Momentos da Vida (Wolverine e Ohana) escrita por lslauri


Capítulo 28
Preparativos e Surpresas




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texto em itálico são pensamentos

palavras em negrito são enfáticas na entonação

os nomes de quem fala estão antes de cada fala, em negrito apenas para que saibamos quem são

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PREPARATIVOS E SURPRESAS

Uma semana havia passado e August permaneceu com os X-Men, explicando que havia fugido de casa, pois seu pai era contra os mutantes. Jamais havia dito a ele que era mutante, para não o magoar. Antes de sair, contudo, levou várias joias da família e quase todo o dinheiro que estava no cofre! A família é de abastados comerciantes nova-iorquinos, por isso, sabe que não terão problemas em recuperar o que o garoto roubou. Charles não aprovou o modo como ele saiu de casa e, muito menos, o meio como tinha escolhido para viver em Westchester. Mas, aprovou ele querer se modificar e o fato de August querer devolver todo o dinheiro aos pais, na forma de uma doação anônima. Todos ficaram muito felizes com isso! Já era um grande passo para alguém que não parecia ter futuro algum. Isso somente aproximou mais ainda o rapaz de Jubi!

Infelizmente, também era o momento de, novamente, os mutantes subirem aquela colina, em meio a qual uma pequena capela havia sido construída, muito antes de Ohana fazer parte dos X-Men. Novamente, estavam ali para relembrar daquelas importantes pessoas que ajudaram a construir um mundo melhor, cada qual dentro de seu estilo, contudo, todas foram responsáveis pelos dias de paz que reinavam atualmente. Mesmo aqueles que somente buscaram a paz pela espada, deram sua contribuição, mostrando ao mundo uma importante lição: não há caractere que determine o caráter. Não é o fato de ser mutante ou humano uma determinante para a prática do bem ou do mal! É o que cada um tem dentro de si, naquela porção da alma nunca desvendada aos outros o diferencial!... E James, com certeza, teve um enorme diferencial dentro de si. Teve uma força interior e conhecimento nunca vistos. A semana anterior levou Ohana a imaginar o fato de James saber que ela não suportaria sua perda; dele saber que tudo aconteceria exatamente como aconteceu e está acontecendo e, por conta disso, não se preocupou tanto em consolá-la. Pois sabia que deixando Logan fortalecido interiormente, ele seria suficiente para trazê-la à realidade. James estava certo! Sempre esteve...

Apesar dos pais estarem silenciosos demais, em seus olhos era possível ver que não estavam tristes. Apenas tinham optado pelo silêncio como uma forma de respeito pela ocasião, já que esta não representava um momento de pranto ou de pensamentos tristes. Nenhum dos mutantes presentes na noite da morte dele poderia esquecer seu significado. Quem ousasse derramar uma lágrima ali, estaria deixando clara sua descrença perante tudo o que havia acontecido. E isso era impossível!

A colocação da nova campa foi rápida e sem nenhuma pompa. Ohana tinha escolhido pessoalmente o tipo de lápide, pois, uma vez, James comentou gostar de motivos medievais e, foi exatamente por isso que a ruiva escolheu uma de mármore, com dois cavaleiros montados em seus corcéis, espadas em riste e adornada por folhas de parreira. Ao centro, a escrita escolhida por Logan: Carpe Diem; nada faria mais jus ao tipo de vida que James levou; nada seria mais apropriado do que a famosa frase "Aproveite o dia", não para alguém que o aproveitou como nenhum outro! Viveu como nenhum deles e passou por suas vidas, mudando-as para sempre!

Claro! Depois da cerimônia totalmente simples, Ohana não quis saber de falar em casamento, ou mesmo de compartilhar a alegria de todos os presentes. A ruiva ficou mal, quis tirar o dia para uma espécie de retiro e foi fazer isso no rikyu construído por Logan, logo que retornou do Japão, em meio à mata da mansão.

A construção, como é padrão no rikyu, é o mais simples possível, com as tão conhecidas portas corrediças de papel de arroz, além do jardim com pedras e areia, simbolizando as forças da natureza. O telhado tinha também a forma característica das construções orientais, ou seja, as quatro pontas eram voltadas para cima, ligando aquele rikyu com os deuses.

Ohana não ia muito lá, justamente por saber que Logan passava tanto tempo naquele lugar. Era uma espécie de retiro somente dele, mas o momento atual pedia uma maior separação do clima festivo de dentro da mansão. E foi o que a ruiva fez, pegou duas frutas na cozinha, avisou Logan de seu desejo em ficar sozinha e rumou para a floresta, passando no meio daquela areia branquíssima que simbolizava a água e as pedras, negras, que representavam os continentes. Aquilo era tudo o que Ohana sabia acerca da construção e dos costumes orientais. Ela ficava imaginando, enquanto ia para o interior do rikyu como faria na lua-de-mel, pois nada sabia desse país ou do idioma de seu povo... Ela não entendia, por exemplo, porque Logan havia feito uma pequena caixa com porta, onde dentro tinha uma pedra com a ponta superior arredondada, escrita em japonês e, todos os dias, à tarde, ele ia colocar uma tigela de arroz, com um par de hashi espetados no meio do alimento; passando uns vinte minutos ali e retornando logo em seguida, sem fazer comentários ou tocar no assunto.

Se perguntasse, provavelmente, Ohana não gostaria da resposta... O hashi espetado é usado somente para dar comida aos mortos, para que eles possam ter seu alimento e, com ele apontando para cima, encontrem o caminho de volta. A escrita na pedra poderia ser traduzida como Mariko Yashida. A pequena caixa é uma forma de sempre poder estar em contato com os mortos que nos são caros. Uma espécie de morada no mundo dos vivos...

Nunca tinha parado para explicar a Ohana quem foi Mariko, o que ela significou para ele e, muito menos, que estaria casado com ela, caso ainda estivesse viva...

Mas nada disso importava, no momento. Entrando no rikyu, Ohana sente-se mais tranquila, mais feliz, por assim dizer. A decoração totalmente oriental do lugar, mesmo em sua simplicidade, produzia esse efeito nas pessoas. Era essa a intenção: ser um lugar de paz, de reflexão. Além do altar para Mariko, havia duas katanas num canto da construção. Uma delas, era a espada do Clã Yashida, dada por Mariko quando Logan matou o pai dela, numa luta justa; a outra, dada por Yukio, a ninja tutora de Amiko, filha adotiva de Logan, para que ele nunca a esquecesse. Desse passado, Ohana não sabia nada! Absolutamente, nada... Nunca tinha perguntado e, desse modo, Logan preferiu deixar onde estavam: no passado. Ao menos, por algum tempo. Esse desejo repentino de voltar para o Japão foi, justamente, com o intuito de explicar tudo para Ohana. Explicar o porquê de, uma vez por ano, Logan voltar ao Japão, por algumas horas do dia, para regressar logo em seguida, visivelmente satisfeito de si. Todas as cartas seriam postas na mesa e, desse modo, o canadense esperava recomeçar a vida, totalmente senhor de seus atos e de seu passado, e não o oposto.

O que importava para a ruiva naquele momento era estar em tranquilidade e poder pensar em tudo o que se passava em sua mente, poder colocar os pensamentos em ordem e, nesse instante, aquele lugar foi providencial.

Na mansão, com apenas duas semanas faltando para o casamento, todos estavam num alvoroço total! Já tinham sido confirmados mais de duzentos convidados, entre amigos dos X-Men e amigos dos amigos. Quem não poderia comparecer, em sua maioria por falta de condições físicas, estava enviando algum representante: filho, sobrinho, parente em grau distante. O que a grande parte não queria perder era o evento! Afinal, não era sempre que Logan casava e todos haviam aprendido a respeitá-lo e querê-lo bem, como um membro valoroso da equipe!

Logan já tinha comprado seu "misterioso" smoking, com a ajuda de Warren e Kurt, este último veio somente para o casamento, retornaria para a Alemanha assim que a cerimônia terminasse. Ele tinha muito que fazer na sua paróquia e, mesmo por pouco tempo, era penoso deixar seus fiéis.

Ohana ainda não tinha ido comprar o vestido. Já sabia qual queria, sabia que seu futuro marido havia aprovado o modelito e, com isso, não tinha muita empolgação para ir. Talvez, na última hora, mudasse de vestido. Quem sabe?... Tudo iria depender da opinião de Warren, pois, nem em mil anos, ela ouviria a vendedora!

Bem ao cair da tarde, naquele mesmo dia, Logan resolve ir checar como estava Ohana, chegando de mansinho, ele a vê sentada com as pernas cruzadas, a costa ereta, em posição de meditação, com as mãos sobre os joelhos, dedão quase encostado no indicador. O canadense senta-se do mesmo modo, ao lado dela, falando suavemente, com sua voz grave:

Wolvie: Posso me juntar a você?

Ela abre os olhos calmamente, já tinha sentido que não estava sozinha, e esperava mesmo que ele tivesse ido até lá:

Ohana: Claro que pode! Na verdade, este lugar te pertence. Não precisa me pedir permissão. – segura na mão dele e retorna à posição inicial.

Wolvie: Nada me pertence, ruiva. Tudo o que eu tenho, é teu...

Ela nada fala, somente lança um olhar de profundo agradecimento:

Wolvie: Quer aprender uma coisa nova?

Ohana: Quero... – ela responde, insegura.

O canadense levanta-se, vai até as katanas e, pegando a do Clã para si, leva na outra mão a de Yukio para Ohana. Ela olha impressionada para ele. O que será que tinha em mente?

Wolvie: Vou te ensinar a meditar através da espada, gata. ‘Tá a fim?

Ohana: Sim! Mas, não é perigoso? – a ruiva nunca tinha manejado uma espada antes!

Wolvie: No começo, a gente deixa elas dentro das suas bainhas. Quando tiver confiança, a gente tira elas e avança um pouco mais, ‘tá?

Ohana: Ok. Pode começar, sensei! – sorri, fazendo uso da única palavra que sabia em japonês e que significa mestre, professor.

Logan amarra uma tira de tecido da largura da mão (obi) na cintura e, depois de bem firme, introduz a katana dentro dela, de modo que a empunhadura ficasse na altura certa para que sua mão direita pudesse pegá-la. Respirando fundo, ele começou a executar diversos movimentos, todos um pouco mais velozes do que o Tai-chi-chuan, mas de um modo que Ohana pudesse percebê-los.

A ruiva fica impressionada com a majestade dos movimentos e em como a face de Logan havia se tornado séria, em contrapartida à vivacidade de seus olhos. Parecia, realmente, que o canadense estava entrando num momento de meditação profunda, nos primeiros minutos da prática.

Enquanto Ohana começa a tentativa de cópia dos movimentos, Logan acende as pequenas luminárias do lugar, fazendo uma luz morna, um tanto avermelhada, tomar conta do ambiente.

Passam a noite toda assim, um ensinando ao outro, já que ninguém é detentor da verdade absoluta e tem a capacidade de aprender consigo e com o erro dos outros.

Ele fica bastante impressionado com a capacidade rápida de aprendizado dela; já havia tentado ensinar essa técnica para Jubi e Kitty, sem sucesso; talvez, elas fossem jovens demais, na época, para conseguir transcender a essência dos movimentos. Com certeza, passariam a noite ali, não fosse Jubi e August aparecerem ali, chamando-os:

Jubi: Hei! Vocês resolveram desaparecer, é? – aparece, sorrindo.

Wolvie: A gente ‘tá meditando, guria... Que ‘cê quer? – com a katana em riste.

August: Pediram pra gente vir chamar vocês, sr. Logan... – meio impressionado com o fato de Logan manejar uma espada.

Ohana: É verdade! Já é noite! Eu perdi totalmente a noção do tempo aqui... Nós estamos indo atrás de vocês, ‘tá bem?

Jubi: Não... Atrás de nós, não... Eu vou levar August pra conhecer um pouco mais da mansão... – comenta, baixo.

Wolvie: A essa hora da noite? Jubi, ‘cê tá legal?

O rapaz coça a cabeça, Jubi fica sem jeito. Numa fração de segundos, Logan capta que tinha falado demais, como sempre. Eles iam namorar, isso sim!

Wolvie: ‘Tá certo! Sumam daqui! Não se esqueçam: não façam nada que eu não faria! – sorri para os dois.

Jubi: Sei, Wolvi! Sei! Vê se não demora pra voltar pra mansão! Senão, daqui a pouco, vai ter uma equipe de busca vindo aqui! Ahahahahah – pega August pela mão e sai correndo com ele, sumindo na mata.

Wolvie: Essas crianças... – maneia a cabeça.

Ohana sorri, tira a katana da mão dele e a coloca na bainha e, depois de dar um beijo nele, comenta:

Ohana: Ela não é mais uma criança, Logan. Cresceu e, agora, é uma mulher muito bonita! Você não percebeu? – passa a mão no rosto dele.

Wolvie: Pra mim, essa guria vai ser sempre uma pirralha, Ohana! E eu vou sempre me preocupar com ela. Mas concordo, ela está muito bonita...

Ohana: Engraçadinho. Isso você notou, né? Muito obrigada pela tarde de hoje. Foi perfeita! Eu me sinto muito melhor, querido.

Ele a abraça, pegando-a pela cintura:

Wolvie: É "querido sensei", viu? E eu estou aqui pra isso. Te fazer sentir melhor, gata!

Trocam mais um beijo, Ohana arruma as katanas e eles voltam para a mansão, de mãos dadas; muito mais relaxados e mais receptivos às festividades e ao clima "corrido" que reinava lá dentro. Para Ohana, era ótimo perceber o quanto todos estavam envolvidos com o casamento. Era ótimo conhecer Kurt Wagner, Katherine Leeann Pryde e Moira McTaggert em pessoa! A ruiva tinha muito ouvido falar deles, mas nunca tinha tido a chance de conhecê-los! Estavam todos ali, alguns com pouco menos de viço que antes, outros mais marcados pelos sofrimentos do tempo, porém, um ponto era inegável: todos tinham orgulho de ser mutante ou de fazer parte dos X-Men!

Charles tinha avisado que muitos viriam na véspera do casamento, apenas para dar presença. Entre eles, a família LeBeau, os filhos de Heather Hudson, Samurai de Prata (primo de Mariko), entre outros.

Para Logan, o casamento não seria a parte mais importante da cerimônia. A lua-de-mel sim! Seria uma redenção, o momento onde o canadense deixaria claro para Ohana todo o seu passado, mesmo tendo que expor alguns assuntos um tanto delicados e importantes...

A semana seguinte passa sem grandes novidades. O ritmo continuava intenso e, muitas vezes, Ohana lembrava de James e do quanto gostaria que ele estivesse presente. Nada que a deixasse triste por mais de algumas horas; todos percebiam esses momentos e respeitavam seu isolamento. A parte mais interessante foi quando a ruiva conversou com Warren a respeito do vestido. O mutante virou-se para ela e respondeu que nenhuma amiga dele usaria um vestido comprado em boutique! Aquele era um dia especial e requeria ações especiais. Dando um telefonema e falando em francês, combinou com um renomado estilista da época para vir imediatamente a Westchester, fazer o vestido de noiva sob medida, no modelo que Ohana escolhesse. Ela não acreditou! Pediu para não fazer isso, insistiu sobre estar muito feliz com o vestido da boutique, contudo, em seu interior, adorou a ideia! Seria a primeira vez que teria a oportunidade de ter uma roupa como sua imaginação mandava. E esta estava bastante fértil nesses dias!

No dia seguinte, Pierre estava na mansão, totalmente disponível para a ruiva. Claro que o estilista jamais pensou estar numa casa recheada de mutantes. Aqueles que tinham mutações muito explícitas, usavam indutores de imagem, para poder caminhar livremente sem correr o risco de assustar Pierre e pôr tudo a perder.

O francês e a ruiva ficaram algumas horas estudando riscos e influências. Ao final da tarde, chegaram a um consenso: o vestido seria branco, com uma inspiração medieval, simples em seu talhe, porém, muito sensual. Ohana insistiu para que não tivesse alças e, desse modo, fizeram um desenho para as luvas também. Essas seriam de renda francesa branca, no dedo indicador e anelar de cada uma das mãos, não teria tecido algum, isso facilitaria na hora de colocar a aliança e daria um ar bem descontraído ao visual; o vestido teria uma cauda não muito exagerada. Para grinalda, a ruiva não queria nada, mas o estilista insistiu, em seu inglês carregado, ser necessário colocar algo para "fechar a moldura", segundo ele. Depois de muito discutirem, Ohana aceitou a ideia de uma tiara de flores, pois combinava com toda a decoração e com o tema do casamento.

Tinha ficado decidido, então: o estilista trabalharia com sua equipe por quatro dias, consecutivos, a um preço exorbitante, que Warren já tinha, inclusive, pago. A tiara seria feita por uma conhecida do francês, moradora dos arredores e, quando tudo estivesse pronto, escolheriam o sapato que melhor combinasse com a ocasião.

O local da cerimônia já estava totalmente arrumado. Faltavam apenas decorações de última hora. Tudo estava saindo exatamente como Ohana tinha planejado! Pensando assim, faltando alguns dias para o casamento, a ruiva entristeceu... Tudo estava do jeito que ELA queria! Mas não fazia ideia se Logan também estava querendo as coisas assim! Num acesso de desespero pré-casamento, foi atrás dele, encontrando-o em meio às motos, consertando uma delas:

Ohana: Logan! Finalmente te encontrei! – fala, esbaforida.

Wolvie: Que foi, ruiva? – larga a chave de fenda no chão, todo preocupado – Problemas?!

Ohana: Um problemão!

Wolvie: Onde? – E o característico som SNIKT começa a ser ouvido.

Ohana: Calma! Não é nada que requeira suas garras, querido... É um problemão aqui... – aponta para a cabeça – na minha consciência, Logan...

Ele recolhe as garras e chega mais perto dela:

Wolvie: Bom... Eu preferia que fosse algum trabalho pras minhas garras, mas, ‘tô aqui, gata. No que eu posso te ajudar?

Ohana: O que você está achando do casamento, Logan? Da decoração, de tudo!...

Ele surpreende-se com a pergunta. Esperava algo mais relacionado com os sentimentos dela, alguma dúvida de última hora. Não uma questão sobre enfeites e badulaques... Ele nunca foi bom nessas coisas, não ia ser agora que passaria a ser. Coça a cabeça. Para pra pensar em todas as coisas que viu durante essas semanas:

Wolvie: Olha, Ohana, eu nunca fui bom com essas coisas. Por isso, deixei tudo sobre os seus ombros... Pra mim, ‘tá tudo ótimo! Mas eu só vou gostar mesmo, quando estivermos nós dois no altar e nada mais em volta importar. Aí, sim! Eu vou estar diante da coisa mais linda do casamento: você! – e a beija na testa.

Ohana: Ohhh! Que lindo! Sabe, eu estava preocupada por você não estar gostando de alguma coisa, sei lá...

Wolvie: E eu achei que era algo mais sério... Relaxa, ruiva! ‘Tá tudo muito melhor do que eu faria! – e sorri, limpando a mão de graxa com uma estopa tirada do seu bolso.

Ohana: Agora, você pode me explicar uma coisa: como é que consegue ficar consertando motos às vésperas do seu casamento?!

Wolvie: Ué... ‘Tô só relaxando. – sorri de canto de boca – Ah! ‘Tava pensando numa coisa: já que ‘cê mora onde a gente vai casar, não vai ter aquele papo de chegar atrasada, né?

Ohana: Todos estão tentando me convencer de que eu tenho de chegar atrasada... Mas eu esperei tanto por isso que não tenho intenção de atrasar um segundo!

Os dois riem e se beijam. As últimas semanas foram tão corridas que nem mesmo tiveram muito tempo um com o outro. Quando iam se deitar, estavam tão cansados que adormeciam juntos. Até parece que estavam combinando de deixar o melhor para a lua-de-mel.

O vestido finalmente fica pronto! Assim que o veste, Ohana sente que diferença existe entre cetim e tecido sintético! Por ela, não tiraria mais até o dia do casamento e, com certeza, não tiraria depois dele! Era muito gostoso de usar! As luvas também tinham ficado magníficas! Pareciam feitas para bonecas e não para ela! A tiara chegaria somente no dia, mas já havia sido enviada uma foto de como ficaria. Seria feita com mini rosas e flores silvestres, uma graça! O buquê seria dado pelo casal Summers: uma solitária orquídea, com um arranjo de folhas. Tudo amarrado com cipózinhos, num arranjo bem simples, mas muito bonito!

Assim que a viram de noiva – Ororo, Jean, Jubi, Moira e Kitty – foram unânimes: Ela estava linda! O tom brilhoso do cetim realçava ainda mais o verde de seus olhos e o vermelho de seu cabelo. O sapato escolhido para completar o conjunto foi bem simples, uma sandália sem salto, já que Ohana fez questão de não ficar mais alta do que Logan. Ela nunca tinha usado um salto, não ia ser no casamento que o faria. As outras não concordaram, disseram que ele ia adorar, mas ela foi inflexível em sua decisão.

Acabaram escolhendo uma sandália feita de tirinhas, como se quisesse fazer par com o buquê. O ar que ela tinha como noiva era o mais simples possível, sem grandes pompas, apenas pela extravagância de Warren a ruiva tinha ficado com um vestido tão caro! O restante era de bom gosto e de um preço aceitável, para um casamento.

Mas a simplicidade da noiva acabou sendo um martírio para a madrinha! Qualquer vestido que usasse apareceria mais do que a noiva e isso não era possível!... O mesmo estilista desenhou os vestidos das madrinhas, pois Ohana não poderia escolher apenas entre uma! Tinha que ser Ororo e Jean! Jubilee não foi escolhida por ter saído há alguns anos, para ajudar a organizar mais um Instituto, fora dos EUA e, com isso, perderam o contato. Quem estava sempre ao lado da noiva era a africana e a outra ruiva.

Ororo: Você chegou a ver a previsão do tempo, Ohana? Ao que parece, não vou ter que mexer tanto assim com a mãe natureza!

Ohana: Mesmo? Mas que ótimo! – sorri, aliviada. Não queria a madrinha voando por aí para que não chovesse nos convidados...

Ororo: Eu não pensei que fosse viver pra ver esse casamento, Ohana. Você realmente conquistou Logan! E isso é um prodígio! – comenta, ajudando-a a tirar o vestido.

Jean: É verdade, Ororo. Espero que vocês possam ser tão ou mais felizes do que eu e o Scott! – sorri, desejando com sinceridade e dobrando o vestido telecineticamente.

Ohana: Aiai! Como eu sinto saudades da minha telecinesia... Ver você fazendo isso me dá um aperto no coração, Jean!

A ruiva para na hora, jogando o vestido meio dobrado sobre a cama:

Jean: Oh! Desculpe, amiga. Foi sem intenção... – colocando a mão na boca e arregalando os olhos.

Ohana: Não! Não tem o que desculpar! Eu não devia ter falado nada... Mas é que eu sinto tanta falta. Nunca tinha me dado conta de como a usava, até perdê-la!

Ororo: É... Não sei o que faria sem meus poderes. Como você disse, todas nós fazemos uso deles constantemente, sem nos darmos conta.

Ohana: Até na... – ela enrubesce.

Jean: O que foi? – sorri.

Ohana olha o chão e comenta, baixinho:

Ohana: Eu não sabia que o Logan era tão pesado!

Ororo: Pela Deusa!

Todas riem, enquanto Ohana se senta na cama. Passam o dia assim, comentando assuntos frívolos. Kitty, Jubi e Moira saíram para verificar se faltava alguma coisa para o grande dia.

No final da tarde Logan passa pelo quarto e pergunta se podia "roubar a ruiva um pouco"; as duas amigas saem, dando os parabéns pelo dia seguinte.

Logan se senta do lado de Ohana e segura a mão direita dela, tinha um olhar diferente, como alguém que pretende fazer uma confissão, mas não sabe por onde começar. A ruiva não sabe se inicia um diálogo ou o deixa falar, não importando quanto tempo isso levasse...

Wolvie: Eu tenho umas coisas pra te falar, mas não sei se esse é o momento certo... Na verdade, eu nem sei se elas deviam ser ditas, ruiva...

Ela passa a mão no rosto dele, sente os pelos tão sedosos em sua mão, sorri:

Ohana: Se você tem dúvida, acho que não devia falar, querido... A dúvida leva a gente a se arrepender depois que falou. Mas eu vou estar sempre aqui pra ouvir, quando você achar que está pronto pra falar. Eu já disse uma vez e torno a repetir: você não vai se ver livre de mim tão cedo, Logan. – tira a mão do rosto dele e dá um suspiro de alívio – Finalmente chegou o dia. Acho que eu ficaria louca se tivesse mais uma semana!...

Wolvie: Eu também ‘tô feliz que tenha chegado. A gente vai poder descansar depois disso... – não tocou mais no assunto. Não estava mesmo preparado para falar de Mariko, Amiko e Yukio.

Será que seria melhor apresentar as três lá no Japão? O canadense não sabia o que fazer! Passando a mão pelo lábio dela, pelo pescoço, ele acaba se esquecendo para quê foi lá e os dois ficam se beijando, sem ter vontade de ir mais além... A noite chega e encontra os dois deitados na cama, abraçados, trocando carinhos. Kitty e Jubilee entram esbaforidas no quarto, atravessando a porta, ambas desmaterializadas pelo poder de Kitty:

Jubi: Adivinhem quem chegou?! – com um sorriso gigante no rosto.

Os dois levantam de supetão e Logan as encara e brada:

Wolvie: Mas que diabo é isso?! ‘Cês duas não têm mais educação, não?!

Kitty fica roxa! Esqueceu completamente de bater na porta, vieram atravessando todas as paredes para chegarem mais rápido e esqueceram do "pequeno" detalhe: Logan!

Jubi: Hii! Relaxa, Wolvie! Vocês não estavam fazendo nada, então, tá tudo certo! – diz, debochada, subindo e descendo a mão.

Wolvie: E se a gente tivesse? Qual ia ser tua desculpa, guria? – pergunta, encarando-a e se sentando mais na ponta da cama.

Kitty: Desculpe, Logan! Mas eles chegaram antes do combinado! Estou tão feliz! – e esfregava as duas mãos, dando pulinhos nervosos.

Jubi: Ela é lindaaaa! Vocês dois têm que ver!

Wolvie: Quem é linda, Jubi?! – levanta um pouco a cabeça, farejando bem fundo, depois de alguns segundos, esboça um sorriso.

Jubi: Hum... Agora está interessado, né? Mas acho que não preciso responder, pela sua cara! – sorri.

Ohana: Quem é que chegou, Logan? – questiona, sentando-se bem na ponta da cama, com os pés no chão.

Wolvie: É o casal LeBeau. Remy e Vampira! Além da Clarisse* – sendo interrompido pelo coro.

Kitty e Jubi: Ela é LINDA!

O canadense faz uma cara de enfado e suspira, sacudindo a cabeça. Mas será possível que elas só sabiam falar isso?!

Wolvie: Bom, vamos descer pra dar boas-vindas ao casal francês... – um tanto contrariado.

Ohana: Mas que voz é essa, amor? Não queria vê-los?

Jubi: Hehe, ele tá é com ciúme do cajun! – e se desvencilha de um tapa, segurando na mão de Kitty e sumindo, ambas, para a sala de baixo, atravessando o chão.

Ohana: Cajun?... – não entendendo nada e não sabendo se era saudável entender...

Wolvie: É um dos apelidos do Remy, pode também ser Gambit. Sabe o que é... – e não fala nada, esperando que a ruiva dissesse algo.

Ohana: Não... Mas dá pra imaginar. Agora, por que você teria ciúme de alguém, Logan?

Wolvie: É que esse não é "qualquer" alguém, Ohana. É um alguém que sabe o que falar pra uma mulher.

Ohana: Ótimo! A mulher dele deve gostar muito. Pra mim, eu fico feliz com o que você me diz, do jeito que me diz! Não importa pra mim o que ele fale! – sorri, tentando passar alguma certeza ao noivo.

Wolvie: Ah! Ruiva... Se ele te cantar, eu quebro a cara dele! – e fecha o rosto, fechando o punho de uma das mãos.

Ohana não responde nada, apenas segue resoluta para a porta, achando que Logan não confiava nela. Iria recepcioná-los, com ou sem ele!

Depois de alguns segundos, ele a segue; descendo os degraus como quem vai para uma execução. Todo esse clima ruim desaparece quando uma menina com seus sete anos aparece na parte de baixo da escada, um sorriso sincero nos lábios:

Clarisse: Você é mais linda do que eu pensava! – comenta para Ohana, com um sotaque afrancesado.

Uma coisa que todos descobririam acerca de Clarisse LeBeau é que ela sempre via o lado bom das coisas! Sempre! Muitas vezes, isso incomodava os pais, especialmente se estavam no meio de uma briga e ela vinha com "amo vocês, não briguem!" ou "estão brigando por outra mulher? Eu não a vejo aqui, por isso, não briguem!", contudo, estranhamente, eles paravam de brigar, mesmo ficando um pouco ressentidos. Mas a maioria do tempo, ela era o alento de Vampira; a felicidade de Remy! E, com isso, eles estavam parando de brigar por bobagens. Mas as "olhadas de rabo" de Gambit nunca deixavam Vampira feliz. Eles sempre brigavam por isso...

Clarisse: E você não parece em nada com o que meu pai disse! Ele é um mentiroso! – grita, subindo as escadas.

Assim que chega perto dos dois, abraça as pernas de Logan, olha-o nos olhos e sorri, faz o mesmo com Ohana e pede para ela abaixar com as mãozinhas:

Clarisse: Nossa! Seu cabelo parece fogo! O da Jean não é tão vermelho assim... – e a beija na bochecha, sorrindo marota e descendo a escada num movimento em câmera lenta de corrida, para não cair,  enquanto gritava para os outros que eles estavam vindo.

Enquanto continuam a descer, Logan consegue ouvir a voz de Gambit, explicando que o voo tinha adiantado, coisa que nunca tinha acontecido antes. Depois, ouve a voz inconfundível de Vampira, dizendo que foi ótimo, porque assim não tiveram que ficar esperando na ponte aérea. Estavam com a voz cansada, mas felizes.

Ohana comentava o quanto a filha deles era linda! Realmente, Kitty e Jubi estavam certas! Logan concorda, acenando com a cabeça e achando estranho ele também ter a mesma opinião. Na mente dele, nunca tinha visto uma menina tão linda assim antes! Nunca. O fato de ela ter conversado com ele, o tom de sua voz, tinha deixado o canadense bem mais tranquilo, receptivo. Seu semblante, antes carregado, estava límpido e passivo.

Dobram a porta de correr que separava o saguão de entrada da sala de visitas e encontram todos lá, sorrindo, cumprimentando, fazendo perguntas ao casal recém chegado. Gambit foi quem primeiro os viu, estava de frente para a porta, ao contrário de Vampira:

Remy: Mon ami!— fala alto, abrindo os braços e indo na direção de Logan.

Wolvie: Sai pra lá, Gambit! Desde quando tu abraça barbado?! – colocando o braço na frente.

Ele nada responde, apenas muda a trajetória para Ohana e dá um efusivo abraço nela. Enquanto ia à direção dela, comentava:

Remy: Não vai poder reclamar de eu ter abraçado sua noiva, non? Praticamente me empurrou para os braços dela, Logan! – sorri para a ruiva e dá uma piscada.

Ohana não sabe o que fazer! Olha para Logan, totalmente desconfortável com toda a situação. E totalmente fascinada pelos olhos preto e vermelho e pelo charme mais do que francês do cajun. Não sabia o que, mas tinha algo nele que seduzia...

Tentando descomplicar tudo, a ruiva entra no jogo, o abraça, beija, sorri e tenta fazer um esforço mental monstruoso para não cair na ladainha dele! Tanto, que sua cabeça começa a latejar sem dó. Ela coloca a mão na testa, franze o cenho. Nunca tinha sentido uma dor como aquela antes...
Logan percebe que ela não está bem, mas não tem tempo de perguntar pois Vampira lhe dá um beijo e um abraço, comentando:

Vampira: Pelo jeito já conheceu minha filhinha, né, gatinho? – apontando a garota que estava abraçada a uma das pernas dela.

Wolvie: Já, Vampira! E posso dizer que ela é tão linda quanto tu! Além do mais, é simpática, coisa que nenhum dos dois é! – e solta uma estridente gargalhada.

Vampira faz pouco caso, comenta que aquilo era só por ele não saber demonstrar toda a saudade que sentia dos dois, tudo num clima muito descontraído. Novamente Remy volta, dessa vez, com a mão estendida para um cumprimento formal:

Remy: Logan, você tirou na sorte grande, homme! – e sacode a mão do amigo – Ela é beau, mon ami...— mudando a voz para algo bem mais sexy e encarando a ruiva.

Vampira: Sr. LeBeau! Se não parar com essas cantadas baratas, a gente vai embora, hein?! – com cara de brava – Todo lugar é a mesma coisa, Gambit?... Poxa!

Remy: Mon amour, você sabe que Remy só tem olhos para você, vem cá... – e a pega pela cintura, dando-lhe um beijo de desentupir pia.

Todos ficam olhando, a maioria já estava acostumado, afinal, foram anos juntos, muitas vezes vendo os dois sofrerem com a distância que era muito mais recompensador vê-los juntos, aos beijos. Mas para os novatos, aquilo era demais! August não sabia onde colocar a cara, a maior parte dele queria ver, mas outra tinha vergonha de que Jubi o visse olhando. Quando olha para ela, não acredita: Jubi está olhando, descaradamente e toda feliz! Era esse o sentimento que suscitava ver Remy e Vampira juntos, em todos os que sabiam da "desgraça" que foi o poder dela, no início.

Vampira: Gatinho! Não exagera, senão vou pensar que você está querendo alguma coisa... – e sorri, passando a mão no rosto dele.

Wolvie: Mas que ótimo ver vocês, ainda mais felizes assim! Isso merece um brinde! – e enquanto fala, vai indo para a direção da cozinha. Gian vai atrás para ajudá-lo.

Remy: Logan nunca perde a oportunidade de beber, non?... – e ri, fazendo todos rirem.

Da cozinha, ouve-se a voz do canadense abafada:

Wolvie: Eu ouvi isso, cajun!...

Isso faz os outros rirem mais ainda!

A noite passa tranquila, Logan levou apenas algumas cervejas e, com isso, ninguém exagerou, guardando o melhor para o dia seguinte.

Jean e Ororo já tinham avisado aos dois para não dormirem juntos, pois cedinho, as duas estariam no quarto de Ohana dando início ao "dia da noiva". Do mesmo jeito, Warren e Gambit tinham combinado de levar Logan para uma despedida de solteiro naquela mesma noite e prometido que chegariam durante a madrugada. Logan deu sua palavra a Ohana de que não se atrasaria.

A ruiva não gostou muito de uma despedida de solteiro, ainda mais com o charme de Gambit ao qual a ruiva estava resistindo com força hercúlea e uma forte dor de cabeça! Sempre que a sentia, ele estava olhando para ela e Ohana pôde perceber que indo na direção dele, a dor passava! Isso só podia ser culpa do fator mutante dele!

"Mas que maldição ser mulher perto de um homem desses!", pensava, olhando fixamente para Logan na tentativa de esquecer todo esse estranho evento...

E assim a noite passa, com alguns se divertindo mais do que os outros enquanto a maioria dormia sossegada nos confortáveis quartos da mansão. Claro que Ohana não conseguiu dormir muito; pensava toda hora no que estaria fazendo Logan e aqueles "amigos" dele. O que estariam aprontando? Só descansou um pouco mais quando ouviu o barulho deles entrando. Aliás, ela foi a única a dormir, pois Gambit e Warren estavam bêbados e faziam muito barulho! Logan não dizia nada, estava cansado de tentar fazê-los calar a boca. Ficava em silêncio e subiu logo em seguida, deixando os dois ali, até que ouve a voz de Vampira chamando Remy para dormir. Como não tinha mais nenhum parceiro de farra, Warren também resolveu dormir. Não tinha graça aprontar sem ninguém para ver ou rir... Coisa de bêbado...

Antes de ir para seu quarto, Logan passou pelo de Ohana e o abriu silenciosamente. Ela dormia, até ressonava e, com isso, ele não entrou, apenas ficou olhando-a da porta, sentindo o cheiro dela: tão reconfortante e doce. Tão diferente da espelunca que os dois o tinham levado... Fecha a porta e vai deitar-se, respirando e suspirando longamente na cama. "Ela é estranha sem a Ohana do lado", pensa, enquanto seus olhos começam a fechar sozinhos.

Logo cedo, mesmo com a bagunça da madrugada anterior, como prometido, lá estavam Jean e Ororo, com vários cremes e loções na mão, toalhas, esmaltes, cosméticos, prendedores de cabelo, escovas e tudo o mais necessário para que a noiva brilhasse!

O casamento seria às 4 p.m. e todos os últimos toques estavam sendo dados no imenso gramado onde seria feita a celebração. Entregadores não paravam de bater na porta da mansão, alguns para entregar presentes de pessoas que não poderiam estar presentes, outros entregando bebidas, guardanapos e afins. Toda a prataria da casa seria novamente utilizada, assim como havia sido no casamento de Vampira e Remy e, antes deles, de Jean e Scott. Charles não queria poupar nada, pois em seu interior temia ser essa a última união da qual participaria. Ao menos, tão ativamente.

Ohana estava ficando tão relaxada que tinha medo de não querer mais sair daquela banheira! Era um banho mais gostoso do que o outro! Leite, rosas, chá de ervas, tudo regado com óleos e perfumes de deixar qualquer um com água na boca!

Do outro lado da mansão, vários homens davam palpites de como Logan devia estar, de como devia se pentear, se vestir, andar. Na verdade, o canadense não estava mais aguentando, estava prestes a explodir e, somente se controlava quando lembrava de Ohana e do quanto esse dia era importante para ela. Claro! Era para ele também, mas não com a mesma intensidade.

Com a quantidade de pessoas que estava na mansão e as que ainda foram chegando durante o dia, não faltou mão para ajudar e fazer com que tudo ficasse perfeito!

O caminho que a noiva deveria percorrer até o altar estava com um tapete branco. O altar estava todo enfeitado com flores e sempre tinha alguém que lembrava de algo para acrescentar ou retirar.

Enquanto isso:

Remy: Quer dizer, mon ami, que Ororo fez um arc'em ciel para vocês, non? – e fez um gestual com a mão explicando que era um arco íris – No meu casamento ela não ficou tão feliz assim...

Warren: Aposto como está pensando que ela ficou triste, pois estava apaixonada por você, não é? – e ri, fazendo Logan rir também.

Remy: Porquoi no?... – e faz cara de quem não está entendendo a impossibilidade do fato.

Wolvie: ‘Cê não muda mesmo, hein, cajun?!

Remy: Eu posso não ter mudado, mas você, Logan! Onde foi que arrumou uma mulher tão linda assim, ami? Aliás, ela tem uma semelhança incrível com a Jean... – comenta, já colocando a mão no bolso caso necessitasse de alguma carta energizada.

Mas o canadense nem responde. Na verdade, fica quieto e, depois de algum tempo, diz:

Wolvie: Eu não acho que ela parece a Jean, Remy... Sou gamado nela justamente por ela ser tão diferente. Uma cor de cabelo e de olhos não a faz parecida com a Jean. E eu tenho sorte mesmo de ter encontrado ela... – coloca o fraque e vira-se para eles.

A cara de espanto de Warren e Remy é evidente, já Kurt, que havia ficado quieto todo esse tempo, resolve falar:

Kurt: Mein freund, jamais te vi tão controlado e calmo assim! O Wolverine que conheço teria arrumado uma boa briga com Gambit pelas palavras atrevidas dele! – e lança um olhar de reprovação para o amigo.

Wolvie: Hoje não tem Wolverine nenhum aqui, Kurt. Só o Logan que vai se casar. Eu amo a guria como nunca pensei ser possível amar alguém antes... – fala a última frase em tom baixo, mas audível.

Kurt sorri, Warren também e Remy tem uma ponta de ciúmes por nada, afinal, estava casado com uma das X-Men mais bonitas! Muitas vezes, a mutação do cajun afetava a ele também, que não fazia nenhum esforço para controlá-la...

Remy: Mes amis, o que vocês acham de mudar um pouco a aparência do noivo, hein? Como bom francês, eu tenho sangue de cabeleireiro nas veias! – e vai até uma das gavetas, pegar uma tesoura.

Wolvie: Cara, tu nem francês é! E todo cabeleireiro é frutinha, coisa que você também não é, então: NADA DE ENCOSTAR NO MEU CABELO! *SNIKT*

Warren: Não concordo com o modo, mas sim, com o que ele disse: bem que você podia cortar o cabelo, não? Ia dar uma boa impressão... Ao menos por alguns minutos! – vai sorridente, tirar a tesoura das mãos de Gambit.

E assim a manhã passa, o início da tarde chega e a vontade dos noivos em se encontrarem vai crescendo... Todos tiveram de se esforçar para que não dessem cabo dessa vontade e estragassem a surpresa!

Os padrinhos já estavam prontos: Warren e Scott. As madrinhas estavam preparadas também: Jean e Ororo. De última hora, decidiram deixar Clarisse como daminha de honra e foi muito bom Vampira ter trazido alguns vestidinhos floridos na bagagem. A menina era linda, nada que se colocasse poderia fazer ficar melhor.

Assim que termina de se vestir, Ohana se senta na frente da grande penteadeira em madeira antiga. O quarto dela era um dos poucos que ainda mantinham os móveis da primeira decoração da mansão. Ela sentia-se perdida no tempo, sempre que entrava nele. O reflexo que vê não lembra em nada a assustadiça mulher de alguns anos atrás, Ohana tinha adquirido um brilho mais intenso no olhar quanto mais intensa era sua felicidade em ter podido conhecer aquelas pessoas e aprender a amá-las, mesmo com suas diferenças tão gritantes! Um leve suspiro é ouvido e, assim que volta a mirar o espelho, Ororo está ao lado dela:

Ororo: Está linda, criança! Só falta arrumarmos seu cabelo. A tiara acabou de chegar, junto com o buquê! – e estende duas caixinhas de papel branco na direção dela, apoiando-as na penteadeira.

Ohana sorri do modo como Ororo a chama. Não importa quantos anos tivesse, ela sempre seria chamada de "criança" pela amiga e, em qualquer lugar que estivesse, se ouvisse a voz sonora e cantada da africana a reconheceria, mesmo sem ser capaz de vê-la. Ororo tinha um duplo orgulho: em ser africana e mutante, isso a fazia ter uma pose que nenhuma outra X-Girl tinha; mas seu jeito simples, de quem entende as pessoas, nunca a fez ser debochada ou sentir-se mais capaz do que qualquer outro mutante. Mesmo tendo uma mutação única e extremamente cobiçada, isso jamais a afetou, pois, se tinha orgulhos, sabia muito bem como fazê-los reverter em meiguice e sabedoria, nunca em soberba.

A ruiva mira a amiga por alguns segundos, volta-se para as caixas e abre a superior, um pouco menor e mais baixa. Nela estava a tiara de mini rosas amarelas e rosa-claro, era linda! Contudo, algumas rosinhas haviam caído no transporte e, assim que as vê, Ororo tem uma ideia:

Ororo: Ohana! O que me diz de colocarmos essas rosinhas que caíram no seu cabelo? Eu tenho uma cola especial para isso, o que acha? – e sorri abertamente, deixando claro ser uma ótima ideia.

Ohana: Deixo minhas madeixas – e sorri – aos seus cuidados, o que me diz? – e vira-se, segurando a mão da amiga.

Ororo fica muito feliz e começa então a secar o cabelo dela e fazer alguns cachos, juntando em partes aleatórias algumas rosinhas. Por fim, coloca a tiara e deixa a maquiagem por conta da Jean. Como não estava habituada a usar muita maquiagem, não se podia decidir fazer isso agora... Então, Jean somente passou um batom quase no tom do lábio, fazendo uma maquiagem um pouco mais "agressiva" nos olhos, sem exageros. Ao final, a telepata estava orgulhosa do seu trabalho:

Jean: Modéstia à parte, ficou ótimo! O que você acha, Ororo? – pedindo para Ohana virar.

Ororo: Está perfeito! – e bate palmas.

Ohana sorri, concordava em número e grau com elas. Estava mais bonita do que sempre, já que nunca se achou feia e nem era desleixada.


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