Still Alive escrita por Jubs Malfoy


Capítulo 9
Ilvermorny




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A mansão Malfoy era grande, imponente e obscura. Na verdade, obscura era eufemismo. Nada na casa indicava que havia vida ali; era feita de madeira escura,  quase preta e aparentava ser muito velha, com suas janelas gigantes e assustadoras. A única cor vinha do jardim, onde belos pavões desfilavam, exibindo suas caldas.

Na sala de estar adornada de objetos antigos, um jovem loiro se ajoelhou com um candeeiro na mão e, com a outra, arrastou um lindo tapete negro com um grande M bordado em prata no centro. Abaixo dele havia um alçapão,  que o garoto abriu e entrou, sumindo de forma que ninguém saberia que estivera ali.

A escuridão dos túneis era quase palpável e angustiante. Escórpio acendeu a luz bruxuleante do candeeiro e se aventurou por entre os túneis que conhecia tão bem, e que tanto odiava. Os primeiros portões eram masmorras, ou pelo menos era o que pareciam; os grilhões estavam lá, assim como objetos pontiagudos que lhe enviavam arrepios na espinha ao imaginar para o que foram usados, mas agora abrigavam apenas ratos e algumas baratas.

Após eles, no final da escadaria, o corredor se dividia em três: o da esquerda, escuro e úmido; no do meio, correntes de ar frias vinham de algum lugar, e congelavam o rosto do pobre rapaz; o da direita estava iluminado por tochas escassas e era quente. Escolhendo o último, seguiu por um tempo até escutar os ecos de uma música estranha e distante. Em uma sala abarrotada de coisas aleatórias, Lis escutava uma música trouxa enquanto jogava algum ingrediente em um caldeirão, o qual borbulhava com um líquido vermelho leitoso.

— Ei, Scorp. Gostou do meu rádio? — ela nem ao menos tirou os olhos do caldeirão — Os gêmeos o enfeitiçaram para pegar as frequência dos trouxas sem interferência da magia. Me mandaram hoje pela manhã.

Ele sorriu. Já havia passado mais de um mês desde o casamento do Teddy, e a cada três dias, os amigos enviavam algo novo para ela testar. Lembrando do motivo que o levara até lá,  o jovem tirou um envelope cheio do bolso.

— Os resultados dos NOM’s chegaram.

Os olhos azuis da menina se arregalaram e ela largou a colher com que mexia o líquido e se apressou para pegar a carta.

— Como você foi?

— Não olhei ainda — ele tirou outro envelope da capa, intacto — vamos abrir juntos?

Ela assentiu e ambos abriram o envelope ao mesmo tempo, tirando uma folha de dentro. Um sorriso se abriu no rosto da menina, mas ele trazia as sobrancelhas franzidas.

— Scorp, o que foi?

— Tirei E em astronomia.

— Deixa eu ver — ela puxou a carta dele — ah, não,  Escórpio! Nove Ótimos  e reclama de um Excede Expectativas? Me poupe!

— E você?

— Seis O e três E. Tirei um aceitável também, em história da magia. E não, não estudei seus resumos, antes que pergunte. Mas então, quais matérias vai pegar?

— Dcat, Feitiços, Transfiguração,  Runas, Herbologia e Poções.

— Os mesmos que os meus! Ótimo, assim tenho sempre com quem sentar pras aulas.

Ambos escreveram suas matérias em um pergaminho novo, que deveriam mandar para a escola, como resposta. Só então,  o garoto reparou de verdade no caldeirão que fervia ao seu lado.

— Como andam as coisas com o Mapa?

— Ótimas. Mais dois dias e eu termino.

— Vem comigo levar as respostas? — ela concordou, abaixou o fogo e saiu do laboratório fechando a pesada porta de mogno.

O corujal ficava no alto da torre, a mais de vinte metros do chão, bastante acima do último andar, com uma escada que subia em espiral, a qual os dois subiram com algum esforço no final. Enquanto o garoto prendia as cartas ao pé de uma coruja, a ruiva estava sentada do parapeito da janela, da qual era possível ver boa parte da propriedade Malfoy e um pedaço da antiga estrada de terra que levava a ela.

— Ô Lisy, você vai cair. E eu ainda não aprendi a voar não. Vai morrer.

— Credo, menino. Não vou cair não — e com um sorriso malicioso que ele não viu, ela fingiu escorregar, lançando o corpo para trás, com um arquejo de susto.

— Lis! — ele correu desesperado desesperado, mas ao chegar na janela, o rosto dela se abriu em uma gargalhada incontrolável. Sua mão estava enrolada em uma corda pendurada do lado de fora. Obviamente, fora divertido para ela, mas ele considerava seriamente jogá-la da torre simplesmente por raiva daquele sorrisinho dela.

Mas a risada não durou muito, e logo morreu quando a menina viu uma figura de capa preta avançando em direção à mansão, rápido, quase correndo. O que ele fazia ali? E por que estava tão sério?

Os jovens desceram todos os andares quase voando pelos corrimões e no saguão,  Severo esperava com um ar tão sóbrio que poderia estar em um enterro, e Lis teve a impressão de que ele esperava ser ele mesmo enterrado.

— Senhor Malfoy, peço-lhe que deixe-nos a sós — seus olhos eram frios e inalcançáveis, Escórpio deixou a sala — Lis, arrume suas coisas...

— O quê? — ela o interrompeu — Mas eu vou para a Copa em dois dias!

— ... Você vai para a França imediatamente — ele a ignorou — seu avô requisitou sua presença.

— E você vai acatar?

— Claro! — a fachada fria dele se desfez — Ele pode simplesmente que quer você morando com ele se eu não o atender. Você sabe o trabalho que eu tive para te ter de volta quando sua mãe morreu.

— Você não precisaria ter ido me buscar se não tivesse me largado lá e sumido por dois anos!

Silêncio.

Ela pegara pesado, e sabia disso. Sabia que o tinha magoado pelo pesar nos olhos dele, mas aquilo era algo que guardava em seu âmago desde criança. Ele falou em um fio de voz.

— Você sabe que eu precisei...

— Sim, mas poderia ser mais firme. Agora ele vai me fazer desfilar no baile.

— Baile? Desfilar? Me explica isso.

— É... são duas festas para comemorar o começo das chuvas. Um baile daqui a dois dias e um festival na lua cheia. O festival era uma recompensa por eu me comportar no baile. Ano passado me recusei a ir, agora não posso fazer isso sem ele dizer que é culpa sua — ela deu um suspiro — Fazer o que, não é? Vou pegar minhas coisas, e vamos passar em casa antes, ok?

Ele assentiu e ela saiu da sala, encontrando o amigo em uma poltrona, parecendo terrivelmente com o próprio pai em um dia enfadonho há dez anos.

— Não vou à Copa com você — ela trazia um sorriso triste — tenho que ir para a França.

— Posso ir? — ele parecia implorar, e ela pegou sua mão.

— E perder toda a diversão? Não, fique. Se divirta por mim. E me faça um favor: guarde a poção e o caldeirão dentro da caixa e me traga, vou arrumar minhas coisas no quarto.

Minutos depois, estavam os três no saguão. Severo segurava o gato, o malão e a caixa que o garoto trouxera; os dois jovens se abraçaram. Lis reparou na decepção nos olhos do seu quase irmão e, naquele momento, ela odiava muito o avô. A copa de Quadribol era algo dos dois desde a infância, e agora até isso ele queria arrancar dela.

Por um segundo, olhando naquele mundo azul gelo, ela considerou levá-lo consigo, mas não, não iria submetê-lo àquilo. O garoto já não gostava da própria casa ou dos valores incutidos por sua família, não iria expô-lo às dela. Não queria que ele soubesse as coisas que ela não contou sobre a casa do avô, nem que as masmorras que ele tanto odeia, existiam também lá, e poderiam ser usadas se alguém contrariasse o Conde D’Noir.

— Me escreva contando tudo, certo?

Ele assentiu e ela soltou a mão dele, ao mesmo tempo que pegava o braço do pai, torcendo para que o garoto não visse a hesitação em seu rosto. Lis deu a ele um último sorriso nervoso e um aceno de mão antes de desaparatar e ser tragada pelo vácuo.

Três horas depois, Escórpio estava jogado no sofá, fechando um livro e deitando-o no peito. Estava completamente entediado. Três horas sem Lis e aquela casa já estava sem vida e mórbida. Ele não tinha irmãos, então passava o tempo todo sozinho quando ela não estava.

Ainda lembrava de quando ela passara um tempo lá, depois da morte da mãe. um mês e pouco, no qual a mansão ganhou uma alegria inédita com a menina, apesar de tudo o que passara, correndo e rindo e explorando as passagens secretas, encontrando uma forma de ir para as cozinhas pelo subterrâneo dois dias antes de ir embora.

Sons de saltos baixos descendo a escada tiraram Escórpio de seus devaneios: Narcisa Malfoy, com seus cabelos prateados, olhos azuis, e o nariz enrugado de como quem sente um cheiro ruim, marca de todas as Black.

— Escórpio —  olhou para os lados —  Cadê aquela menina?

—  Severo veio buscá-la… Ela não vai mais com a gente.

A senhora levantou as sobrancelhas, mas deu de ombros.

— Arrume suas coisas, seu pai está nos chamando, iremos mais cedo que o previsto.

 

***

 

Era sempre uma bagunça quando os Weasley viajavam juntos. Cabelos ruivos e morenos passavam voando pelos corredores, murmurando coisas que esqueceram e voltando para seus quartos. Todos estavam, alvoroçados, menos um. Alvo Potter estava em seu quarto apenas escutando os irmãos e os primos subirem e descerem as escadas parecendo uma manada de centauros em guerra, enquanto o próprio já havia arrumado as coisas com calma e agora estava tudo no andar de baixo, apenas aguardando.

Silenciosamente, agradeceu por sua mãe não estar ali naquele momento, e voltou sua atenção para a carta que assinava, endereçada a Lis. Precisava avisar a ela que já estava indo, e perguntar quando ela e o Escórpio iriam também. O garoto prendeu o pergaminho na perna de sua coruja e nem esperou para vê-la voando antes de sair do quarto e descer pro térreo.

Boa parte da família já estava lá, mas James passou correndo por ele, gritando que tinha esquecido algo extremamente importante, e quando ele desceu, todos saíram pela porta dos fundos e começaram a subir a colina atrás da casa, para longe das casas dos trouxas, onde poderiam pegar a chave de portal que seu pai havia agendado para eles.

Depois de uma boa meia hora de caminhada, Harry avisou que já estavam chegando, mas Alvo já estava cansado, se arrependendo profundamente de não correr com James e Lis todas as manhãs. A uns dez metros de onde estavam, um vaso de barro, parecendo nada mais que abandonado, os esperava. Teriam cinco minutos até que ela fosse ativada.

Alvo usou seu tempo perguntando ao James o que era a coisa “extremamente importante”, mas acabou recebendo um “não é da sua conta” do irmão, que virou as costas pra ele, perguntando ao pai quanto tempo ia demorar para irem, ao que ele respondeu já contando:

— Segurem todos — todos seguraram o vaso — três, dois, um…

Uma sensação de estar sendo puxado pelo estômago em um redemoinho o tomou, e ele começou a ver tudo borrado. Já estava acostumado é claro, mas a sensação era muito ruim. Quando chegaram, ele precisou de um tempo para confirmar que não iria cair ou vomitar caso se mexesse, e então olhou ao redor.

Era um camping, Em espaço verde, muito verde, de grama baixa, ladeado por uma floresta densa e cortada por um rio, o qual, para azar dele, estava bastante longe de seu acampamento, não muito, mas o suficiente para fazê-lo andar bem para conseguir água.

Sua mãe já estava por lá há semanas, e os esperava com as cabanas já armadas. Por fora, eram pequenas e simples, mas por dentro dariam confortavelmente quatro ou cinco das famílias Weasley, embora apenas três tivessem ido: a dele, a da Rose e a do seu tio Percy. A que ele dividiria com a sua própria, Hugo e Rose, já estava cheia de papéis e tabelas.

— Mãe, que bagunça é essa?

— Bagunça, Alvo? — Lily foi, com os olhos brilhando, para a pilha de papéis —  Isso é um tesouro! Todas as informações dos times mundiais, seus jogadores, habilidades individuais e em grupo, suas histórias, histórico de jogos…

Gina entrou na cabana, dando um sorriso orgulhoso para a filha, antes de olhar para o garoto.

— Eu trabalho escrevendo sobre os jogos, lembra? E estou cobrindo toda a copa mundial, desde a abertura até o final, preciso de informações para que meus textos sejam coerentes e eu tenha uma visão e opinião melhor do que aconteceu e pode acontecer —  o garoto levantou as sobrancelhas, não lembrava de ver sua mãe trabalhando, então nunca soube o que sua mãe fazia para deixar os textos tão perfeitos — Como por exemplo: Eu acredito que a Bulgária vai ganhar esse jogo e nada me tira isso.

Todos riram, e o Rony entrou, pegando o fio da meada.

— Claro, ele tem o Krum. E o time dos Estados Unidos é fraco, não sei nem como chegaram à final.

— Claro que não sabe, não pesquisou. Mas também não vou dizer.

E antes que Gina e seu irmão entrassem em uma briga por Quadribol, ele deixou a cabana, encontrando com a Rose do lado de fora e chamando-a para andar um pouco. Como ele não sabia se os amigos já tinham ido para lá, não custava procurá-los em meio à multidão de bruxos.

Haviam várias barracas espalhadas pelo grande campo, cada uma mais escandalosa que a outra, já que o resultado de vários bruxos de países diferentes juntos era uma competição gigante e inacabável. Conseguiu identificar barracas pertencentes às bruxas de Salém e da Bulgária, além de alguns outros que lhe eram vagamente familiares, mas por algum motivo, haviam várias barracas ostentando uma bandeira que ele não fazia a mínima ideia do que era. Parecia um trevo de quatro folhas com quatro animais que não conhecia, rodeados de fitas que tinham letras, as quais ele não conseguia ler.

— Ilvermorny.

— Han?

— Essas bandeiras, Alvo, são da Escola Ilvermorny, dos Estados Unidos. Devem ter vindo para homenagear o time, ou estão homenageando a escola, que provavelmente formou a maioria do time.

O garoto olhou melhor para a bandeira de fundo vermelho, trevo azul e fitas douradas. Era bem bonita, mas a de Hogwarts era melhor. E que animais estranhos eram aqueles? Foi o que ele perguntou a Rose, que respondeu que não era uma biblioteca e que não sabia de tudo, então os dois caminharam em silêncio por um tempo.

Alvo não deixava de procurar os amigos em meio às cabanas, e já estava começando a se preocupar com a ausência de resposta da Lis. A mansão Malfoy não era longe, então por que sua coruja demorava tanto a voltar? Ele não se permitiu viajar nas possibilidades, pois era ansioso e começaria a ficar mal, então levou a prima para um vendedor ambulante que circulava com coisas sobre os times.

O garoto comprou broches da Bulgária, que exibiam também o rosto atarracado do apanhador, Vítor Krum; comprou também alguns pôsteres que se moviam e pequenas bandeirinhas, além de um chapéu e um onióculo novo, já que quebrara o seu anos atrás, na escola.

    Rose foi muito mais comedida em como gastar seu dinheiro, em parte por que não gostava tanto de Quadribol, e preferia usá-lo para roupas e cosméticos, o que fazia o garoto revirar os olhos todas as vezes que ela dizia isso.

Após gastar mais um pouco com um sorvete de limão refrescante, ambos tornaram a fazer o caminho de volta para a cabana, e o garoto olhava para o céu e pras cabanas, se perguntando onde estariam os amigos

 

***

 

Escórpio odiava, ah, mas com odiava com todas as suas forças aquela ridícula cabana em forma de palacete na qual seu pai insistia em passar todas as copas de quadribol que assistiam. Era roxa e preta, extremamente chamativa e pomposa, e o garoto torcia todas as vezes para que o pai tivesse bom senso e cumprisse a promessa de comprar outra, mas ele havia, mais uma vez, deixado isso de lado. Um casal de pavões desfilava preso na frente, para completar o circo, ideia da sua avó, claro, uma homenagem o falecido Lúcio. E o garoto odiava cada pedacinho.

Ele não queria ter ido, e se arrependeu, no momento em que aparatou na cabana, de não ter insistido em ir para a França com a Lis. Ela era a única companhia dele naquele lugar, e mesmo que encontrasse o Alvo alguma hora, isso significaria conversar e interagir com a Rose, e isso ele não queria fazer de jeito nenhum. Mas não podia… não podia simplesmente ignorá-la, pois levantaria perguntas que ele não responderia, e isso traria mais problemas.

Mas a Lis… ela entenderia. Não faria perguntas em hora alguma, não o obrigaria a ficar perto da Weasley mais tempo que o necessário para não parecer estranho, e alimentaria as conversas para que não precisasse falar sem que os outros percebessem. E agora ela estava longe, bem longe.

Decidido a arranjar algo útil para fazer, pegou um cântaro e partiu em direção à bomba d’água perto do rio, que estava a apenas quinze ou vinte metros da sua cabana. Não havia uma fila para pegar a água, então ele ficou sozinho, ouvindo a corrente à sua direita. Uma sensação de estar sendo observado o fez olhar algumas vezes ao redor, até encontrar.

Ela era linda. Foi a primeira coisa que ele reparou. Tinha a pele da cor da avelã, e cabelos castanhos escuros que desciam cachos como molas, bem volumoso. A garota (aparentava ser um pouco mais nova que ele) o encarava com curiosidade, e parecia querer se aproximar, o que realmente fez depois de alguns segundos.

Seus traços eram comuns e rústicos, mas incrivelmente harmônicos; seus olhos tinham o mesmo tom dos seus cabelos, em um castanho chocolate. Ela não era magra, e tinha o corpo realmente farto e curvilíneo, diferente de tudo o que ele estava acostumado, e conforme ela se aproximava, percebeu que ela não passava dos seus ombros.

— Perdão, devo ter te assustado, mas... Não pude conter a curiosidade. Você saiu daquela cabana... — não era uma pergunta, estava mais para uma afirmação hesitante. Ele percebeu que ela olhava para o palacete, e confirmou.

— Exagerada, não é?

— Ela é linda.

Os dois haviam falado ao mesmo tempo e pararam subitamente com o susto, rindo logo em seguida. A menina estendeu a mão.

— Eu sou Maia Kringles, e você?

— Escórpio Malfoy — deu a mão a ela, balançando-a.

— Aah, filho do Draco Malfoy? — ele se surpreendeu, e ela complementou — Meu pai é embaixador​ dos EUA, trabalhou com o seu durante meses, e eu estou acompanhando esses jogos desde o início, já fomos apresentados.

Ela sorriu com dentes brancos que contrastavam lindamente com sua pele escura.

— Quer conhecer a cabana por dentro? Garanto que é ainda maior e mais pomposa.

Ela riu, e Merlin, os céus sabiam que ele era apaixonado pela Rose, mas aquela risada... Então ele parou. Lembrava tanto a da Lis. E então ele ficou decidido a fazer amizade com aquela estranha apenas para que pudesse apresentá-las algum dia.

A menina aceitou o convite e o ajudou com o cântaro. Ambos andaram conversando sobre o clima ou sobre os jogos, e ele percebeu que ela gostava de Quadribol tanto quanto ele. Na entrada do acampamento dele, ela hesitou. Seus olhos percorriam a cabana-castelo curiosos, mas com um toque de receio. Ele não pôde deixar de imaginar se os cabelos dela eram tão macios quanto pareciam.

— Ora, vamos, eu não mordo.

Ela o olhou sorrindo e com as sobrancelhas erguidas.

— Mas quem me garante que algo aí não o faça?

Apesar disso, ela riu, acompanhada dele, e entrou, pisando lentamente, pela porta.

Era fácil conversar com ela, e logo ele descobriu que ela tinha, surpreendentemente, quase 17 anos, e que estava indo para o último ano da sua escola, Ilvermorny.

— É dividido em casas também?

— Sim, cada um desses animais representa uma casa e uma parte da pessoa. Eu sou da Thunderbird, o pássaro-trovão — a garota apontou para o pássaro de asas abertas, desenhado em dourado ao norte da insígnia da escola, cheio de arabescos — representa a alma, e é onde se encontram os aventureiros.

O garoto olhou para ela, e um brilho nos seus olhos mostrou que ela estava exatamente onde pertencia, então perguntou sobre as outras casas.

— Aliás — ele interrompeu, antes que ela completasse — por quê sua casa tem nome de um animal, e não de um fundador? Sei que eram quatro fundadores, assim como Hogwarts.

— O fundador da Thunderbird não achou que seu nome ficaria bom em uma casa, e os outros concordaram e fizeram o mesmo. Agora deixa eu continuar: Wampus, ou Pumaruna — o animal parecia uma pantera, e tinha seis patas, ficava ao leste do trevo — é o corpo, e onde ficam os guerreiros. Pukwudgie, sim o nome é meio estranho, é essa criaturinha bizarra aqui — apontou para o sul da bandeira, uma criatura parecendo um porco espinho ereto estava bordado em dourado, como os outros, e o menino não reconheceu a criatura de nenhum dos livros que lera — representa o coração, e favorece os curandeiros. É a casa mais fofa. E a última, da fundadora principal, Isolt Sayre, que por acaso é parente de Slytherin, fundador da Sonserina de vocês, a Horned Serpent.

Uma cobra com dois chifres e enrolada no que parecia um símbolo antigo, estava estampada no lado oeste do trevo. Uma cobra para uma descendente de Slytherin, até que fazia sentido. O garoto perguntou o que ela representava.

— A mente, e os alunos inteligentes e estudiosos.

— O que seria a nossa Corvinal, interessante…

A conversa fluiu por algumas horas, e a menina ficou para o chá, servido pela elfa da Lis, a qual foi admirada e observada pela morena. E então, quando começou a escurecer, ela deixou a tenda com uma promessa de encontrá-lo no dia seguinte e sentar no mesmo camarote que ele, no jogo, dois dias depois. E o garoto percebeu que teria companhia para aqueles dias, ficando mais aliviado. Na cama, mais tarde, imaginou se Lis estaria, pelo menos, se divertindo.


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