Este ano o natal vai estar cheio escrita por Segunda Estrela


Capítulo 4
Histórias constrangedoras, ele mereceu




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Ben tinha sumido com Hux, provavelmente para reclamar em um algum canto, mas apareceu de novo quando era hora de almoçar. Estavam todos sentados a mesa, Leia em uma cabeceira, Han em outra, com Chewie e Lando de cada lado. Luke ao lado de Leia, Rey logo em seguida, sentada na frente do menino mimado.

— Podem comer. – Disse Leia, parecendo surpresa que estavam esperando.

Rey pegou o garfo e foi enchendo a boca em grandes porções, mastigando como se não tivesse ninguém olhando. Não percebeu sua falta de modos. E mesmo que os outros notassem, ninguém ficou incomodado de verdade, a princípio.

— Nossa, você nasceu em um chiqueiro? – Perguntou Ren, torcendo o nariz como se realmente estivesse enojado, o que não era o caso, mas ninguém além dele saberia.

Rey olhou em volta, com a boca cheia e um pouco de comida em seu queixo. Imediatamente, largou os talheres na mesa, totalmente embaraçada. Seu rosto ficou vermelho do queixo até as orelhas e ela não conseguiu encarar ninguém em volta. Leia deu um chute no seu filho por baixo da mesa, mais forte do que ela parecia capaz.

— É compreensível, Luke cozinha muito bem não é? Eu mesmo tenho que me controlar para não devorar tudo em uma mastigada só. – Disse a dona da casa, sorrindo para ela com doçura.

— Eu queria poder cozinhar mais vezes para os outros. Só cozinho para minha samambaia, Mara Jade, mas ela nunca me elogia. – E todos olharam para o senhor de cenho franzido. – Ela é difícil de agradar.

— Ei, Rey. Você disse que gostou das histórias, quer ouvir outras? – Han perguntou, olhando nos olhos da garota e ignorando completamente o cunhado.

A jovem concordou devagar com a cabeça, apreciando a tentativa de tranquilizá-la e a gentileza de seus anfitriões.

— Gostaria. Obrigada. – Sussurrou Rey.

— Bom, sabe, quando Ben era menor, ele gostava de escrever poesia. Quando ele tinha uma quedinha na escola, escrevia uma poesia e dava para a garota.

— Pai. – Falou Kylo em um tom de ameaça que Han ignorou completamente.

— E ele sempre era rejeitado por todas elas. – Disse o homem, com uma risada.

Poe e Finn se entreolharam com divertimento em seus lábios.

— Não consigo imaginar como seja isso. – Comentou o piloto latino, e realmente, não conseguia.

— Mas veja, eu entendo as garotas. Ele escrevia coisas macabras, acusando as meninas de o terem seduzido de propósito. Dizendo que estava sofrendo e a culpa era delas. – Completou Leia, rindo.

Os outros na mesa a acompanharam. Mesmo sobre o olhar de julgamento de Ren.

Chewbacca gesticulou algo para Kylo Ren, que Rey não conseguiu enxergar de onde estava.

"Eu não era sensível" Ben respondeu, somente com libras, e por algum motivo, Rey achou suspeito que ele tivesse aprendido a se comunicar com alguém que dizia não gostar.

Lando colocou as duas mãos na mesa, inclinando-se para frente.

— Lembra aquela vez que eu, você, Chewbacca e Ben fomos acampar no final de semana dos garotos? He, esse menino... Ele disse que queria aproveitar a solidão cercado pela natureza, de um jeito dramático, típico dele. – Lando riu, lembrando-se. – Ele ficou em uma “caminhada contemplativa” por dois dias. Um guarda-florestal que achou ele e trouxe de volta.

— Ainda não acredito que vocês não foram me procurar. – Reclamou o rapaz, emburrado.

Todos riram, menos Hux.

— Eu que ainda não acredito que vocês não me chamavam para os finais de semanas dos garotos. – Falou Luke com a voz chorosa.

— Podia ser pior, pelo menos não choveu. – Disse Finn, tapando o sorriso com as mãos.

Han meneou a cabeça e completou:

— Choveu sim, e tivemos que voltar para casa ouvindo reclamações sobre como o cabelo dele estava horrível. Aparentemente, a umidade não era “boa pros fios”.

— Teve aquela vez que fomos no parque aquático quando ele tinha 5 anos e começou a gritar que estava se afogando. – Riu Luke.

Finn franziu as sobrancelhas.

— Não entendi, ele estava se afogando?

— Ele estava no chuveiro.

Kylo Ren bateu na mesa com raiva, olhando para todos em volta de forma acusadora.

— Tudo bem, já chega de histórias sobre mim. Por que a gente não fala do tio Luke e do asilo de velhos onde ele mora?!

— Eu não moro em um asilo de velhos. – Respondeu o senhor loiro com calma. – Quem dera tivessem outros velhos lá.

O resto das pessoas deram risadas contidas, menos Hux, ele nunca ria.  Lando se virou para o rostinho lindo do Poe Dameron, com curiosidade.

— E você garoto? Disse que é piloto.

Poe sorriu para ele com todos seus dentes brancos.

— Sim, eu sou piloto de caça, por enquanto eu estou só nas apresentações, mas a senhora Leia está me ajudando a fazer a prova para ir para o militar.

— O pai da Leia foi piloto militar uma época também. – Comentou Han para os outros na mesa.

— Eu podia ser piloto se eu quisesse. – Resmungou Kylo Ren em voz baixa.

Leia olhou para ele com as sobrancelhas levantadas, fazendo um biquinho incrédulo.

— Poe Dameron, piloto de caça. Isso soa bem. – Comentou Luke.

Kylo deu um murmúrio cheio de ironia e desprezo. Poe sorriu para ele de forma desafiadora.

— Kylo Ren, estraga-prazeres. Isso também soa bem. – Zombou o latino, ainda sorrindo.

Finn o acompanhou com uma risada, contida pela mão em sua boca. Rey riu abertamente sem ligar. O amigo ruivo de Ben, simplesmente olhava para todos na mesa com uma avaliação torta. Han decidiu que devia perguntar alguma coisa para ele, para tentar colocá-lo na conversa.

— Por que você não vai passar o natal com seus pais?

Hux limpou a boca com um lenço antes de falar com toda a pompa:

— Eu sou judeu.

Luke não conseguiu esconder sua surpresa, se aproximou da irmã e sussurrou em seu ouvido:

— Achei que ele era neonazista. – Falou, assustado.

Leia deu de ombros, igualmente espantada. Nem mesmo ela não saberia responder.

— Você tinha uma gata, não é? Como ela está? – Perguntou a mulher, sabendo que se importava mais com a gata do que com o rapaz.

— Ela está bem, é um animal majestoso.

— Eu tinha um gato. – Começou Luke. – Mas ele morreu em miados do ano passado. – E assim que falou isso, começou a bater na mesa enquanto ria.

— Meu deus, tio! Por que você tem que fazer essas coisas, já não tenho problemas o suficiente?

— Mas todo mundo tem problemas, até o Frankstein.

Kylo Ren levantou com raiva, erguendo as mãos para o ar. Seu prato balançou levemente quando ele esbarrou na mesa.

— Eu desisto dessa família. – Gritou ele. – Por que vocês se esforçam tanto para me fazer passar vergonha?

— Tenho que admitir, você facilita demais. – Han completou com um sorriso.

Leia nem mesmo se importou enquanto via-o andar com passos duros para fora da sala.

— Cozinha suas mágoas na panela depressão. – Gritou Luke de volta, ainda rindo. – Entenderam? Depressão, igual de pressão. - No fundo Luke nem achava tanta graça nessas piadas todas, mas com certeza conseguia achar graça nas reações do sobrinho.

Por um segundo, entre gargalhadas, Rey se perguntou se estavam sendo cruéis com ele, mas então lembrava de como ele tratava todos à sua volta e não conseguia sentir culpa.

E todos continuaram rindo, menos Hux.

[...]

Rey, Leia, Finn e Poe estavam andando distraidamente pelas ruas da cidade pacata. As lojas estavam abertas, cobertas e enfeitadas com luzes e penduricalhos de natal. A mais velha tinha sugerido que saíssem para conhecer um pouco a cidade. Enquanto o resto do grupo foi comprar coisas para a suposta “diversão noturna”. Leia decidiu cuidar dos outros meninos e ir em lojas e parques.

— Vejam bem, ali no centro fica a árvore da cidade, e também onde fica o Papai-Noel para as crianças.

Rey não podia esconder sua animação de ver todas aquelas pessoas sorrindo e fazendo fila, carregando meninos e meninas para encontrar o senhor. Leia era esperta, e notou o jeito que ela olhava a movimentação, sabendo que provavelmente Rey nunca tinha tirado uma foto com o bom velhinho.

— O que acham de tentar?

Finn cruzou os braços, olhando para a senhora sem entender. Apesar do que Kylo dizia, só Rey e Finn eram mesmo órfãos, e Poe ainda tinha um pai vivo. Então o rapaz de cabelos morenos parecia entender exatamente o que ela pretendia fazer.

— Vamos, pode ser divertido. – Chamou o latino.

Rey não queria parecer desesperada por tentar, mas não conseguia fingir que não gostava da ideia. Ela assentiu rapidamente, e quando aceitou, foi questão de tempo para convencer Finn. Os três entraram na fila, aceitando com sorrisos como os outros o encaravam com estranheza.

Rey foi na frente, quase dando pulinhos de animação.

— Dê espaço para as outras crianças, Rey. – Riu Finn.

— Desculpa, quando eu era criança, o único velho barbudo que eu conhecia se chamava Jorge, e mandavam a gente ficar longe dele.

E ela dizia isso sorrindo para ele de volta. O sorriso dela era exageradamente adorável, quase injusto com qualquer um que tentasse sorrir ao seu lado. Todos os seus dentes apareciam e seus olhos fechavam como em um desenho animado. Era contagiante, e todos que a viam rindo pensavam a mesma coisa.

 - Eu nunca fiz isso antes. Eu nem sei se devo pedir alguma coisa de natal, seria muito idiota? – Rey perguntava, juntando as mãos de ansiedade.

— He, pede se quiser. Pode ser divertido.

Rey concordou alegremente também. O frio a incomodava um pouco, não estava muito acostumada a ele. No entanto, achava que sentir a neve caindo de leve no seu nariz era uma das melhores sensações do mundo.

Leia olhou para a menina e se pôs a falar:

— Ben adorava vir ver o Papai-Noel, mas ele costumava pedir coisas absurdas, como superpoderes ou fazer parte dos Beatles. Achava que não estávamos ouvindo. Com o tempo, os pedidos não se realizavam e ele parou de acreditar. – Ela parecia quase triste falando isso, era como se a perda de fé do menino, representasse muito mais do que apenas deixar de acreditar no Papai-Noel.

Rey olhou para a mulher baixinha com atenção. Han e Leia eram muito diferentes do filho e pareciam ótimas pessoas, não sabia se era possível terem cometido algum erro na criação de Ben.

— O que aconteceu? Por que agora ele é... – Mas não encontrou as palavras certas.

— Um cuzão? – E se virou para os outros, com o dedo em riste. – Veja bem crianças, só permito que falem cuzão quando estiverem se referindo ao meu filho. – Completava ela.

Podia estar brincando, mas Rey percebia o quanto magoava ela admitir que não gostavam dele, pior, que ele dava todos os motivos para isso. Talvez ela pudesse dar uma chance, não por ele, obviamente, mas pelos seus pais que não mereciam aquele tipo de tratamento.

Finalmente, chegou a vez de Rey. E um pouco tímida, ela se sentou no braço da poltrona vermelha. O velhinho olhava para ela com as bochechas coradas e um sorriso gentil.

— Olá moça bonita, sabe o que quer de natal?

Ela se remexeu um pouco, percebendo que tinha esquecido de pensar em algo.

— Eu não sei. – E parecia mais envergonhada pela sua ação do que o normal.

— Não se preocupe, eu te ajudo. – Ele parou um segundo para pensar. – Uma jovem tão bela deve querer um namorado?

Rey riu com a proposta, e negou com a cabeça.

— Namorada? – Perguntou, erguendo uma sobrancelha.

— Também não.

A garota parou para pensar, não podia querer muito mais do que tinha, já era tão grata por tudo, mas mesmo assim, não podia desperdiçar um pedido para o bom velhinho.

— Eu quero que esse natal seja bom para todas as pessoas que eu gosto. Quero poder fazer alguma coisa para ajudar.

O velhinho riu para ela com graça, e deu uns tapinhas na sua cabeça como se ela fosse uma criança.

— Muito bem. Está garantido.

E assim, ela chamou Poe e Finn, e eles tiraram a primeira foto de natal juntos. O sorriso de Rey era brilhante, sincero. Estava tão satisfeita que era possível sentir a intensidade da sua alegria através da imagem. A primeira vez que comemorava o natal de verdade, e era com pessoas que amava. Não importava, nem mesmo Kylo Ren conseguiria estragar isso.

 E a jovem de cabelos castanhos, quase sempre presos em um coque, se pegou pensando. Era natal, época de perdoar e se deixar ser gentil com todos, mesmo com quem ela não gostava. E isso provavelmente seria bem mais difícil do que estava pensando, mas pelo menos estava pensando no assunto. Ia mostrar com ele maior senso de perdão do que já tinha tido na vida.

Parou na frente de uma lojinha simples com pôsteres impressionantes, sim, aquele parecia o tipo de coisa que ele gostaria de ganhar.


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Notas finais do capítulo

Me computador voltou! Bom, agora ele não é mais windows 10, tá em português de portugal e virou 32 bits. Pelo menos não perdi minhas coisas, ha.
É uma droga.
E sinto muito pelo rostinho lindo do Poe Dameron, mas eu não resisto.
Eu sou apaixonada pelo sorriso da Daisy, acho que dá pra notar.
https://i.ytimg.com/vi/2xukUaoyHl0/maxresdefault.jpg
GENTE, é linda.
Por favor, comentem e falem sobre o que vcs acharam, por favorzinho?
Pelo amor de deus, alguém comenta. Eu já to carente de amor, não me deixem carente de comentário! Por favor!



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