Im-permanência escrita por Eddie Rodrigues


Capítulo 6
Coadjuvantes no amor




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Sabe aquela sensação de borboletas no estômago que dá quando ele fala contigo? Ou fica te encarando? Ou te beija?

Eu sentia que meu mundo virava de ponta cabeças, e, perdia toda a sensatez toda vez que “você” acontecia. Era como se eu não pudesse evitar o inevitável. E isso diz respeito a todos os sintomas de quando se está apaixonado.

Sinceramente, eu não sei muito bem como tudo começou. Lembro das nossas calorosas conversas de Dezembro, do nosso já tão íntimo e parecido gosto musical, e ainda da nossa inenarrável paixão por viajar; os futuros desbravadores do mundo.

Nosso primeiro cinema, nossas discussões por coisas bestas, minhas crises de ciúmes, nosso primeiro milkshake, ainda que não proposital, nossos raros encontros. Era tudo tão mágico.

Acredito que o que mais me cativou foi o seu surpreendente e irritando jeito de ser. Teimoso como ninguém, inteligente, metido a sabe tudo, além de incrivelmente lindo e charmoso, você rapidamente me conquistou, ainda que genuinamente.

E finalmente, eu tinha encontrado alguém que era tudo o que eu queria, e um pouco mais. Porém, esse alguém, nunca esteve tão certo quanto eu de seus próprios sentimentos. E foi aí que pela primeira vez, divergimos. Fazendo com que eu me sentisse um completo idiota por ter me apaixonado tão perdidamente por você.

Eu já não dormia mais como antes, ou até mesmo,  me comportava daquela maneira alegre e espontânea que só quem está apaixonado age. Pelo contrário, os dias se tornaram mais longos, e eu passava noites em claro. Soluçando, me desmanchando em lágrimas com a cabeça enfiada no travesseiro para abafar o choro. E apenas um nome vinha na minha cabeça. Augustus.

O tempo passou, e cada um foi para o seu lado, seguindo o próprio fluxo da vida. Vez ou outra eu ainda esbarrava contigo numa fila de cinema. Até que esses encontros também deixaram de acontecer. E quando eu te via do outro lado da rua, já não acenávamos mais.
Já não tínhamos mais nada em comum.

E aquele que um dia fora meu grande amor adolescente, minha primeira paixão juvenil, já não significava mais nada para mim. Para ser sincero, às vezes, doía um pouco relembrar o quanto éramos felizes e ingênuos. O quanto tínhamos para oferecer um ao outro, e não o fizemos. Simplesmente por medo daquilo que poderíamos vir a sentir, ou talvez, por puro egoísmo.

E assim, nos acomodamos em nossas próprias e autossuficientes ilusões. Deixando de viver a nossa grande história de amor, para ser, coadjuvantes nas histórias de outrem.


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