A Bela e a Fera escrita por Lilissantana1


Capítulo 13
Capítulo 13 - Confronto


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas, acho q agora o ritmo de postagens vai seguir em linha firme. BJO



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Mabel não pensou no que fazia, apenas agiu impulsionada pela raiva. Uma emoção tão forte que desencadeava muitas outras como: mágoa, decepção, angústia... tristeza. Ela sabia desde o começo o tanto de dificuldades que enfrentaria ao assumir aquele compromisso com Elliot Chowes, mas, esperava mais do que seu amado lhe apresentara nos últimos tempos. E agora, havia a conivência de sir Deeping. Alguém que, erroneamente, quase fora considerado como amigo.

Ela bateu na porta do escritório e imediatamente ouviu a voz profunda e firme dizer:

— Entre!

 Ele estava parado de costas para ela, com as mãos estendidas nas costas, à cabeça erguida observava algum ponto ao longe, pela janela que dava para o bosque. Aquele homem estava acostumado a mandar na vida das pessoas, fazia isso com Sophie, fazia isso com Lily, e de certa forma só agia com mais cortesia e complacência com a mãe por uma questão de hierarquia fraternal. Entretanto, Mabel sabia da capacidade do marquês de impor sua vontade até para a própria genitora.

— Sir Deeping. – ela chamou quando ele não se voltou para observa-la.

O movimento brusco e o modo como ele a encarou quando se voltou a surpreenderam. Ele certamente não a esperava, mas o espanto escancarado nos olhos azuis com certeza indicava que ele esperava outra pessoa. Entretanto, quando falou seu nome, a voz masculina parecia terna, quase como uma carícia.

— Mabel! ... senhorita Nagle...

Ela titubeou como se toda a raiva e os sentimentos que dela surgiram, tivessem desaparecido por completo. Nos olhos dele não havia qualquer sinal do homem manipulador que Mabel sabia que o marquês era.

— Desculpe se atrapalho. – ela pediu relembrando porque estava ali.

— Você precisa de alguma coisa? – ele perguntou em tom ansioso dando dois ou três passos em direção a ela.

Apertando as mãos uma contra a outra Mabel respirou fundo percebendo que aquele inicio de conversa não estava seguindo o rumo que esperara ao se afastar de Elliot.

— Aconteceu alguma coisa? – ele insistiu se mostrando preocupado. Verdadeiramente preocupado diante da postura e do silêncio da garota.

— Aconteceu... – ela concordou por fim, e essa simples palavra o colocou exatamente diante dela a encará-la firmemente a espera do que Mabel tinha a dizer. – Elli... sir Chowes me informou sobre os planos que o senhor e ele arquitetaram para nos ajudar.

Os olhos azuis não se afastaram do rosto dela, ele a media, como se quisesse saber o que ela pensava a respeito do assunto. E se ele queria saber, ela diria.

— E eu vim até aqui para lhe informar de que não precisa se dar ao trabalho de me conceder um dote, nem mesmo de oferecer um título ao meu pai. Sir Chowes e eu não estamos mais noivos.

Inesperadamente, ele sorriu. E aquele simples gesto reascendeu a raiva dentro dela.

— O senhor considera que eu estou brincando sir Deeping? Acha que me daria ao trabalho de vir ao seu escritório falar sobre esse assunto se não fosse algo muito sério?

— Mabel eu... – ele tentou explicar, a reação fora involuntária diante da realização de algo que ele não imaginava possível de acontecer, porém ela não permitiu.

— Quando lhe contei sobre meu relacionamento com seu primo, foi meramente porque não queria que acontecimentos alheios ao senhor lhe obrigassem a ceder à chantagem de Abigail. Mas, jamais esperei que o senhor usasse dessa informação para me humilhar e manipular desta forma!

Ele apertou levemente os olhos estreitos, mas a voz permanecia suave, quase meiga.

— Nunca tive a intenção de humilhar ou de manipular você. – ele continuava a trata-la de maneira informal. Talvez considerando que tinha algum direito, assim como se considerara no direito de interferir em sua vida.

— Mas humilhou! E tentou manipular sim... fui acusada de ser manipuladora há alguns dias, mas quem faz esse tipo de coisa é o senhor.

Dominic ficou calado por vários segundos, controlando a irritação que aquela conversa começava a produzir. Lembrando de seus pensamentos ainda naquela manhã, quando acreditou que poderia obriga-la a casar-se com ele apenas contando a todos que estiveram juntos no jardim. Sim, ele seria capaz de reverter a situação a seu favor. Constatou.

— Naquela ocasião nos conhecíamos pouco. Não posso dizer que a conheço bem, mas agora sei que não seria capaz de tal coisa... assim como eu jamais tentaria manipular você.

A respiração de Mabel estava agitada demonstrando seu nervosismo.

— No entanto, está providenciando um dote para mim e um título para o meu pai. Elliot não foi exatamente claro em suas palavras, mas eu compreendo como esse tipo de coisa funciona. Além do mais, o único com influência suficiente para realizar tal tarefa, é o senhor, sir Deeping. – ela ergueu o rosto e o encarou diretamente – Isso não é uma forma de manipulação?

Ele realmente se intrometera onde não deveria, mas apenas porque queria a felicidade dela. Pelos diabos, aquela mulher não estava apaixonada por Elliot a ponto de manter um noivado secreto?

— Você não o ama Mabel? – ela não respondeu, mas Dominic achava que sabia a resposta, por isso continuou: - Quis apenas ajuda-la a estar com...  

A garota o interrompeu:

— Assim como tentou ajudar sua irmã? – os lábios femininos tremiam diante dele, ela estava mesmo irritada – O senhor acreditou mesmo que tem o poder de alterar a vida das pessoas sem que isso traga algum tipo de sofrimento? De mágoa? De humilhação? O senhor não é Deus!

Suspirando ele lhe ofereceu as costas. Não era uma boa hora para esse tipo de cobrança. Estava esperando que a tal senhorita Strang batesse na porta a qualquer momento, e quando Mabel ingressara, acreditou que poderia relaxar conversando com ela enquanto ainda havia liberdade para isso, mas, nada saíra como o imaginado.

— Você não quer minha ajuda. – ele voltou a falar sem se voltar para ela - Mas saiba que minha intenção era apenas retribuir a gentileza que teve ao me informar sobre a senhorita Strang.

— Pois sua “retribuição” acabou por me obrigar a romper com Elliot.

Dominic a encarou, ainda parado de lado apenas ergueu o rosto em direção a ela. Um olhar direto, estranhamente perturbador.

— A ideia, o planejamento e a decisão foram apenas de minha autoria. – ele concluiu no tom mais ameno usado desde que a conversa começara. – Apenas informei a Elliot o que pretendia fazer e pedi a ele para guardar segredo. – ele voltou a suspirar antes de se virar para ela. – Seu noivo não tem culpa do meu comportamento.

Talvez fosse assim. Mabel pensou. Provavelmente era assim. Ela concluiu, mas isso não mudava em nada sua decisão. Dominic continuou:

— Não há porque puni-lo e punir-se por um erro meu.

Havia outros motivos que a impulsionaram a tomar a decisão pelo rompimento, mas não cabia a Dominic saber quais eram. O fato era que essa situação toda abrira seus olhos e mente para a realidade, se permaneceria solteira, isso já não importava, importava que estava livre daquele jugo de amor impossível que só lhe trouxera infelicidade e dores.

— A decisão está tomada sir Deeping. Não voltarei atrás.

Dominic sabia que errara com ela, mais de uma vez. E por isso a garota o observava daquela forma, como se o desprezasse. Como se o considerasse a pior pessoa que conhecia. O pouco de amizade que inesperadamente surgira entre eles estava acabando ali depois dessa tensa conversa.

Duas batidas na porta fizeram com que Mabel se voltasse para fora e antes que Dominic dissesse qualquer coisa, Abigail ingressou no cômodo com um gigantesco sorriso nos lábios. Sorriso que desapareceu assim que viu a “amiga” diante dela.

Os olhos da moça correram de um para o outro, algo estava acontecendo ali. Mabel parecia muito irritada e o marquês desolado. Entretanto, quando a encarou, os olhos dele se apertaram de forma agressiva e intimidadora. Porém, ela sabia que poderia muito bem manipular aquela situação a seu favor. Elliot se encontrava a poucos passos dali, se o rapaz soubesse que o primo e a noiva estavam em uma situação comprometedora, sozinhos no escritório do marquês, com certeza encerraria o noivado. Era mais uma oportunidade a ser usada de maneira satisfatória.

— Boa tarde. – ela disse voltando a sorrir. – Interrompo algo?

— Já estou de saída. – Mabel anunciou tomando a direção da porta sem olhar para trás. – Fique a vontade. – pelo jeito o marquês e Abigail estavam se entendendo. E ela preocupada em ajuda-lo!

Enquanto a garota saía do escritório, Dominic a seguiu com os olhos, se sentia perdido depois daquela conversa. A alegria por saber que Mabel não era mais noiva de Elliot se misturando a dolorida certeza de que ela o detestava agora mais do que quando eram crianças. Sua situação não mudara, aquela mulher, de qualquer forma, nunca seria sua.

Abigail caminhou lentamente até o meio da peça, fez uma breve menção de que pretendia se sentar, mas foi logo informada de que não deveria.

— Não se sente. – ele falou sério dando a volta na mesa – O assunto que trataremos será muito rápido.

O comportamento do marquês lhe desagradou profundamente, será que Mabel não lhe informara tudo o que ela sabia? Mas, logo o próprio marquês esclareceu essa questão:

— Soube que você nos viu no jardim... Mabel e eu – Dominic falou firme – e ameaçou contar isso ao noivo dela caso sua “amiga” não confirmasse que vira a senhorita e eu no mesmo jardim...

A senhorita Strang não esperava ouvir aquilo, ele aproveitou a surpresa dela para continuar:

— Vou lhe informar senhorita Strang, que não costumo ceder a esse tipo de situação... a esse tipo de chantagem, e portanto, sua pretensão fica agora mesmo encerrada.

Ele ergueu os lábios estreitos em um sorriso forçado enquanto se recostava na cadeira de couro. Abigail não saiu do lugar, apenas o encarou com mais firmeza antes de contrapor:

— Mabel não está preocupada que eu conte a todos sobre o noivado dela?

— Não há mais noivado. – Dominic informou entre satisfeito e incomodado.

— Por sua causa? – Abigail parecia ter compreendido tudo, mas tudo de forma errada – Compreendo. – disse batendo com a ponta do dedo no queixo - Ela trocou o futuro barão pelo marquês? Menina esperta! Quando vi vocês no jardim, subidos no banco, juntos, pertinho, pensei: há alguma coisa entre eles. – a garota se sentou acomodando as mãos sobre os joelhos – E agora, depois do dueto de ontem, ficou claro. O senhor traiu seu primo conquistando a noiva dele.

A porta do escritório se abriu num supetão e uma figura irada ingressou no cômodo. Dominic mal teve tempo de ver o primo se aproximar da mesa furiosamente antes de se erguer da cadeira.

— Você e Mabel estavam me enganando?  Foi por sua causa que ela rompeu comigo?

A voz de Elliot ecoou pela peça. Os olhos grandes do futuro barão projetados pela raiva.

— Não tenho, nem nunca tive nada com Mabel. – o marquês anunciou encarando o primo de cima sem mostrar insegurança ou medo.

As mãos de Elliot se apertavam, ele estava pronto para partir ao ataque. Dominic percebeu que não haveria uma conversa ali, Chowes queria briga.

— Mas estavam juntos, sozinhos no jardim... – Abigail falou baixinho, mas suficientemente alto para que Elliot escutasse.

Os olhos do rapaz se fixaram no rosto da moça.

— Eu os vi. – ela anunciou com um olhar compadecido – Sinto muito ser a portadora de tão triste informação sir Chowes, mas é a verdade.

Talvez ela não conseguisse se casar com o marquês, mas Mabel também não conseguiria. A marquesa jamais aceitaria como nora uma garota envolvida em um escândalo como aquele. Certamente que ali haveria uma séria briga entre primos. Quiçá entre famílias.

— Isso não ficará assim Dominic! Você não pode agir dessa forma, arrasando com a vida das pessoas, se importando apenas com seu bem estar... – Elliot parou de falar por um segundo, puxou o ar com força e concluiu a fala:  - Amanhã, de manhã, ao nascer do sol, eu o espero no bosque. Vamos acertar nossas contas.  

Aquilo queria dizer um duelo? Abigail pensou arregalando os olhos. Essa história estava cada vez melhor! Haveria morte? E Mabel seria a responsável? Nada poderia ser mais perfeito. Mas, antes que a garota pudesse comemorar com maior ênfase sua parcial vitória sobre o marquês e a amiga, Elliot a segurou ameaçadoramente pelo braço falando:

— Se contar a alguém o que aconteceu aqui, acabo com você... está me ouvindo “senhorita” Strang?

Dominic viu a garota arregalar ainda mais os olhos, assustada. Ouviu o modo como o primo se dirigiu a ela e se perguntou que poder Elliot poderia ter sobre aquela moça.

— Nós precisamos conversar Elliot. – ele falou quando o primo soltou o braço da moça. – Precisamos esclarecer esses mal entendidos.

— Nada há que falar Deeping. Vamos resolver como sempre resolvemos, mas não no braço como fazíamos quando criança. Leve sua pistola e um padrinho... eu o esperarei.


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Notas finais do capítulo

E agora? Esse duelo vai mesmo acontecer ou algo vai se interpor atrapalhando seu andamento? O que Mabel fará quando souber?
Muito obrigada meninas pelos reviews, por acompanharem e por comentarem, amo tudo isso. BJO e até