Segredos do Destino escrita por Bia Oliveira


Capítulo 2
Capítulo 2




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CAPÍTULO I

 

A neve começou a cair à tardinha da véspera de Natal, encantando as crianças. A princípio surgiram flocos leves e delicados, mas, à medida que a noite avançava, nuvens pesadas atravessaram as montanhas Pocono e descarregaram sua fúria sobre Conifer, uma cidadezinha da Pensilvânia.

Quando os sinos das igrejas anunciaram a chegada do Natal à meia-noite, uma camada de quinze centímetros de neve cobria a cidade. Dirigir no torvelinho de neve era difícil e perigoso para os motoristas mais alertas, e o cansaço tornava o percurso ainda mais angustiante para a Dra. Anastasia Steele. Aquele fora um dia longo para Anastasia. Às sete da manhã realizara a primeira de três cirurgias. Depois, atendera pacientes em seu consultório até as seis da tarde.

Após deixar o consultório, correu para casa a fim de tomar um banho rápido e trocar de roupa, e saíra apressada outra vez para um jantar às sete e meia, num restaurante afastado, o favorito dos médicos e advogados do lugar. Embora Anastasia fosse um tanto solitária, seu companheiro de jantar, Richard Quinter, desfrutava de grande prestígio naquele grupo seleto e na elite da cidade, por ser o único herdeiro de uma enorme fortuna. Aquela noite devia ter sido agradável e relaxante para Anastasia.

Era Natal, e a partir do dia seguinte entraria em férias por dez dias, e seu único compromisso era a ceia na casa dos pais de Richard, uma companhia interessante e divertida. Mas aquele encontro havia sido diferente dos anteriores. O tom da conversa de Richard de repente mudou de casual para sério.

— Receio que as condições da estrada vão piorar — ele anunciou logo após Anastasia chegar ao restaurante. — Eu não devia ter deixado você dirigir até aqui. Poderia buscá-la em seu apartamento. "Como não devia ter-me deixado dirigir? Quem é Richard para impedir-me de qualquer coisa? Como é autoritário!", pensou Anastasia. Entretanto, como não queria começar a noite com uma discussão, ela decidiu que não se incomodaria em ouvir as asneiras de Richard. — Quando formos embora, vou segui-la no meu carro... — Richard continuara logo que sentaram — para me certificar de que chegou bem em casa!

— Não precisa — ela respondeu, contendo a raiva.

— Mas... — Richard, sou perfeitamente capaz de dirigir até minha casa. — Quando ele abriu a boca para contestar, Anastasia o distraiu:

— Vamos tomar vinho? Cavalheiro, Richard apressou-se a atendê-la, chamando o garçom. Anastasia esperou que passassem a noite discutindo as trivialidades habituais, mas logo se tornou óbvio que ele buscava um rumo diferente para a conversa, com um tom possessivo, deixando Anastasia apreensiva.

Embora gostasse dele, não o amava. E, por escolha dela, não eram amantes. Apesar de gostar de sua companhia, Anastasia não se sentia inclinada a aprofundar o relacionamento, nem física nem emocionalmente.

Aos trinta e um anos, acostumada a ter liberdade e independência, Anastasia não tinha pressa alguma em mudar seu estilo de vida. Sucesso profissional e segurança financeira não lhe faltavam, e não procurava amor nem um caso. Naquele momento pretendia apenas um feriado repousante, não um esconde esconde emocional.

Agora, à meia-noite e vinte de um dia de Natal repleto de neve, Anastasia percebeu que a última coisa que precisava era de um envolvimento com Richard ou qualquer outro.

Segurando firme o volante, ela rangia os dentes e dirigia devagar pelas ruas vazias. Num cruzamento fez uma curva à direita com cuidado, e, no mesmo instante, arrependeu-se da manobra que fizera. Ali, à sua frente, um "presente" nada agradável naquela madrugada de Natal: a visão desalentadora de duas radiopatrulhas atravessadas no meio da rua. Uma batida à-toa ou um acidente grave? Anastasia imaginou, parando o carro a uma boa distância das viaturas. De qualquer maneira, poderia haver alguém ferido.

A indecisão a dominou. Devia seguir em frente, ir para casa, ou descer do carro e prestar socorro? Em menos de dez segundos ela decidiu. Anastasia era uma excelente e escrupulosa médica, e seus princípios apontavam apenas para uma opção: descer e ajudar.

Era médica, ponto final. Passou a mão pelo cabelo loiro caído até os ombros num gesto inconsciente, abriu a porta do carro e saiu ao vento cortante, levantando a gola do casaco comprido enquanto caminhava pela neve. Contornando as viaturas, ela encarou o brilho dos faróis.

A cena pouco iluminada não combinava nem um pouco com a época festiva, pensou, reconhecendo os quatro policiais uniformizados parados num semicírculo. O sorriso de saudação desapareceu ao perceber o corpo de um homem estirado na neve.

— Boa noite, Dra. Steele — cumprimentou o patrulheiro Jeff Klein, tocando o quepe com a mão enluvada. Anastasia cumprimentou com um gesto rápido de cabeça.

— Que aconteceu, Jeff, atropelamento com fuga? — ela indagou, notando a ausência de outro carro na rua enquanto se aproximava do corpo.

— Não. — A expressão e o tom de Jeff revelavam consternação. — Recebemos um chamado há quinze minutos de alguns moradores comunicando terem ouvido tiros de rifle. — Ele inclinou a cabeça. — Quando chegamos aqui, encontramos este corpo. Ele tem uma bala no peito. Anastasia parou ao lado do corpo inerte na neve.

— Quem é ele?

— Não sabemos... — Jeff encolheu os ombros. — Já o revistamos, mas não encontramos nenhuma identificação. Encontramos apenas um relógio e uma insígnia, ambas com um aspecto velho, como antiguidades.

— Estranho — Anastasia murmurou, desviando o olhar do policial para a vítima.


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Notas finais do capítulo

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