Uma Pequena Esperança escrita por becomingawriter


Capítulo 2
Pode ser que eu goste dela... um pouco.


Notas iniciais do capítulo

Obrigada à todos os leitores do primeiro capítulo.

Vamos ao segundo e espero que todos gostem da continuação.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/722458/chapter/2

Hope parou na casa de Mae, a babá de sua filha para pegar a menina. Como sempre Ciara correu para os seus braços quando a viu. Mãe e filha se abraçaram e beijaram e Hope agradeceu à mulher que a ajudava com sua pequena desde que ela chegou sozinha à ilha seis meses atrás. Ela realmente não sabia o que teria acontecido se ela não tivesse encontrado Mae. Ela cuidava de Ciara depois da escola. A menina ficava na escola na parte da manhã e na parte da tarde Mae cuidava dela. Várias vezes em casos complexos ela chegou a ficar mais tempo com a menina e não reclamava. As duas se amavam e Hope podia trabalhar tranquila sabendo que a pessoa mais importante de sua vida estava sendo bem cuidada. 

Ciara era uma criança especial de várias formas. Ela tinha nascido prematuramente quando Hope tinha sofrido um acidente doméstico alguns dias antes de completar sete meses de gravidez. Depois de uma cesárea de emergência, Ciara nasceu, pequena demais e com pulmões ainda em formação. Durante um tempo os médicos não achavam que ela iria sobreviver, mas ela se mostrou uma pequena mocinha teimosa e superou todos os prognósticos negativos. Porém, algo provocou crises epiléticas quando ela tinha apenas seis meses de idade e as crises causaram atrasos significativos no seu desenvolvimento. Problemas de coordenação motora, força muscular, fala e compreensão eram sequelas das crises convulsivas. O casamento de Hope tinha sofrido com os problemas de saúde de Ciara e seu marido Matthew tinha ido embora de suas vidas, alegando não ser feito do material necessário para lidar com os problemas de saúde da criança e a instabilidade emocional da esposa. Ele sumiu por meses e quando apareceu, foi com os papéis de divórcio e o comunicado que ele iria embora novamente. Ele nunca mais a procurou ou Ciara.  

Desde que Hope tinha se mudado para o Havaí ela tinha mergulhado de cabeça no trabalho e no cuidado da sua filha. Ela raramente saía com amigos. Hoje seria uma grande exceção. Sair com praticamente estranhos e ainda levar Ciara. Mas uma hora ela sabia que teria que sair da toca e socializar com as pessoas ao redor. Mesmo que seja apenas pelo bem de sua pequena. 

Hope passou rapidamente em casa para trocar sua roupa de trabalho por algo mais confortável e compatível para cuidar de uma criança de três anos. Ela optou por uma camisa com botões branca, uma calça jeans e sapatilhas confortáveis. Era um happy hour depois de tudo, não uma festa de gala.  

Ela só esperava que não estava cometendo um erro abrindo-se para essas pessoas. 

O que Hope não sabia era que hoje ela estaria dando um passo em direção a algo enorme, que ia mudar sua vida e de Ciara, mais uma vez. 

*** 

Os Five-0 chegaram ao Hilton e foram logo reservando uma mesa e pedindo comida e cervejas. Danny sorriu ao perceber que Steve estava lançando olhares ansiosos para fora a cada cinco minutos. Depois do primeiro contato explosivo, ele e Hope tinham claramente se tornado interessados um no outro. Ele notou os olhares que ambos trocavam entre si quando achavam que ninguém estava prestando atenção e McGarrett sempre sutil como uma manada de elefantes tinha demonstrado em seu rosto o claro interesse na agente do FBI. Ele próprio tinha achado a mulher muito interessante, principalmente depois de descobrir que ela tinha uma filha de três anos. Hope era claramente um mistério a ser desvendado, mas algo dizia que ela poderia ser aquela pessoa que vale a pena e que poderia conquistar o coração do seu amigo solitário. 

Algum tempo depois, uma Hope vestindo roupas casuais entrou com uma menina loira nos braços. Cada um sorriu em compreensão ao perceber como a expressão de Steve se iluminou ao ver a agente entrar na área do restaurante onde eles estavam reunidos. Ciara estava deitada em seu ombro e ela parecia ainda mais adorável em pessoa. 

Com um enorme sorriso Hope aproximou-se da mesa cumprimentando à todos, sua postura tinha tomado uma clara mudança apenas por estar fora do trabalho e ela tinha uma expressão encantada própria no rosto ao avistar Steve. 

"Hey pessoal, me desculpem pela demora, tive que ir buscar essa mocinha e colocar uma roupa compatível com uma mãe de criança pequena." Ela falou sorrindo e ganhou sorrisos de correspondência de todos.  

Cada um deles tinha seu par, Danny tinha Melissa, Chin tinha Abby, Kono tinha Adam e Lou tinha Renée. Jerry e Max estavam sozinhos de qualquer forma, mas isso pouco importava quando todos se reuniam.  

Steve foi rápido em puxar uma cadeira para Hope que ainda carregava Ciara nos braços. A loira sentou-se ao seu lado e deu-lhe outro sorriso em agradecimento e Steve sentiu algo vibrar em seu peito e naquele exato momento ele sabia, ele somente sabia, Hope tinha conquistado um lugar cativo em seu coração. Ele suspirou e pensou que era apenas mais uma forma de se decepcionar e sair ferido. Ás vezes ele pensava que não era feito para essa coisa toda de romance e família. 

"Hey mocinha, tudo bem com você?" Steve tentou sua primeira interação com Ciara. Ela olhou para ele por um instante, levantou a cabeça do ombro de sua mãe e estendeu sua pequena mãozinha gordinha para tocar o rosto de Steve. O Navy SEAL durão derreteu em um enorme sorriso no toque da criança e Hope piscou lágrimas ardendo em seus olhos, emocionada com algo que todos na mesa não podiam identificar. Ela conseguiu não chorar, mas disse em explicação: 

"Ciara é especial. Ela tem um comprometimento no desenvolvimento. Ela não costuma interagir bem com estranhos, ela primeiro precisa entender que eles são de confiança. É a primeira vez que ela se aproxima de alguém que ela não conhece. Ela gosta de você Steve." Todos olharam para Steve e Ciara que agora estava explorando o rosto do ex-Navy SEAL duro como pregos, tocando o nariz, a boca, os olhos e sorrindo. Steve estava sorrindo de volta e de repente vários olhos na mesa tinham ciscos. 

"Quem diria que Superman teria jeito para crianças um dia? Estou surpreso." Danny não podia deixar de provocar Steve. 

"Cale a boca Danno. Eu gosto de crianças, não sei quem te disse o contrário." Steve falou enquanto sorria para Ciara fazendo caretas que a menininha tentava imitar. Hope estava encantada com a interação entre os dois. 

"Oh, as circunstâncias me disseram. Os anos convivendo com você me disseram. Mas eu acho que então meus filhos te deram algum tipo de treinamento." Todos riram e Ciara começou a se contorcer no colo de Hope, estendeu os braços e mesmo não falando uma palavra, Steve compreendeu e a pegou no colo. 

"O que você acha de pegarmos um suco menina doce?" Steve perguntou e Ciara bateu palmas alegremente.  

"Ela gosta de laranja e uva. Se tiver guarda-chuva amarelo ela fica em êxtase." Hope orientou e Steve desapareceu pelo salão em busca do suco com uma menina sorridente nos braços. 

"Bem, isso foi um desenvolvimento interessante." Kono disse sorrindo brilhantemente. 

"Foi muito doce." Renée disse. 

"Muito surpreendente. Parece que ele conseguiu fazer uma boa primeira impressão com alguém finalmente." Lou comentou gargalhando. 

"Eu estou em choque. Ela absolutamente não aceita estranhos tão facilmente. Eu estou tentando entender o que aconteceu aqui." Hope disse claramente estupefata. Danny colocou uma mão no seu antebraço e disse com conhecimento de causa: 

"As coisas ao redor de Steve costumam ser assim, surpreendentes o tempo todo. Ele tem essa cara brava mas ele não passa de um grande marshmallow pegajoso por dentro." Então todos riram e o ambiente ficou mais leve enquanto Steve estava desaparecido com Ciara. 

*** 

Alguns minutos mais tarde, um pouco antes de Hope surtar e sair em busca dos dois, Steve voltou com uma Ciara sorrindo e segurando um copo amarelo de plástico com algo dentro que parecia ser suco (Hope esperava que fosse!) e um guarda-chuva azul. Steve sentou-se do lado de Hope com um sorriso presunçoso no rosto. O sorriso ficou ainda maior quando Ciara recusou-se voltar para o colo de sua mãe e quis ficar com seu novo amigo. Levou todo autocontrole do mundo para os presentes não irromperem num coro de awwwws. 

"Guarda-chuvinha azul? Ela ama os amarelos." Hope disse enquanto olhava para a filha distraída tomando sua bebida. 

"Eu sugeri o azul e ela balançou a cabeça concordando. Mas fez questão do copo amarelo." Steve respondeu. Hope sorriu, um sorriso doce, que Steve não tinha visto ainda e disse, sua voz também mais doce que o habitual: 

"Obrigada. Ela realmente gosta de você." Steve não sabia porque ainda, mas a afirmação encheu seu coração de ternura. 

*** 

A noite acabou por ser muito agradável. Todos comeram, beberam e riram. Ciara não desgrudou de Steve. Durante vários momentos Hope tentou tirar a menina do colo do homem para dar-lhe um tempo mas ela se recusou e Steve acenou com sua mão em todas as vezes. Ele estava secretamente orgulhoso de si mesmo pela empatia instantânea com Ciara. A menina era doce e alegre apesar das suas claras dificuldades. Não que isso significasse algo, mas era uma sensação muito boa ter uma criança gostar dele à primeira vista assim. Ele daria um tempo difícil para Danny toda vez que ele dissesse que ele não tinha jeito com crianças à partir de agora. 

Depois de um ótimo tempo juntos, Ciara começou a ficar sonolenta e Hope levantou-se para se despedir de todos. Previsivelmente a menina não queria desgrudar de Steve nem para ir embora. 

"Hey, eu levo vocês em casa." Steve ofereceu quando Ciara ameaçou chorar ao ser levada dos braços do seu novo amigo pela sua mãe. 

"Eu estou com meu carro, mas obrigada Steve. Me desculpe, eu não sei o que aconteceu com ela hoje." Hope disse, sentindo-se estranha com a proposta de Steve de levá-las em casa. 

"Eu acho que ele pode precisar de uma carona, já que ele é um maníaco por controle que acha que tem que dirigir o meu carro o tempo todo, ele veio sem a monstruosidade enorme do caminhão que ele chama de carro. Eu vou levar a minha namorada em casa e você poderia fazer o grande favor de deixar nosso líder destemido na casa dele. O que você acha? Tenho certeza que Ciara vai ficar feliz." Danny respondeu com a sugestão de um sorriso malicioso no rosto. 

Steve nunca foi mais grato pelo amigo perceptivo que ele tinha.  

"Uh... ok, eu posso fazer isso." Hope respondeu meio sem jeito. Essa noite a tinha surpreendido de várias formas. Mas quando ela olhou para Ciara completamente adormecida no ombro de Steve, ela não queria que ela acabasse. Há muito tempo ela não se sentia tão segura e parte de algo como hoje. Definitivamente Five-0 é uma coisa diferente de tudo que ela já tinha visto na vida em termos de agências de aplicação da lei. 

*** 

Hope olhou pelo retrovisor em sua filha profundamente adormecida no assento de criança no banco de trás do seu carro. Discretamente ela roubou um olhar de relance para o banco do passageiro onde Steve estava sentado olhando distraidamente para a rua escura que passava rapido por eles. Ele ainda estava vestindo suas roupas de trabalho, menos a arma no quadril. Ele usava uma camisa com as mangas arregaçadas nos antebraços, calças cargo e botas. E Hope pegou-se achando o cara incrivelmente sexy. Talvez seja por causa do costume de ver todos seus colegas de FBI o tempo todo com seus ternos engomadinhos, ver um policial vestido de forma mais casual era meio que refrescante para os olhos. Sem contar que o cara era bonito. De verdade. 

Ela forçou-se a prestar atenção na estrada, afinal ela não queria envolver-se em um acidente por estar distraída admirando Steve. Ela tinha sua filha no carro afinal de contas. 

De repente Steve resolveu quebrar o silêncio da viagem e a forma como ele falou claramente controlando o tom para não acordar Ciara definitivamente fez o coração de Hope bater mais forte. 

"Você não precisava ter feito isso, eu poderia ter pedido um táxi."  

"Claro que não, depois de ser alugado durante toda a noite pela minha filha isso era o mínimo que eu podia fazer. Mais uma vez, me desculpe, eu não sei o que deu nela. Ela não é exatamente dócil com estranhos mas ela estava totalmente à vontade com você e o ambiente com todos da sua equipe." 

"Mais uma vez você não precisa se desculpar. Eu adorei passar a noite com vocês duas. Dizem que as crianças são perceptivas, ainda mais as especiais, acho que ela entendeu que somos uma família." 

Hope sorriu para isso, eles realmente pareciam amigos muito próximos. Ela tinha deixado grandes amigos no FBI de DC quando ela veio para o Havaí, aqui ela ainda não tinha laços fortes de amizade, ela considerava Mark, seu parceiro um amigo, mas às vezes ele parecia querer algo mais com ela, algo que ela ainda não sentia que era a hora certa depois de tudo que ela passou com seu ex-marido. 

"Obrigada pelo convite. Foi uma noite ótima, eu não percebi o quanto eu estava precisando de um tempo de diversão. E obrigada mais ainda pela paciência com a minha menina." Hope disse a última parte e inconscientemente olhou novamente pelo retrovisor na forma adormecida de Ciara. Steve achou engraçada a mudança de agente do FBI durona e segura de si para mãe doce e cuidadosa. Talvez não fosse tão impossível ser agente da aplicação da lei e ter uma familia. Ele se lembrou do cara na capela de Tripler e o que ele disse sobre encontrar a pessoa certa. 

"Ciara é uma criança adorável, foi bom cuidar dela um pouquinho para que você pudesse relaxar." Ele sorriu para ela e Hope sabia que aquele sorriso seria sua morte. 

Antes que os dois pudessem perceber, eles estavam na frente da casa de Steve.  

"Obrigado pela carona, você gostaria de entrar?" Steve perguntou e por mais que ele soubesse que ela não iria aceitar o convite, ele encontrou-se torcendo para estar errado. 

"Oh não, eu realmente preciso colocar essa mocinha na cama. Amanhã ela tem escola cedo e nós temos um caso para continuar investigando não é mesmo?" Hope respondeu, ela gostaria muito de entrar e passar mais tempo com esse cara misterioso que ela tinha acabado de conhecer, mas era cedo demais para isso e tarde demais para Ciara. 

"Sim, claro. Nos vemos amanhã então." Steve se despediu com um aceno. 

"Até amanhã." Hope despediu-se e voltou para a estrada e no caminho para sua casa sentia-se muito mais leve do que se sentiu em um longo tempo. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma Pequena Esperança" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.