo o Café, um grupo de amigos que ri como se estivessem num parque de diversão, um casal de namorados trocando beijos, uma garota que divide a mesa com a sua mochila, assim como eu, mas nenhum sinal de você. Aos poucos o café vai ficando cheio, alguns entram, outros saem, a música ao som ambiente me tranquiliza um pouco, é claro que você vem.  Algumas pessoas me olham de soslaio, não sei por que faço isso, mas viro para o outro lado e abaixo a cabeça, não consigo sustentar o olhar de ninguém tendo pena de mim. Pego o celular, mas não há nenhuma mensagem, ligação perdida, nada. Então, devolvo mais uma vez o celular para o bolso, apesar da minha vontade de jogá-lo na parede. Como combinado, estou sentado na mesa do canto esquerdo, o som que agora tá tocando um jazz distrai a mente e balanço a cabeça ao som do ritmo. Olho o relógio. São seis horas. A garçonete nota minha inquietude, se aproxima e, pergunta se quero mais alguma coisa, faço que não com a cabeça e olho na direção da porta, talvez pra mostrar que estou esperando por alguém ou talvez para não ter que encará-la. Ela abre um sorriso meia-boca, encorajando-me timidamente e se retira. Me rendo, a cabeça latejando sucumbe as memórias que vem a tona, lembranças de momentos bons e outras tantas que acabaram por se tornar cicatrizes. Por que você está fazendo isso com a gente? Por que você sempre faz isso comigo? Duas horas se passaram e já são quase sete da noite. A noite cai lá fora me despertando dos pensamentos para a realidade. Chamo a garçonete, peço a conta, apenas um cafezinho. Vou-me embora do Café prometendo a imensidão da noite que essa foi à última vez. Ainda haveria de fazer essa promessa muitas vezes. 


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