Vi nos olhos de Victoria o medo que ela sentia, era normal, apertei com delicadeza o braço dela pra ela saber que estaria com ela a todo momento, ela sorriu pra mim e para Victor.

— O que vamos fazer agora dr? – A levei para cama e ela se sentou, me sentei ao seu lado e Victor na cadeira a nossa frente.

— Victoria agora vem a parte do tratamento, a quimioterapia, serão algumas sessões, esse tratamento tem em media o tempo de dois meses, ai veremos como esta, se conseguimos a remissão ou na, temos também a doação da medula mas primeiro temos que combater a célula cancerígenas.

— Quais serão os sintomas depois da quimo? – Victoria pergunta, sinto as mãos dela gelada.

Victor me olha. – Não vai ser fácil, mal estar, vômitos, fraqueza, perca de cabelo.

Olho Victoria e vejo os olhos dela se encherem de lagrimas, que ela tenta conter a todo custo, ela apenas balança a cabeça.

— Victor quando vamos iniciar com a Quimo?

— Hoje mesmo, será alternados, eu vou preparar tudo, receba as visitas agora porque depois não será possível, quando você fz a Quimo sua imunidade bixa muito e corre o risco de contrair outras doenças que não estão em nossos planos. – Mais um tempo de conversas ele se despede e sai da sala, olho para ela, a sinto longe.

— Vou pedir para minha mãe vir te ver, trazer Joaquim, sua Irma e seu pai também, eu vou fica com você durante a sessão.

Ela me olha. – Obrigada Heriberto.

Beijo a testa dela e saio para ligar para minha mãe, ela chega logo depois com Joaquim, aproveito que ela não ia ficar só e vou pra casa, preciso ajeitar algumas coisas e Lorena quer falar comigo, quando chego ela já esta me esperando.

— Oi Herberto. – Me aproximo dela e dou um selinho.

— Oi. – Nos sentamos no sofá.

— Como esta Victoria?

— Na medida do possível, você sabe como é, ela começa a quimo hoje.

Lorena baixa a cabeça, eu sabia o que ela sentia, estive com ela no final do tratamento.

— Ela vai ficar bem Heriberto, ela é forte.

— Assim como você. – Ela sorri pra mim. – O que quer falar comigo?

Ela me olha com carinho, Lorena é muito especial. – Heriberto, quero te deixar livre.

Olho pra ela confuso. - Do que esta falando Lorena?

Ela pega minha mão. – Heriberto sabemos que você não me ama, eu sinto um enorme carinho e respeito por você, adoro estar ao seu lado, mas também não é amor, curtimos ficar juntos, nos damos bem, mas seu amor não é meu, quero eu esteja inteiro com quem ama, não digo pra ir correndo e querer recomeçar o que Victoria e você tinham, alem de que se você querer uma outra chance agora ela pode achar que é por pena, o que eu sei que não é, mas ela esta sensível e precisa do seu amor, mesmo de longe e eu quero seguir, estarei aqui para os dois porque tenho um grande carinho e uma grande admiração por ela, quero ser sua amiga, te dar o carinho com a palavra certa, amiga.

Me surpreendo com a força de Lorena, e sei que tudo o que disse é verdade, a puxo para meus braços, ela me aperta forte. – Você Lorena foi uma das melhores coisa que Deus me deu, obrigado, e saiba que em mim terá um grande amigo, e muita mais que especial pra mim, me perdoe se não consegui te amar como merecia.

— Não, eu sempre soube, acho que por isso meu coração não se entregou completamente a você. – Ela se afasta de mim. – Torço pela felicidade dos dois e se Victoria me permitir estarei ao lado dela a ajudando, pois sei o sentimento, agora eu vou embora e amanha eu passo pra vê-la. – Ela me da um beijo no rosto e sai de casa, me levanto vou tomar um banho e volto para o hospital, já estava na hora da sessão de Quimo, Victoria estava deitada quando entro no quarto.

— Oi, como foi as visitas?

Ela sorri. – Reconfortante, principalmente vendo meu bebe, ele me da forças Heriberto.

  Recuerdo la lluvia sobre el tejado de la mañana 
Y todas las cosas que yo quería decir 
Las palabras airadas que salió de la nada sin previo aviso 
Y que de pie en la puerta llorando 
Que se robó el momento y me enviaron lejos   

Me aproximo e sento ao seu lado pegando sua mão, a olho bem, continua linda como sempre. – Vai dar tudo certo, confia. – Tirei uma mecha de cabelo dela do rosto, os olhos dela não saiam dos meus, acariciei seu rosto, a vi fechando os olhos, estávamos muito próximos quando ela abriu os olhos, se afastou.

— Heriberto não, Lorena não merece isso.

— Lorena e eu não estamos mais juntos, demos nome ao que realmente sentimos, somo grande amigo, mas também não quero que pense que só por isso ou porque esta com leucemia que quero reatar, Victoria doeu tudo o que houve, mentiras, segredos, mas uma coisa nunca foi uma mentira, nosso amor, ele sempre foi mais que verdadeiro, foi único, como já te disse antes amor se senti apenas uma vez, é o que sinto, te amo e sempre vou te amar, mas agora vamos focar na sua cura, no seu tratamento, estarei aqui segundo você, quando tudo acabar e você estiver curada deixaremos nosso amor gritar dentro do peito. - Me aproximo e dou um selinho nela, de leve. – Mas nada que impressa de te roubar alguns beijos.

  Y me pregunto si alguna vez volvería 
No he venido aquí a perder 
Le dije que no he venido aquí para salir 
No he venido aquí creyendo que jamás sería 
No he venido aquí para averiguar 
Lejos se forma 
Hay una debilidad en la fe   

Ela sorri mas antes de dizer qualquer coisa Victor entra no quarto.

— Boa tarde. – Ele nos olha. – Vamos começar?

Olho Victoria, ela me olha e da um sorriso confiante, e ainda olhando pra mim responde. – Vamos começar, estou pronta.

Me afasto um pouco dela para deixa as enfermeiras e Victor colocar o cateter por onde vai passar o medicamento, ele coloca a bolsa cheia de remédios, ele apenas bate em meus ombros e sai, volto a me aproximar, me sento na cadeira ao lado dela e seguro sua mão, ficamos assim até acabar a sessão, ela dorme do meio para o fim, apenas acorda quando Victor regressa para tirar o medicamento.

— Os sintomas aparecem mesmo a partir da segunda sessão, faremos três dias seguindo e continuamos até dar as 10 sessoes.

Agradecemos ele que apenas sorri, olho para Victoria que esta de olhos fechados, quando ela abre e me olha, era incrível como ainda perco o fôlego com esse olhar, vejo que esta quase se entregando ao sono, mas antes de adormecer totalmente ela pronuncia uma palavra que sempre aqueceu meu coração.

— Amo você Heriberto.

El amor por la gracia 
Y recuerdo que el camino acaba de ir para siempre 
Me trajeron aquí por el poder del amor 
Simplemente no era capaz de girar alrededor de ese coche 

"Hasta en la distancia como un tesoro perdido hace mucho tiempo 
Una cabina de teléfono que no podía encontrar 
Y el momento en que puso marcha atrás 
Y que de pie en la puerta esperando   

Meus olhos se enchem de lagrimas, beijo a mão dela. – Amo você também pequena.

Quando acordo não sinto nenhum mal estar, como disse Victor seria nas próximas, e foi, depois da segunda quimo comecei a sentir mal estar, vômitos, a fraqueza era incontrolável, as visitas tiveram que diminuir pois minha imunidade estava muito baixa, Joaquim via vem pouco, não queria que ele se assustasse com a minha aparência, depois da 5 sessão estava um pouco mais forte, brinquei com meu pequeno um pouco no quarto, sem alta prevista fazíamos ali nosso mundo, depois que Joaquim foi embora fui tomar um banho, precisava, molhei a cabeça e passei o shampoo, quando senti meus cabelos em minhas mãos, era muito, sabia que aconteceria mas não estava preparada, senti tudo o que estava perdendo, o que essa doença estava me fazendo perder, sem forças e a visão já embaçadas pelas lagrimas me agachei no chão chorando, não conseguia parar, estava sendo forte demais, deixei minha dor vir a tona, não sei por quanto tempo eu fiquei ali apenas me dei conta quando de longe ouvi voz de Heriberto e apenas voltei a mim quando senti seu toque, olhei pra ele ajoelhado a minha frente, chuveiro desligado, ele tocou meu rosto.

— O que aconteceu, o que você esta sentindo?

Solucei engolindo o choro. – Heriberto... – Passei as mãos no cabelo novamente e mais uma vez veio tufos dele em minhas mãos, estiquei elas para que ele visse. – Estou perdendo eles, a realidade veio com força, estou perdendo tudo, tudo.

Heriberto me abraçou forte, chorei mais.

— Eu estou aqui, sempre.

Me sentia como uma criança, amedrontada, estava na pior escuridão, a da alma, Heriberto me tirou do chão, me levou para a cama no colo, me sentou nela e me ajudou a colocar a camisola, parei de chorar e olhei pra ele tomando uma decisão.

— Eu quero raspar ele Heriberto.

Ele me olhou surpreso. – Raspar, Victoria pode ser que nem caia tudo.

— Estou cansada desses pode ser, nada é concreto na minha vida e vendo meu cabelo cair aos pouco vai ser como se eu estivesse caindo.

Ele beijou minha testa. – Eu vou providenciar, hoje mesmo.

  Eso fue sólo un momento en el tiempo 
Porque cuando hay una duda 
Y uno que "Nunca olvidaré 
Que podemos dejar atrás 
Usted recordará que dije   

O abraço, ele me deixa e sai, espero no mesmo lugar, quando Heriberto regressa com uma maquina de cabelo.

— Pronta?

Balançando a cabeça, Heriberto posiciona a cadeira, me sento, Heriberto fica atrás de mim.

— Cuidado. – Sorrio pra ele, que me retribui, ele liga a maquininha eu fecho meus olhos, sinto meus cabelos caindo sobre mim, minha lagrimas caem junto, não abro os olhos em todo processo, apenas sinto, sinto caindo, mas quando estou prestes a tocar o chão o sorriso de Joaquim fica vivo em minha mente e volto a voar, por ele.

  No he venido aquí creyendo que nunca iba a estar a formar 
No he venido aquí para averiguar 
Hay una debilidad en mi consumado 
Me trajeron aquí por el poder del amor 
Me trajeron aquí por el poder del amor 
El amor por la gracia 

Continua...