Amor proibido escrita por Bora ser feliz


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Hey, galerinha! Só passando pra falar o quanto eu fiquei feliz pelo comentário da felicity! S2. Boa leitura :3. Sorry qualquer erro.



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—Envenenaram as frutas.

    Sebastian não demonstrou expressão, no entanto a tensão do seu maxilar revelou que não estava mais tão feliz como estava desde que deixou a cama da rameira que havia deixado a poucas horas atrás.

    –O que pretende fazer?

    –Se pudesse colocaria todos em uma fogueira e atearia fogo. -grunhiu impaciente. -Quero que ache o contador e depois o mande para mim, quero esclarecer alguns fatos que todos parecem ignorar, como a estocagem para o inverno.

    Sebastian concordou com a cabeça. Eles trotam em um silêncio cômodo averiguando a extensão das terras. Sebastian sabia que o amigo estava tendo mais problemas do que queria admitir. Eles já se conheciam há bastante tempo para saberem certos assunto que a maioria desconhecia. Ele não concordava com a maioria das decisões que Alaric fazia, mas respeitava todas elas, mesmo sendo cruéis e desumanas.

    –E a garota?

    –Um estorvo que eu preferiria me livrar. -Resmungou.

    –Parece ser muito jovem com aqueles trapos. -arriscou, olhando para Alaric.

    –É jovem, mas o suficiente para se defender como um guerreiro. -Admitiu a contragosto. -Um guerreiro que não se entrega, mesmo já tendo perdido a batalha.

—Quem diria. -Refletiu divertido, encarando a expressão azeda no rosto de Alaric.

—Do que está falando?

—Que algum dia você iria comparar uma mulher a um guerreiro. -Debochou. -Ela merece meu respeito se em uma noite já causou esse efeito em você.

—Não me importune, Sebastian.

E, sem mais palavras, Alaric saiu a galope deixando um Sebastian muito divertido atrás.   

*****

Depois de alguns dias trancada no próprio quarto, Roslyn sentiu a sua vida se esvair por suas mãos aos poucos.  Seu coração parecia se entristecer juntamente com seu espírito.

As manhãs se confundiam com as noites, o povo já não mais falava, o castelo não pulsava como antes. A alegria parecia ter sido banido no momento em que aquele homem massacrou metade do povoado. Já não havia mais momentos felizes para serem festejados ou saboreados. O seu corpo era fonte de desesperança e tristeza por uma vida desperdiçada em um cárcere. Um cárcere em que seu marido garantia todos os dias em que colocava os pés para fora do quarto.

Para Roslyn cada noite era uma provação que passava. Escutava os passos pesados do marido no corredor, depois o rangido da porta ao ser aberto. Sempre ficava encolhida no canto do quarto, com os joelhos dobrados na frente do corpo, a cabeça entre os joelhos, tentando se fazer menor possível.  Depois de minutos de agonia, ela escutava apenas o farfalhar de roupas e depois nada. O mais absoluto silêncio. E, era isso que mais odiava.

Mas, essa noite seria diferente para o seu desespero.

*****

—Fale logo, mulher. Eu não tenho paciência para escutar reclamações. -Esbravejou Alaric, pronto para empurrar a velha mulher para fora do seu caminho.

—S-senhor, perdoe a interrupção, mas a senhora não está se alimentando bem. Além disso, não dorme faz dias, é visível pela sua aparência apática -despejou a mulher rapidamente, querendo se livrar daquele homem bárbaro que lhe olhava como se estivesse prestes a pular em seu pescoço.

—Então, faça alguma coisa. -O homem respondeu como se a solução fosse óbvia.

—Mas, Senhor ela irá morrer se continuar assim!

Alaric empurrou os cabelos para trás usando as duas mãos, buscando paciência para lidar com todos os problemas que vinha enfrentando desde que havia assumido aquele clã como seu. A suas esposa era um deles entre tantos, mas o de menor importância até aquele momento.

—Não se preocupe, amanhã ela estará muito mais disposta. -Retrucou com uma voz mortal, os olhos brilhando perigosamente na baixa iluminação do corredor úmido.

—O que irá fazer meu Senhor?-Interrogou a pobre mulher, momentaneamente assustada com o futuro da senhora.

—Irei acalentar seus temores. -Respondeu por cima do ombro, caminhando em direção ao seu quarto.

Alaric acenou para os dois homens que estavam postos ao lado da porta, dispensando-os dos postos.

    O quarto estava silencioso como sempre, notou. O frio o recebeu de braços abertos como em todas as noites. No entanto, dessa vez ele não caminhou diretamente para cama, demorou-se em escrutinar o local atrás de uma pequena figura encolhida. Quando identificou uma bolinha no canto do quarto, banhada pela luz do luar, trancou o maxilar para conseguir administrar aquela situação sem precisar esmagar nenhum crânio.

    Ele se agachou no chão na frente da mulher, esperando que ela notasse sua presença.

    –Veio me matar?-O sussurro abafado, trouxe um sorriso divertido para os seus lábios.

    –Isso não diria muita coisa inteligente sobre mim, uma vez que faz apenas algumas semanas que estamos casados. -Comentou, aproximando-se um pouco mais, analisando o modo como se encolhia ainda mais a cada palavra sua.

    –Não parece querer demonstrar sua inteligência, porque se quisesse não teria matado metade dos aldeões.

    –Quem quer tenha sido sua fonte, está equivocada. -Alaric não resistiu a tocar a barra do vestido esfarrapado de Roslyn, esbarrando o seus dedos contra o dedo mínimo do pé da esposa, que rapidamente grudou o corpo ainda mais contra a parede. Aquele joguinho de gato e rato estava começando a irritá-lo. -Precisa comer direito e dormir.

    –Pensei que era um mercenário.

    –E sou. Não duvide disso. -Afirmou inflexível.

    Finalmente, Roslyn levantou a cabeça mostrando sua face mais pálida que o normal. Havia dois poços escuros abaixo dos seus olhos, e seus rosto estava secando ao redor das bochechas.

—Precisa comer Roslyn. -Falou quase soando como uma ordem.

A mulher piscou surpresa por ouvir seu nome e constatar que ainda não sabia qual era o nome do marido.  Ela sentiu braços ao seu redor, mas rapidamente reagiu se debatendo, sentindo o terror se apossar novamente do seu corpo. O grunhido do homem soou bem ao lado do seu ouvido.

—Um dia Roslyn, eu não irei me afastar. -Sussurrou contido.  

—Até esse dia chegar, eu iria continuar lutando. -Afirmou entredentes.

Respirando fundo, Alaric se levantou andando até o extremo do quarto, reparando na comida intocada em cima da mesa.

—Venha até aqui. -Comandou.

Roslyn pensou em continuar sentada, mas desistiu ao ver que já havia esgotado a paciência do homem. Se levantou apoiando as mãos na parede, e deu um passo sem saber para que lado seguir. Sentiu uma mão ao redor do cotovelo, que a manteve tensa por inteira, mas ele apenas a guiou em direção a mesa.

—Sente-se.

Já sentada, Roslyn ouviu o ranger de outra cadeira ao ser arrastada. Tentou controlar a respiração quando constatou que ele sentava à sua frente, e não ia dormir diretamente como nas outras noites.

Algo frio foi pressionada contra seus lábios, mas os manteve firmemente selados.

—Não está envenenado.

—Não estou com fome.

—Sim, está. -Alaric pressionou a comida contra seus lábios, com um pouco mais de força.

—Não, estou. -Roslyn fugiu da comida, inclinado-se para o lado.

—Já chega!-o rugido rouco, fez a mulher pular na cadeira, apertando os dedos contra a madeira fria da mesa. -Eis o que vamos fazer, você irá comer e depois iremos fazer um acordo. Isso é tudo que terá de mim, Roslyn.

Roslyn abaixou a cabeça, tentando organizar os pensamentos para conseguir o melhor da situação. Ela sabia que todos ali estavam fadados a uma vida de sofrimento, mas caso houvesse a chance de haver um acordo poderia interferir a favor do seu clã. Poderia salvar o que restou do seu povo. Consentido a pequena trégua entre eles, entreabri os lábios já sentindo a comida preencher o seu paladar.

A comida tinha um sabor excepcional mesmo já estando fria. O seu marido havia sumido por alguns segundos, mas ela reparou que o ambiente começou a esquentar. Provavelmente, ele havia ido acender a lareira. A cadeira voltou a ser arrastada. Roslyn se manteve ereta, lutando por manter uma expressão de  indiferença no rosto para que ele não percebesse seus temores.

—O clã mantém uma postura rebelde frente às minhas ordens e tais condutas não podem continuar. O inverno está se aproximando e não há nenhuma estocagem de alimentos, as plantações foram destruídas e pelo que soube o contador foi morto. Nos poucos dias que estou aqui, já houve tentativas de assassinato contra mim mais vezes do que posso me lembrar. Pensei que me casando com a filha do antigo Senhor das Terras, eles aceitariam minha autoridade, todavia o que percebo é um comportamento arisco e incontrolável. Eu estou tentando achar outra solução plausível que não seja o fato de que estão tentando se matarem.

Roslyn guardou consigo uma resposta espirituosa, pronta para falar que tudo aquilo era culpa do seu ataque desnecessário. As plantações estavam prontas para a colheita, mas graças ao seus homens todas haviam se transformado em uma grande fogueira.

—O que me leva a pensar que você é a ponta do problema.

—Permaneço trancada nesse quarto desde o casamento. -Respondeu amarga, sentindo a comida revirar em sua barriga.

—Isso é exatamente o porque deles não aceitarem as minhas ordens.

—Não entendo.

—Acham que está infeliz.

—Mas, estou. -Sussurrou para si mesma.

—Diga-me, Roslyn. Faria qualquer coisa por seu clã?

Roslyn contraiu os dedos contra a mesa, pensando desnorteada o que aquele homem queria dela.

—Sim. -Falou, tentando encontrar o controle da própria respiração.

—Quero que sirva ao meu lado como uma esposa submissa, aceitará as minhas ordens sem me questionar, e em troca terá a sua liberdade e a do meu clã.

—Irá nos libertar?-Indagou ingênua.

A risada desdenhosa do marido a fez ter raiva de si mesma por ter feita uma pergunta tão idiota.

—Não. Estou dizendo que caso faça a sua parte do acordo, terá uma vida sem prisões, poderá ser livre. Enquanto, tomarei decisões que beneficiará a todos, você só precisará se preocupar com si mesma.

—Que tipo de decisões?

—Por mais que pense que sou um monstro sem uma cabeça pensante Roslyn, não terei nenhum benefício em destruir o meu próprio clã.

—Já fez isso. -Retrucou sem antes conseguir se conter.

—Não tenho tempo para ouvir suas lamúrias -cortou a mulher, antes que tomasse fôlego para discutir. -O que me diz?

Roslyn mordeu o lábio, tentando não pensar que o futuro  de todos ali estava em suas mãos. Caso aceitasse, eles teriam mais chances de sobreviverem, o marido tinha razão quando afirmava que o inverno estava perto, ela podia sentir em suas entranhas o frio a cobrindo a cada movimento. Seu pai nunca havia tomado os cuidados necessários para administrar o clã de modo a acabar com as pestes e a fome. Mas, aquele homem a sua frente parecia disposto a isso. Mesmo que pensasse no bárbaro que foi na noite de casamento, ele não voltou a tocá-la, respeitando o seu distanciamento. Contudo, algo a mantinha inquieta.

—O que quer que eu faça caso aceite seu trato?

—Só terá que fingir que é a esposa mais feliz do Senhor das Terras, não será difícil.

—Fale por Vossa Senhoria. -resmungou por cima da respiração, tendo certeza que não escutou. -Irá me…

Ela tentou concluir a frase, mas não conseguiu, sentindo o peso das palavras não ditas oprimirem o seu peito.

—Precisa falar para que eu possa fazer algo, Roslyn. -Ela ouviu seu tom irônico e teve certeza que não havia um traço de bondade naquele homem.

—Irá me violentar?

    –Não.

    Roslyn esperou por mais, mas só recebeu o som de uma respiração regular e sons da noite.

    –Tentará algo contra mim?

    –Não.

    –Fará algo contra o meu clã?

    –Meu clã, e a resposta é não. Satisfeita?

    –Como posso confiar no Senhor?

    Minutos de silêncio se passam antes que a resposta venha, maltratando o pouco que restou de paz de espírito de Roslyn.

    –Não pode.

    Alaric olhou por cima da bebida a pobre mulher se remexer na cadeira, desconfortável com sua resposta. Ele estava se divertindo com o modo que seus dedos pareciam ficar cada vez mais branco a cada resposta sua.

    –Aceito.

    –Estava esperando um pouco mais de resistência. -Comentou surpreso, levantando-se.

    –Posso ser cega meu Senhor, mas sei que no estado em que o clã se encontra nossa única chance de sobrevivência é sobre sua jurisdição.

    A sinceridade em sua voz, deixou Alaric ainda mais surpreso. Nunca alguém admitiu tão rápido que precisava dele.

    –Mulher inteligente. -Respondeu com um sorriso que rapidamente reprimiu.

    Roslyn é surpreendida por uma mão no seu cotovelo, contudo não conseguiu evitar a hesitação em acompanhar o gesto.

    –Terá que ser mais espontânea que isso se quer fazer com que acreditem em você. -emitindo um suspiro resignado Alaric suavizou o aperto. -Só quero conduzi-la até a cama.

    –Posso dormir no chão. -Confessou com o ar de terror desenhando suas feições.

    –Ninguém irá dormir no chão. Você dormirá comigo na cama. -Imperou.

    Sem esperar por uma resposta, Alaric puxou sua pequena e assustada carga para o braços, deitando-a sobre a cama. Ele olhou para o franzido entre suas sobrancelhas, a respiração alta que saia frenética entre seus lábios e a forma como seus braços a envolviam apertada em um abraço mortal.

    –Roslyn. -chamou mais suave do que pretendia. A menina levou os seus olhos em sua direção, e por um momento Alaric achou que poderia lhe ver, mas rapidamente baniu esse pensamento da cabeça ao perceber como desfocavam. -Não farei nenhum mal a você. Não enquanto o nosso acordo vigorar.

    Com um aceno curto de concordância a menina levou a cabeça para o travesseiro, encolhendo-se em posição fetal. Alaric permaneceu mais alguns segundos junto a cama, observando os cabelos desgrenhados ruivos cobrindo sua face. Sentiu algo incômodo pressionar o seu peito, logo depois o disparar do seu coração. Respirando fundo para tentar acalmar as batidas enlouquecidas, afastou-se retirando as camadas de roupas.

    Roslyn tentou controlar os tremores do corpo, mas os comandos não eram obedecidos por seus membros. A cama afundou e ela fechou os olhos com força, sentindo o caos dos seus sentimentos guerrearem por espaço.

    Segundos, minutos, talvez até horas se passaram até que o rosnado de Alaric reverberou pelo quarto. Roslyn se encolheu ainda mais, mas quando foi tomada por um peso grande a empurrando contra a superfície macia da cama, sentiu o coração martelar contra o peito.

    As suas mãos baterem contra o peito duro de Alaric, enquanto ele tentava mantê-la quieta.

    –Pare!-O sussurro raivoso de Alaric apenas renovou a sua força para continuar lutando.

    –Você me deu a sua palavra!-Gritou com força.

    –Eu estou tentando cumpri-la!- O rosnado baixo a acalmou um pouco.

    Roslyn se deixou ser tombada sobre a cama, e quando esperava ser oprimida pelo peso do marido, sentiu apenas uma corrente de ar fria passar por seu corpo. Ela piscou confusa, ainda com os pulsos puxados para cima firmes pelo agarre do homem.

    –Eu consigo sentir o seu medo do outro lado da cama. -A respiração agitada do marido bateu contra seu rosto revelando o quão perto estavam um do outro.

    –Não consigo me controlar. -Defendeu-se, empurrando o caroço que começava a se formar na sua garganta.

    O seus pulsos são libertados de forma abrupta, e quando pensou que estava livre para fugir de perto dele, a sua mão é puxada de uma forma nada delicada em direção ao que pensou ser o peito de Alaric. Seus dedos são pressionados contra a pele quente e surpreendentemente lisa do marido, sentindo o bater agitado do seu coração. A mão muito maior que a sua a mantinha na mesma posição, sem escapatória.

    –Eu juro que não irei fazer nada contra a sua vontade enquanto o nosso acordo estiver selado. -E, em consonância com suas palavras, algo quente e líquido molhou seus dedos. Tarde demais, Roslyn percebeu que era sangue.

    Deixou um som afogado escapar de seus lábios, ao mesmo tempo que a incredulidade lhe assaltava. Ele havia se machucado para que confiasse nele, para que não o temesse. Era assustador e reconfortante de uma maneira única.

    –Se machucou. -Sussurrou, parando de se debater contra a mão firme sobre seu peito.

    –Foi só um corte. -A voz rouca e profunda perto de si, a fez respirar fundo e temer por já não achar mais argumentos coerentes que a fariam lutar por estarem tão próximos.

    Roslyn permaneceu quieta por mais alguns segundos, sem coragem de se mover e atrapalhar a paz que inacreditavelmente se instalava entre eles. Ela sentiu uma carícia contra seu rosto e percebeu que era os dedos do marido deslizando por sua pele, como uma pena. Tão rápida como se deu, ela sumiu, assim como a mão que mantinha a sua presa contra o peito do marido. Finalmente, ela podia se entregar a uma noite de sono tranquila, ao menos por um noite.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram dessa pequena trégua entre Alaric e Roslyn?! Esses dois ainda tem muito o que aprender um com o outro rsrs. Comentem se gostaram, ou se não gostaram tb rsrs =)!!!



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