Fênix Negra escrita por FireboltVioleta


Capítulo 4
Colheita




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— Vamos, Teddy! Você consegue!

O garoto franziu a pequena testa, fazendo seus cabelos alterarem-se para um forte tom de azul, enquanto se concentrava.

— Consegui! - gritou animadamente, mostrando para o padrinho a caixa que segurava, onde agora havia um ratinho de pelagem rosada, espreitando o ambiente com seus minúsculos olhos escuros.

— Eu disse que você conseguiria – sorriu Harry, indo até o garoto, bagunçando-lhe as mechas azuladas.

— Vou mostrar para a Gina!

O auror fez uma careta. A mulher estava ocupada no quarto, embalando Alvo Severo, tentando botá-lo para dormir, e ficaria seriamente aborrecida se Teddy a interrompesse.

— Hum… por que não vai fazer um lanche na cozinha primeiro? - sugeriu – assim que ela sair do quarto, eu te aviso.

— Oba! - o menino assentiu, deixando a caixa em cima da mesa do corredor, e descendo velozmente escadaria abaixo, desaparecendo de vista.

Harry sorriu, suspirando. Virou-se para trás, ouvindo a porta do quarto se abrir. Meneou a cabeça para a esposa, que fechou-a suavemente, saindo em silêncio do cômodo.

— Dormiu – disse, afetuosa – onde está Teddy?

— Lá embaixo.

— Mandou o menino passear de novo, Potter? - brincou Gina, revirando os olhos – vou até lá.

Acompanhou-a descer até o térreo, só se distraindo da atividade quando ouviu passinhos apressados ecoarem atrás de si.

Baixou o olhar, erguendo os braços para o filho mais velho.

— Vem com o papai, Tiago!

Gina entrou na cozinha, esperando ouvir um estardalhaço ensurdecedor, como acontecia toda vez que o pequeno Lupin aprontava seus lanches.

No entanto, a encontrou estranhamente quieta.

— Teddy?

Sobressaltou-se quando alguém gritou do lado de fora da casa. Assustada, sacudiu a cabeça, continuando a procurar o garoto.

Achou-o debruçado sobre a pia, ajoelhado numa cadeira, abraçando uma tigela cheia de farinha. O açúcar, aberto ao seu lado, ainda tinha uma colher enfiada dentro de sua embalagem.

Ela colocou as mãos sobre as costas arqueadas do menino, sacudindo-o.

— Ted?

Virou a cabecinha de Teddy em sua direção.

Encontrou seus olhos abertos, vendo algo que não estava ali.

Harry acompanhou Tiago galopar sorridente em sua direção, erguendo as mãozinhas na direção do pai.

Sendo assim, estranhou quando o ritmo do bebê diminuiu, tornando-se ligeiramente mais lento e desengonçado.

Tiago ofegou, sacudindo a cabeça. Ainda se esforçou para dar mais alguns passos, olhando para Harry com os olhinhos trêmulos.

O garotinho revirou os olhos, fremindo, desabando de bruços no chão, escorregando na flanela do minúsculo pijama.

— Tiago! - o auror arquejou, indo até o filho.

Foi nesse momento que ouviu um grito de puro horror, que congelou cada terminação nervosa de seu corpo.

— HARRY!

— Você vai dormir!

— Nao num naum! - a bebê fungou, batendo o pezinho no chão.

Rony sacudiu a cabeça, lançando um olhar desesperado para Hermione.

— Eu não consigo convencê-la! - ele soltou uma exclamação exasperada – como consegue botá-la para dormir toda noite?

Hermione sacudiu a cabeça, fingindo soltar um muxoxo de descaso.

— Homens. São todos iguais – aproximou-se do berço, pegando a filha no colo – vá colocar o lixo para fora. Eu dou um jeito nessa menina sapeca.

— Ah, claro. Eu fico com o serviço sujo e malcheiroso – brincou o rapaz, desviando da almofada que a esposa lançou em sua direção, e saindo do quarto aos risos.

Rose gracejou baixinho.

— É. O papai é maluco, não é? - abriu um sorriso, beijando a testa da menina – agora vamos fazer você pegar no sono, querida…

Deitou Rose no berço, sem se alterar com os protestos guinchantes da menina.

— Nu que… - fungou, erguendo os olhos claros, com uma expressão desapontada.

— Eu sei, querida – a jovem se debruçou sobre o berço, acarinhando a diminuta testa da bebê – mas você vai ter mais tempo para brincar depois. Tem que dormir agora.

Rose arrulhou, parecendo considerar o que a mãe dissera.

— Mamá… cata? - indagou.

A mulher sorriu.

— Claro, querida… se eu cantar, você promete que dorme?

Viu-a assentir, animada.

Ainda acarinhando-lhe os cabelos ruivos, Hermione inspirou, começando a cantarolar a música preferida de Rose, num tom melodioso e doce.

Você é meu brilho

Meu raio de sol

Me faz tão feliz quando estou só

Não sabe o quanto que eu te amo

Não vá embora, meu raio de sol


 

Viu a bebezinha sorrir amplamente, maravilhada, com os olhinhos brilhando de admiração e deleite.

A mãe sorriu de volta, sentindo o carinho lhe inundar, percebendo todo o amor que Rose tinha por ela – e o quanto também adorava aquele pequeno presente que o Destino lhe dera.

Soltou um muxoxo de ternura, deslizando os dedos pelas bochechas macias da filha.

— Você realmente não sabe quanto eu te amo, meu anjo… - Hermione sussurrou, beijando-lhe o rostinho corado – é tudo para mim, florzinha…

Rose riu baixinho, expondo dois dentes de leite, que estavam terminando de emergir na pequena boca. Hermione ficou admirando-a por um tempo, pensando no quanto tinha sorte de ser mãe daquele tesouro tão especial.

Repentinamente, um alto e sonoro berro emergiu pela janela do quarto, vinda de algum ponto do outro lado da rua.

Perplexa, Hermione ouviu vários outros gritos se unirem ao primeiro, como se toda a vizinhança se juntasse num coral de lamentações aterrorizadas.

Estremeceu com o berro que ecoou do andar inferior.

— HERMIONE!

Voltou a encarar Rose, sentindo o pânico e a confusão unirem-se num turbilhão dentro de seu peito.

Percebeu a bebê arregalar os olhos aflitivamente.

Rose tossiu baixinho. O sorriso esgarçado diminuiu, até que seus lábios relaxaram completamente. Um soluço angustiado escapou de sua garganta, enquanto os olhinhos esgazeados fitavam-se em sua adorada mãe.

— Mamá…

A mãozinha ergueu-se levemente, com deliberada dificuldade, como se quisesse tocar o rosto perplexo de Hermione.

Mas nunca chegou a fazê-lo.

O bracinho da bebê despencou, caindo inerte contra o colchão.

Imponente, atordoada, Hermione viu o brilho nos olhos de Rose desaparecer.

E sentindo, parte de sua alma se esvair com a vida da filha, sua lamúria se uniu aos gritos do vilarejo.


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