Fênix Negra escrita por FireboltVioleta


Capítulo 20
Caça às Bruxas




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Ronald já estava há várias horas de Londres quando as investigações começaram.

Havia seguido a pista de uma bruxa que encontrou no centro da cidade, cujas informações alegavam que tinha presenciado a fuga de uma jovem encapuzada, em direção à estrada que levava ao interior do país.

Seu coração palpitava angustiadamente dentro do peito, conforme se enredava cada vez mais pela paisagem bucólica dos bosques do sudeste da Inglaterra.

Ainda não conseguia acreditar no que havia ouvido na reunião dos aurores. Nunca havia esperado tanta insensibilidade e frieza, daqueles que haviam sempre sido seus melhores companheiros de trabalho.

Os únicos que julgava inocentes daquela decisão errônea eram Harry e Neville.

Ambos haviam passado pelo mesmo sofrimento que ele, e não os culpava por não tomarem parte de sua busca por Hermione. Ao contrário dele, ainda tinham suas esposas e família para cuidarem. Não podiam se arriscar.

Encontrava-se dividido nesta questão. Queria fazer o que era certo, e doía-lhe virar-se contra a decisão a as pessoas que tanto admirava e respeitava.

Mas Hermione era tudo que havia restado de sua família enlutada. E não podia ficar simplesmente esperando que a Ordem a caçasse, enquanto sua mulher estava completamente destroçada emocionalmente.

Havia tomado sua decisão. E não voltaria atrás.

Atravessando a fronteira de East Sussex, encontrou um pequeno bar à beira da estrada, - estranhamente movimentado, para um estabelecimento que se costumava ver frequentado apenas durante noite.

Interceptou uma das garçonetes na varanda, crente de que ela teria alguma informação sobre Hermione.

— Bom dia – cumprimentou-a – a senhorita poderia me ajudar?

A jovem lançou-lhe um olhar assustado, a cabeça estremecendo de forma tensa. Rony ofegou baixinho, reconhecendo a expressão vidrada de quem havia sido obliviada.

— Eu… eu… - encolheu-se a moça – eu não me lembro… de nada…

Suspirou, contraindo os dedos das mãos.

— Tudo bem… se acalme – disse calmamente – o que houve com você?

— Não sei – fungou a garçonete, tentando se livrar do tique nervoso que a fazia menear o queixo o tempo todo em direção ao norte – estava trabalhando nos fundos… um bruxo entrou aqui e - massageou a testa, fechando os olhos – eu não sei… ele saiu… e o bar estava… vazio…

— Um bruxo? - interessou-se  – como ele era? Consegue se recordar?

— Não muito – a garota choramingou – um rapaz… em vestes escuras… - parecia se esforçar para recordar – o vi… indo em direção à estrada… com uma garota…?

A nova informação foi um soco no estômago do ruivo.

— Uma garota? - arquejou.

— Acho que sim… ouvi só… cochichos – balançou a cabeça em negativa – sinto muito… eu realmente não…

— Ei. Tudo bem – pousou a mão no ombro da garçonete – melhor descansar. Estou indo atrás de quem obliviou você. Melhor descansar… - sorriu fracamente – obrigado por me informar.

Ela jogou-se contra o banco da varanda, guinchando.

— Não há de quê….

Dando as costas para a garota, Ronald retomou sua caminhada, deixando o estabelecimento e dirigindo-se atordoado estrada afora.

Um rapaz…

Hermione não estava sozinha.

A realidade daquele fato pareceu tirar todo o ar de seus pulmões por um momento. Retraiu-se, apertando a alça da mochila contra os ombros.

Quem, contra todas as probabilidades, havia cruzado o caminho de Hermione - e tido a sorte de sobreviver - para acompanhá-la naquela viagem?

E por que?

Não compreendia. O que teria levado-a a confiar na cumplicidade de um completo estranho? E pro que haviam alterado a memória dos funcionários do bar?

Vincou a testa, acelerando o passo.

A resposta, talvez, estivesse um pouco mais adiante, oculta atrás das árvores do bosque que ladeavam a estrada.

O rapaz fechou as mãos em punhos.

Ele encontraria o rastro de Hermione e de seu novo comparsa. Descobriria para onde estavam indo, e qual seria o próximo passo dos Comensais.

Mesmo que precisasse revirar toda East Sussex para isso.





Nora ajeitava os últimos pertences em sua bolsa, e quase não percebeu a aproximação de Cavallone. Sobressaltou-se, erguendo um olhar assustado para o rapaz.

Spiacente, signorina.- desculpou-se Renato, embora não parecesse nada arrependido de ter lhe causado tal susto – espero que tenha apanhado tudo. Já estamos de saída.

Um arrepio percorreu a nuca da jovem.

— Terminaram?

Renato sabia que se referia à eliminação dos Comensais da Morte que haviam sobrevivido ao envenenamento do refeitório.

— Sim – limitou-se a dizer.

Ela encolheu-se. Havia tentado ignorar a impiedosidade deles, justificando mentalmente o que estavam fazendo, tentando se convencer que a justiça estava sendo feita.

Porém, ainda lhe perturbava ver a falta de remorso no olhar dos dois bruxos.

— Para onde vamos? - indagou, ajeitando a bolsa sobre o ombro.

— Sul – declarou – vamos atravessar o Canal da Mancha… - acrescentou, fitando-a – até o norte da França, em Coquelles. Graças aos seus colegas Comensais, agora sabemos que a Serpente se encontra escondida fora do território inglês.

O queixo de Nora caiu.

— França? - repetiu, abismada.

Supresa, ragazzina? - por um ínfimo segundo, Renato pareceu achar graça com a reação dela – devíamos ter suspeitado. Ele… ou ela… jamais teria orquestrado algo assim se não estivesse em segurança… do outro lado a Europa. Enquanto Blackhole segue nosso rastro ate aqui, estaremos indo para bem longe dele.

— E com seu principal mediador fora de alcance por um tempo… - supôs Nora, fazendo uma careta - a Serpente ficará momentaneamente vulnerável. Certo?

Sagace bambina— riu-se o bruxo – você e Blink não parecem mesmo com estas pobres almas arrebanhadas pela Serpente – ergueu uma sobrancelha – e você? O que a trouxe para essa conspiração?

A mulher retraiu-se.

— Minha família… está presa em algum lugar… - segurou um soluço aflito – faz dois anos… dois malditos anos… que tento encontrá-la… ajudando esses miseráveis… para mantê-los vivos – o encarou – e agora… que serei vista como traidora…

Cavallone repentinamente segurou-lhe o braço, impedindo-a de continuar.

Porém, ao contrário do que se esperaria, o gesto foi surpreendentemente gentil.

— Não se preocupe… - prometeu – faremos questão de demonstrar que ainda são leais, se isso for necessário. Com alguma sorte, quando tudo acabar, poderemos libertar sua família – enfatizou – mas, para isso, vai ter que nos ajudar também. Capito?

Nora levou as mãos a boca.

E, num impulso que surpreendeu a ambos, jogou os braços ao redor de Renato, num inesperado abraço.

— Obrigada… - disse, fremindo – é tudo que eu mais quero… obrigada…

Por alguns segundos, Cavallone permitiu-lhe aquele gesto de gratidão, pousando cautelosamente a mão sobre as costas de Nora.

Enfim, segurou-lhe os ombros, afastando-a.

— Não me agradeça ainda – cortou-a, mesmo que sem a rudeza de outrora – você tem que se focar – apontou para o horizonte, onde duas silhuetas aguardavam nos limites do acampamento – está na hora.

Acompanhando Renato, Stuart puxou a bolsa contra a cintura, indo em direção à fronteira da base, com uma fagulha de esperança finalmente se acendendo dentro de seu coração.

Agora, mais do que nunca, ela teria algo pelo que lutar.

































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