Fênix Negra escrita por FireboltVioleta


Capítulo 12
Implacável




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— Sente falta dele, dolcezza?

Hermione quase interrompeu o passo, virando-se indetectáveis milímetros na direção de Renato.

— O quê?

O rapaz lhe lançou um sorriso torto. Embora ainda esbanjasse prepotência, a mulher percebeu algum tipo de compaixão velada pintar-se em suas feições.

— Seu marito. O ragazzo Weasley.

Bastou para que a garota parasse de andar.

Algo até então adormecido havia começado a pulsar dentro de si. Algo doloroso, angustiante. Emoção que já lhe era familiar.
Saudade.
Sim, Hermione sentia saudades de Ronald. E nem queria imaginar pelo que o marido deveria estar passando naquele momento.

A imagem dele subjugado pela dor, sofrendo com a sua partida… era a única coisa que ainda lhe despertava algum vestígio de emoção.

— Sim – disse, num fiapo de voz – eu sinto.

Porém, sua determinação afastava qualquer preocupação referente ao que deveria acontecer nos bastidores do Ministério da Magia naquela hora. Mergulhava qualquer vulnerabilidade de Hermione num torpor, reduzindo sua capacidade de deixar os sentimentos a dominarem.

Será que já desconfiavam dela? Já deveriam estar em seu encalço, tentando impedi-la? Ou tentariam usar seu feroz rastreamento para encontrar os Comensais?

Neste caso, era vital que se apressassem. Se havia algo que não queria era ter a companhia dos ex-colegas em sua busca pela Serpente.

— Compreendo – Renato soltou um muxoxo – coisa engraçada. Amore. Affeto – baixou a cabeça – você fica absolutamente vulnerável á alguém… e, ao mesmo tempo, sente que nada pode te derrubar – Hermione viu os lábios de Renato se contraírem numa linha rígida – antes que tudo acabe… temos que evitar isso. Não podemos expor nenhum ponto fraco aos nossos inimigos. E acho que você entende isso… não é, fenice furioso?

Sem demonstrar expressão, Hermione assentiu.

— Eu entendo, Renato – seu olhar destilava frieza – mais do que você poderia imaginar.





A estrada na qual se esgueiravam não era longa.

Alguns quilômetros adiante, pararam para que Renato tomasse a Poção Polissuco com o fio de cabelo do Comensal da Morte morto. A partir dali, tomou a identidade e fisionomia dele, usando as roupas que haviam retirado do corpo.

— Então – Cavallone falou em tom baixo, ocultando o rosto com o capuz – o plano é entrar no bar da cidadezinha adiante, e tentar recolher mais informações dos bruxos daqui, em busca do esconderijo dos Comensais da Morte daqui – ele sufocou uma risadinha arrogante – me mandar sozinho para lá… faz você quase parecer cruel, minha bela.

Mesmo na penumbra, Renato percebeu os olhos de Hermione lhe faiscarem.

— Está realmente me subestimando, Cavallone – disse ameaçadoramente – talvez eu realmente devesse tê-lo deixado sangrando até morrer naquele bosque. Se não vai seguir o plano… - apontou a varinha na direção dele – então estará em meu caminho – sibilou, franzindo os lábios de modo hostil – e nada ficará em meu caminho.

Renato ergueu as mãos, refreando outra risada irônica. Era evidente que manipular a paciência da jovem o divertia imensamente – assim como se arriscar continuadamente a sentir a cólera de Hermione.

Calmati, querida – estalou a língua – estou apenas testando seus limites. Excelente saber que não vai desistir de nossa empreitada… em hipótese alguma.

— Achei que havia deixado isso bem claro – Hermione voltou a baixar a varinha, meneando o queixo – agora vá. Estarei te esperando na bifurcação da estrada. Essa dose reverterá o efeito da poção em uma hora… então não se demore.

— É capo – balançou a cabeça em concordância, adiantando-se e contornando o conjunto de pinheiros robustos, no qual encontravam-se ocultos – não se preocupe. Eu voltarei logo.

Hermione acompanhou-o com o olhar, até que Renato desapareceu entre os troncos adiante.




Ronald passou a mão pelo retrato da mesa de cabeceira, sentindo um nó formando-se em sua garganta. Encarou a fotografia, piscando chorosamente na direção das figuras sorridentes que lhe acenavam.

Era uma das fotos que haviam tirado quando ele e Hermione haviam se casado.

Ela, belíssima em seu vestido de noiva, gritando alegremente na direção do fotógrafo, segurando um belíssimo buquê de rosas brancas. Ele, ainda embriagado pelo champanhe do bufê, lutando para segurar a esposa recém-casada nos braços, tentando se proteger da chuva de arroz que haviam jogado em sua cabeça naquele momento.

Assim que a foto havia sido tirada, a garota havia se jogado sobre Rony, não se importando com o gosto de champanhe em sua boca, beijando-o apaixonadamente, como nunca havia feito antes.

Havia sido um dos melhores dias de sua vida. A época em que havia decidido entrelaçar, para sempre, a vida de Hermione na sua. O momento em que havia escolhido o tipo de futuro em que queria estar.

Doía-lhe pensar em como ela deveria estar agora. O que deveria estar se passando em sua cabeça.

Não se importava com o que Kingsley e os aurores dissessem. Ainda era sua esposa. Ainda era parte de sua vida.

— Ah, Hermione… - lamuriou-se, acarinhando o vidro do retrato – onde você está, meu amor...

Hermione estava confusa. Enlutada. Furiosa. Eles não se atreveriam a encará-la como uma ameaça. Sua esposa precisava de ajuda, e não de punição.

— Rony…

O rapaz virou-se, encarando Harry.

— O que foi? – guinchou, angustiado.

Sentiu a mão do amigo apoiar seu ombro.

— Ela também é parte da minha família – o auror disse – acredite em mim… está sendo difícil para todos nós.

Ele agarrou as bordas do retrato.

— Se algo acontecer com Hermione, Harry… - rilhou entredentes – eu já perdi minha princesinha. Perdi a única coisa boa que criei nesta vida – soluçou – e agora…

Harry o segurou pelo outro braço.

— Rony, se acalme – tentou tranquilizá-lo – vamos encontrá-la. Se conseguirmos falar com ela… podemos fazer com que Hermione mude de ideia.

O ruivo soltou o retrato, recuando um passo, encarando Harry fixamente.

Surpreso, Potter viu Rony balançar a cabeça em negativa, ostentando, em seu rosto, um torturado sorriso desolado.

— Uma bruxa comum faria todo o possível para vingar a morte de sua filha, Harry – Rony disse, virando-se em direção à saída de casa – e nós dois sabemos que Hermione não é uma bruxa comum.

Dizendo isso, fechou a porta, deixando Harry sozinho.




















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