Segredos do Destino escrita por Bia Oliveira


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

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O movimento do veículo levou Christian a um estado de semiconsciência. Se tivesse escolha, teria preferido permanecer fechado na segurança da escuridão. Não sentia tanto frio quanto antes, mas agora experimentava uma dor forte na região do peito e no ombro direito. Teria preferido a sensação de frio.

Christian também notava um movimento para frente, e a sensação o confundiu ainda mais. O movimento era suave e uniforme demais para ser de carroça. Contudo, ele sentia estar em algum tipo de veículo. Mas que tipo de veículo seria? A pergunta continuava atormentando-o.

Não conhecia nenhum veículo puxado por cavalo capaz de oferecer uma viagem tão confortável. Reunindo as limitadas forças, Christian decidiu abrir os olhos e investigar a situação, mas logo descobriu que decidir abrir os olhos e fazê-lo eram coisas bem diferentes. Suas pálpebras pesavam como chumbo, e ele conseguiu apenas uma pequena fenda com um esforço exaustivo, cujo resultado não valeu a pena.

Podia ver pouquíssimo. Ou era noite ou encontrava-se parcialmente cego. E o exercício não foi apenas cansativo, mas frustrante também. Onde estava? Christian moveu-se com impaciência e dor, enquanto a pergunta ecoava em sua mente confusa.

— Aguente firme, amigo, estamos quase lá. Christian ficou imóvel ao som da voz encorajadora. Várias perguntas, todas sem respostas visíveis, dominavam sua mente. Estavam quase onde? E quem eram eles? Quem estava falando? Onde ele estava, afinal? Por que sentia o peito como se estivesse em chamas? A última pergunta despertou a memória de Christian.

Por um momento sentiu outra vez o frio do ar noturno, experimentando a sensação dos flocos suaves de neve contra seu rosto recém-barbeado. Naquele instante de lucidez, ouviu o eco ressonante de uma voz gritando seu nome.

— Christian! Christian, então, sofreu novo impacto. Mais uma vez ouviu os sinos da igreja convocando os fiéis, reviveu o choque da bala penetrando em seu peito e a queda lenta em direção ao cobertor macio de neve no chão. Ele havia sido alvejado... numa tocaia!

Diante da lembrança ele estremeceu, e surgiu em sua mente uma pergunta estarrecedora: estaria morto? A escuridão invadiu a consciência de Christian, e a pergunta permaneceu sem resposta. Confusão organizada era a única expressão capaz de descrever a chegada da ambulância e do carro de Anastasia ao hospital.

— Como estão os sinais vitais? — indagou a médica ao descer do carro, parado ao lado da ambulância diante da entrada de emergência.

— Ele está aguentando. — O jovem enfermeiro anunciou num tom um tanto admirado, sem desviar o olhar do ferido. — Não me pergunte como, mas ele ficou semiconsciente por um momento. Tentou falar, inclusive. Esse homem é forte como um cavalo. Deixando a porta do carro aberta, Anastasia correu para a ambulância para supervisionar a transferência do paciente do veículo para o hospital.

A porta automática abriu-se, e Anastasia imediatamente começou a transmitir instruções ao pessoal do hospital que esperava com outra padiola. Revelando a estima que ela gozava entre os companheiros, suas instruções foram seguidas com eficiência sem questionamento.

Sem ter notado a radiopatrulha entrando na área de emergência poucos momentos depois, Anastasia virou-se quando sentiu um toque de mão em seu ombro, preparada para repreender. Conteve-se, ao ver o uniforme azul.

— Sim, Jeff, o que é? — Seu tom traía impaciência.

— Preciso de algumas informações para o meu relatório. — Embora o tom do policial fosse educado, revelava um toque de inflexibilidade.

— Informação? — Anastasia repetiu num tom de espanto. — Jeff, o homem está inconsciente, quase morto.

— Bem... eu sei, mas... — o policial hesitou quando deparou com o olhar direto e frio dela. Anastasia suavizou a expressão do rosto e respirou fundo.

— Ele está sendo preparado para cirurgia. Se viver, você obterá a informação necessária.

— E se ele morrer? Anastasia sentiu um frio no estômago diante dessa possibilidade bastante real, mas escondeu os sentimentos.

— Aí você terá um desconhecido no seu relatório, Jeff.

— Certo — ele concordou, suspirando. Seguindo seu instinto, Anastasia virou-se. Dera alguns passos quando outra voz, feminina e ansiosa, a deteve mais uma vez.

— Dra. Steele, espere!

— Sim, o que é? — ela atendeu, ansiosa. A recepcionista da Emergência, uma mulher de meia-idade e de aparência aflita, parou num movimento brusco para não chocar-se com Anastasia.

— Tenho de obedecer ao regulamento. Vou preencher o formulário de admissão — a mulher explicou, ofegante, mostrando os papéis em sua mão. — Preciso de algumas informações do paciente. Aí Anastasia perdeu a paciência.

— Não posso lhe dar nenhuma informação sobre meu paciente porque não tenho. — Ela respirou fundo e então continuou, mais controlada: — O homem está ferido. Morrendo. Tenho de levá-lo à sala de cirurgia. A recepcionista ficou agitada.

— Mas, doutora, há custos! Quem será responsável?

— Eu, pronto! Não se preocupe! Virando-se, Anastasia cruzou o corredor, apressada, na direção dos elevadores. Sua expressão severa era suficiente para desencorajar qualquer um que tentasse atrasá-la.

Quando chegou à sala de operação, ela encontrou a equipe a sua espera. Sua irritação deu lugar, em parte, a uma grande sensação de satisfação. Poucos minutos depois, já usando os trajes esterilizados para a cirurgia, estava diante da pia, esfregando as mãos e os braços.

— Onde achou este paciente, doutora? — uma voz feminina indagou atrás de Anastasia. — Num estúdio em Hollywood? Espantada, Anastasia parou, olhando por cima do ombro para a pequena mulher parada à porta.

— Está tentando me causar um ataque do coração, Sally? A mulher sorriu com a familiaridade tranquila de uma longa amizade. Sally Wentworth era a enfermeira-chefe de Unidade de Terapia Intensiva, e a melhor amiga de Anastasia. Sua aparência pequena e frágil enganava. Sally era uma verdadeira usina de energia e tão resistente quanto aço temperado, e também a melhor enfermeira com quem Anastasia já trabalhara.

— Desculpe — Sally murmurou, sorrindo sem arrependimento. — A curiosidade me venceu.

— Curiosidade? — Anastasia franziu a testa. — Por que você se lembrou agora de estúdio de cinema?

— Já reparou no seu paciente? Parece que ele acabou de sair do cenário de um filme do velho Oeste!

— Ah... sim! É mesmo. — Anastasia voltou a esfregar as mãos. — A polícia o encontrou estirado na rua com uma bala no peito.

— Interessante. Quem é ele? — Não sei. A polícia não conseguiu identificá-lo.

— Eles têm alguma ideia de quem atirou? — Segundo consta, não há nenhuma pista. A vizinhança chamou a polícia porque ouviram tiros.

— Cada vez mais intrigante... Será capaz de salvá-lo?

— Farei o possível.

— Nesse caso, vou preparar uma cama para o vaqueiro. Terminando de lavar as mãos, Anastasia sorriu agradecida pela confiança da amiga em sua perícia.

— Nesse caso... — ela anunciou — mãos à obra! Faltavam exatamente quinze minutos para as duas da manhã de Natal quando Anastasia respirou fundo e aproximou-se da mesa de operação.


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