— Concordo. – ela também queria conversar com ele e sabia que quando voltassem seria impossível – Realmente precisamos. – ela daria a bronca que queria em Renji sem faltas.

— Quem começa? – ele perguntou já supondo que os tópicos eram os mesmos

— Pode ser você. – ela permitiu já esperando pra ver se ele ia se desculpar e achando que tocariam no mesmo assunto.

— Ok. Vou  ser direto. – ela prestava atenção no que ele diria – Seja sincera, você nunca contou ou sequer comentou uma única vez com o Taichou sobre sermos uma família? – Rukia percebeu a tristeza em sua pergunta.

— Nunca. – ela suspirou e respondeu olhando para Renji.

— E eu achando que estava ficando louco. – ele automaticamente se decepcionou – Como conseguiu!? – ele estava claramente perdido e chateado.

— Renji, eu e você não agimos como uma família a décadas! – ela foi direta e Renji se mantinha atento às suas palavras – Mesmo estando distante na Academia eu não me importava pois sempre nos víamos e conversávamos em algum momento. – ela decidiu dizer tudo que queria e guardava consigo a tanto tempo – Porém quando eu fui adotada nós sequer nos cumprimentávamos mais! Você chegou até a me prender. – ela terminou lembrando de quando ele fora a Karakura com Byakuya prendê-la.

— Rukia, jura que você queria que eu tivesse te impedido? – ele seria honesto assim como ela estava sendo – Eu admito que não percebi sua tristeza naquele dia; mas eu estava feliz demais por você! Você conseguiu uma família íntegra! Com direito a endereço fixo e laços familiares reais! – ele se referiu ao fato de Byakuya ter sido casado com a irmã mais velha dela – E ainda descobriu de onde sua alma veio! (*para quem não sabe Rukia e Hisana eram humanas e as duas morreram quando Rukia ainda era bebe*). Até hoje tudo que sei é que desde que me entendo por gente eu existo aqui e a única família que tive foi você e o pessoal. – ele parou para pegar ar e ela aproveitou.

— Agora quem não entendeu fui eu. Você abriu mão da única família que tinha para que eu tivesse a minha!? – ela parou para pensar alguns instantes e se tocou de algo que nunca lhe ocorrerá – Cara você sabe o que é ser egoísta? Já tentou sequer uma vez ao menos? – ela aguardava uma resposta.

— Eu sei o que ser egoísta significa e nunca fui. – ela já esperava que ele respondesse isso – E eu decidi sim deixar que você tivesse a sua. O assunto não era comigo e decidi que não me meteria; ver você feliz era o que me importava. Eu apenas não achei que não olharia sequer nos meus olhos depois ou que você se esqueceria de tudo que vivemos. – suas palavras foram como como um tufão para Rukia.

— Renji.... – ela começou a deixar insistentes lágrimas escorrerem – Eu nunca esqueci de nossas aventuras eu só fui ensinada a viver de outra forma. Não é tão simples assim contar certas coisas nesse meio de vivência e eu achei que você queria se afastar depois de tudo. – agora foi a vez de Renji sentir seu coração apertar.

— Eu entendo o que está dizendo. – Renji a abraçou e ela começou a se acalmar – Demorei bastante para aprender e entender como o meio onde você está funciona. E fiz de meu objetivo alcançar o posto de tenente do 6° esquadrão para poder superar o Taichou um dia. – ele a afastou de leve e sentou-a na grama do morro – Lutei e treinei bastante por este objetivo, cheguei onde queria, já posso treinar sem receio com o Taichou nos treinos semanais e decidi por guardar suas costas até o fim. – estas últimas palavras surpreenderam Rukia.

— Porque decidiu isso? – ela não conteve a pergunta.

— Foram dois motivos. Um é que o Taichou realmente é alguém que faz por merecer o respeito que exige e o outro motivo é que estar perto da principal pessoa que integra sua família me faz sentir bem. – o segundo motivo deixou uma clara dúvida em Rukia – O que quero dizer é que posso ter certeza de que está tudo bem com ele, me inteirar de assuntos de um meio nos quais jamais me deixariam chegar nem perto e posso ter certeza que você está bem também. – ele parou quando viu Rukia se alterar de vez.

— Eu vou te matar Renji!!!! – ela berrou enfurecida e ele gritou apavorado (nãos sabia o que tinha dito de errado) – Você não consegue pensar em si mesmo não!? Todos esses anos você pensou nos outros e seguiu pelos outros sem pedir ou esperar por nada?! – ele agora entendia sua fúria.

— Era algo que queria conhecer no começo e acabou assim. – ela ainda estava brava – Graças a isso, a invasão do Ichigo e da turma, os problemas com o Aizen e todo resto eu e você voltamos a nos comunicar mas eu achei que, como vínhamos estando mais próximos, podíamos no mínimo voltar a ter aquele companheirismo de antes. – ele terminou e ela agora parecia triste.

— Apenas o companheirismo para que eu não tivesse problemas certo? – ele confirmou – Você é incorrigível cara! O Nii-sama não se incomoda com a situação e, na boa, nem sei se se incomodaria, porque ele tem em mente que eu e você somos apenas amigos da Academia. – Renji sentiu como se tomasse um tiro – Eu admito que não sei o que aconteceria se ele soubesse de tudo, e até acho que em algum momento já suspeitou de algo, mas sei que muitos problemas podem e vão vir agora que ele sabe que não fui sincera. – ela terminou triste.

— Sabe, você foi a primeira preocupação que tive. – ela o olhou curiosa – Quando a guerra acabou eu só queria saber se você estava bem e depois me veio que deveria saber sobre o Taichou também já que se ele não estivesse bem você não estaria e ele ainda é meu superior. – ela prestava atenção emocionada em tudo – Eu queria que você se sentisse melhor e estava preocupado, por isso enviei aquelas flores e fiquei perguntando para o mensageiro sua condição. – ele parou como se juntasse forças para dizer algo importante – Tudo porque eu gosto muito de você! – ele terminou e jurava que seu rosto e seus cabelos estavam da mesma cor.

Ela começou a tremer. Ele achou que tinha feito ou dito algo errado. Quando ela o abraçou chorando de emoção ele ficou bobo.

— Eu também gosto de você! – ela dizia em meio ao choro – E você também foi minha primeira preocupação quando tudo acabou. – cada palavra dela fazia com que Renji se aconchegante cada fez mais naquele abraço e até o fez tremer de emoção.

Para os dois era como  se o tempo tivesse parado! Eles finalmente haviam colocado seus sentimentos para fora e os admitido. Ao se afastarem as palavras escaparam enquanto seus olhos e toques diziam tudo! A situação foi ao ponto de se beijarem. Aquele sentimento tão bom e a tanto tempo reprimido agora era livre.