Complicated escrita por Ana Carolina Potter


Capítulo 12
Capítulo 11




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Capítulo 11 – Harry V

 

Quando você quer que o relógio passe rápido, ele costuma demorar, certo? Essa foi a constatação que eu tive na véspera de Natal. O dia passou arrastado e enfadonho. E, para piorar o meu estado de espírito, fui “obrigado” a ajudar meus pais na decoração, na montagem da árvore de Natal e também nos pratos que iriamos servir na festa para nossos amigos. Não que a tarefa seja ruim, mas não era o meu passatempo preferido para um dia frio e com neve.

Não nego que minha ansiedade tem nome e sobrenome. Desde o ocorrido na manhã de hoje entre Ginny e eu, não há outra coisa que eu consiga pensar. Minha memória vai e volta nas lembranças de nossa conversa, das nossas provocações e do toque de suas mãos em mim. Por isso, não me surpreendi quando eu consegui cortar o dedo da mão esquerda enquanto fazia os enfeites de Natal para minha mãe. Eu estava tão distraído que só notei que estava sangrando quando ela deu um grito do outro lado da sala. Ainda bem que não há nada que Dona Lily Potter não possa curar com seu kit de primeiros socorros.

Meu pai chegou à tarde acompanhado de Sirius e Marlene que trouxeram as bebidas que seriam oferecidas aos convidados. Nós conversamos e eles passaram a nos ajudar a terminar os detalhes que faltavam para a nossa grande confraternização. Remo, Tonks e Teddy chegaram no início da noite e eu já fui recebido por um abraço de urso do meu afilhado.

— Dindo, a Fada do Dente levou meu dente da frente. Olha! – Em meu colo, Teddy deu um sorriso banguela que encheu meu coração de amor. Crianças são tão inocentes e puras, né? Conseguem despertar o melhor da gente sem grandes esforços. Fingi grande assombro pela informação que ele me dava.

— Verdade? E como foi isso? – Pisquei para Tonks que estava ao nosso lado, rindo de toda a situação.

— Meu dente caiu ontem à tarde, Dindo. Daí eu pedi para papai me ajudar a fazer uma cartinha para a Fada do Dente contando que tinha caído o meu primeiro dente do leite e pedindo para que ela cuidasse bem dele. Quando eu acordei hoje de manhã tinha uma moeda embaixo do meu travesseiro, padrinho. Eu queria tanto ter visto a fadinha...

Ri porque eu sabia que não era a Fada do Dente que tinha colocado aquela moeda embaixo do travesseiro de Teddy.

— Você devia estar dormindo muito pesado. E você sabe por quê ela te deu uma moeda, Teddy? – Fiz minha melhor pose de sério, mas por dentro eu estava rindo da inocência dele.

— Porque eu fui um bom menino. Não é verdade, mamãe? – Ele olhou para Tonks, que apenas confirmou com a cabeça.

— Sim, querido. É verdade! Que tal deixarmos o tio Harry tomar banho e se arrumar para a festa? O que você acha? – Ela tentou pegar o filho do meu colo, mas Teddy não queria saber de me largar tão cedo.

— Você volta logo, dindo?

— Em um piscar de olhos. Prometo! – Entreguei-o a Tonks e gritei para meus pais que estava subindo para tomar banho. Eles tinham ido com os demais adultos para a cozinha degustar os aperitivos que Remo tinha trazido.

Subi as escadas e entrei no meu quarto com um suspiro cansaço. Eu estava morrendo de sono, uma vez que eu não tinha dormido direito na noite anterior vendo filmes com Ginny. Um banho iria me fazer muito, mas muito bem, principalmente para melhorar a dor nas costas que eu estava sentindo após todos os enfeites que minha mãe me fez colocar pela casa.

Escolhi as roupas que iria vestir na noite de hoje – suéter preto, calça jeans e sapatênis -, deixei o relógio e o óculos na beirada da pia e entrei embaixo do chuveiro agradecendo pela água quente que eliminava toda a tensão das minhas costas. Meus pensamentos se voltaram novamente para os acontecimentos da manhã.

Peguei o shampoo e comecei a fazer uma massagem gostosa no meu cabelo e foi inevitável não sentir falta dos carinhos que Ginny me fez. O que será que iria acontecer daqui para frente? Nossa conversa me mostrou que eu não estava sozinho com os meus sentimentos – como eu julgava estar.

Desde que terminei com Claire e passei a conviver mais com Ginny pude perceber que minha atual ex-namorada tem razão em uma coisa: eu ainda amo Ginny Weasley. Engraçado que precisei de quase quatro anos para finalmente admitir que eu ainda sinto algo forte por ela e que, talvez, esse sentimento fosse retribuído.

Todas as nossas provocações me levaram para esse pensamento e eu mal via a hora dela chegar e conseguir alguma desculpa para que ficássemos à sós. Eu sei que não vai ser fácil porque a casa vai estar cheia de pessoas, mas a esperança é a última que morre, então, por que não sonhar com um mundo de possibilidades?

Queria concluir todas as fantasias que eu tenho com ela desde que dei aquele “beijo” insatisfatório em sua casa. O que me intriga, no entanto, e se ela também quer isso, uma vez que ela me pareceu tentar ficar distante de mim nesses últimos meses. Embora seja verdade que na manhã de hoje foi ela quem veio em minha direção, eu ainda estava inseguro sobre até onde eu poderia ir com Ginny.

Sendo sincero comigo, eu queria tentar de novo um relacionamento com ela. Desejo ser o cara que ela liga quando tem algum problema; o homem que a acompanha após um jantar, um barzinho, uma balada ou um almoço de domingo; o jovem que faz declarações espontâneas de amor; que oferece uma companhia para um dia frio ou para dormir de conchinha. Quero todas as coisas clichês que os casais apaixonados podem querer...

Sei que ambos não somos os mesmos jovens que namoraram no passado, por isso, eu acredito que possamos fazer dar certo dessa vez. Será que ela também quer isso?

— Você nunca vai saber se nunca perguntar, Harry – disse para mim mesmo embaixo do chuveiro. Terminei meu banho, me enxuguei, coloquei a roupa, tentei dar um jeito no meu cabelo – algo impossível -, vesti o relógio, coloquei meus óculos e passei o mesmo perfume que Ginny dizia amar na adolescência. Quem sabe trazer boas memórias me trouxesse sorte hoje à noite?

Desci as escadas e me deparei com um “mar” de pessoas ruivas na sala. O Sr. e Sra. Weasley estavam todos muito elegantes em suas roupas sóbrias de inverno e Ron e Hermione me olharam sorrindo quando eu cheguei ao ambiente. Meu olhar, no entanto, se deteve em Ginny. Ela estava maravilhosa em um vestido verde escuro e os cabelos presos em um coque baixo todo bagunçado. Ela sorriu timidamente para mim e eu soube que ela também estava com boas expectativas para o que o futuro nos reservava neste dia.

— Harry, como vai querido? – disse a Sra. Weasley enquanto eu a cumprimentava.

— Vou bem e a senhora? – respondi.

— Otimamente. Os gêmeos te mandaram um abraço, mas, infelizmente, nem todos os meninos puderam comparecer à festa.

— Sem problemas. O importante é que vocês vieram. Meus pais já sabem que estão por aqui?

Escutei passos vindo das escadas e minha mãe desceu em seu vestido preto de mangas longas.

— Arthur, Molly... quando vocês chegaram?

Aproveitei a distração de minha mãe para cumprimentar rapidamente o Sr. Weasley e, posteriormente, me aproximei de meus amigos e Ginny.

— Oi, Harry. Tudo bem? – Hermione me deu um beijo na bochecha.

— Tudo ótimo e com vocês? – disse ao trio. Ron me deu um abraço bem típico masculino, com vários tapas nas costas.

— Estamos bem. Ficou legal a decoração, Harry. Vocês que fizeram?

— Sim, eu, meus pais, Sirius e Marlene. Remo, Tonks e Teddy chegaram agora a pouco, mas nós já tínhamos terminado.

— Não sabia que você atuava como decorador de festas natalinas nas horas vagas, Harry. – disse Ginny, obviamente, me zoando.

— Sabe como é, né, Gin... advogado não ganha lá essas coisas, então, precisamos aumentar nossa renda fazendo uns bicos de vez em quando.

Ela riu e deu um passo para me cumprimentar com um beijo na bochecha. Nesse momento, eu aproveitei para abraçá-la e sussurrei em seu ouvido: “Você está incrivelmente linda essa noite, Gin”. Quando nos separamos, pude perceber pelo brilho em seu olhar que ela tinha gostado do meu elogio.

— Estou morrendo de fome. Quando sai o jantar, Harry? – Comentou Ron.

— Francamente, Ronald. Mal acabamos de chegar... – Resmungou Hermione e ambos começaram uma leve discussão na sala da casa dos meus pais, fato que fez com que eu e Ginny revirássemos nossos olhos.

— Nem começou a festa e Ron e Hermione já estão brigando. E viva o Natal! – Disse Sirius da porta da sala de jantar. O comentário fez com que todos os presentes rissem e o meu casal de amigos parasse imediatamente de discutir. Tonks e Marlene surgiram logo após essa cena cômica e nos convidaram para a ceia.

Durante todo o jantar, pude observar a forma como Ginny interagia com os demais presentes. Não pude deixar de notar a maneira como ria de forma descontraída das piadas de meu pai e Sirius, dos comentários sussurrados para Hermione, dos elogios à comida feita por minha mãe e da maneira como fazia graça para Teddy rir ou de como perguntava coisas banais para ele, como escola, seus melhores amigos e as suas brincadeiras preferidas. Nesse meio tempo, nossos olhares se esbarraram e nós não conseguimos segurar o sorriso que saía todas as vezes que isso acontecia.

Tive a impressão de que minha mãe e Hermione tinham “pescado” alguma coisa no ar sobre a gente, porém, como não ouvi ou percebi alguma coisa vindo delas durante o jantar acreditei que estávamos seguros com os nossos sentimentos.

Depois de alimentados e dos cumprimentos de “Feliz Natal”, várias rodas de conversa se formaram pela casa. Ron, Hermione e Remo estavam conversando na sala de estar sobre as possibilidades de atuação na área do direito – “assunto chato, meu Deus!”, pensei. Meu pai, Sirius e o Sr. Weasley discutiam política ainda na mesa de jantar. Minha mãe, Sra. Weasley, Marlene, Tonks e Ginny fofocavam alguma coisa na cozinha e eu e Teddy brincávamos no chão da sala com seu dragão de pelúcia totalmente velho e gasto.

Quando era próximo a 1h, Teddy começou a coçar seus olhos e eu me ofereci para levá-lo ao andar de cima. Peguei-o no colo e fui até a cozinha, onde estavam todas as mulheres reunidas ao redor da mesa.

— Desculpa a intromissão, meninas, mas acho que Teddy quer dormir, Tonks. Posso levá-lo até a sala do andar de cima para que ele veja um desenho e tire um cochilo? – Perguntei a ela.

— Claro, Harry. Não há nenhum problema se ele dormir por uma hora ou duas horas no sofá. Depois o colocamos no carro. Tadinho, já passou demais de sua hora de dormir. Obrigada, querido.

— Imagina. Vamos lá, campeão. Que tal ver um desenho animado bem legal? – disse para meu afilhado, que já colocava o dedo na boca quase que totalmente entregue ao sono. Notei que Ginny me acompanhou com o olhar até eu sair do cômodo, mas ela não fez menção de me seguir.

Subimos as escadas, eu peguei um cobertor no meu quarto e deitei-o no sofá deixando-o bem quentinho com o edredom que sempre me acompanhou nas noites de filmes e nas manhãs de desenhos animados. Teddy não aguentou 15 minutos e já dormiu.

— Queria dormir igual as crianças – disse Ginny, que eu não tinha notado, mas estava na porta olhando toda a cena.

— Eu também. Faz tempo que você está aí? – sussurrei para não acordar o meu afilhado.

— Não, faz uns cinco minutos, mas não quis te atrapalhar. É bonito a forma como você cuida dele. – Comentou.

Eu sorri perante o elogio e olhei novamente para Teddy, que ressonava tranquilamente no sofá da casa de meus pais. Resolvi abaixar ainda mais o volume da televisão e indiquei para Ginny que deveríamos sair e deixá-lo descansando. Encostei a porta para que, caso ele precisasse de alguma coisa, nós pudéssemos ouvir seus chamados e caminhei em direção ao meu quarto.

— Teddy consegue dormir em lugares que você nem imagina, Gin. Uma vez ele conseguiu dormir no meio de um jogo de futebol profissional. – Comentei enquanto sentava na minha cama. Ir para o meu quarto foi algo impensado, mas não pude negar que o contexto criado por mim com essa atitude era sensacional.

— Você também não pode falar muita coisa, Harry. Se bem me lembro, você era campeão de dormir em lugares esquisitos. Lembra aquela vez em que você dormiu no armário embaixo da escada da casa dos seus tios? – Ela se sentou ao meu lado, de frente para mim na cama.

— Aquilo foi um acidente. Eu estava me escondendo do meu primo Dudley e acabei pegando no sono. – Dei de ombros.

— Você era muito bom para dormir. Dormia cerca de 10 a 12 horas por dia se deixassem. – Ela riu.

— Nisso eu ainda continuo muito bom, principalmente aos fins de semana. Infelizmente, minha mãe tem um ótimo senso de oportunidade e acha incrível me acordar às 9h da manhã em um domingo. Isso não colabora para manter a minha beleza.

— Como você é convencido, meu Deus.

— Vai negar que eu sou lindo? – Levantei minha sobrancelha.

— Jamais você ouvirá essas palavras saindo da minha boca.

Nós dois rimos. Eu senti que era o momento de perguntar o que, de fato, eu queria: e agora, Ginny?

— Ginny?

— Eu?

— O que aconteceu hoje de manhã? – Questionei olhando em seus olhos. Percebi o momento em que ela ficou tensa.

— Aquilo? Não sei, Harry. O que você acha que foi aquilo? – Me devolveu a pergunta.

— Perguntei primeiro. – Esse comentário “quebrou” o gelo e fez com que ela risse.

— Não sei. Só sei que eu preciso confirmar uma coisinha antes de continuar a nossa conversa. – Continuei.

— Confirmar o quê?

— Isso.

Puxei-a pela nuca com as duas mãos e colei nossos lábios em um beijo apaixonado. Senti quando Ginny correspondeu a minha ação colocando uma mão em minha cintura e abrindo a boca para que nossas línguas se cruzassem e se amassem.

Desci uma de minhas mãos para sua cintura e a outra embrenhou por seus cabelos, algo que eu sempre amei fazer. Ginny correspondeu o meu entusiasmo e enlaçou meu pescoço com seus braços em um abraço quente e reconfortante depois de tantos anos separados.

Mudei a direção do beijo uma, duas, três vezes. Quando senti necessidade de ar, passei a beijar as sardas espalhadas pelo seu rosto e, posteriormente, desci meus beijos até seu pescoço buscando sentir o seu cheiro, algo que eu tanto amava e me deixava “louco”. Ela deu total liberdade ao meu ato deitando a cabeça para o outro lado do corpo. Nesse momento, também percebi que suas mãos começaram a achar uma brecha no meu suéter. Senti quando suas unhas começaram a fazer um carinho gostoso em meu abdômen e eu tentei abafar um gemido que foi inevitável diante do seu toque.

Voltei a beijá-la e, assim como ela, busquei uma brecha no seu vestido. Apertei com força seu joelho, suas coxas e ouvi o momento em que Ginny suspirou alto quando eu atingi a costura de sua calcinha. Uma de suas mãos saiu de dentro da minha roupa e foi em direção ao meu cabelo, bagunçando-o da maneira que ela sabia que eu tanto amava. Continuei minha excursão pelo seu corpo, passando minhas mãos pela sua barriga e logo cheguei na borda do seu sutiã. Tentei não “pular” etapas e, por isso, me detive no limite dessa peça de roupa que eu queria tanto, mas tanto, conhecer nesse momento.

Depois de alguns minutos assim, nos amando e nos acariciando das mais variadas formas possíveis, Ginny parou o nosso beijo e descansou sua testa na minha. Percebi que nossas respirações estavam irregulares e que seus lábios estavam inchados pelos meus beijos. Ela ficava ainda mais linda desse jeito.

— Harry...

— Hum?

— Embora esteja muito gostoso, precisamos conversar...

Ela tinha razão. Não tínhamos como continuar nos pegando dessa forma sem saber o que seria daqui em diante. Afirmei com a cabeça e ela se afastou de mim para que pudesse olhar em meus olhos. Percebi que ela estava tão insegura quanto eu sobre o teor de nosso futuro diálogo.

— Quer começar? – perguntei a ela. Eu não sabia se minha voz conseguiria sair firme depois desse amasso sensacional. Percebi que ela respirou fundo antes de iniciar sua fala.

— Harry, eu gosto muito de você. Não posso negar que as últimas semanas convivendo com você não tenham sido ótimas.

— Eu também gosto muito de você, Gin, e eu amo a forma como nosso relacionamento progrediu nessas últimas semanas. – Concordei com ela, que deixou que um pequeno sorriso saísse de seus lábios.

— Mesmo tudo tenha sido ótimo... – Ela deu um suspiro antes de continuar - Nós ainda temos um passado doloroso para digerir e resolver e eu tenho muito medo de que ele interfira em qualquer coisa que possamos vir a ter daqui para frente. Eu não posso continuar essa história sem saber se você confia totalmente em mim. Não posso ter algo com um cara que acha que eu o trai, certo?

Touché.

— Você tem razão! – Sussurrei. Como que eu ia provar para essa mulher que eu mudei? E que eu estava disposto a tentar fazer com que nós déssemos certo?

Peguei suas mãos na minha antes de continuar a falar.

— Gin, eu não sei muito bem o que aconteceu naquela noite. Nesses últimos quatro anos, eu revivi aquela cena inúmeras vezes e eu sempre chego a diversas possibilidades do que pode ter acontecido. Infelizmente, não temos como mudar o passado e todas as coisas que ocorreram. Eu não tenho como apagar da sua memória o fato de que eu te acusei de ter me traído, que eu não estive ao seu lado naquele dia, que eu tenha sido infantil e imaturo e que eu deveria ter te ouvido e você também não tem como mudar a forma como eu me senti te vendo nos braços do Malfoy, a forma como eu interpretei os acontecimentos e a dor que senti quando você partiu deixando nossa história mal resolvida para trás. – Suspirei buscando coragem para continuar falando tudo o que eu sentia para ela. Se eu queria alguma coisa com Ginny, então, eu tinha que colocar todas as cartas na mesa, da mesma forma que ela estava fazendo comigo.

— Os últimos quatro anos foram muito difíceis e eu senti demais a sua falta, mesmo parecendo que eu estava espumando de raiva todas as vezes que alguém tocava o seu nome. Tentei te esquecer namorando outra pessoa, mas, diante dos acontecimentos recentes, eu acho que falhei miseravelmente, né? – Ela riu baixinho e concordou com a cabeça minha última afirmação. Dei um aperto em nossas mãos unidas e continuei a falar.

— Eu não posso te pedir que esqueça totalmente o passado, mas eu posso te pedir que você dê uma chance para o que podemos construir daqui para frente. Eu não posso fazer você esquecer todo o sofrimento que você passou e, sendo sincero, que eu também passei. No entanto, eu posso te pedir para tentar dar um novo rumo para nós.

Uma lágrima solitária saiu dos olhos de Ginny e eu fiz questão de levar meus dedos e limpá-la. Ginny não merecia mais chorar por mim. Nunca mais!

— Não chora, linda. – disse. Ela respirou fundo para segurar as próximas lágrimas, que eu tinha certeza que estavam esperando para cair.

— Você disse que eu não confio em você, mas você confia em mim, Gin? – Perguntei temendo a resposta.

— Harry, eu ainda não consigo confiar. Como eu posso confiar em um cara que duvidou do meu amor, da minha fidelidade? Para darmos certo, eu acho que você vai ter que provar para mim que as coisas mudaram e que eu posso confiar em você novamente! – Comentou.

Doeu ouvir essas palavras saindo de sua boca. Doeu saber o quanto eu a machuquei e o quanto aquela noite marcou nossas vidas para sempre. Me questionei rapidamente se eu estava disposto a fazê-la mudar de pensamento e cheguei a conclusão de que valia a pena cada esforço e cada minuto investido para tê-la de volta.

— Eu estou disposto a tentar, Ginny. Estou disposto a te provar que eu mudei, que eu não sou mais o mesmo garoto que você deixou na Inglaterra antes de ir para os Estados Unidos. Quero te mostrar o quanto eu quero estar contigo e o quanto eu aprecio estar ao seu lado. Você me dá uma segunda chance?

— Como você pretende fazer isso, Harry? – Questionou Ginny me olhando nos olhos.

— Te conquistando dia após dia. Confiança não vem com o tempo? Então, temos todo o tempo do mundo para fazer dar certo.

Percebi que ela ponderava a minha sugestão. E, nesse meio tempo, evitei comentar qualquer coisa que pudesse atrapalhar sua decisão. Quando Ginny falou, ela parecia ter arquitetado um plano em sua mente.

— Podemos começar de novo? Do zero?

— Como assim? – Perguntei confuso pela sua frase.

— Antes das pessoas namorarem, de fato, elas se conhecem, Harry...

— Sim, isso é óbvio. – Levantei minha sobrancelha.

— Então, eu quero isso com você. Quero conhecer esse novo Harry, quero viver todas as experiências que um casal que não tem um passado como o novo pode desfrutar e que nós também desfrutamos anos atrás. Quero que você me conheça, quero ter encontros contigo, quero ter todas as primeiras vivências de um relacionamento de novo.

Eu não sabia como isso poderia funcionar, mas eu poderia tentar para ver se dava certo, né? Não podia negar que me dava um frio gostoso na barriga só de pensar em todas as possibilidades que poderíamos ter como um casal no futuro. Se Ginny queria viver todas as fases da “paquera” como diria minha mãe, então, que ela tivesse essa vontade atendida.

— Tudo bem. Eu topo!

— E tem mais uma condição, Harry.

— Qual?

— Nós temos que manter isso em segredo. Pelo menos, por enquanto.

— Por quê?

— Porque nós já envolvemos nossas famílias demais em nosso relacionamento. Não quero que eles sofram de novo se nós não dermos certo.

Ela tinha, mais uma vez, razão.

— Okay. Podemos manter em segredo.

— Obrigada.

Depois de nossa conversa, percebi que não sabia o que fazer. Por isso, pensei na única coisa que eu estava com vontade nesse momento.

— Gin?

— Sim. – Ela me olhou esperando a pergunta.

— Eu posso te beijar? – disse.

— Hum.... – Ela fez uma cara falsa de pensativa. – Eu acho que pode. Vai ser uma das maneiras de você me mostrar a importância da construção do nosso relacionamento.

— Garota esperta.

Fechei a distância entre nossos corpos e beijei-a pela segunda vez nessa noite. Eu ainda não sabia o que o futuro nos reservava, mas eu queria, de todo o meu coração, conquistar novamente o amor dessa ruiva.


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Notas finais do capítulo

N/A: Veio rápido esse capítulo, né? Eu estou tão animada com esses momentos dos dois! Espero que vocês também sintam essa animação do outro lado do computador, celular, tablet, etc. Não deixem de comentar, okay? Espero vocês no próximo. Um beijo.