The Mermaid Tale escrita por Luhni


Capítulo 19
Uma conversa entre sereias


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Eu sei, era pra ter postado ainda em julho, mas eu acabei me empolgando escrevendo e depois voltei a trabalhar e só tive tempo de postar hoje. Eu acabei deixando o capítulo muito grande, sério, ele ficou maior que isso, mas eu prometi a mim mesma que não faria a mesma coisa que acabou acontecendo com Reparação que tem capítulos gigantes de 10.000 palavras ou mais (e que eu não consigo deixar menor mais), por isso eu decidi cortar o capítulo e dividi-lo, então em breve vocês terão outro capítulo, no caso o de agosto, nas suas mãos para lê-lo, olha que legal! ;)
Muito obrigada a todos que estão comentando e favoritando, fico muito feliz com isso! Vou respondê-los em breve, prometo!
Boa leitura e até as notas finais!



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                Ino sem acreditar no que via, começou a nadar para trás, tentando se afastar da imagem da irmã nos braços do humano, mas quando deu por si, seu corpo batera na lateral do vidro que a prendia e chamou a atenção dos dois que se separaram rapidamente. Ela viu o humano ficar sem graça, virar o rosto para o lado e falar algo para em seguida deixar Sakura sozinha que suspirou. Ino somente não sabia dizer se era por alívio ou por outro sentimento. Viu a irmã voltar-se até ela determinada. Mas logo seu semblante mudou ao ver a expressão angustiada no rosto de Ino.

“Ino..” tentou chamar a irmã e viu a loira franzir o cenho e nadar o mais rápido que conseguia com aquele peso prendendo suas mãos. Ela bateu no vidro furiosa e Sakura recuou, assustada pelo comportamento da irmã.

                O que estava acontecendo? Tentou falar algo ou entender Ino, mas a sereia não se acalmava para ouvir a mais nova e Sakura não conseguia chamar a atenção de Ino e como essa também não podia falar a comunicação era quase impossível. Viu a água dentro do vidro se agitar e a cauda de Ino balançava de um lado para o outro e soube que não fizesse nada, sua irmã romperia o vidro.

“Ino, calma, se romper o vidro, pode se machucar e não teremos...” tentou contornar a situação, e a sereia esforçou-se para retirar aquela amordaça. Sakura ao perceber o que a irmã faria, aproximou-se mais e pediu para ajudá-la.

                Ino ignorou a ex-sereia e, mesmo sentindo os pulsos ficando feridos, conseguiu abaixar o pano que a impedia de falar. Sakura ficou, momentaneamente, contente pela atitude da irmã, até ver os orbes azuis brilhantes e tão furiosos que não conseguiu evitar se encolher, principalmente depois de ouvir aquelas palavras:

— Traidora! Amante de humanos! – clamou com toda a sua fúria.

—*-

— Realmente interessante... – murmurou consigo mesma enquanto via a imagem das duas sereias. Riu ao ver o rosto assustado de Sakura, aquela sereia era uma tonta. Nunca conseguiria voltar para o mar e mesmo assim...

                Franziu o cenho ao perceber que ela estava durando muito no mundo humano. Pensara que a tola iria sucumbir quando vira que fora enganada e depois ao se juntar com aqueles piratas imundos, mas ela sobrevivera até às Seriens e mesmo quando encontrara os Sussurrantes a ex-sereia conseguiu continuar viva. Bufou enquanto penteava os longos cabelos, agora, loiros. Em parte a culpa era dela, achara que seria um bom negócio, ganharia as longas madeixas loiras e se livraria de duas filhas do Rei dos Mares ao mesmo tempo. Imaginava que Ino não conseguiria chegar a tempo e morreria dentro da caverna junto com a irmã. Não contava que aqueles humanos salvassem a sereia loira.

Algo interessante sobre os acordos era que ela até podia distorcê-los, como fez com Sakura, ao aprisioná-la no mundo humano, e Ino, ao restringir suas chances de escapar da caverna, mas ela ainda tinha que cumprir uma parte do acordo e isso significou dar pernas à Sakura e a adaga à Ino, o resto era apenas o destino se cumprindo. Porém tinha que admitir que a sorte parecia andar ao lado daquela sereia de madeixas rosadas, até agora.

                O destino voltava a sorrir para si, descobrira algumas coisas interessantes sobre os comandantes daquele navio. E o fato deles terem prendido Ino também era algo favorável a si. Sorriu com o plano que bolava em sua mente. Em breve Sakura iria perder tudo novamente. Sem família, sem amigos, seria abandonada a própria sorte e quando ela estivesse desesperada... aparecia para ela a fim de firmar um novo contrato. Teria a sereia para si, seria sua escrava, e o seu plano de conquistar os mares estaria mais perto de se realizar. O Rei dos Mares se arrependeria de exilá-la. O que será que ele faria quando tivesse uma das suas lindas filhas nas mãos? Riu antes de fazer a imagem mudar e logo viu o humano que procurava.

                Seus olhos brilharam com a beleza desse. Talvez pudesse se divertir um pouco no mundo dos humanos mais para a frente. Porém, por enquanto apenas daria uma força para que o destino acontecesse da forma como queria. Talvez um pequeno desvio de caminho para que um encontro acontecesse muito em breve.

— Agora é que a aventura começa, pequena Sakura. Será que você conseguirá sobreviver ao ódio dos humanos? – comentou consigo antes de rir e em seguida voltou às suas poções. Precisava se preparar para o que estava por vir.

—*-

                Sakura não conseguia acreditar nas palavras de Ino. Como ela podia dizer algo assim? E como se um estalo lhe ocorresse lembrou-se do abraço do Contramestre, mas aquilo nada tinha a ver com o que Ino lhe acusara. Não tinha nada com Sasuke, era apenas um gesto de apoio que aprendeu com os humanos. Mesmo que os braços dele tenham lhe aquecido e ela tenha se sentido protegida e muito bem ali, ela sabia que a ideia era justamente essa, ou pelo menos pensava assim. Balançou a cabeça veementemente afugentando esses pensamentos e voltou-se a Ino que continuava agitada. Ela notou que os pulsos da irmã pareciam feridos e temeu por ela.

                Colou-se ao vidro e apontou para as mãos presas, pedindo que se acalmasse.

“Eu vou lhe explicar tudo, mas por favor, calma! Você está se machucando!” avisou e começou a chorar sem conter as lágrimas. Realmente era uma tola que chorava por tudo, mas não suportava ver alguém que gostava se machucar.

                Ino, que também tinha bom coração, foi tocada pelas lágrimas da menor e procurou sorver a água onde estava para se acalmar. Sakura também respirou fundo e começou a mexer os lábios para se justificar.

“Me perdoe Ino, lá na caverna, eu quase não consegui sair de lá e eu recuperei a minha voz, mas então de de repente eu descobri que ia a perder e fiquei arrasada e...”

— Como assim, “recuperou a sua voz”? Sakura, fale mais devagar, fica difícil ler os seus lábios assim! – Ino a interrompeu e a garota aquiesceu, tentando organizar seus pensamentos.

“Eu consegui a minha voz dentro daquela caverna, mas não passou de uma ilusão. Descobrimos que eu a perderia novamente e eu... eu fiquei arrasada...” Sakura parou o relato, desviando o olhar. Mas logo suspirou e voltou a encarar a sereia que parecia um pouco mais calma e atenta ao seu relato.

“Eu fiquei desnorteada com tantos acontecimentos juntos e quando percebi, Neji e Gaara...” ouviu a outra bufar e algumas bolhas se formaram com o ato, Sakura sorriu sem graça ao ver que os humanos realmente haviam irritado sua irmã “Eles lhe apresentaram como um prêmio”.

— Aqueles humanos nojentos, eles tocaram em mim! – falou ultrajada, a raiva voltando a si rapidamente – Como você suporta isso? – mas em seguida novamente seus olhos brilharam em irritação e falou debochada – Na verdade, eu sei... você é uma traidora!

“Ino! Eu não te trai!” rebateu e bateu no vidro para demonstrar que isso estava a irritando.

— Como não? Você me abandonou! Se não fosse por aqueles humanos, talvez nem estivesse viva! Você... – hesitou antes de continuar com a voz magoada – Você esqueceu de mim, Sakura...

                Sakura sentiu seu peito doer com as palavras de Ino, quis retrucar, mas ela realmente havia esquecido da outra, mas não da forma como ela pensava. Não era uma traidora.

“Ino, eu estou no mundo humano há meses. E durante todo esse tempo eu só tenho pensado em voltar para casa, para você e nossas irmãs. Eu sinto tanta, tanta falta de casa... Eu sinto tanta falta de poder cantar e por um breve momento eu pude ter a minha voz de volta, você sabe o que é isso?

                O silêncio de Ino foi a resposta que teve e Sakura viu que ela refletia suas palavras.

“O que eu fiz foi imperdoável, não devia ter abandonado você ali, e peço perdão por isso, mas não tinha como eu tirá-la de lá sozinha. Dois humanos foram necessários, então mesmo que eu ficasse ali, não iríamos escapar. Apenas fiz o que achei mais sensato e depois tudo começou a acontecer rápido demais e saiu do meu controle. Porém o mais importante é que você está bem!”

Apesar de continuar um pouco magoada, sabia que esse sentimento negativo se dissipava cada vez mais ao refletir sobre o que a irmã passava. Uma sereia sem voz! Isso era inconcebível e Sakura devia estar sofrendo muito. Realmente não conseguia imaginar o que era ter a chance de recuperar a voz somente para descobrir que perderia o seu dom novamente, devia ser devastador. Ino não conseguia nem imaginar, afinal se só a perda do seu cabelo a fazia ficar triste, imagine não poder se comunicar direito?

— Por que deixou eles me prenderem aqui? – Ino voltou a indagar e encolheu-se ao observar sua prisão. Não pertencia àquele lugar, queria voltar para casa, para o mar.

“Eu tentei te salvar, mas eles não me ouviram. São teimosos demais...”

— Pelo visto, os humanos não são tão fascinantes assim – debochou da irmã que aquiesceu.

“Eu aprendi que nem todos os humanos são bons e, acredite, foi da pior forma... eles têm muito a evoluir, mas...” se interrompeu ao recordar das palavras do Capitão e do Imediato sobre o passado deles “nem todos são ruins, alguns estão apenas perdidos devido à maldade do mundo humano”.

— O que isso significa? – Ino franziu o cenho sem entender completamente a irmã – Vai me manter aqui? O que eles pretendem fazer comigo? – questionou sem ter paciência para entender os sentimentos humanos.

“Eles têm um objetivo e precisam de dinheiro, por isso precisam de você. Mas não sei o que o eles farão ainda. Eles acham que outros humanos... pagariam muito bem para poder ver uma sereia de verdade” contou o que sabia do plano dos piratas e Ino arfou.

— E mesmo assim você abraça os humanos que vão usar sua irmã – criticou e Sakura negou.

“Eles não vão te usar... mesmo que eu entenda os motivos deles agora, eu nunca deixaria que te prendessem. Eu vou te tirar daqui, irmã! Eu prometo!” colocou a mão no vidro e Ino apoiou a sua no mesmo lugar, queria tanto acreditar naquilo, queria tanto que ela conseguisse fazer isso, mas...

— E o humano, Sakura? – fez a pergunta que ainda a corroía depois da cena que vira. Sakura arqueou uma sobrancelha, se entender e a sereia afastou-se para explicar melhor – Aquele que estava com você a pouco aqui no convés, com olhos de tempestade... – e ao ver que Sakura sabia de quem falava, continuou – O que ele significa para você?

                Sakura arregalou os olhos com a pergunta da irmã. O que ela queria dizer com isso? Mesmo assim tentou formular uma resposta.

“Ele é o Contramestre do navio, o segundo em comando. Ele não é muito paciente comigo e nem com ninguém, na verdade” sorriu levemente ao lembrar todas as vezes que Sasuke gritara consigo e com o resto da tripulação “Ele é muito reservado e, às vezes, um pouco grosseiro, mas ele parece ser uma boa pessoa e já me salvou algumas vezes”.

                Ino apenas observava a forma como Sakura falava do humano, estudando como ela falava dele, parecia que tinha um carinho por ele, mas não sabia dizer se era algo diferente ou o mesmo sentimento de admiração que ela sentia por todos daquela espécie, até porque ela não entendia esse sentimento que a irmã nutria pelos humanos. Porém isso a preocupou do mesmo jeito. Sakura não poderia se apaixonar por um humano! Nunca, jamais! Isso seria um desastre.

— Sakura, preste atenção – chamou Ino – Você tem que voltar para casa o mais rápido possível, não pode ficar com os humanos, entendeu? O mar é o seu lar, nós somos a sua família! – pediu e Sakura novamente ficou confusa com as palavras aleatórias da irmã, mas concordou.

“Eu sei disso. O que eu mais quero é voltar para casa” e viu a irmã parecer aliviada após o seu comentário. Aproveitando que Ino estava mais calma, decidiu tentar a sorte. Mordeu os lábios um pouco receosa, antes de seguir em frente com o que tinha de dizer “Ino, eu preciso que você confie em mim, você confia?”

                A pergunta pegou Ino de surpresa, mas a loira aquiesceu um pouco desconfiada. O que ela tinha em mente?

“Eu vou te tirar daqui, mas primeiro eu preciso arranjar um modo sem que ninguém desconfie de mim, por isso...” olhou para a loira que já franzia o cenho não gostando daquela conversa “Por isso você deve fingir que ainda está amordaçada e não deve falar comigo. Eles não podem descobrir que somos irmãs!”

                Ino refletiu sobre as palavras da mais nova, queria retrucar, queria dizer que podia enfeitiçar os humanos e mandar que a libertassem, mas eles poderiam pensar que Sakura havia sido responsável por tirar suas amarras. Ali não era o seu mundo e Sakura ainda estava presa aos humanos, por isso resolveu seguir as ordens da irmã que suspirou aliviada.

— Acho que nem você confia tanto nesses humanos, não é mesmo? – comentou e Sakura desviou o olhar, envergonhada. Ainda tinha medo do que eles poderiam fazer e era melhor que o seu segredo continuasse sendo um segredo.

                Antes que pudesse dizer algo mais, foram interrompidas ao ver Neji e Gaara despontarem no convés. Ino rapidamente cobriu a boca com aquele pedaço de pano e sentiu os pulsos arderem pelo peso que ainda carregava. Sakura virou-se para os dois piratas que riam de alguma coisa.

— Olha só quem resolveu aparecer! – Gaara foi o primeiro a se aproximar, sem se abalar com a sereia que continuava atrás de Sakura dentro da sua prisão de água – Então, Grumete, sente-se mais calma agora? – indagou e Sakura aquiesceu sem saber o que pensar exatamente. Estava mais preocupada em fazer o seu coração desacelerar, com medo que eles tivessem ouvido a sua conversa com a irmã.

                Gaara franziu o cenho ao ver o nervosismo da menina e colocou a mão no ombro dela para chamar a sua atenção, porém assustou-se ao ouvir o barulho de algo se chocando e pode ver a cauda da sereia se movimentando de forma agressiva contra o vidro. Gaara puxou Sakura para trás de si, que também estava surpresa pela reação da irmã e observou como Ino parecia furiosa com o fato do humano a tocá-la. Pelo visto ela estava sensível à aproximação dos humanos com Sakura.

— Céus, ainda está chateada porque a capturamos, peixinha? – Gaara debochou e os olhos de Ino brilharam em fúria, o que desesperou Sakura. Desse jeito a sua irmã não ia conseguir se controlar.

— Sakura, é melhor não ficar muito próxima do tanque – Neji falou ao seu lado, segurando o braço da menina e Ino novamente bateu no vidro com a cauda – Acha que aguenta? – Neji indagou ao companheiro que observava atentamente o vidro.

— Se não aguentar é pior para ela, pois terá que ficar dentro de uma bacia com água – debochou e sorriu ao ver aqueles lindos olhos azuis se arregalarem com a perspectiva – O que foi, peixinha? Não gosta de tomar banho ao ar livre? – brincou e Ino teve vontade de afogar aquele humano como nunca antes teve.

“Gaara!” puxou a manga do pirata que a encarou. Era melhor desviar a atenção do ruivo antes que Ino as colocasse em apuros. “O que vocês vieram fazer aqui?”

— Ora, viemos ver você! – disse o óbvio e Sakura ficou sem graça, principalmente ao ver que era objeto de escrutínio da irmã – Você não comeu direito e Neji disse que havia ficado no lugar dele – e ao olhar para o Hyuuga o viu aquiescendo.

— Trouxemos comida – foi só então que Sakura notou o prato nas mãos de Neji. Ela realmente ficara tocada pelo gesto e sorriu em agradecimento.

— Pensamos que você devia estar com fome, quem sabe sua racionalidade volte depois de comer um pouco – Gaara debochou e Sakura revirou os olhos com a ideia. Ainda viu o ruivo se voltar para Ino, provavelmente querendo mexer com ela novamente, mas Sakura segurou na sua blusa, impedindo-o.

“Deixe-a em paz. Por que está a perturbando tanto?” e fez um biquinho indignada com aquilo.

— Já viu uma criatura tão bonita quanto essa antes? Não canso de olhá-la – Gaara murmurou admirado em direção a Ino que arqueou uma sobrancelha enquanto Sakura e Neji se entreolharam, surpresos com a sinceridade do Sabaaku.

— Não vai me dizer que está encantado pela sereia? – Neji disse dando um tabefe na cabeça do amigo que franziu o cenho com raiva.

— Claro que não! – virou para o amigo – Apenas gosto de interagir com os outros e dessa forma é mais divertido, principalmente porque ela não poderá rebater – e apontou para trás de si com um sorriso.

“Você tem um jeito estranho de demonstrar que gosta dos outros” Sakura comentou ainda surpresa e Gaara deu de ombros, mas logo abriu um sorriso e se aproximou da Grumete.

— Não precisa ficar com ciúmes, Grumete. Você também é uma bela criatura – comentou ao levantar o queixo de Sakura com os dedos para encará-la.

                Sakura ficara tão aturdida pela escolha de palavras dele que nem ao menos reparou na proximidade do ruivo, até Neji interromper o momento ao bater novamente na cabeça de Gaara que riu. Por que ele havia utilizado a palavra “criatura” e não humana? Pensou e logo ficou preocupada com o que o pirata poderia estar insinuando até ver o rosto furioso de Ino atrás de si. Por Tritão, o que ela estava imaginando agora? Suspirou e sorriu sem graça para ela antes de voltar a prestar a atenção na conversa dos homens.

— Pare de gracinhas, Sabaaku! – brigava Neji enquanto o outro apenas ria.

— Esqueci que virou o defensor da Grumete – comentou risonho e Sakura olhou para o Hyuuga que parecia envergonhado. Essa era nova, já que pensava que Neji a odiasse por causa de Tenten.

— Deixe disso! – retrucou e em seguida olhou para a Grumete que parecia atenta na conversa deles – E você, coma de uma vez! – mandou e Sakura rapidamente concordou, era melhor evitar estresses entre eles e tinha que aproveitar para desviar a atenção de Ino.

                Humanos eram tão estranhos!

—*-

                Três dias se passaram de forma calma dentro do navio. Ou pelo menos Sakura considerava o fato de ninguém ter tentado se matar, nem Ino ter tentado matar ninguém e nem tentarem a matar, como um dia calmo. É claro que Naruto ainda queria usar a sereia e Sasuke concordava consigo. Mas agora ela já sabia melhor o que aconteceria. Em breve eles aportariam em Frosch, uma pequena aldeia portuária que servia como ponto de encontro de piratas, mas seria o local apenas para que os boatos se espalhassem de que haviam capturado uma sereia e pudessem chegar em seguida no Distrito de Ferbin.

                Pelo o que Sakura ouvira de Gaara e Neji, Ferbin era conhecida por suas atrações culturais. De acordo com o ruivo, nenhum homem ficava sozinho em Ferbin e, mesmo que Sakura não entendesse sobre o que o pirata falava, apenas concordou, enquanto formava um plano em sua mente. E seria algo fácil de fazer na sua concepção. Esperaria a tripulação chegar em terra e quando todos saíssem e a deixassem no navio, como sempre faziam quando ela não insistia em sair, iria libertar Ino e depois poderia dizer que havia sido atacada. Seria simples e eficaz. E seria fácil simular uma luta vendo o estado do navio. Não perderia a confiança deles e sua irmã estaria livre. Sorriu com o pensamento antes de Akamaru se jogar em cima de si.

                Riu pelo carinho do cachorro e logo Kiba estava ao seu lado para tirar o cão de cima de si, reclamando que Akamaru realmente havia gostado dela. Acariciou o pelo do cachorro, ele era o melhor ali, com certeza. Olhou para o canto do convés, onde estava Ino e viu novamente que ela a observava. Nos últimos dias havia sido assim, sua irmã sempre estava de olho nela, observando a sua interação com todos os humanos. Ela ainda ficava irritada quando algum pirata a tocava, principalmente Gaara, mas parecia entender melhor como os humanos se relacionavam. E Sakura esperava que ela estivesse começando a ver os humanos de outra forma. No fundo sabia que Ino começava a ficar curiosa com os humanos, tanto quanto ela.

                Sempre que ficava sozinha em um turno com a irmã, tentava conversar com Ino, explicar algo do mundo humano que aprendera, mas suas conversas não eram muito longas, pois sempre aparecia algum pirata para atrapalhar e não deixá-la sozinha. Sakura também tinha que admitir que os homens estavam mais tranquilos. Eles não a tratavam tão mal, apenas algumas gracinhas, mas nada que não pudesse lidar. Naruto voltara a ficar de bom humor e Sasuke, mesmo quase não falando com ela depois de saber sobre o seu passado, parecia confiante e relaxado. Provavelmente todos estavam ansiosos com o montante de ouro que ganhariam e isso era um pouco frustrante para Sakura, pois sabia que eles não veriam esse dinheiro.

— O que tanto suspira, Grumete? – Kiba indagou para a menina que negou, como se não fosse nada – Já sei, está ansiosa para chegarmos a Frosch, não é? Mas lá não é tão interessante, espere até ver Ferbin, lá sim é o paraíso!

                Logo Neji, Gaara e até mesmo o contido Shino se juntaram aos dois e começaram a falar animadamente de Ferbin, o que era uma surpresa para Sakura que se pôs a escutar animadamente as histórias que eles já compartilharam naquele lugar, na última vez que lá estiveram.

                Ino observava tudo de longe sem entender como a irmã conseguia ficar tão perto daqueles humanos. Sakura ria para o animal de quatro patas que descobriu se chamar Akamaru da mesma forma como seus olhos brilhavam perante as histórias dos homens. Ela era realmente uma criança por se levar de forma tão fácil, mesmo que uma parte dela também estivesse atenta ao que diziam e começava a imaginar como era esse lugar para onde a levavam. Balançou a cabeça em negação, só podia estar louca se estava remotamente pensando em conhecer a terra dos humanos! Olhou para cima e viu o sol acima de si. Devia ser o calor que estava perturbando suas ideias.

                De repente um barulho alto chamou a sua atenção e de todos os outros os tripulantes do Kurama e observou atentamente enquanto via outro navio pirata se aproximar. Arregalou os olhos com a perspectiva de ter que lidar com mais humanos. Viu o ruivo correr para subir em umas cordas até a parte mais alta do navio e de lá gritou para os outros humanos de forma entusiasmada.

— Terra à vista!

— E parece que temos companhia – o humano com olhos de tempestade que descobriu se chamar Sasuke falou perto de si para o Capitão. Ino sempre estava de olho nele e em como ele parecia vigiar sua irmã mesmo de longe, mas não conseguia entendê-lo, assim como não entendia muitas das interações entre aqueles humanos, mesmo com Sakura tentando lhe explicar quando estavam sozinhas.

— Sim... – murmurou o Uzumaki e Ino novamente estranhou, o Capitão mesmo tendo gritado com Sakura na primeira vez que o vira, se mostrou alguém bem fácil de se lidar e alegre – É melhor escondermos a sereia, não vamos deixar que a descubram antes da hora – ordenou antes de olhar para Ino que parecia confusa.

— Certo. Neji, Kiba! – Sasuke chamou os dois – Coloquem um pano sobre a sereia, vamos escondê-la! – ordenou e logo ambos foram em direção ao rapaz que sempre estava no leme, como Sakura lhe explicara.

                Arregalou os olhos ao notar que o moreno de longos cabelos e o cara de de cachorro puxavam um grande pano e rapidamente procurou por Sakura que tentava acalmá-la de forma discreta, como se dissesse que não era para se preocupar. Bufou e viu bolhas se formarem na água. Se havia algo que odiava era não saber o que estava acontecendo e agora não saberia o que esperar e nem teria como vigiar a irmã por causa desse pano estúpido.

—*-

                Sakura estava nervosa, não imaginava que mais humanos fossem surgir do nada, olhou para o Imediato e para o Capitão, em busca de qualquer reação negativa, mas ambos estavam calmos, então decidiu que não tinha motivos para se preocupar. Mesmo assim rezou para que os deuses os protegessem. Logo a sua apreensão se tornou curiosidade ao ouvir o som de canhões. Gaara ria pendurado no mastro principal do navio.

— Pelo visto estão nos dando boas vindas! – gritou novamente e Naruto riu antes de responder:

— Então vamos retribuir o favor! Neji, Shino! – foi somente preciso dizer os nomes dos piratas e logo em seguida eles correram para dentro do navio. Eles já sabiam o que fazer.

                Na verdade, todos pareciam saber o que fazer, menos ela. Então decidiu correr até o timão em busca de respostas.

“O que está havendo? Estamos sendo atacados?” questionou preocupada e ansiosa por algo.

                Naruto riu, mas rapidamente negou, sendo acompanhado por Sasuke.

— Esqueci que você nunca velejou – o Capitão comentou de bom humor – Frosch é uma cidade portuária muito frequentada por piratas para negociações – explicou de forma sucinta, mas para Sakura aquilo ainda não fazia sentido e ao perceber isso, Sasuke continuou a explicação enquanto Shikamaru continuava a conduzir o navio para mais perto da terra.

— Quando piratas se encontram no mar, geralmente é motivo de lutas e saques – olhou para a Grumete que parecia atenta a todas as suas palavras – Então, quando piratas chegam perto de uma cidade infestada de outros piratas, nós nos comunicamos, oferecendo trégua enquanto estivermos em terra.

                E como se tudo tivesse sido ensaiado Sakura ouviu o estrondo tão forte e tão alto quanto um trovão saindo do navio. Ela pulou assustada e, inconscientemente, se aproximou da primeira pessoa a sua frente, que era o Imediato, e agarrou a blusa dele, como se pedisse proteção. Sasuke arqueou uma sobrancelha pelo gesto inesperado, mas não afastou a menina e ouviu Naruto gargalhar atrás de si.

— Que problemático! – resmungou Shikamaru e em seguida olhou para o outro lado – Isso são apenas os canhões, Sakura – disse à moça que o olhou com atenção – Disparamos quando estamos perto da cidade para que saibam que não se trata de uma invasão ou saque. É como se levantássemos uma bandeira de paz.

                Sakura questionou o motivo, então, deles não usarem a bandeira e quando questionou isso, Naruto riu novamente e Sasuke revirou os olhos.

— Ora, porque assim é mais divertido! – foi a resposta dele e Sakura se perguntou qual o problema daqueles humanos. Eles eram tão estranhos. Antes que pudesse dizer algo, mais sons de canhões sendo disparados foram ouvidos, só que dessa vez do outro lado do navio.

— Pelo visto, Frosch vai estar bem agitada esta noite – Shikamaru comentou ao manobrar o Kurama.

                Sakura, quando percebeu o que fazia, já tinha saído correndo em direção a proa do navio, agora que sabia do que se tratava, queria ver aquilo de perto. Ficou o mais próxima possível da ponta do navio e, segurando-se em uma corda, olhou o horizonte. Abriu a boca maravilhada com o que via ao seu redor. Ela conseguia ver várias embarcações navegando pelo mar. Duas do lado esquerdo e uma do lado direito, estando mais perto deles. Nunca havia visto tantos navios humanos no mar quanto agora. Eles navegavam rápido, cortando o mar. As velas eram infladas pelo vento e ela conseguia ouvir o barulho e a algazarra dos humanos dentro das embarcações. Todos comemoravam a chegada à terra.

                Ouviu urros dentro do Kurama e ao olhar para trás viu Naruto bradar, sendo acompanhado por Hiruzen, que parecia bêbado, Kiba, Chouji e Gaara. Não demorou muito e o Sarutobi logo começou a entoar uma canção que foi cantada por todos os outros piratas a bordo. Até os mais calmos como Sasuke, Shikamaru e Shino pareciam cantar baixinho, dando voz ao coro enquanto mais bolas de canhões eram lançadas ao mar como se fosse o acompanhamento musical perfeito para a canção. Sorriu. Era por causa dessas coisas que adorava o mundo humano. Nunca sabia o que podia esperar deles.

—*-

                Depois que lançaram a âncora e finalmente chegaram ao cais, Naruto explicou o que fariam. Comprariam o material necessário para reformar o navio que ainda mostrava os estragos feitos pelo encontro deles com as seriens e, enquanto fizessem negócios, o rumor de que tinham uma sereia a bordo devia ser espalhado. O Uzumaki sabia que isso despertaria a atenção de todos, que iriam querer ver a criatura e nesse momento diriam que estavam convidados a ir até Ferbin em algumas semanas para apreciar o show da primeira sereia capturada.

                Sakura apenas ouviu a tudo atentamente e logo se ofereceu para ficar no navio e cuidar da sereia. Isso fazia parte do seu plano. Ficar sozinha com Ino, pegar a irmã e libertá-la antes que todos voltassem e depois dizer que o navio havia sido atacado e que tentaram capturar a sereia que conseguiu fugir em um momento. Era o plano perfeito. Livrava a sua irmã dos piratas humanos e não trairia a confiança dos humanos. Eles não desconfiariam de nada. O único problema foi que ela não esperava a reação deles ao dizer que gostaria de permanecer no Kurama.

— Você quer ficar? – Sasuke foi o primeiro a indagar com uma sobrancelha arqueada. Sakura aquiesceu, confusa com a pergunta.

— Ora Grumete! O que está havendo? Sente-se mal? – Gaara indagou, colocando a mão na testa dela para ver se tinha febre – Parece saudável. – comentou com os companheiros que observavam a garota.

“Qual o problema em eu ficar aqui?” ela não entendia o motivo deles estarem lhe questionando tanto.

— Desde quando você quer ficar no navio quando aportamos? – Neji também retrucou com outra pergunta. E um alerta soou para Sakura.

— Você sempre é a primeira a pedir ao Capitão para que possa ver o local em que estamos – Gaara respondeu.

— Sempre reclama de ter que ficar cuidando do navio – Chouji complementou e Sakura arregalava os olhos a cada argumento dado.

— Sempre fica irritada e apoiada na amurada esperando o Capitão ou o Imediato voltarem para poder pedir para sair – Kiba finalizou e ela teve vontade de se bater. Por Tritão, aquilo não podia estar acontecendo!

“Eu... bom, vocês disseram que Ferbin é melhor do que aqui, então eu pensei em guardar a minha oportunidade de sair quando estivesse lá” conseguiu pensar em algo rapidamente. Seus olhos sempre desviando dos companheiros para que não percebessem que era uma mentira. “Além disso, como eu iria conseguir espalhar a notícia da sereia se não tenho voz?” e dessa vez sorriu ao ver a face dos humanos que pareciam concordar consigo.

— Realmente, quem iria se dar ao trabalho de “ouvir” uma muda? Somente tolos! – Hiruzen comentou e riu ao ver a como a menina parecia irritada, assim como os outros piratas, já que eles “ouviam” a garota. Deu de ombros e levantou o cantil como se oferecesse aos marujos e em seguida o bebeu.

— Certo, então você ficará, Sakura – Naruto decretou, querendo acabar com aquela discussão.

— Eu também ficarei para ajudar a Grumete! – Gaara se prontificou, mas como ninguém discordou dele, voltou a falar – Não vão discordar de mim? Não vão querer que eu ajude?

— No seu caso, Sabaaku, você ajuda mais se não estiver presente para causar brigas – Sasuke comentou e Gaara teve vontade de responder ao Imediato ao ver todos rirem de si, porém foi contido por Neji.

— Não esqueça que o Uchiha pode ferrar com a sua vida depois – murmurou para o amigo enquanto o segurava – Além do mais, é a verdade – não conseguiu segurar e ouviu o ruivo bufar, mas ele nada fez.

                E enquanto todos pareciam pareciam se divertir, Sakura começava a ficar desesperada novamente ao ver que Gaara ficaria consigo para vigiar Ino. E agora como ela se livraria do humano?

—*-

— Parece que Frosch está movimentada essa noite – o Capitão de um navio pirata comentou antes de beber o copo de rum.

— Sim, vieram diversos navios para fazerem negociações. Ainda bem que já finalizamos as nossas ou teríamos concorrência. Foi muito bom termos desviado daquela tempestade – e o braço direito do Capitão, seu Contramestre, riu antes de voltar a beber. Ele já estava ficando bêbado.

                O Capitão sorriu de canto. Em breve partiriam em busca de saquear a próxima cidade e torcia para encontrar uma determinada pessoa. Olhou um dos seus subordinados se aproximar correndo de si e notou que algo devia estar acontecendo para Deidara parece tão afoito.

— Capitão! Capitão! – chamou e assim que recuperou o fôlego continuou a frase – O senhor nem sabe quem está aqui também! – e sorriu sabendo que seria bem recompensado pela informação que daria.

— Diga de uma vez, verme! – o Contramestre mandou por estar interrompendo a sua diversão enquanto o Capitão não parecia minimamente interessado naquela discussão.

— Temos companhia aqui e...

— Ora! Isso nós já sabemos seu fanfarrão! – levantou-se irritado pronto para botar o outro para fora quando foi impedido pelo Capitão.

— Deixe-o terminar de falar, Kisame – ordenou e viu o pirata de longos cabelos loiros respirar aliviado por não apanhar do Contramestre.

— Eu estava dizendo que temos companhia. Alguns piratas que chegaram estão espalhando uma notícia – e sentou-se à mesa do Capitão, no lugar de Kisame que respirou fundo para não matar o rapaz – Parece que um navio está com uma sereia à bordo – e sorriu ao ver a cara de espanto tanto do Capitão quanto do Contramestre.

— Como é? Isso só pode ser mentira! Ninguém nunca sobreviveu às sereias! – Kisame bateu a mão na mesa – Quanto mais conseguiria capturar uma! – aquilo era uma piada e Deidara estava querendo testar a sua paciência.

— Pois saiba que estão dizendo que alguém conseguiu! – sorriu vitorioso o loiro enquanto olhava para a expressão irritada do Contramestre conhecido como “Tubarão” devido aos dentes pontiagudos – Vão vender ingressos para que todos possam ver a sereia em Ferbin, acho que estão querendo espalhar a notícia aqui – deu de ombros ao continuar e logo sua atenção se voltou ao Capitão que nada dizia. – Mas, Capitão, o senhor pode verificar isso com seus próprios olhos, já que se trata do navio que o seu irmãozinho comanda.

E Deidara se regojizou ao ver os olhos sempre frios do Capitão Itachi se iluminarem e ele soube que em breve a sereia iria se tornar mais um troféu no navio da Akatsuki. E ele mal podia esperar por isso.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Esse capítulo foi totalmente voltado para a relação da Ino com a Sakura, não vimos muito o nosso Sasuke, mas era necessário focar nelas primeiro, até porque a Sakura ganhou um cão de guarda com a Ino por perto kkkk Se depender da sereia de olhos azuis, esses dois não vão ficar muito tempo juntos, nem do Sasuke e nem dos outros humanos.
Também tivemos a aparição da Bruxa do Mar novamente e pelo visto ela está aprontando algo, algo que já está em andamento como vocês puderam ver no final do capítulo com a aparição do Itachi e sua tripulação. Viram que o Kisame disse que eles desviaram de uma tempestade? Então, parece que Bruxa do Mar está acompanhando tudo o que acontece com a Sakura e vai usar até mesmo do passado do Sasuke para evitar que ela volte ao mar, resta saber o que ela pretende e o que o Itachi vai fazer agora. Como será o reencontro com o irmão? Cenas dos próximos capítulos XD
Enfim, espero que tenham gostado e até a próxima!
beijos