WSU's Karen Maximus escrita por Lex Luthor, Lucas, Nemo, WSU


Capítulo 10
Epílogo




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Itaberá

            A cozinha do badalado trailer de Itaberá, tinha a presença de um dono irritado com o movimento. Wesley, com a mão na cintura observa o voluntário assando carne de hambúrguer na chapa.

            — VIRA LOGO, SE NÃO QUEIMA! — exclamava homem de avental branco.

            O cozinheiro não usa o tradicional avental com o logo “Wesley Salgadão”, mas sim um uniforme amarelo queimado, azul escuro, uma máscara deixando o queixo e o cabelo castanho à amostra e uma aranha negra no peito.

            — Peraí, pô! — disse o Aracnídeo. — Quer me ensinar malandro a assar hambúrguer? Se eu me ofereci pra ajudar, eu me garanto!

            — NÃO POSSO ENSINAR NADA A NINGUÉM, POR CAUSA DA MINHA ESCOLARIDADE BAIXA. É POR ISSO QUE EU ESTOU NO RAMO DO COMÉRCIO — respondeu Wesley aos gritos.

            Uma das cozinheiras soa um pequeno sino e alerta.

            — Pedido da mesa quatro! — exclamou a loira.

            Wesley direcionou-se a ela e pegou o prato. Saiu do trailer, o local estava rodeado de mesas e cadeiras, lotado de pessoas. Curiosos que queriam ver os salvadores de São Paulo ali presentes: Karen Maximus, a Agente Trap, Aracnídeo e Azathoth.

            Não eram os únicos salvadores na ocasião, outros dois estavam lá como civis. A mesa quatro estava o Soldado, James. Discreto, sozinho e descaracterizado esperava o seu pedido.

            Wesley põe na sua mesa um prato com uma banana no meio de duas bolas de sorvete.

            — Não foi isso que eu pedi — disse James irritado estranhando o pedido.

            Wesley suspirou irritado.

            — FOI O QUE ELE DISSE QUE VOCÊ PEDIU — gritou apontar para uma outra mesa.

            Na mesa apontada estavam Marcos, o Temerário, como civil, que, ironicamente, bateu continência para o Soldado, Azathoth, o detetive e a Agente Trap.

            Há essa hora o príncipe Dagon deve estar em direção ao Complexo Jericho de Brasília. pegou um dos três grandes copos de chope na mesa e deu um gole generoso. A julgar o tamanho do orgulho dele, e o tamanho da surra que a garota deu, vai ficar um bom tempo lá. Pensou na cena do novo cárcere na Supermax. Chorando em posição fetal.

            Marcos, de terno branco, gravata verde e óculos escuros analisou:

— É realmente uma garota poderosa — disse Marcos.

            — Você não faz ideia do quanto — enfatizou Azathoth.  

            — Parece que os deuses realmente andam entre nós — disse a Carol, a Agente Trap. — Acha que ela compartilhará os benefícios das tecnologias de Hórus?

            Marcos olhou para ambos ironicamente. Colocou lentamente na mesa um disco rígido.

            — Tenho algumas contramedidas — respondeu o Temerário.

            Azathoth parecia insatisfeito, pensativo.

            — Alguma objeção, detetive? — indagou Carol.

            — Se é para o bem da humanidade, diga a eles que fico — pausou a fala para dar ênfase ao que viria a dizer, — com a boca fechada.

            A garota Maximus estava rodeada por crianças sentadas em cadeiras, que flutuavam e giravam em torno de Karen, como um carrossel. Ela abaixa a mão delicadamente, e, num instante, cadeira por cadeira desce suavemente ao chão.

            Um garotinho loiro, de cinco ou seis anos corre em direção à heroína de branco e dourada e abraça sua perna,

            — Obrigado, tia K-Max! — agradece com os dois dentes superiores em falta na boca.

            Ela abre um sorriso e afaga os cabelos da criança.

            — É um codinome legal, Alexander! — agradeceu.

            Ela observa o garoto correr em direção ao pai, que o segura e ergue com os dois braços, o sustentando no ar com um sorriso no rosto. A mãe de Alexander, que muito se assemelha ao filho, chega abraça o pai e dá um beijo de esquimó em seu filho, atritando o seu nariz ao da criança suave e rapidamente.

            A cena remete Karen a lembranças. Lembranças de seu pai adotivo levando-a nos braços num corredor escolar ao lado de sua mãe. A pequena e raquítica garota Maximus tinha lágrimas nos olhos.

            — Não importa que você seja diferente, Karen. — o pai afaga os cabelos loiros da garota a consolando. — Importa que seja quem você é, e por mais que eles não entendam, ou queiram aceitar, continua sendo a minha filha.

            A senhora Maximus aproxima-se, dá um beijo de esquimó na tristonha garota.

E minha também — complementa a senhora Maximus.

Numa atitude pouco pensada, Karen dirigi-se a nave Carmem, que outrora camuflada num campo atrás do trailer de Wesley Salgadão, e adentra o veículo alado.

A nave alça voo, as pessoas extasiadas. Um feixe de luz branca acerta o James, que logo desaparece da mesa quatro. E não demora muito até que a nave não esteja mais lá.

O Aracnídeo sai desesperadamente do trailer, agora vestindo um avental branco com o logo do estabelecimento.

— Minha carona! — grita o Aracnídeo. — Ele pega o seu smartphone e começa a discar números com uma mão apenas. — Minha mãe vai me matar.

Marcos põe a mão no ombro do decepcionado com uma espátula na mão.

— Chama um Uber. — dá um gole no copo de chope. — Pago as passagens.

Azathoth e Trap chegam ao lado de ambos.

— Não preciso, sou uma agente federal poderosa. — Arqueia as sobrancelhas ao dizer. — No entanto é sempre o Japonês quem leva a fama. 

— Agente vai de Uber? — indaga Jonas confuso. — Mas eu moro no Recife!

— Eu deveria te deixar ir, mas é claro que não. — disse Marcos. — Vamos de primeira classe.

— Uma pena que eu more tão perto, vou perder a oportunidade de sugar da burguesia — lamentou Azathoth. 

A mesma luz que removera o Soldado de sua cadeira, agora tirara Azathoth de perto de seus amigos.

— Parece que nem em pensamento — concluiu Marcos.

***

                                                                       BR-465

            A Range Rover seguia pela estrada que ligava ao Rio de Janeiro, quando o celular do senhor Maximus toca. 

            No volante, Gregório Maximus olha para a tela do celular:

                                               “Amigo sinistro do Victor”.

            Pensa em atender, mas antes de chegar a uma conclusão, Helena, sua esposa, toma o aparelho de suas mãos.

            — Olho na estrada, Gregório. — alertou Helena preocupada.

            Marido obediente, olha para a estrada. Entretanto, uma reação inesperada: Gregório, boquiaberto, arregala os olhos deixa Helena intrigada olhando para o mesmo.

            — Santo Pai! — exclama Gregório.

            — O que foi homem? — diz Helena virando-se para frente.

            Ambos contemplam a magnífica Carmem num voo rasante pela BR. Um clarão acerta o carro, e logo nada mais é visível para o assustado casal que grita. Uma voz familiar é ouvida enquanto o a luz cessa aos poucos:

            — A nave triangulou o sinal de celular, — disse Azathoth ao sorrir. — incrível! — enfatizou.

            A Range Rover estava no meio da sala de controle da nave. O casal se olha e desce assustado do veículo.

Eles olham para a sua filha querida com as mãos na cintura no meio daquelas duas estranhas figuras, Azathoth e Soldado Fantasma. Não era apenas uma garota, mas uma heroína.

— Nunca pensei ser abduzido pela minha própria filha — comentou Gregório ainda assustado.  

Karen estava com o cenho franzido. Triste e aborrecida. Não um aborrecimento comum, de qualquer dia. Era um aborrecimento consigo mesmo, com o que havia feito aos pais.

— A gente viu os telejornais, filha. — comentou Helena. — Você defendeu nosso planeta com bravura, estamos orgulhosos do que você se tornou.

Os pais tinham um sorriso bobo no rosto.

— Mas não vamos pagar o prejuízo — Gregório.

Karen pigarreou.

— Eu me escondi a vida inteira por ser diferente, e o que vocês fizeram nesse tempo todo foi me proteger. — Karen levitou lentamente em direção aos pais, a dois palmos do chão. — E aprendi que se defendi o mundo hoje, é por que vocês me defenderam ontem. — A garganta trava e impede que as palavras saiam.

Ela pousa suave na frente dos pais. Seus olhos se espremem, as lágrimas do choro contido tornam a visão de Karen turva.

— Se orgulham do que me tornei, mas eu me orgulho do que vocês decidiram ser: — toda a resistência de ser forte naquele momento acaba, quando uma lágrima solitária desceu no lado esquerdo do rosto de Karen. — Os meus pais, para sempre.

Era um apertado abraço triplo. O mesmo de anos atrás com a pequenina Karen, que sofria por suas diferenças no passado, que continuava pequenina, mas se tornara uma gigante naquele dia.

Helena segurou a mão da filha com a ternura materna que sempre teve.

— Vamos para casa, filha — disse Helena com um sorriso afetuoso e lágrimas no rosto.

Gregório pôs o braço sobre os ombros da filha.

— Vou chamar os seus irmãos e daremos uma festa, a minha filha querida tornou à casa — disse Gregório segurando as lágrimas.

Karen emocionada, queria mesmo era estar em casa e voltar à vida que tinha antes. No entanto, sabia que não seria assim, não mais.

Se dando conta disto, ela gira o pescoço e seu tronco acompanha o movimento. Olhava para trás e contemplava os companheiros de batalha. Os pais andam para frente, a mão agarrada a de Helena trava. Era um não.

Helena vira-se e olha para filha, Gregório faz o mesmo.

— Eu não posso, mãe. — Karen balança a cabeça negativamente. Olha para o pai. — Não agora, pai.

Gregório e Helena estavam confusos, tentavam entender as palavras da filha.

— Depois do que aconteceu hoje, preciso estar preparada para lidar comigo mesmo e com este tipo de situação. — Karen lentamente solta lentamente a mão de sua mãe e dá dois passos para trás. — E só vou conseguir isso com o auxílio do Tales.

Gregório não compreende e se exalta.

— Se está se referindo a este assassino sem escrúpulo alguém, é aqui que termina sua jornada do herói, mocinha! — esbraveja com lágrimas no rosto.

—Minha filha, acompanhamos tudo sobre os salvadores de São Paulo, mas foi por você. — Helena aproxima-se da filha e a puxa para junto dela. — Ele pode ter a ajudado, mas não muda o que é!

Tales abaixa a cabeça. Com os olhos no chão, reflete o monstro que se tornara para a sociedade. Azathoth, sentindo o constrangimento do homem ao seu lado, tenta amenizar a situação.

— Senhores, se seguiram a indicação do Victor é por que confiam em mim. — Azathoth erguendo seu dedo indicado e apontando para o Soldado diz. — E este homem não é pior do que eu, se não fosse por ele, não estaríamos aqui.

Gregório respira fundo, não era uma reflexão. Todo o ar em seus pulmões sairiam em forma de palavras de afronta.

— É um vigilante, Azathoth! — exclama Gregório enquanto Karen toca o pulso do pai e da mãe no mesmo instante. — Este tipo de gente acha que está acima da lei e –

 O desabafo do pai é interrompido quando, através de Karen, memórias daquela breve jornada são compartilhadas. Ela decidiu, como último recurso, quebrar o juramento de que não entraria na mente dos pais e o fez com relutância.

O garoto franzino com sua infância no campo.

O garoto levado para um planeta de outra dimensão.

O garoto que lá, torturado transforma-se num Soldado para espalhar a desgraça.

O homem que retorna à sua terra, com o objetivo de se redimir.

O homem, que ainda falho, levanta a mão e tira vidas.

Logo, vem à mente dos pais de Karen a cena do Soldado entregando-se para Dagon na tentativa de salvá-la.

Saia daqui Karen. Vá embora. — o pensamento do Soldado falhava. — Não quero que se lembre de mim assim.

Acima de tudo, o homem que não se importou em trocar a sua vida, pela de Karen.

Helena tomou o próprio fôlego, retornava a sua realidade. Espantada, trocava olhares com seu marido.

— Gregório, — Helena engoliu a saliva e enxugou as lágrimas em seu rosto. — este homem é um mentor digno de ser o mentor da nossa filha.

A última e definitiva palavra, viria de Gregório.

— Eu prometo pai, vou voltar o mais rápido possível — dizia Karen.

Gregório olha para o Soldado, desta vez com outros olhos.

— Treine a nossa filha. — Gregório sorri com o coração em paz. — Faça-a voar o mais alto que puder.

***

                                                                       Itaberá

            James e Karen subiam um monte a pé. A garota parecia estar exausta. Abriu um cantil com água e deu um grande gole até que estivesse seco.

           — São dez quilômetros a pé, não seria mais fácil com a Carmem? — indagou Karen sem fôlego.

            — Aí, você não sentiria o que está sentido agora — disse o Soldado. — Você tem potencial, garota. — James deu um sorriso. — O meu dever agora é aprimorar isto.

            Jogou uma toalha para Karen. Ambos observavam a verde paisagem que aquela altitude proporcionava.

            — Eu posso não ser um herói, mas acredito neles. — disse o Soldado enquanto a garota enxugava o rosto. — E você é uma deles.

            Karen sorria lisonjeada.

            — Para de falar merda! — exclamou a garota com um sorriso no rosto. — Tá com medo de apanhar para uma garotinha?

            Tales sorriu com a provocação.

            — Isso é um convite para um segundo round? — indagou Tales se distanciando.

            A pequena garota de cabelos também tomou distância.

            — Se você acha — disse Karen avançando furiosamente em direção ao Soldado pelo ar.

            O Soldado, em solo, fez o mesmo.


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Notas finais do capítulo

Karen Maximus retorna em Soldado Fantasma 2 e A Frente Unida



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