A Bela e a Fera escrita por Lilissantana1


Capítulo 25
Capítulo 25 - Uma conversa tensa


Notas iniciais do capítulo

Será que Dominic aceitará facilmente esse noivado?
Vcs decidem, kkkkkkkkkkkkk BJO



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Os olhos da dupla sentada diante dele mostravam emoções completamente diferentes. A marquesa, como sempre, expressava segurança e firmeza. Mabel, apreensão e nervosismo. Dominic se perguntou o motivo daquilo. E logo formulou a pergunta em voz alta. Sem saber que não gostaria muito da resposta.

— Estive conversando com Mabel. - Frances começou, mantendo a postura ereta e formal, mesmo enquanto conversava com o filho – E após longa deliberação, concordamos que para se evitar fofocas e mal entendidos. Principalmente porque os pais dela estão distantes, e eu sou a responsável por cada jovem presente nesta casa. Que vocês deveriam anunciar clara e abertamente a intenção de formalizar um compromisso brevemente.

Dominic se remexeu na cadeira sem desviar os olhos azuis do rosto da mãe.  Talvez estivesse começando a compreender o que acontecia. A marquesa pretendia obrigar Mabel a aceitá-lo. Só os céus sabiam quais argumentos teriam sido usados para que a senhorita Nagle concordasse com a ideia. Mas era fato que de livre e espontânea vontade, Mabel não estava ali sentada diante dele ouvindo a marquesa falar sobre seu futuro sem intervir.

— A quais fofocas a senhora se refere mamãe? – perguntou azedo, apoiando os cotovelos sobre a mesa e direcionando toda a atenção para Frances.

— Qualquer fofoca Dominic! - a marquesa rebateu tentando demonstrar segurança. Sabendo que o filho não aceitaria um compromisso se soubesse que a provável futura noiva se sentia coagida a aceitá-lo. Entretanto, contar a verdade não era uma opção. – Você conhece esse povo e as regras sociais tanto quanto eu. Especialmente depois de tudo o que aconteceu nos últimos dias.

Dominic pigarreou limpando a garganta.

Ele não cedera a chantagem de Abigail. Não cederia a da própria mãe. Nunca obrigaria Mabel a fazer algo que não estava pronta. Num relance passou os olhos pelo rosto assustado da garota sem saber que o motivo de tamanha apreensão pouco tinha a ver com aquela conversa. Especialmente com o fato de Frances insistir no anúncio de um futuro noivado.

— Se a senhora ouviu alguma coisa, além daquela que já sabemos se tratar de uma mentira e que parece ter sido esquecida, por favor. Me informe. Ficaria feliz em colocar um fim nela sem demora.

Como sair dessa situação de forma limpa? Frances se perguntou desviando o olhar para o rosto de Mabel como quem busca auxílio. A jovem compreendeu imediatamente a intenção e tentou socorrer da melhor forma possível.  

— Sua mãe teme que sejamos mal interpretados caso continuem a nos ver juntos... – ajuda inútil Mabel, a garota disse a si mesma enquanto pronunciava aquelas poucas palavras.  

Uma ruga atravessou a testa de Dominic. Ali estava a confirmação. Era uma imposição de Frances aquela súbita mudança nos pensamentos de Mabel.

— A opinião dos outros a meu respeito nunca foi um problema... Frances sabe muito bem disso. – ele retrucou usando aquele tom pesado tão característico e desagradável. – Porém, se ela teme por sua reputação senhorita Nagle, lhes garanto que tentarei ser o mais discreto possível. – de repente ele lembrou dos beijos que trocara com Mabel naquela tarde, do desejo reprimido que o impulsionava na direção da moça todas as vezes em que se encontravam sozinhos, e praticamente duvidou da afirmativa que acabava de pronunciar. Será que conseguiria manter-se afastado e evitar as fofocas maledicentes?

— Você não se preocupa com Mabel? – Frances insistiu enquanto estendia a mão para segurar a da jovem sentada ao seu lado. E Dominic quase riu do ar teatral usado pela marquesa ao pronunciar as palavras emocionada e dramaticamente. Mas, o assunto era realmente importante e merecia que ele o tratasse com toda a seriedade. A reputação da mulher que amava deveria lhe importar. Sim deveria, mas ele ainda se importava mais em não obriga-la a fazer o que não queria.

— Eu me preocupo com a senhorita Nagle. Com o que ela pensa, e como se sente. Nunca a conduziria a um problema deliberadamente, que a meu ver, aconteceria se anunciássemos um noivado repentino. Todos acreditariam que algo se passara e nos obrigara a tomar tal atitude. – o marquês falou determinado encarando carinhosamente os olhos castanhos da jovem – E por me preocupar com todas essas convenções. As quais Mabel conhece muito bem, quero saber o fundamento dessa ideia, mas especialmente... – ele quase não conseguia falar o que deveria, não na frente de Frances – se essa ideia foi aceita sem qualquer tipo de pressão.

As duas mulheres engoliram em seco. E ele soube imediatamente que havia mais do que simples medo de fofoca naquele pedido quase impositivo.

Mabel viu o corpo grande de Dominic se erguer da poltrona como um raio. Passar por trás delas e parar entre as cadeiras, com as mãos apoiadas nos encostos ele se abaixou, aproximando o rosto dos femininos antes de formular uma nova pergunta:

— Então, agora posso saber o real motivo para tanta pressa em anunciar um noivado?

— Você faria isso de qualquer forma não faria? – a marquesa não era o tipo de mulher que se dá por vencida facilmente.

— Farei quando Mabel sentir que o momento certo chegou. Não pretendo obriga-la a me aceitar por causa de fofocas maledicentes. E definitivamente – ele seria mais do que sincero – não vejo qualquer tipo de segurança nas feições da senhorita Nagle... na verdade, nem mesmo nas suas mamãe.

O silêncio pairou no ar por vários segundos. Mabel encarou as mãos sobre o vestido e percebeu que seus dedos se apertavam tanto que estavam pálidos. Estava acontecendo o que previra. Ele não cederia facilmente, não depois que ela se afastara e declarara tão abertamente a incerteza de seus sentimentos. Quem mudaria de opinião tão rapidamente? Apenas uma mulher sem força de caráter. Sem opinião. Sem espírito de determinação faria tal coisa.

Ela não queria que ele pensasse isso dela.

— Acredito... – tomando ar ela ficou em pé para observá-lo melhor - sir Deeping, que lady Deeping teme que sua posição como anfitriã neste evento acabe sendo colocada a prova caso fofocas ressurjam, e termine por interferir na apresentação de Lilly que se dará em poucas semanas. – ainda era uma mentira, e ela se sentia mal por usar deste artifício, mas era melhor que a verdade e evitaria que Dominic pensasse que ela mudava levianamente de opinião  – Lilly não pode sofrer as consequências de acontecimentos alheios a ela. O senhor tem razão, estamos nos precipitando, e de minha parte, continuo a manter a decisão tomada em nossa última conversa. – os olhos azuis a mediam com precisão, erguendo o queixo com firmeza Mabel tentou ser totalmente convincente – Quando decidimos esperar o retorno e só então tornar claras suas intenções, até porque lá, haverá a presença de meus pais para oferecer confiabilidade à sua corte.

— Mabel... – Frances pronunciou com uma emoção estranha na voz e isso atraiu ainda mais a atenção desconfiada de Dominic.

O marquês se ergueu completamente. Afastou-se da cadeira com as mãos postas nas costas. Aquela conversa ficava a cada minuto mais confusa. O modo com as mulheres se portavam, como se olhavam, como se mostravam nervosas. Aquele medo. Aquele receio. Aquela apreensão certamente que não era por medo de fofoca e muito menos por Lilly. Se assim fosse, a mãe já deveria ter tratado de segurar a filha caçula evitando que a garota falasse tudo o que pensava ou que se comportasse como se comportava.

De repente ele estacou os passos. Encarou a parede sem vê-la. Uma imagem cruzou diante de seus olhos. Algo, um pensamento talvez, lhe trouxe à mente a clara lembrança de um rosto carrancudo. De palavras de despeito pronunciadas entre dentes. No momento em que viu o primo daquele jeito Dominic chegou a conclusão sobre o motivo. Mabel o rechaçara...

O homem que caminhava pelo escritório em absoluto silêncio se voltou de repente e em poucos passos parou diante dela com uma pergunta que Mabel e Frances não esperavam ouvir:

— O que aconteceu no jardim entre Elliot e você?

A segurança que Mabel a tanto custo tentara manter se foi. Ela deu um passo para trás e esbarrou na escrivaninha. Percebendo o olhar do filho sobre a jovem, Frances se ergueu posicionando-se entre eles.

— O que está insinuando Dominic?

Ah! Ele tinha razão. Algo acontecera.

— Estou insinuando que Elliot fez algo... algo tão grave que provocou esta conversa sem sentido.

Novamente elas engoliram em seco. Entretanto a marquesa ainda manteve alguma presença de espírito para tentar desviar o assunto de direção.

— Mabel não esteve com Elliot.

Ele estava perdendo a paciência.

— Esteve! – dando um passo para o lado ele encarou os olhos assustados de Mabel – Sei que esteve com ele no jardim. Eu o encontrei quando retornei ao ponto onde conversamos, acreditando que ainda poderia estar lá. Ele se mostrou derrotado. Me parabenizou pela vitória... mas eu o conheço, se parou para falar com você, foi na intenção de perturbá-la.

Os olhos de Mabel se desviaram.

— Mabel... – o tom masculino era exigente mas ao mesmo tempo terno.

A marquesa passou pelo filho e caminhou em direção a porta, sua voz soou diferente. Mais segura e mais realista do que a do teatrinho armado segundos atrás.

— Eu lhe direi o que aconteceu de verdade. – ela deveria saber, depois de todos aqueles anos, que mentir para Dominic não surtiria o efeito esperado.

— Não! – Mabel pediu sentindo as pernas fraquejarem. Apesar de tudo, ela se sentia culpada. Afinal, um homem nunca passa dos limites com uma mulher se não tem liberdade para isso.

Mabel parecia desesperada. E antes mesmo de ouvir o que a mãe tinha para dizer, ele determinou que Elliot sofreria as mesmas dores que infringira à senhorita Nagle. 

— Ele já sabe Mabel... – Frances sussurrou enquanto passava a chave na porta, evitando assim que o filho escapasse por ela tão logo ouvisse o que ela tinha para dizer.

 **************

Foram muitos segundos de silêncio. Segundos que mais pareciam horas. Mabel não conseguia desviar o olhar do rosto de Dominic. Das linhas de expressão que se formaram sobre os olhos. Da forma como ele apertava as pálpebras ameaçadoramente. Do mesmo jeito que fazia quando criança. E decidiu amenizar a situação:

— Ele tentou reverter a situação...

Assim que ouviu a voz insegura de Mabel os olhos azuis se detiveram sobre os ela.

— Tentou se aproximar novamente... a viscondessa se sente mais segura por acreditar que Elliot está cortejando Abigail e contou-lhe sobre o interesse de Floyd em seguir a carreira sacerdotal. – aquilo era parte da verdade e ela se sentia segura em contar, transmitindo assim uma tranquilidade que não sentia. – Desta forma o título passará irremediavelmente para Eliot e o impedimento para nosso relacionamento deixaria de existir.

— O que disse a ele?

— Que... tudo o que havia entre nós acabou. – enquanto falava Mabel mantinha o olhar fixo no de Dominic desejando que ele não percebesse a apreensão com a possibilidade de ouvir outras perguntas a respeito daquele mal fadado encontro.

Mas, o marquês não se daria por satisfeito apenas com aquilo.

— Como ele reagiu? – para que as duas estivessem assim tão interessadas em tornar a corte pública, algo mais acontecera.

— Não gostou.

— O que ele fez Mabel?

— Ele me considera uma pessoa que está interessada apenas no que pode ganhar através do matrimônio. – as palavras saíram em supetão – E que ao aceitar sua corte, estou apenas trocando um futuro visconde por um marquês.

— Ele a agrediu?

— Ele foi inconveniente... muito inconveniente e insistente. – Dominic não aceitaria toda aquela pantomima se não tivesse acontecido algo. – Me senti mal com a conversa e procurei sua mãe para me aconselhar... ela considerou que a melhor coisa a fazer seria colocar distância entre mim e Elliot...

— Anunciando nosso noivado.

— Sim. – ela determinou séria. – E eu concordei... por isso viemos falar com você.

Parada de costas para a porta, a marquesa ouvia a conversa e percebia a capacidade que Mabel parecia ter adquirido de ajudar Dominic a controlar seu temperamento mais afoito. O silêncio que o marquês fez depois da explicação era prova disso. Ele estava meditando nas palavras da jovem.

— E como você se sente... – a insegurança agora estava presente na voz masculina – quanto a possibilidade de irremediavelmente se tornar minha noiva esta noite?

Se ela precisava dele para ajudá-la e se essa ajuda seria na forma do anúncio de um noivado. Que assim fosse então!

— O anúncio de um noivado não significa pronto casamento. – Dominic explicou sem necessidade – Especialmente com a apresentação de Lilly às portas. Desta forma poderemos nos conhecer melhor e ter mais liberdade... só me ressinto da ausência de seus pais... mas sei que desta forma manteremos Elliot muito longe de você. O que pensa e como se sente a respeito...

Mabel sentiu o coração bater mais rápido. Aquilo que se apossava dela era felicidade? Aquela sensação de alívio e aquele desejo insano de beijar o homem diante dela? Os lábios se abriram num sorriso espetacular.

— Sinto que nada poderia me fazer mais feliz neste momento... – seus olhos se embaçaram pelas lágrimas que de repente pareciam querer sair todas ao mesmo tempo – Sentia-me insegura quanto a sua reação diante desse pedido... tive medo que assim como Elliot, me considerasse uma...

Dominic acabou com a distância que os separava em duas passadas e segurou as mãos gélidas entre as suas.

— Nunca pensaria isso de você... meu medo se concentrava na possibilidade de estar sendo obrigada a me aceitar... – na verdade era uma insistência externa que os induzia ao noivado adiantado. Porém, como a marquesa muito bem anunciara, ele pretendia mesmo realiza-la.

— É uma decisão consciente sir Deeping... já havia aceitado sua corte... e assim como o senhor, só me entristeço pela ausência de meus pais.

Ainda em silêncio, a alguns passos de onde aquela conversa se desenrolava, a marquesa erguia as mãos aos céus em agradecimento pelo desfecho mais do que adequado para aquela situação.

— Mamãe! – ouviu de repente e observou o rosto de seu filho finalmente livre da nuvem de preocupação – Precisamos organizar esse anuncio, para que aconteça da forma mais segura e tranquila possível.

Ela já estava preparada para isso.     

 


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Notas finais do capítulo

Como Elliot vai reagir?
Como a mãe de Elliot vai reagir? kkkkkkkkkk só quero ver as caras!
BJOOOOOOOOO obrigada pelos reviews, obrigada pela presença. obrigada a todas por acompanharem.