A Bela e a Fera escrita por Lilissantana1


Capítulo 24
Capítulo 24 - Decisões da marquesa


Notas iniciais do capítulo

Ahhhh acho que o Dominic vai beijar muito ou brigar muito com a mãe dele depois dessa. kkkkkkkkkkkkkkkk BJO



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Dominic encerrou a conversa com sir Hall e pensou em voltar para o jardim. Não demorara tanto tempo naquele debate. Decerto, com um pouco de sorte, Mabel ainda estava no mesmo lugar. Mas, não foi com a garota que o marquês topou no banco próximo a macieira. Em seu lugar estava Elliot, distraído e pensativo, sentado com o rosto sério e lábios apertados. Quando viu a aproximação do primo, o observou detidamente.

Chowes estava irritado, muito irritado. Dominic concluiu.

O marquês olhou em volta, em busca de Mabel, mas não a encontrou. Provavelmente a garota escapara dali quando da chegada de Elliot. Só que, algum ponto de seu ser lhe garantia que não fora dessa forma. Acontecera alguma coisa ali. Alguma coisa séria. Chowes remoía os lábios daquele jeito irritante demonstrando a insatisfação por seus desejos insatisfeitos. Sem querer Dominic sorriu para si mesmo. Isso queria dizer que se Mabel e o ex noivo se encontraram ali, ele acabara ouvindo o que não desejava ouvir.

E se Mabel provocara irritação em Elliot, tal ato, mesmo que inconsciente, determinava assim sua decisão de manter-se afastada do rapaz. O que para o marquês, fazia toda a diferença.

— Procurando por alguém? – Elliot questionou se erguendo do banco e Dominic percebeu a ausência da tipoia. Porém nada questionou.

Seu interesse era outro. E respondeu a pergunta com toda a clareza possível:   

— A senhorita Nagle. – a necessidade de se esconder não havia. Ele já confessara estar apaixonado. Já determinara claramente suas intenções.

— Ela voltou para casa. – Elliot informou se aproximando do primo.

Os dois se encararam seriamente. E inesperadamente Chowes estendeu a mão enquanto falava:

— Preciso cumprimenta-lo. Afinal, ao que tudo indica, sua artimanha foi bem sucedida. Mabel será sua...

Dominic encarou a mão do outro, estendida em sua direção. O braço, como supôs poucas horas antes, estava bom, a tipoia era apenas aquela velha mania de se fazer mártir. Entretanto, aquele gesto queria dizer muito mais do que dizia a primeira vista, e a frase proferida pelo futuro visconde garantia isso. Elliot estava bancando o sofredor ludibriado.

— Não há, nem houve qualquer tipo de artimanha Elliot. – Dominic retrucou sem aceitar a mão ainda estendida do primo – Você sabe que ela e eu nunca fomos próximos... mesmo que Mabel e minha irmãs fossem amigas íntimas.  O acaso nos colocou no mesmo lugar, e sem que soubesse do compromisso de vocês acabei me afeiçoando a ela depois de passar mais tempo ao seu lado... isso não é artimanha... é apenas um fato.

Os lábios do outro estalaram num som irritante.

— Então aquela sua proposta de ajudar não tinha a intenção de...

— Tinha a intenção de ajudá-la a estar com você. – o marquês foi direto – Era o que ela queria na época.

— Mas você já estava apaixonado por ela.

Dominic lembrou dos sonhos, da vontade de vê-la, de dançar com ela, de como se chateara ao descobrir do noivado secreto e achou que sim, mesmo que no período não tivesse se apercebido disso.

— É provável que sim. – confirmou.

— Então... – o outro começou dando alguns passos para o lado – Seu espírito desprendido acreditou que ela não o veria com outros olhos depois de presenciar todo o seu poder diante da vida de pobres mortais como Mabel e eu.

Os lábios do marquês se esticaram num sorriso torto. Como Elliot era capaz de distorcer tudo o que ouvia ou via?

Esticando o corpo e já se preparando para levar aquela conversa até o último estágio, pois parecia ser a primeira vez que Chowes se dispunha a ouvir, mesmo que entendesse tudo errado, Dominic passou as mãos para as costas numa posição de controle.

— Acredito, e estou bem certo, que se lembra de minhas palavras quando lhe chamei e propus a solução para o noivado secreto. De quando lhe pedi que ela não soubesse sobre minha interferência. – o marquês viu Elliot apertar os lábios, contrariado, já que não poderia fingir não saber - E certamente não foi por minha boca que as informações vazaram. Além de que... – os olhos de Dominic se fixaram nos do primo antes que ele levasse a conversa ao patamar final: - se conhecesse bem sua ex noiva, saberia que ela não se importa com poder, com posição ou com o que possa ganhar ao se aproximar de outrem... então, não me venha com essa pantomima de que  a manipulei em meu favor usando de minha posição e título para isso.

Mas, na cabeça de Elliot alguém, que não ele, era o culpado pelo noivado rompido. E esse alguém só poderia ser Dominic. Nunca sua covardia, insegurança ou medo. Nunca a aversão que a viscondessa demonstrava abertamente pela possível futura nora.

— Então me explique... como alguém que até poucos dias atrás dizia que me amava, que pretendia ser minha esposa, e agora, de repente, passa a aceitar a corte de quem jamais gostou...? Ela tinha aversão a você. – Elliot nutria certo prazer em informar ou confirmar o que o marquês já suspeitava – Ela o detestava desde criança...

Mas Dominic jamais se daria por vencido diante daquela provocação.

— É fato que decepcionar-se com aqueles em quem depositamos muito afeto e confiança nos obriga a abrir os olhos e ver mais do que víamos antes. Foi o que aconteceu. Você a decepcionou por diversas vezes. Ela o viu de forma diferente... assim como me viu de forma diferente.

— Essa é a única garantia que tem de que no futuro ela não fará com você o que acabou de fazer comigo? Eu ficaria com as barbas de molho caro primo. – a aparente frieza de Elliot diante da situação era utilizada apenas para mostrar a Dominic as falhas que um possível relacionamento com Mabel poderia apresentar. – Assim como se “decepcionou” comigo, pode no futuro se decepcionar com você e trocá-lo por outro... – ele gesticulou distraidamente como se lembrasse de algo – o que em nossa sociedade é bastante comum, você e eu sabemos disso. Mulheres casadas insatisfeitas que buscam aconchego em corpos alheios.

Qualquer coisa poderia acontecer. Nada era definitivo na vida. Entretanto, Dominc tinha em mente a união dos pais, o carinho, o amor e o respeito que os dois partilhavam. Encontrar-se com a mesma sorte seria talvez pedir demais, entretanto, quando pensava em Mabel, tinha total certeza que ao lado dela teria o mais próximo dessa realidade possível.

— Eu confio nela... – era tudo o que poderia dizer, confiava no espírito sincero e determinado da moça. Em sua honra, em sua palavras, em suas demonstrações de firmeza de caráter.

O marquês estava determinado. Elliot podia ver no rosto masculino os traços que a segurança proporcionavam. Uma segurança passada por Mabel. Ele conhecia aquela segurança, já a sentira quando do pedido de noivado. Quando determinaram que permaneceriam separados até que a sorte os ajudasse a concluir os planos de casamento. Agora, era Dominic quem usufruía de toda a segurança que a senhorita Nagle oferecia quando se sentia inclinada emocionalmente por alguém. E ela estava inclinada por seu primo. O encontro deles naquela tarde rompeu qualquer duvida que o futuro visconde ainda guardasse dentro de si.

************

Mabel se trancou no quarto e chorou por alguns minutos. Sentia o corpo tremer e o coração bater descompassado e pesado. Nunca imaginara que Elliot seria capaz de atos tão desagradáveis. Aceitar artimanhas mentirosas para fazer o que deveria fazer. Desafiar Dominic a um duelo. Desfilar com Abigail de modo opulento diante dela em uma pura e simples provocação. E por último, agarra-la daquela forma  descabida!

Seu corpo se eriçou de raiva, de dor, de pesar por todas as vezes em que sonhou acordada em pertencer a ele. Em ser sua esposa. Em cuidar e amar aquele homem com devoção. Os olhos úmidos se erguerem para o teto como se pudessem cruzar pela estrutura e ver o céu. Ela agradecia mentalmente por ter sido afastada daquele ser antes que não tivesse mais chance de fazê-lo.

Um arrepio diferente lhe cortou a pele das costas quando lembrou-se de Dominic. Se o marquês ficasse sabendo do que acontecera no jardim, ficaria irritado com Elliot. Eles poderiam acabar se enfrentando novamente, e desta vez o resultado talvez tomasse rumo menos singelo.  Ou pior, alguém poderia ter visto o que aconteceu e interpretado de forma errada. A fofoca se espalharia e ela... ela que agora não queria estar próxima de sir Chowes, terminaria obrigada a exatamente isso.

Ficou em pé num salto. Precisava sair daquele quarto. Precisava encontrar Dominic, precisava saber em que ritmo estavam as últimas fofocas do grupo.

Enquanto caminhava pelo corredor e limpava o rosto das últimas lágrimas liberadas por quem não as merecia, Mabel sentia a apreensão se expandir dentro dela. Não via a hora de topar novamente com o marquês, com a marquesa... e então ela parou de caminhar.

Frances.

Frances era a pessoa correta a ser buscada. Ela saberia o que fazer naquela situação. Ela agiria com racionalidade.  Ela tomaria as decisões que Mabel não conseguia tomar. Ela veria o que Mabel não conseguia ver. Porém, encontrar a dona da casa não foi tarefa fácil. Mesmo sabendo que a mulher programava a atividade da noite junto aos seus principais funcionários, saber exatamente onde o grupo se reunira era como encontrar uma agulha em um palheiro. E a tarefa só foi concluída com êxito praticamente meia hora depois.

Assim que viu a amiga das filhas se aproximando, Frances soube que algo de ruim acontecera e imediatamente dispensou os ajudantes. Nada era mais importante naquele momento do que ajudar a única mulher por quem seu amado Dominic demonstrara abertamente algum tipo de sentimento. Talvez sua única chance de ter netos, filhos do primogênito.

— Minha querida! – ela começou enquanto Mabel a observava agitadamente – Precisa de algo?

— Preciso conversar... – Mabel sussurrou vendo Lilly surgir na mesma porta pela qual a marquesa saíra segundos antes.

— Mabel! – a menina falou alegremente – A festa desta noite será divina! Mamãe se superou... – e olhando para a mãe continuou: - é claro que contou com minha ajuda, o que quer dizer muito, você sabe que tenho bom gosto.

— Sim Lilly, você tem bom gosto. – Mabel respondeu tentando sorrir.

— Tem bom gosto, mas nenhum senso de ocasião ou percepção. – a marquesa retrucou com ar sério, tentando induzir a filha a perceber que deveria deixa-las a sós.

— Mamãe! – a garota exclamou se fingindo de ofendida. – É claro que tenho senso de ocasião, sou sua filha! – e os lábios bonitos se erguerem num sorriso que apenas Lilly conseguia oferecer, mesmo nos momentos em que era advertida pela mãe.

E balançando levemente o corpo para os lados concluiu:

— Vou buscar Sophie... preciso da ajuda dela para concluir algumas das incumbências que recebi de uma certa marquesa. – fazendo uma reverência antiquada e provocadora falou: - Se as madames me derem licença... – e se foi.

Assim que a mais jovem dos Deeping se afastou em passos que mais pareciam pequenos saltos, Frances sorriu. Seus filhos eram pessoas muito especiais. E ela agradecia aos céus por terem herdado o temperamento leve e brincalhão de seu marido.

Porém, naquele momento, havia algo a mais com o que se preocupar, e toda a atenção da marquesa se deteve no olhar apavorado de Mabel.

— Conte-me o motivo de tanta agitação. Dominic foi desagradável com você? Ele de alguma a...

— Não! Sir Deeping tem agido com toda a cortesia possível milady...

— Então, o que aconteceu? – Frances questionou enquanto conduzia Mabel para um sofá que ficava num canto da peça, num lugar mais afastado e reservado. Onde poderiam falar abertamente.

Enquanto observava a marques, Mabel soube que poderia lhe contar tudo o que pesava em seu coração. E realmente contou, declarando diretamente os últimos acontecimentos envolvendo o futuro visconde.

Frances a escutou calada. Sem demonstrar qualquer emoção. Mabel não tinha certeza se aquilo era uma coisa boa ou ruim. Entretanto não parou de falar até ter narrado fielmente a cena vivida no jardim com sir Chowes.

— Ele a machucou?

O rosto de Mabel se moveu negativamente. Ela não estava fisicamente machucada, mas se sentia intimidada e magoada tanto com o homem por quem dedicara tantos sentimentos, como por si mesma, por ter sido enganada.

— Ele me agarrou de surpresa e me beijou a força, mas não permiti que fizesse algo além disso. Mordi os lábios dele e quando sir Chowes se surpreendeu com o gesto soltando as mãos de meus braços, corri em direção a casa o mais rápido que consegui.

A marquesa balançou a cabeça e desviou o olhar que por vários segundos perambulou pelo piso de quadriculado. Quando finalmente falou estava segura do que deveria dizer:

—Fique tranquila. – Mabel relatara seu medo de que Elliot poderia inverter a situação ou tentar difamá-la de alguma forma – Vou falar com ele.

— A senhora? – os olhos escuros de Mabel se arregalaram ao ouvir as intenções da marquesa.

— Sim. Vou colocar aquele fedelho no lugar em que deve estar. Creia-me que esta não é a primeira ocasião em que Elliot me obriga a chamar sua atenção. Eu o conheço bem! Mas estou farta de suas peraltices. Já é adulto, parece-me que deve começar a agir como tal.

Mabel não se atreveu em perguntar em que outras confusões Elliot se colocara para provocar a ira da marquesa. Mas, dados os últimos acontecimentos. Poderia ser qualquer coisa.

— E sir Deeping? Será que sir Chowes não se aproveitará da situação para perturbá-lo novamente?

— É uma possibilidade. – a marquesa concordou quase que imediatamente, mas, já havia uma sugestão pronta para solucionar tal problema. – Vamos acabar com qualquer possibilidade de falatório. – anunciou batendo com a mão sobre a de Mabel - Vamos anunciar seu noivado com Dominic e assim não haverá quem tente fazer qualquer tipo de provocação ou comentário... principalmente da parte de Chowes.

Anunciar o noivado!

Anunciar o noivado?

Mabel repetiu as palavras mentalmente. Não era essa a intenção. Isso tornaria tudo mais confuso. Sir Deeping acreditaria que ela estava sendo obrigada a aceita-lo, quando na verdade a ideia já não lhe perturbava negativamente como antes.

E enquanto ela pensava sobre isso, a marquesa enumerava os problemas que seriam evitados se o noivado fosse anunciado ainda naquela noite. Tornando a mente de Mabel um completo redemoinho de emoções conflitantes.


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Notas finais do capítulo

A marquesa manda e não pede! kkkkkkkkkkkkkkkkk agora a Mabel está num beco sem saída... e como Dominic verá essa reviravolta?
BJOOOOOOOOOOO saudades de vcs, desculpem não ter postado antes. vida atribulada demais.



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