A Bela e a Fera escrita por Lilissantana1


Capítulo 12
Capítulo 12 - Revelações


Notas iniciais do capítulo

Queridas, estou em dívida com vcs. Mas, minha internet resolveu apresentar problema, acho q foi a alteração de clima, muita chuva e ventos por aqui. E internet via rádio, não é simples, mas cá estou com um capítulo, espero q gostem. Ah, e este capítulo é dedico a maravilhosa Olivia Caixeta pela recomendação feita à fic. OBRIGADA Olivia! BJO em todas



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Dia de sol. Manhã de movimento. Pessoas se aprumando para o piquenique da tarde. Agitação para todo lado. Falação, sorrisos, brincadeiras e distração. A marquesa se sentia em paz e totalmente satisfeita vendo seus convidados tão animados, mas especialmente percebendo a possibilidade de um filho recluso se casar.

Mabel pulou cedo da cama, o sono não fora tranquilo, mas ela se sentia animada para a programação daquele dia. Logo na sala do café encontrou Lily e Sophie, antes que o trio tivesse saído, Abigail e a irmã também chegaram. A mais velha das irmãs Strang trazia um sorriso satisfeito brincando nos lábios rubros. O que logo aguçou a curiosidade de todas. Mas, mesmo diante de inúmeras perguntas a garota se deu o direito de nada mencionar. Entretanto, havia alguém ali naquele grupo feminino que talvez fizesse ideia do que estava acontecendo. E esse alguém era a senhorita Nagle.

O marquês, como de costume, não deu o ar de sua graça até o horário do almoço. Quando ingressou na sala onde todos esperavam pacientemente, em alegres conversas, serem chamados para a mesa, claramente se mostrava enfadado e contrariado. Os lábios finos se apertavam e as perguntas ou comentários que lhe eram feitos recebiam apenas um monossílabo como resposta. Ou um breve e quase imperceptível movimento de cabeça.

Abigail, sentada ao lado das amigas ficou ereta e abertamente se mostrou mais alegre e divertida no momento em que Dominic surgiu. Notando o comportamento da amiga e aliando a isso a impressão que tivera no desjejum, Mabel acreditou que a senhorita Strang deveria ter falado com o marquês. Mas, o rapaz não lhe dirigiu a palavra, na verdade não lhe dirigiu um único olhar. Talvez ela estivesse errada e suas suposições não passassem de mera coincidência, no entanto, ela queria saber o que estava acontecendo. Afinal, se ele estava enrascado com Abigail, a culpa também era dela.

O almoço passou, os momentos posteriores foram usados para mero passeio, alguma conversa e até jogos. Teve quem se recolheu para tirar uma soneca até que a atividade da tarde fosse anunciada. Mas, Mabel não fez isso, se sentia agitada demais para pensar em se deitar. O que naquele momento lhe interessava era poder tomar conhecimento do que estava acontecendo com o marquês e se suas suspeitas se confirmavam.

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Era alta madrugada quando ele escapou pela lateral da casa e caminhou em passadas longas até a cavalariça. Não havia ninguém ali naquele horário, seu cavalo estava descansando. Quando ele abriu a porta da baia, o animal espichou os grandes olhos castanhos, balançou a cabeça para os lados e deu alguns passos na direção do dono. Estava tranquilo e relaxado. Por alguns momentos Dominic chegou a conjecturar se deveria ou não se afastar da residência. Para alguém que sempre agia sob a organização de uma mente metódica e prática, ele estava se deixando levar demasiadamente pelas emoções. Especialmente pelo desejo crescente que sentia por Mabel.

Sem mudar de posição afagou a cabeça do animal com as duas mãos, uma das coisas que lhe ajudava a relaxar quando se sentia extremamente ansioso ou agitado por causa das inúmeras responsabilidades que herdara, era mexer com coisas que não necessitassem usar o cérebro. Escovar o cavalo poderia muito bem servir como expiação para seus pensamentos desconexos, acreditou enquanto afagava o pelo sedoso do bicho.  E acabou ficando por ali durante horas, até que os primeiros raios de sol surgiram detrás das gigantescas árvores do bosque ao fundo.

O cavalariço tomou um susto quando se deparou com o patrão sentado sobre um dos baús que se espalhavam pelo corredor. A bater com o calcanhar contra a madeira seca das caixas.

— Bom dia senhor! – cumprimentou alegremente, há muito tempo aprendera que quando se tratava de sir Dominic Deeping, não havia perguntas a serem feitas sobre seu comportamento – Parece que teremos um lindo dia de sol. – completou.

— É o que parece... – Dominic respondeu distraído. Sua mãe deveria estar radiante, tudo o que ela queria era que esses dias passados no campo fossem perfeitos, e até o clima parecia estar cooperando com os intentos da marquesa.

— O senhor deseja que encilhe seu cavalo? – geralmente o marquês adorava sumir do mapa montado no robusto animal.

— Não! – a resposta veio firme e determinada. Ele estava pronto para voltar para casa. Trocar algumas palavras com a senhorita Strang e depois disso, concluir sua participação naquele que estava sendo o mais desagradável de todos os encontros promovidos por Frances.

Num salto ele ficou em pé, caminhou com determinação até a silenciosa casa, adentrou ao escritório e escreveu uma rápida mensagem destinada a uma certa senhorita com quem tinha contas a acertar. Não costumava ceder à chantagem, na verdade ele nunca precisara tratar com um chantagista, mas se a moça se considerava apta a enfrenta-lo deveria realmente mostrar a ela que ele nunca fazia o que não queria fazer... distraidamente o marquês pensou por alguns segundos, exceto é claro, entregar Mabel nas mãos de Elliot.

Seria realmente uma decisão difícil e complicada, mas, se ela o amava como parecia, o que mais poderia fazer? Fechando os olhos com força Dominic pensou que  decididamente não queria fazer isso. Chowes não a merecia, ela seria infeliz com ele. Seu primo jamais teria forças para enfrentar a mãe e oferecer para Mabel toda a consideração que a moça merecia.

Voltou a abrir os olhos, girou a cadeira ficando de frente para a janela.

Seria fácil acabar com isso, bastava informar a todos que a garota com quem ele estava no jardim era a senhorita Nagle. Acabaria com a chantagem de Abigail e daria um fim no noivado secreto de Mabel e Elliot.

Quanta ironia!

Há poucos dias ele a acusara de querer agarrá-lo espalhando aquela maldita mentira, agora era ele quem pensava em fazer uso do mesmo artificio para atingir seus objetivos. E só não fazia, porque percebia e sabia que Mabel estava apaixonada por Elliot. E obrigar uma mulher a fazer algo que não quer é sinônimo de infelicidade para ambos.

Lacrou a carta usando um antigo selo pertencente à família e pediu ao criado pessoal que entregasse à senhorita Strang tão logo encontrasse a moça a zanzar pela casa. O que foi cumprido tão logo Abigail colocou os pés para fora do quarto, e por esse simples motivo a moça se mostrava tão alegre e satisfeita quando topou com as amigas no desjejum.

*****************

Depois do almoço, quando todos se dispersavam, Dominic tomou a direção do escritório, sozinho e em silêncio. Mabel o viu se afastar e pensou que seria o momento perfeito para interpelá-lo sobre o comportamento de Abigail. Uma pergunta não a deixava descansar, e mal permitira que engolisse a contento o delicioso almoço planejado pela marquesa.

Dominic cedera à chantagem de Abigail?

E se cedera? Por quê? Por ela? Para que Strang não contasse a todos que ela era secretamente noiva de Elliot?

Se assim fosse, Mabel estava decidida a dizer-lhe que... seus pensamentos se perderam quando viu a figura perfeita de Elliot vindo em sua direção. Ele sorria suave e sedutoramente e certamente falaria com ela.     

— Mabel... – ele falou quando se achegaram. – Podemos conversar?

— Sua mãe? – ela indagou olhando em volta, percebendo o pequeno número de pessoas na sala.

— Ela se recolheu por alguns minutos.

Isso não era garantia de nada.

— Você não teme que alguém lhe conte que nos viu juntos? – naquele momento ela se sentia mais apreensiva que o noivo. Era difícil acreditar que de repente tudo estava diferente. Que Elliot se sentisse tão tranquilo em interpela-la assim, diante de qualquer pessoa.

Ele sorriu mais abertamente, havia uma estúpida teoria circulando pelas matriarcas que em muito lhe ajudava:

— Não sei de onde tia Frances e mamãe tiraram a ideia de que Dominic está pretendendo sua mão. Na verdade foi titia quem começou com essa história, mas com isso, mamãe está mais tranquila. – depois de muito meditar, sir Chowes chegou à conclusão de que a hipótese era infundada já que o próprio marquês se propusera a ajuda-lo a casar com Mabel.

Enquanto ouvia a explicação do noivo Mabel estremeceu. Elliot continuou sem perceber a expressão incrédula no rosto da moça:

— Logo que soube, confesso que me irritei ao ouvi-la, mas depois percebi que pode nos ser útil enquanto esperamos.

Aquilo não fazia qualquer sentido. Dominic nunca, em momento algum se mostrara interessado nela. Pelo contrário, ele até sabia de seu noivado secreto.

— Por que elas acreditam que isso seja possível? – acabou perguntando e com isso atraindo um olhar desconfiado de Elliot.

— Você sabe como são as mães... – ele respondeu sem responder – Mas “eu” sei que Dominic não se interessa por você.

Engraçado foi quando Mabel se sentiu levemente perturbada em tomar conhecimento da falta de interesse do marquês em si.

— Mesmo que ontem a noite... durante a execução da música em dueto...

— O que teve a execução da música? – novamente o questionamento que poderia gerar desconfiança. Principalmente pelo urgente tom feminino e, para um noivo inseguro.

— Nada demais. – ele concluiu fingindo não ter importância – Você sabe que não gosto quando outros rapazes se aproximam da minha noiva.

Ela sabia. Tinha total conhecimento dos ciúmes infundados que Elliot cultivava desde que se declarara há anos. Mas, a partir daquele ponto, a mente fértil de Mabel perpassou por acontecimentos variados, que nada tinham a ver com seu noivo, desde que chegara a casa de campo, dias atrás. Pelo encontro no jardim, pela conversa tensa na cavalariça, o passeio até a cidade, as mãos de Dominic a erguendo do chão. A sensação do peito dele contra seu corpo.

Em nenhum desses momentos ele deu qualquer sinal que indicasse um interesse mais profundo do que simples cortesia, educação e amizade. Ele a via como uma amiga das irmãs, não como uma provável pretendida. Ele nunca a veria de outra forma além daquela.

— Hoje haverá o piquenique. – a voz masculina a trouxe para o mundo real novamente.

— Sim.

— Tia Frances está agitada organizando tudo. Provavelmente ela quererá que Dominic acompanhe você. Pode ir com ele. Não me incomodarei. Isso dará mais credibilidade aos pensamentos delas e com isso nós dois teremos mais liberdade.

Internamente Elliot se congratulava em imaginar como sua tia se sentiria quando descobrisse que não estava ajudando o filho a se aproximar de uma futura pretendida, mas que estava ajudando o sobrinho a estar com a mulher que escolhera para si.

— Acredito que o marquês não aparecerá no piquenique... – Mabel especulou sem muita convicção.

— Ah! Ele irá, tia Frances dará um jeito nisso, eu a conheço. E ele estará lá com você...

Mabel se remexeu sentindo uma agitação estranha dentro do peito ao se imaginar sentada durante uma tarde inteira ao lado de Dominic, conversando... inusitadamente gostava de conversar com ele. E enquanto isso, a marquesa acreditaria que seu filho e ela estavam se entendendo, quando na verdade ele estava sendo usado, assim como a própria Frances. Definitivamente Mabel não se sentia bem com isso, e foi bem clara com o noivo.

— Minha querida, se não fizermos isto, jamais conseguiremos tranquilidade durante o tempo que Dominic precisa para resolver a questão.

— Que questão? – Mabel perguntou mais alto do que deveria.

Imediatamente Elliot percebeu que falara demais. Dominic não gostaria que ele comentasse abertamente sobre os planos montados estrategicamente para auxilia-os, mas agora de nada servia mentir. E saber o que ele já sabia provavelmente tranquilizaria a jovem.

— Ele vai nos ajudar a resolver os problemas que nos impedem de revelar nosso amor a todos.

Como Dominic faria isso? E outra, por que Dominic faria isso? O assunto não deveria ter qualquer relevância para ele. Além de que, sequer havia estreita ligação afetiva entre os primos que justificasse o interesse do marquês em ajudar.

— Como? – ela voltou a questionar, naquele momento já não sabia mais como se sentia a respeito de tantas informações inusitadas.

— Ele lhe concederá um dote. – Elliot respondeu sorrindo, acreditando que Mabel se sentiria feliz em saber que teria finalmente o precioso dote que a mãe de Elliot tanto cobrava do filho. Mesmo assim havia o problema da falta de título de seu pai e antes que pudesse mencionar esse fato, o rapaz continuou: - E seu pai receberá um título, não será um título alto, mas, servirá muito bem se unirmos isso ao dote.

Um arrepio de raiva cruzou pelas costas feminas.

— Sir Deeping não pode fazer isso! – falou exasperada. – Não sou irmã dele para que decida como devo conduzir minha vida como fez com Sophie. Se sua mãe não me aceita como sou, e só me aceitará por um dinheiro que sequer é meu, que tipo de vida teremos Elliot?

Ela afastou-se do noivo enquanto o encarava diretamente.

— Estou me sentindo ultrajada com essa armação que você e seu primo montaram sem me consultar!

 - Mabel... – o rapaz chamou baixo, quase obrigando-a a mudar de tom, estavam atraindo atenção em demasia. – Se não for desta maneira, talvez nosso sonho de casamento só se realize num futuro muito distante... – será que a garota não compreendia o óbvio?  - Quer acabar como uma solteirona?

Eles se encararam por alguns segundos, olhos nos olhos, ele não a compreenderia nunca, Mabel percebeu. Assim como nunca enfrentaria a mãe por ela.

— Você nunca terá coragem para enfrentar sua família? – perguntou séria, sentindo o peito se apertar enquanto esperava pela resposta dele.

A resposta não demorou a surgir:

— Corro o risco de ser deserdado... você sabe disso, eu já lhe falei. – ele não parecia chateado com a pergunta dela. Não, Elliot estava irritado pela insistência.

Erguendo as costas e ficando totalmente ereta, Mabel encarou o rapaz antes de concluir aquela conversa definitivamente.

— Então senhor Chowes, considero que nosso compromisso acaba de ser desfeito. – apertando uma mão contra a outra ela concluiu: - Se me der licença, vou informar ao marquês que os planos montados por vocês acabaram.

Estupefato pela reação da ex noiva, Elliot não conseguiu reagir imediatamente a informação dada e quando compreendeu que deveria contradizer a fala da moça, esta já ingressara no escritório de Dominic.


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Notas finais do capítulo

No próximo, a conversa do casal. Como será?
BJo meninas, muito obrigada a todas vcs q estão deixando seu review, adoro cada um, e vou responder a todos. e obrigada a todas q acompanham também. tomara q vcs gostem do capítulo. até