A Cilada escrita por AngelSPN
Notas iniciais do capítulo
Um grande abraço aos leitores que porventura adentrarem nesse mundo mágico da leitura.
Dean sentiu cada músculo de seu corpo perdendo o torpor e em seu lugar a consciência aos poucos retornava, sua audição e visão estavam enevoadas e as conversas e imagens ainda não faziam sentido.
— Ele está acordando, amarre-o de uma vez. Não quero ter que quebrar os ossos deste idiota — dizia o grandalhão ruivo com a barba trançada formando um Y.
— Qual é Duncan, com medo do garoto? As garras deles foram tão profundas? — O outro homem de pele negra gargalhava arrastando o corpo semiacordado do Winchester.
— Não me provoque Hanz, não estou a fim de escutar suas piadinhas. O trabalho é deixar ele aqui, bem amarrado e impotente de qualquer tentativa de escape. Pegamos a grana e partimos para o próximo contrato. Quem sabe desta vez possamos matar alguém, odeio prisioneiros dão muito trabalho — o ruivo dizia averiguando o esconderijo.
Dean sentiu os pulsos sendo atados por uma cinta e pressionado fortemente na pele. Tentava focar a visão, apenas borrões. O homem que o prendia levantou-o e o colocou preso a um gancho, deixando a ponta dos sapatos encostarem o piso. Aquilo certamente renderia dores em seus membros agora adormecidos. Sentiu as mãos do seu agressor percorrer seu corpo e tentou lutar contra o homem que apenas gargalhava.
— O loirinho acha que vou tirar uma casquinha dele. Olha como ele se esquiva, Duncan?—o ruivo falou ao pé do ouvido de Dean.
— Ah me poupe de suas perversões. Por mim arrancava a pele desse branquelo. Meu braço está queimando feito o inferno — o homem negro de cabeça raspada olhava para o braço arranhado.
Os dois homens pareciam uns armários, eram fortes e deveriam ter em média uns 45 anos de idade. Não eram amadores. O homem negro parecia ser o cabeça da dupla, estava fechando um papel sobre a mesa, provavelmente um mapa e o jeito que ele dava as ordens ao comparsa o deixava no comando. Dean começava a discernir as palavras e a visão voltava e escurecia. Resolveu manter-se calmo até surgir a oportunidade de golpear o grandão com os pés ainda soltos. Viu o outro homem sair com o tal mapa enrolado, deixando o tal de Hanz terminar o trabalho de imobilizar sua vítima. Dean deixou a cabeça pender para baixo, como se tivesse desmaiado.
— Ora...ora. O amiguinho ainda está com muito clorofórmio no corpo. Vamos juntar os pés, camarada? — Disse o homem dando as costas ao loiro.
Dean Winchester agiu rápido, prendeu suas pernas no pescoço do homem. Pego de surpresa e sentindo a pressão em sua jugular a luta do homem corpulento parecia vacilar. Dean estava todo espichado, esforçava-se ao máximo. Sentiu as defesas do grandão começarem a abandoná-lo. O loiro sentiu o pescoço do homem começar a virar e o desgraçado não perdia a consciência e em um último esforço Dean sentiu as mãos do homem socando suas pernas, tentando desvencilhar-se daquela pressão. Hanz começava a engasgar, como um homem daquela estatura estava sendo derrotado por um moleque entorpecido? Dean sentiu a dor na perna direita, acho que ele nunca iria se recuperar dela, já que vivia entrando em alguma fria.
Os socos de Hanz tornaram-se mais fracos, e o loiro começava a dominar a situação. Ouviu os passos do outro comparsa se aproximar. Sabia que isso iria acontecer, mas tinha esperança de ter mais tempo.
— Oh Hanz, vamos fazer uma parada. Preciso comer. Termina logo isso. Te espero na van — gritou o homem sem se dar conta dos grunhidos do grandalhão.
Dean sentiu a sorte estar ao seu lado. Hanz agora jazia no chão com o pescoço quebrado. O loiro lamentou momentaneamente, afinal era ele ou o grandão. A adrenalina estava percorrendo cada centímetro de seu corpo, olhou para suas mãos presas e sustentadas pelo gancho. A pele de seus pulsos estava em carne viva, o sangue deixava ainda mais escorregadio. Tentava inutilmente sair daquela situação. O corpo do grandão estava próximo de suas pernas, utilizou o corpo do homem como degrau, ainda assim teria que dar um impulso para trás na tentativa de livrar-se do gancho. A primeira tentativa fez o loiro apertar os lábios e fechar os olhos de dor, o gancho afiado rasgou parte de sua mão. Tomou fôlego, ouviu os gritos de Duncan chamando o comparsa. E por não ter resposta era óbvio que o careca iria aparecer a qualquer instante. Dean começou a ouvir a voz do outro se aproximando e em um último esforço o gancho ficou preso em cima da cinta, agora Dean colocava o peso de seu corpo para baixo até sentir a cinta que o prendia romper-se.
A queda no piso ensanguentado e escorregadio quase o deixou ali mesmo, caído e inconsciente. Mas seu corpo o alertava do perigo. Viu um rifle na mesa onde haviam tirado o mapa, meio trôpego e as pernas cambaleantes deixou-se cair sobre a mesa. A mão direita estava muito machucada, sorte ser bom com a esquerda. Pegou a arma e escondeu-se atrás de uma pilha de madeiras empilhadas.
Duncan adentrava o recinto com um revólver na mão. Sabia que algo estava errado, Hans nunca parava de tagarelar e essa quietude o alarmou. Viu o corpo do comparsa no chão e pela posição do parceiro sabia que estava morto.
—Hey, cabelo espetado. Apareça e não vou matá-lo. Não me force a isso. Mas se assim for o caso o farei de bom grado — a atenção do homem estava em qualquer som, em qualquer movimentação.
Dean tentava manter a respiração baixa, não estava em posição adequada para interceptar seu raptor. Esperou analisando a situação. Olhou para a saída, havia outra pilha de madeiras. Se conseguisse esgueirasse até ela poderia fugir e até mesmo ter uma melhor visão do inimigo.
— Já te disse cara, apareça. Irei te caçar até o inferno se for preciso — O homem falou agachando-se pressionando o dedo na jugular de Hanz. Constatou o que já imaginava, Hanz estava morto.
Dean atirou um pedaço de madeira do lado onde ele intencionava ir, sabia que era arriscado, mas surtiu o efeito desejado. O homem ao invés de seguir para onde ouviu o barulho virou-se para o lado contrário. Dean aproveitou a distração e levantou-se rapidamente em direção a saída. Mas não contava que seu corpo lhe negasse essa ação. Sentiu-se tonto e desabou ao chão, chamando a atenção do seu algoz, a troca de tiros havia sido inevitável.
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