A Bela e a Fera escrita por Lilissantana1


Capítulo 26
Capítulo 26 - A festa de Frances


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, um super obrigada à leitora Dani pela recomendação da fic, nossa saltei de felicidade quando vi, só não fiz mais escândalo pq estava no trabalho. MUITO OBRIGADA DANI, este capítulo doce é dedicado a ti. VALEU!
Capítulo super adocicado, não recomendado a quem sofre com diabestes...kkkkkkkkkkk brincadeiras a parte, tomara q gostem, eu babei escrevendo.



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Mabel se observou. Por fora, parecia  pronta, o vestido, o cabelo, as luvas, tudo no lugar certo. Porém seu coração mostrava que não saiba disso, e batia como um tambor dentro do peito. As pernas quase fraquejavam. Era certo que a partir daquela noite seria alvo, se não fosse a principal, das fofocas que circulariam pela capital. Sua família ficaria sabendo através de bocas pouco amistosas sobre o noivado apressado. E o que pensariam deles?

O que em parte a tranquilizava era a certeza de que Dominic encerraria qualquer dúvida que seus pais viessem a ter sobre o assunto. O marquês pretendia prolongar o noivado até que as bocas se calassem. Frances já falava em montar uma festa digna de seu próprio casamento.

Ela sorriu para a própria imagem. Casar-se com Dominic? Sim. Casar-se com Dominic! Numa festa igual ou ainda maior que aquela produzida para Frances.

A imagem do homem surgiu diante dela encobrindo a própria enchendo seus olhos de alegria. Inesperada e grata surpresa lhe esperava naquele passeio. Uma surpresa como nunca imaginara viver. Ela pretendia sair da residência de campo dos Deeping mantendo uma relação mais próxima com a mãe de Chowes. Mas acabaria indo para casa como a noiva de Dominic Deeping. Como a futura marquesa de Deeping. Mas, especialmente sairia dali vivendo algo inusitado, um novo e completo sentimento.

Mabel descobrira que nos últimos dias passara mais tempo pensando, conversando e se preocupando com Dominic do que com Elliot. O rapaz preenchera seus dias com pequenos detalhes. Muitas gentilezas. Conversas nervosas, preocupadas, tranquilas, cortesias e finalmente com beijos.

Beijos como Mabel jamais experimentara. Beijos que faziam seu corpo todo estremecer. Seu coração se regozijar. Sua mente desaparecer. E seus lábios quererem cada vez mais. Dominic despertara nela algo que Mabel não sabia que existia. Um desejo latente de tocar e estar intimamente perto de outra pessoa.

Alguém bateu a porta, era a criada pessoal da marquesa perguntando se Mabel estava pronta. Em poucos minutos a garota a seguia pelo corredor, em direção ao hall, onde todos se encontrariam para se dirigir ao baile que tivera início há poucos minutos.

Não havia formalidades naquela noite. Seria um baile como outro qualquer até que Dominic discursasse indicando a todos a proposta feita e aceita pela senhorita Nagle.

Parado ao lado da mãe, ansioso, agitado, tão tenso quanto Mabel, ele observava a escada detidamente. A moça estava demorando. Será que mudara de ideia? Por vezes certa insegurança tomava conta de seu ser. Como se de uma hora para outra tudo pudesse ruir. Sua pretensa felicidade desaparecer. Esse sentimento o seguia desde a morte do pai, anos atrás. Ele sabia que a vida era mutável. Muitas coisas não acontecem como o planejado. E naquele momento ele queria, implorava por sua dose dessa mesma felicidade. Uma felicidade que não cabia no amplo peito masculino e se espalhava pelo rosto bonito e pelos límpidos olhos azuis.

De repente a dupla tão esperada surgiu no topo da escadaria. Mabel usava um vestido que ele já vira, arrumara o cabelo de uma forma que ele já conhecia. Sorria como ele já a vira sorrir. Mas... algo estava diferente. Será que era o modo como ele a via? Será que era o modo como ela o via?

Não.

De repente ele percebeu que ela não caminhava, flutuava em direção a ele.  A felicidade era nítida nos traços delicados que ele aprendera a amar. E se ela estava feliz, ele se sentia ainda mais completo em sua simples felicidade.

A marquesa se afastou levemente, atraindo a própria criada para perto de si. Ninguém ali precisava delas. Eles já tinham tudo o que poderiam querer.  Antes de realmente se afastar, em absoluto silêncio, em direção ao salão, deu uma última olhada para o casal, viu o filho segurar as mãos da garota entre as suas e se aproximar com aquele olhar bobo que todo apaixonado costuma oferecer a sua amada.

Um longo e satisfeito suspiro escapou pelos lábios femininos. O amor finalmente batera a porta do coração do filho e ela agradecia aos céus por Dominic ser correspondido e por Mabel ser quem era. Fechando os olhos a marquesa ainda fez uma rápida prece praticamente exigindo que aquela noite e os dias seguintes provassem que não estava errada.

Dominic segurou Mabel levemente puxando-a para perto. As mãos dele estavam quentes e carinhosas como sempre. Ela observou direto os olhos gentis.

Gentil... nunca usara essa palavra para definir Dominic. E logo em seguida confirmou seu primeiro pensamento quando ele anunciou em voz determinada:

— Fiz algo esta manhã, logo depois da conversa no escritório que gostaria de compartilhar com a senhorita.

Mabel moveu o rosto levemente a espera da continuação. Compreendendo que ela esperava para saber de que se tratava, voltou a falar ainda seguro:

— Escrevi ao seu pai.

Surpresa Mabel apertou levemente a mão que mantinha as suas presas.

— Escreveu ao meu pai sir Deeping?

— Sim. Isso a perturba? - como a resposta da moça foi negativa ele continuou a explicar: - Precisava informa-lhe sobre nossa decisão. Não seria correto que as decisões que tomamos só chegassem até ele depois que todos estivessem sabendo.

Mabel sentiu os olhos marejarem. Lá estava a gentileza impensada. Não pedida e mesmo assim atendida.

— Obrigada... - falou com voz travada – obrigada por se preocupar com ele.

Dominic mostrou aquele breve e torto sorriso.

— Que felicidade seria a minha se não levasse em conta a sua? Sei que estava apreensiva com a possibilidade dos comentários chegarem distorcidos para a sua família.

Num gesto rápido ela se aproximou um pouco mais, tornando ínfima a distancia que os separava. Tentando manter o foco da conversa Dominic continuou:

— A carta deverá chegar antes de nós, enviei por um criado, diretamente à residência de seus pais. Mesmo assim, saiba que irei até ele para uma conversa formal e pessoal tão logo estejamos em casa.

Ela conseguia imaginar seus pais lendo a carta do marquês.

— O senhor contou tudo? - perguntou sem se desviar dos traços tranquilos do rosto masculino.

— Contei apenas o necessário. - isso queria dizer que ela deveria saber exatamente o que era esse necessário para não cometer erros.

— Obrigada... - um passo para mais perto e ela podia sentir a respiração masculina sobre seu rosto – Obrigada pelas gentilezas... pelo seu desprendimento, por ser tão maravilhoso comigo.

— Eu a amo... - ele sussurrou como quem quer dizer que isso explicava tudo, e antes que Mabel tivesse tempo de se sentir obrigada a retribuir a declaração perguntou: - Está pronta?

Alguns segundos de indecisão se passaram. Ela queria dizer algo. Dizer... mas nada disse.

— Sim estou pronta... está pronto?

Um sorriso aberto se formou no rosto masculino trazendo a tona a luminosidade que a felicidade imprimia aos traços do marquês.

— Ainda tenho medo de acordar. - ele confessou – e perceber que estou sonhando.

Mabel riu, um riso baixo e não tímido. Dominic confessava suas emoções sem qualquer sinal de constrangimento. Era direto, sincero e com certeza esperava essa mesma sinceridade dela.

— Certamente, se há alguém que está sonhando aqui, este alguém sou eu... jamais imaginei que tamanha felicidade pudesse existir.

Ele olhou de relance na direção em que a mãe saíra. Não havia viva alma ali, poderia realizar seu desejo sem qualquer medo de serem vistos. Entretanto, sabia que se demorasse demais a marquesa mandaria chamá-los. Ninguém queria que as fofocas se prolongassem mais do que o necessário.

— Vamos... - falou controlando dentro de si o desejo de beijá-la e estendendo o braço para Mabel.

Num gesto rápido a garota aceitou o movimento e seguiu os passos masculinos até que tivessem entrado no salão.

Era a terceira vez que os convidados da marquesa tinham a oportunidade de ver o casal junto em uma atividade social. A primeira fora ainda antes que Dominic soubesse que se sentia atraído por Mabel. A segunda ocorrera na noite anterior. Mesmo assim os olhos pareciam cada vez mais afoitos em descobrir o que estava acontecendo ali.

Alguns olhos se detinham no casal mais do que outros. E esse era o caso de Abigail, da viscondessa e também de Elliot. Mesmo que soubesse os próximos passos do primo, Chowes não conseguia evitar o ciúme, a angústia por ter perdido a mulher amada.

A viscondessa por seu lado não entendia os motivos que levavam o marquês a oferecer tanta atenção para Mabel. Apesar do comportamento dele vir de encontro aos seus desejos, pois afastava definitivamente a senhorita Nagle de seu filho, era incompreensível que tamanha atenção fosse oferecida a alguém tão insignificante em um ambiente repleto de moças mais “prendadas” e “dotadas” do que a filha de um homem simples.

Abigail junto a Elliot, em determinado momento compreendeu que terminara por unir os dois sem querer. Fora sua fofoca que colocara a dupla mais próxima do que jamais foi. Fora sua imposição que tornara Mabel uma mulher em perigo que necessitava ser salva alertando o espírito heroico do marquês. Fora sua confirmação de uma inverdade para Elliot que levara os primos ao duelo e levara a rival a parecer uma mártir. E naquele momento, entrando juntos, de braços dados, a garota compreendeu que nada mais os separaria.

Elliot desviou a atenção do casal e voltou a conversa que mantinha com os amigos. Entretanto, foi impossível escapar aos comentários:

— Sir Deeping parece encantado pela senhorita Nagle. - alguém falou.

— Não o culpo, ela é muito bonita. - outro comentou.

— Será apenas mais um de seus muitos casos? - mais alguém questionou.

— Parece uma imposição da marquesa para que a senhorita Nagle não permanecesse sem um par durante os eventos. - outra pessoa deduziu quase corretamente.

— Se for... sir Deeping cumpre a obrigação de muito bom humor. - outra retrucou para logo depois alfinetar. - Algo raro para o nosso marquês. Ele é conhecido pelo humor azedo e pela paciência curta.

E assim os comentários variavam, e quanto mais tempo Dominic e Mabel passavam juntos, conversando com a família dele, ou apenas entre eles tornava mais clara a probabilidade de uma corte. Mas, ninguém, absolutamente ninguém estava preparado para o que viria. O anuncio de um noivado.

**************

A noite já estava a meio caminho. Dominic e Mabel dançavam sua terceira música seguida, as pessoas naquele momento compreendiam o que aquela proximidade toda queria dizer. Viam os olhares, os sorrisos, a leveza nos traços do sempre mal humorado marquês sabendo que isso se devia a mulher que o acompanhava. Quando a marquesa se aproximou do filho, que conduzia a acompanhante para o grupo onde suas irmãs se encontravam, para sussurrar:

— Está tudo preparado. - a preparação se resumia a taças de champanhe que seriam oferecidas aos convidados no momento em que Dominic anunciasse o noivado.

— Obrigado mamãe. - ele respondeu descontraidamente e sem largar o braço de Mabel tomou outra direção.

— Será agora? - ela perguntou com a sensação de que todos a observavam e com as pernas a fraquejarem.

— Sim. - Dominic respondeu sem encará-la e continuou a caminhar.

O estômago sumiu, e ela teve a nítida sensação que estava caminhando sobre um punhado de algodão. Seus passos deslizavam pelo piso vitrificado como se este não existisse. Quando a figura imponente de seu futuro marido parou junto a mesa principal a música cessou, ele pigarreou atraindo a atenção de todos para si. Imediatamente as bochechas de Mabel arderam como fogo, inconscientemente os dedos finos apertaram o braço do marquês. Toda a segurança que ela precisava para enfrentar aquele e outros momentos estava ali, parada ao lado dela em seus quase dois metros de altura, olhos azuis, lábios finos e voz profundamente forte.

Como se compreendesse o que ia no coração da mulher, Dominic passou a própria mão sobre a dela num gesto delicado e caloroso que tinha a intenção de acalmá-la.

Um serviçal passou diante deles com uma bandeja oferecendo a bebida que eles pegaram sem pestanejar. O líquido borbulhante era atraente aos olhos e com certeza faria com que ela se sentisse melhor, Mabel não via a hora de poder bebê-lo. Mas, ainda precisava ouvir tudo o que Dominic tinha a falar.

Ele começou:

— Minha mãe e eu gostaríamos de agradecer a todos que aceitaram o convite para estes dias no campo. Ficamos felizes em contar com a presença de cada um. Certamente que foram momentos especiais que sem a presença dos senhores e das senhoras não se realizariam a contento.

Palmas foram ouvidas, expressões de concordância. Algumas brincadeiras. A tudo Dominic respondeu apenas com um breve e rápido sorriso. O principal ainda estava por vir.   

— Mas, há algo mais importante que gostaria de partilhar com nossos amigos antes que retornássemos aos nossos lares. - ele voltou a falar e Mabel parou de respirar. Ia ser naquele momento – Nestes dias únicos algo muito especial aconteceu. - a mão de Mabel pressionou um pouco mais o braço dele e finalmente Dominic a encarou mostrando o quanto se sentia feliz em realizar aquele anúncio, de repente todos os outros sumiram, havia apenas aquele homem diante dela. - A senhorita Nagle e eu, assim como muitos de vocês, tivemos a oportunidade de nos conhecer melhor e... acreditamos que seria uma honra partilhar esta boa nova com nossos queridos amigos.

Os olhos azuis passearam pelo salão rapidamente, havia um silêncio profundo no ambiente. Quase assustador. Interiormente Dominic percebeu o impacto que aquela notícia causaria entre os presentes e foi claramente direto:

— A senhorita Nagle e eu ficamos noivos hoje. - um gritinho foi ouvido vindo diretamente do grupo onde as irmãs do marquês estavam, mas ninguém, exceto a marquesa olhou naquela direção – E eu gostaria que nossos “amigos” partilhassem de mais esta felicidade produzida pelos dias maravilhosos que passamos juntos no campo.

Ele ergueu o copo, ignorando os olhares confusos das pessoas. E concluiu:

— Por favor me acompanhem em um brinde em homenagem à senhorita Nagle, minha futura esposa e marquesa de Deeping.

Ele ficou de frente para ela. Trazia nos olhos a satisfação estampada nas íris azuis. Dominic se sentia orgulhoso em tê-la como noiva. O ar preencheu o peito feminino de alegria incontida, ela quase chorou naquele momento.

— A você... Mabel - ele disse alto e ergueu o taça – minha noiva.

As pessoas repetiram o brinde como se fossem autômatos, quase não acreditando no que estava acontecendo. O filho do marquês de Deeping iria mesmo se casar com uma garota sem dote? Sem ascendentes importantes entre a nobreza? Aquilo era por acaso um capricho? Uma imposição? Algo teria acontecido que o obrigasse a tomar tal decisão?

Muitas perguntas ficaram no ar. Mas, os mais espertos logo perceberam que o único e principal motivo que levara o marquês a escolher a menos provável das mulheres dizia respeito a algo muito simples, algo que ser humano algum consegue controlar. Seu próprio coração. 


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Notas finais do capítulo

É isso, agora sim, estamos quase lá. Obrigada a todas pelos review, por me acompanharem em mais uma empreitada romantica. cheia de olhares, sorrisos, e beijos doces. BJOOOOO vamos em frente.



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