Amor proibido escrita por Bora ser feliz


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Talvez, eu demore um pouco mais pra postar a partir de hoje :( . Mas, não se preocupem eu não vou abandonar essa fic. Boa leitura e sorry qualquer erro.



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Roslyn estava sentada confortavelmente no salão principal ouvindo o falatório das mulheres a sua volta antes do jantar. Desde o seu acordo com Alaric, ele se revelou um pouco menos monstro das cavernas. Ele a ainda assustava horrores, principalmente quando chegava a noite e precisavam partilhar a cama. Mas, depois de resistir e dormir quatro vezes no chão e acordar na cama rodeado do calor de Alaric, ela parou de teimosia e aceitou dormir na cama junto com ele, gostando da sensação de acordar e se vê envolta por braços fortes e um corpo quente que a aquecia durante as noites frias.

    Fazia alguns dias que estavam naquela trégua, mas ela sabia que não poderia durar muito tempo. Ela até mesmo havia estranhado que o povoado se mantivesse quieto naqueles pouco dias, mas o seu pensamento foi interrompido por uma comoção.

    –Roslyn!-O grito trovejante do marido retumbou pelas paredes úmidas do salão.

    A pobre mulher pulou da cadeira em que estava e deu passos incertos para trás. Alguém lhe agarrou pelo braço e a protegeu com o corpo, e ela adivinhou que fosse Marion pelo cheiro de madressilvas.

    –Saia da frente velha!

    –Não. -Murmurou a velha senhora apavorada.

    –Alaric…

    Roslyn não teve tempo de terminar pois um sonoro baque foi ouvido quando Marion foi lançada para o lado e bateu com a cabeça da cadeira ao seu lado. Ela já teria se lançado sobre a mulher para ter certeza que estava bem, mas foi apanhada grosseiramente pelos ombros e atirada na parede atrás dela, sua cabeça protestou quando uma explosão de dor estourou atrás do seu crânio.

    –Senhora. -Choramingou a criada.

    –Vá buscar ajuda!-Gritou tentando controlar o medo quando o marido a sujeito pelos braços. Ela quase podia gemer de terror quando sentiu o seu hálito bater contra sua face.

    –Foi você?!-Gritou furioso.

    –Do que está falando?!-Berrou de volta plantando os punhos em sua camisa para que não a machucasse.

    –Não se faça de inocente! Só pode ter sido você.

    –Pela última vez, eu não sei do que está falando. -Rosnou.

    –Mataram um dos meus soldados e pegaram os manuscritos. E, agora, vai continuar fingindo que não sabe de nada?

    Roslyn ficou chocada absorvendo a declaração. Ele já não a apertava com força, apenas a mantinha presa contra a parede. Ela estava perdida sem saber o que falar, se recusava acreditar que fora alguém do seu povoado que fizera essa crueldade de matar alguém que não tinha culpa por seguir as ordens do líder. Mas, então, ela pensou em Edward e a promessa de vingança a fez suar frio.

    –Eu sinto muito. -Sussurrou.

    –Cale a boca -rugiu. -Não irá me enganar com esse seu jeito inocente.

    –Acredite em mim, eu não sabia de nada -murmurou desesperada, tentando achar algum modo para que ele não perdesse a confiança nela. Aquele era o único modo de sobreviver aquele inverno, não perderia a oportunidade por uma irresponsabilidade do clã. -Você tem o meu apoio para punir o culpado com justiça, mas eu preciso que acredite em mim quando digo que não sabia de nada.

    Com um gemido de agonia, Alaric apoio a testa contra o ombro dela, colando o seu corpo grande juntos. Roslyn se manteve ereta com medo de se mexer, e com muito cuidado acariciou o seu maxilar áspero, passando segurança. Ao menos esperou isso.

    –Estou com você. Não vou te trair. -E, enquanto sussurrava palavras de conforto contra o seu ouvido, soube que era verdade. Por algum motivo absurdo, não iria conseguir traí-lo.

    –Você ainda vai me levar a loucura. -O seu hálito bateu contra os seus lábios fechados. -Se eu te beijar, você vai resistir? Eu não sei se vou aguentar ver você me recusando novamente.

    A vulnerabilidade que ouviu em sua voz quebrou todos os medos e gelos em seu coração que a mantinham distante daquele seu marido monstruoso.

    –Não vou. -Despejou rapidamente antes que se arrependesse.

    Os seus lábios esmagaram os dela, desesperados. Roslyn sentia que ele precisava que ela desse algo para ele, mas não sabia o que fazer. Era uma ignorante quando se tratava de beijos.

    Timidamente, entreabriu os lábios como uma flor que desabrocha durante a primavera. Em um ataque violento, a língua dele brigou por espaço em sua boca, e Roslyn tentou continuar parada e não reclamar pela forma grosseira que ele a beijava. Mas, em um ato impulsivo, o afastou com as mãos no seu peito, procurando por ar e um modo de explicar o que a fez afastá-lo.

    –Você disse que não ia recusar. -Rosnou baixinho.

    Ela disse que não ia recusar, e não iria. Tinha certeza que ele podia ser delicado e suave quando queria. No primeiro beijo deles, Alaric a beijou como se fosse um cristal delicado que merecesse todo o cuidado, como se pudesse ser quebrada a qualquer momento. Só precisava mostrar para ele que a delicadeza e a pureza de coração era muito mais bonito que a violência e a frieza.

Enchendo o peito com coragem, ela ergueu as mãos até as maçãs do seu rosto, e notou com surpresa os sulcos de cicatriz na sua face direita, explorando com as pontas dos dedos a sua face que era um mistério para ela. Sentiu que ele afastava o seu rosto das suas mãos, mas o segurou firme, e se impulsionou para cima. Beijando levemente seus lábios, quase não os tocando.

—Devagar. -Sussurrou contra os seus lábios quando ele apertou as mãos em sua cintura.   

    Sem saber direito o que fazer, Roslyn beijou seu lábio inferior, depois o  superior. Com hesitação, beijou o seu queixo áspero para que não ficasse bravo por ter recuado.

    –Deixe-me beijá-lo.

    O suspiro de derrota foi tudo que Roslyn queria. No outro instante, ele a pegou nos braços fortes a  sustentando contra o peito rijo. Se no outro beijo, Roslyn quase sentiu a cabeça ser arrancada do corpo pelo impacto brusco, esse era totalmente diferente. Ele a beijou com firmeza, mas foi delicado, quase apaixonado. Os lábios pareciam famintos um pelo o outro. As línguas dançavam em uma sincronia própria, e Roslyn nunca se sentiu tão completa e amada na vida. Mesmo que aquele não fosse um casamento unido pelo amor, ela acolheu de todo coração aquele novo sentimento de afeição pelo marido.

    Naquele momento, ela soube que faria de tudo para que eles pudessem ser mais do que ódio e rancor. Roslyn seria a luz em seu coração escurecido por anos como um mercenário. Ela só gostaria que ele permitisse que ela fosse esse pequeno raio de sol a se infiltrar nas reentrâncias do seu peito machucado e torturado como de todo guerreiro.

    O beijo foi interrompido bruscamente quando Alaric puxou a cabeça para trás ao ouvir passos apressados pelo corredor. Ele continuou abraçado a Roslyn, sentindo o cheiro doce de seus cabelos frescos e cacheados, até que já não pudesse mais. Ele olhou pela última vez às bochechas coradas, os lábios vermelhos e úmidos pelos beijos, os cachos adoráveis que escaparam da trança sobre o rosto. Ele a queria toda, completamente, da forma mais desesperadora possível.

    Os passos se aproximaram ainda mais, ele a soltou a contragosto, dando passos seguros para trás. No entanto, antes que pudesse recuar, a mão pequena e suave escorregou na dele, quase desaparecendo de vista quando apertou os dedos contra os deles, mantendo assim até que os outros entraram em um estrondoso falatório.

    Alaric se forçou a respirar, puxando o ar para dentro e depois expulsando. O seu coração bateu forte no seu peito e apertou a mão envolta da dela, voltando a atenção para os homens e mulheres que entravam furiosos no salão.

    Todos pareciam ter feito um acordo para falarem ao mesmo tempo, Alaric assistiu a tudo silenciosamente, colocando o corpo na frente de Roslyn protetoramente para que não precisasse enfrentar as discussões. Finalmente, um homem mais velho tomou a frente da multidão, como se fosse o líder e falou em tom controlado.

—Saia de perto dela.

—Não.

Ele só sairia de perto dela morto. E, isso não iria acontecer.

—Nós não queremos confusão, senhor. Deixe o clã antes do sol baixar e nos o deixaremos ir embora sem mais mortes.   

Roslyn prendeu a respiração ao ouvir a confirmação da morte do soldado pelas mãos do seu clã. Podia sentir a tensão emanar de Alaric a cada instante que falavam, ela precisava tomar alguma atitude antes que o pior acontecesse.

Maldita hora em que pediu ajuda a Marion, ela quase podia sentir a redenção do marido durante o beijo.  

—Eu estou bem. -Disse com a voz confiante, alto o bastante para ecoar pelas paredes de pedra.

—Senhora?

—Eu disse que estou bem.

—Roslyn. -O tom de aviso na voz de Alaric não a impediu de dar um passo a frente e deixar que todos a vissem.

—Estou profundamente decepcionada com vocês. Não somos assim, não respondemos uma ofensiva violenta com vingança. Já basta de mortes. Não há mais espaço para almas ceifadas neste clã. Espero que estejam envergonhados pelo que fizeram. -A mão áspera apertou na sua quase dolorosamente, mas ela permaneceu confiante. O burburinho furioso a impediu de continuar. -Vocês não percebem, mas não há comida nos estoques do clã para o inverno, nem roupas. Só há uma maneira de sobreviverem a ele, e é aceitando serem liderados por Alaric.

—Mas, minha senhora…

—Não podem continuar ignorando as ordens do novo líder como se fosse o certo. Se ele nos deixar agora, será tarde demais para qualquer um de nós -ela esperou um momento para a informação sentar neles. -Só peço que esperem até o inverno passar. E, vocês tem a minha palavra que Alaric irá nos manter bem.

—Se é o que deseja minha senhora. -Falou mansamente o aldeão, ainda mantendo o olhar desconfiado sobre Alaric.

—Sim, é o que quero.

—Assim será.

Alaric assistiu cada um se ajoelhar frente a ele, em um sinal de respeito. Ele esperou alguns instantes antes de se inclinar respeitosamente, e logo depois dispensá-los. Quando todos já estavam longe, virou-se para sua esposa corajosa e afagou a sua face, sentindo a pele suave contra os dedos. Ela se aconchegou mais no toque da sua mão, e Alaric precisou de um tempo para ter certeza que seus membros ainda funcionavam.

—Está vendo? Eu posso ser de alguma utilidade. -Gracejou.

—Eu vou mostrar o quão útil você é para mim, esposa.

Antes que Roslyn pudesse pensar em sair de seus braços, lábios urgentes já pressionava os seus. Em um suspiro de deleite, ela se deixou derreter contra o seu corpo grande, forte e, inacreditavelmente, protetor.

    *****

        –Posso entrar, minha senhora?-O sussurro tímido de Marion chamou a sua atenção.

        Roslyn deixou os dedos rígido caírem sobre seu colo, já aquecidos pelo fogo do seu quarto. Desde que a trégua vigorou entre eles dois, Alaric passou a mandar que mantivessem o fogo sempre aceso para mantê-los aquecido durante as noites mais frias.

        Antes que pudesse impedir, o beijo apaixonado de poucas horas atrás invadiu seus pensamento, e a ruiva soltou um sorriso involuntário.

        –Minha senhora?-A voz da criada chamou a sua atenção.

        –Claro, Marion. Entre. -Falou alto, virando-se em direção a voz da criada.

        Ela ouviu o som do vestido da criada arrastando no chão, antes que a criada se assentasse ao seu lado no banco colocado em frente a lareira.

        Depois de alguns minutos em puro silêncio, a voz arranhada e seca da criada preenche o quarto.

        –Ele realmente não a machucou?

        Roslyn manteve a expressão neutra antes de responder o que provavelmente todos do clã se perguntavam. Até mesmo ela, duvidava que sairia sem nenhum machucado daquele salão quando ele lhe pegou pelos ombros, apesar de sua promessa de nunca mais machucá-la.

—Não.  

—Eu posso estar errada, senhora. Mas, acredito que sente afeição por ele. -A criada falou com hesitação clara na voz, com medo de ser repreendida pela ousadia.

—Não consigo odiá-lo. -Afirmou a contragosto.

—Oh querida sabe que é um assassino sem sentimentos, não sabe?-A pena na voz da criada avivou uma centelha de vergonha na menina.

Roslyn quis poder afirmar sem hesitação que tinha conhecimento disso, mas não conseguia mais mentir para si mesma que quando rezava a noite, não pedia pela sobrevivência do seu clã, ou pelas mortes desnecessárias de alguns aldeões. Pelo contrário, rezava para que Alaric pudesse mudar e amá-la como sempre sonhou quando criança. Que aquele guerreiro de sangue quente se revelasse um homem carinhoso e capacitado a amar uma mulher cega. Que aquele homem que a envolvia com seus braços fortes inconscientemente durante o seu sono fosse seu príncipe perdido que finalmente havia aparecido para salvá-la da maldade da vida.

Mas, Marion tinha razão. Sempre tinha. Alaric era um mercenário, jamais seria capaz de amá-la, porque não havia nada de bom nele. A não ser ódio e sede por guerra.

—Minha senhora, ele nunca vai poder lhe dar nada mais do que um filho.

—E, eu nunca pensei o contrário -murmurou amarga, com a voz falhada. -Não voltarei a defendê-lo frente ao clã. Sei que muitos foram contra a minha posição.

Algum tempo depois a criada lhe afagou as mãos calejadas contra as suas, passando mais calor.

—Essa é a minha Roslyn. -Declarou com orgulho na voz.

Por um fugaz momento Roslyn sentiu em seu coração que tomava a decisão errada de tomar em conta a opinião do clã, e principalmente de Marion, mas a criada sempre fez o melhor para ela desde que era uma bebê. Agora, não seria diferente, pensou em seu íntimo, com a tristeza a obscurecer suas feições e a parte mais importante de Roslyn, sua alma sedenta por um amor puro digno de ser contado por trovadores aos quatros ventos como uma história valiosa de uma mulher apaixonada pelo mercenário que roubou o seu coração.


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Notas finais do capítulo

Se gostaram do primeiro beijo de verdade deles, deixem um comentário não custa nada! E me deixa extremamente feliz por ver que alguém está gostando do que eu escrevo. Beijocass e até o próximo capítulo fofuras! xoxo