Amor proibido escrita por Bora ser feliz


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! Sorry qualquer erro.



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Oh, querida. —Roslyn sentiu o abraço esmagador de Marion envolvê-la em uma mistura de culpa e compaixão.

A menina passou seus braços pelos corpo rechonchudo da mulher, deixando as lágrimas que tanto havia controlado pela noite caírem em silêncio por suas bochechas coradas.

—Minha menina. Sinto tanto. — Os braços apertaram ainda mais ao seu redor, e a ruiva teve dificuldade de respirar. — Aquele bastardo não tinha o direito de machucá-la a esse ponto. Ficará tudo bem, meu bem. Daremos um jeito.

Roslyn se afastou assustada com as insinuações de Marion.

— Do que está falando? —Sussurrou com medo de que seu marido pudesse ouvi-la, e viesse reivindicar seus direito maritais mesmo sabendo que não estava por perto.

Quando acordou alguns minutos atrás, atordoada e assustada. Se deu conto de que seu marido havia respeitado sua vontade e não a violou.

— Estou falando da viola… —Marion parou no meio da frase para que  terminasse o raciocínio.

Uma expressão horrorizada se desenhou no rosto de Roslyn a medida que entendia do que a outra mulher falava.

A verdade é que tinha certeza do que aconteceria caso não tivesse implorado de todas as formas possíveis para que ele não cometesse tal atrocidade. Apenas, a sua força de preservação não permitiu que entregasse tão facilmente o único que lhe restava.

Ela não havia percebido que tinha conseguido convencê-lo até tê-lo longe dela.

—Marion, ele não me violou. —Decretou firmemente.

Sentiu as mãos calejadas da criada envolver as suas, afagando docemente.

—Senhora, não precisa mentir para que me sinta bem.

—Marion. —Repetiu com firmeza. —Não me violou.

Ouviu o som de passos ecoarem pelo corredor antes mesmo que a porta fosse aberta. Roslyn quase podia sentir o chão abrir sobre seus pés, e a sua respiração acelerar ao ter certeza que eram pisadas de botas.

Era seu marido.

—Saia.

A voz rouca e autoritária reverberou em sua alma. Mesmo sendo cega sabia que Marion não sairia daquele quarto a menos que intercedesse. A sua criada podia ser velha e, até mesmo, covarde em alguns momentos, mas era leal até a morte.

—Pode ir, Marion. —Soltou as mãos da mulher, e quase se arrependeu de sua decisão quando ouviu os passos da criada no corredor.

O ar pareceu se tornar pesado a sua volta, terrivelmente opressor como nas noites mais frias de inverno. A tensão a envolvia como uma camada fria sobre sua pele. Não passava de uma ovelha frente ao matadouro, esperando angustiada e perdida o momento em que seria sacrificada.

“A realidade pode ser bem pior do que seus pesadelos”, a voz impessoal do seu pai a lembrou antes de desferir outro tapa contra sua face, há longos cinco anos atrás.

Voltou a si quando sentiu a proximidade agoniante do homem. Pensou, prestes a entrar em desespero absoluto, que seria violentada por seu próprio marido. Este, que até mesmo seu nome desconhecia.

O som afogado que saiu de sua garganta quando foi agarrada pelo queixo de um jeito bruto, quase a fez proferir injúrias contra aquele bastardo. Tropeçou tolamente para frente, segurando-se a camisa de linho do marido para não cair sobre seus pés.

Quando sentiu braços fortes ampará-la, o sentimento de ódio apenas aumentou. Mordeu o interior da bochecha para não gritar e ter seu destino de morte adiantado.

A carícia em sua face machucada a fez se esquivar do toque, enojada. Do mesmo modo brusco em que ele a tocou, deixou seu braços caírem para longe de seu corpo. Naquele momento, Roslyn sentiu como se o seu pequeno ato de repulsa tivesse consequências muito maiores do que pensava.

—Estou grata por ter respeitado minha vontade.

Um som de desdenho saiu da garganta de Alaric, sentindo a boca seca . A pequena figura encolhida a sua frente não se parecia em nada com a sua esposa que lutou com todas as forças para manter a sua castidade.  

   — Minha senhora, devo frisar que respeitar as suas vontades foi o último que pensei. —Zombou.

    Alaric se afastou em direção a mesa de carvalho colocado às pressas naquele cômodo. A cesta de frutas parecia mais agradável ao seu olhar do que a postura amedrontada que parecia querer fazer parte do madeira envelhecida do chão.

    —Digamos que repulsa foi o que conduziu os meus atos. — Debochou, levando uma maçã particularmente madura a sua boca, detendo-se o suficiente para sentir um odor incomum atingir o seu olfato.  

   — Sinto-me feliz por seus sentimentos de nojo e repulsa se isso o mantiver longe de mim, meu senhor. — O tom desafiador e rebelde forçou um sorriso irônico desenhado nos lábios cruéis de Alaric.

    —Querida esposa, não deveria se sentir aliviada antes do tempo.

    —O que quer de mim?

    —Talvez medo? Angústia ao ouvir minha voz? Terror ao sentir minhas mãos reclamarem o que é meu?

    Alaric aproveitou o momento para se aproximar lentamente, como se estivesse prestes a caçar, e sua presa fosse particularmente interessante a ponto de gastar suas forças o suficiente para se aproximar de modo a apenas sentir o cheiro doce de terror.

    Roslyn sentiu perder o controle das emoções quando mãos grandes demais se apossaram de sua cintura protegida fragilmente pelo tecido velho de seu vestido. Lágrimas incontidas escorregaram de seus olhos, molhando suas bochechas frias.  Nunca sentiu tanto ódio de si mesmo como naquele momento por ter a fraqueza nua e crua revelada para um ser primitivo como aquele homem.

    –Diga-me, como se sente em saber que nada pode me parar? Que ninguém irá salvá-la de mim? Onde está sua bravura, Roslyn?—Sussurrou roçando os lábios junto a pele vulnerável de seu pescoço esguio.

    Alaric não soube em que momento a sua indiferença deu lugar ao um desejo avassalador de beijar aquela pele sedosa, reveladora e tentadora ao seu olhar. Pressionou os lábios úmidos contra aquele fonte de calor, mas antes de poder avançar, sentiu o contrair forte de Roslyn contra suas mãos. Levantou a cabeça olhando duas lágrimas grossas deslizarem pelas bochechas pálidas. O soluço forte quebrou o silêncio do quarto, a menina se encolheu tentando não se entregar, abaixando a cabeça até ter o queixo colado contra o peito.

    Alaric respirou fundo, tentando controlar a fúria de ser detido novamente. Ele nunca sentiu tanta sede de causar dor a alguém como naquele momento. Afastou-se, controlando a vontade de simplesmente machucar os punhos contra algo duro.

    Um novo soluço ecoa pela câmara.

    —Pare de chorar!—Cuspiu as palavras com ódio gotejando em cada uma delas. Roslyn segurou o choro, mordendo o interior da bochecha. Rapidamente, passou os dedos pelo rosto apagando as marcas que entregavam sua fraqueza evidente.

    —Odeio virgens. —Resmungou para si mesmo. — Já acabou, minha senhora?

    Roslyn não deixou de notar o sarcasmo em suas palavras, no entanto continuou firme em sua postura. Empinou o queixo, e dedicou a sua melhor expressão de arrogância para que seu marido pudesse se contentar com ela.

    —Muito melhor. Preciso discutir alguns assuntos sobre o clã. Por algum motivo que desconheço, além de revelar a ignorância que me cerca, o povoado não me passa absolutamente nenhuma informação que preciso para me tornar o Senhor das Terras.

    A mulher ficou mais ereta, revelando que não apenas o seu povo, mas assim como a sua própria esposa mantinha o mesmo pacto de silêncio que todos ali pareciam inclinados a obedecer. O homem circulou em sua volta, rodando a maçã entre os seus dedos, a encarando intensamente.

    —Se negar a falar?—Sussurrou.

    Roslyn apertou os dedos molhados contra o vestido, sentindo as pernas bambas e o estômago revirado de terror. Todos ali, sua família lutava por ela, no momento em que se negavam a dar informações era o momento em que se negavam a aceitar mais anos de submissão ao um líder abusivo. Se eles podiam lutar por seu clã, Roslyn faria o mesmo por sua liberdade.

—Coma.

—Meu Senhor?-Inquiriu confusa.  

Uma fruta foi pressionada contra seus lábios. Roslyn não precisava morder para saber que era uma maçã.

—Não estou com fome. —Sussurrou.

—Eu quero que coma, agora. —O tom autoritário não deu brechas para titubeações.

Roslyn entreabriu os lábios e a fruta foi mordida. Ela sentiu o suco suave encher seu paladar, mas um sabor azedo predominou. Com as sobrancelhas franzidas notou que havia algo de errado. Quando estava prestes a cuspir, uma mão pesada cobriu seus lábios a impedindo. Um braço enlaçou a sua cintura e, logo ela já estava pressionada contra uma parede de músculos. Jogou a cabeça para trás, tentando se livrar das mãos, ao mesmo tempo que mantinha o alimento na boca.

—A maçã está envenenada. Agora, eu preciso saber se está disposta a ser minha aliada ou não?

Roslyn se debateu um pouco mais em seus braços, mas ao final se rendeu, sentindo-se a pior da covardes quando ele lhe deixou ir, debruçando-se sobre o chão cuspindo toda a fruta.

—O seu povo deveria ter mais cuidado ao tentar me matar. Pode ser que ao final seja o seu corpo que eles encontrem, não o meu.

Minutos se passaram até Roslyn poder relaxar quando ouviu passos se distanciarem. O remorso a corroeu ao pensar em quantas vezes teria que romper a confiança do seu povo ao ajudar o mercenário que seu marido se mostrou em seus pesadelos mais profundos.


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Notas finais do capítulo

Seria BEMMM legal se alguém se sentir motivado a comentar rsrs. Mas, se não já é legal que alguns de vocês leitores anônimos estejam lendo! bjssss xoxoxo