WSU's Karen Maximus escrita por Lex Luthor, Lucas, Nemo, WSU
Itaberá
A cozinha do badalado trailer de Itaberá, tinha a presença de um dono irritado com o movimento. Wesley, com a mão na cintura observa o voluntário assando carne de hambúrguer na chapa.
— VIRA LOGO, SE NÃO QUEIMA! — exclamava homem de avental branco.
O cozinheiro não usa o tradicional avental com o logo “Wesley Salgadão”, mas sim um uniforme amarelo queimado, azul escuro, uma máscara deixando o queixo e o cabelo castanho à amostra e uma aranha negra no peito.
— Peraí, pô! — disse o Aracnídeo. — Quer me ensinar malandro a assar hambúrguer? Se eu me ofereci pra ajudar, eu me garanto!
— NÃO POSSO ENSINAR NADA A NINGUÉM, POR CAUSA DA MINHA ESCOLARIDADE BAIXA. É POR ISSO QUE EU ESTOU NO RAMO DO COMÉRCIO — respondeu Wesley aos gritos.
Uma das cozinheiras soa um pequeno sino e alerta.
— Pedido da mesa quatro! — exclamou a loira.
Wesley direcionou-se a ela e pegou o prato. Saiu do trailer, o local estava rodeado de mesas e cadeiras, lotado de pessoas. Curiosos que queriam ver os salvadores de São Paulo ali presentes: Karen Maximus, a Agente Trap, Aracnídeo e Azathoth.
Não eram os únicos salvadores na ocasião, outros dois estavam lá como civis. A mesa quatro estava o Soldado, James. Discreto, sozinho e descaracterizado esperava o seu pedido.
Wesley põe na sua mesa um prato com uma banana no meio de duas bolas de sorvete.
— Não foi isso que eu pedi — disse James irritado estranhando o pedido.
Wesley suspirou irritado.
— FOI O QUE ELE DISSE QUE VOCÊ PEDIU — gritou apontar para uma outra mesa.
Na mesa apontada estavam Marcos, o Temerário, como civil, que, ironicamente, bateu continência para o Soldado, Azathoth, o detetive e a Agente Trap.
— Há essa hora o príncipe Dagon deve estar em direção ao Complexo Jericho de Brasília. — pegou um dos três grandes copos de chope na mesa e deu um gole generoso. — A julgar o tamanho do orgulho dele, e o tamanho da surra que a garota deu, vai ficar um bom tempo lá. — Pensou na cena do novo cárcere na Supermax. — Chorando em posição fetal.
Marcos, de terno branco, gravata verde e óculos escuros analisou:
— É realmente uma garota poderosa — disse Marcos.
— Você não faz ideia do quanto — enfatizou Azathoth.
— Parece que os deuses realmente andam entre nós — disse a Carol, a Agente Trap. — Acha que ela compartilhará os benefícios das tecnologias de Hórus?
Marcos olhou para ambos ironicamente. Colocou lentamente na mesa um disco rígido.
— Tenho algumas contramedidas — respondeu o Temerário.
Azathoth parecia insatisfeito, pensativo.
— Alguma objeção, detetive? — indagou Carol.
— Se é para o bem da humanidade, diga a eles que fico — pausou a fala para dar ênfase ao que viria a dizer, — com a boca fechada.
A garota Maximus estava rodeada por crianças sentadas em cadeiras, que flutuavam e giravam em torno de Karen, como um carrossel. Ela abaixa a mão delicadamente, e, num instante, cadeira por cadeira desce suavemente ao chão.
Um garotinho loiro, de cinco ou seis anos corre em direção à heroína de branco e dourada e abraça sua perna,
— Obrigado, tia K-Max! — agradece com os dois dentes superiores em falta na boca.
Ela abre um sorriso e afaga os cabelos da criança.
— É um codinome legal, Alexander! — agradeceu.
Ela observa o garoto correr em direção ao pai, que o segura e ergue com os dois braços, o sustentando no ar com um sorriso no rosto. A mãe de Alexander, que muito se assemelha ao filho, chega abraça o pai e dá um beijo de esquimó em seu filho, atritando o seu nariz ao da criança suave e rapidamente.
A cena remete Karen a lembranças. Lembranças de seu pai adotivo levando-a nos braços num corredor escolar ao lado de sua mãe. A pequena e raquítica garota Maximus tinha lágrimas nos olhos.
— Não importa que você seja diferente, Karen. — o pai afaga os cabelos loiros da garota a consolando. — Importa que seja quem você é, e por mais que eles não entendam, ou queiram aceitar, continua sendo a minha filha.
A senhora Maximus aproxima-se, dá um beijo de esquimó na tristonha garota.
— E minha também — complementa a senhora Maximus.
Numa atitude pouco pensada, Karen dirigi-se a nave Carmem, que outrora camuflada num campo atrás do trailer de Wesley Salgadão, e adentra o veículo alado.
A nave alça voo, as pessoas extasiadas. Um feixe de luz branca acerta o James, que logo desaparece da mesa quatro. E não demora muito até que a nave não esteja mais lá.
O Aracnídeo sai desesperadamente do trailer, agora vestindo um avental branco com o logo do estabelecimento.
— Minha carona! — grita o Aracnídeo. — Ele pega o seu smartphone e começa a discar números com uma mão apenas. — Minha mãe vai me matar.
Marcos põe a mão no ombro do decepcionado com uma espátula na mão.
— Chama um Uber. — dá um gole no copo de chope. — Pago as passagens.
Azathoth e Trap chegam ao lado de ambos.
— Não preciso, sou uma agente federal poderosa. — Arqueia as sobrancelhas ao dizer. — No entanto é sempre o Japonês quem leva a fama.
— Agente vai de Uber? — indaga Jonas confuso. — Mas eu moro no Recife!
— Eu deveria te deixar ir, mas é claro que não. — disse Marcos. — Vamos de primeira classe.
— Uma pena que eu more tão perto, vou perder a oportunidade de sugar da burguesia — lamentou Azathoth.
A mesma luz que removera o Soldado de sua cadeira, agora tirara Azathoth de perto de seus amigos.
— Parece que nem em pensamento — concluiu Marcos.
***
BR-465
A Range Rover seguia pela estrada que ligava ao Rio de Janeiro, quando o celular do senhor Maximus toca.
No volante, Gregório Maximus olha para a tela do celular:
“Amigo sinistro do Victor”.
Pensa em atender, mas antes de chegar a uma conclusão, Helena, sua esposa, toma o aparelho de suas mãos.
— Olho na estrada, Gregório. — alertou Helena preocupada.
Marido obediente, olha para a estrada. Entretanto, uma reação inesperada: Gregório, boquiaberto, arregala os olhos deixa Helena intrigada olhando para o mesmo.
— Santo Pai! — exclama Gregório.
— O que foi homem? — diz Helena virando-se para frente.
Ambos contemplam a magnífica Carmem num voo rasante pela BR. Um clarão acerta o carro, e logo nada mais é visível para o assustado casal que grita. Uma voz familiar é ouvida enquanto o a luz cessa aos poucos:
— A nave triangulou o sinal de celular, — disse Azathoth ao sorrir. — incrível! — enfatizou.
A Range Rover estava no meio da sala de controle da nave. O casal se olha e desce assustado do veículo.
Eles olham para a sua filha querida com as mãos na cintura no meio daquelas duas estranhas figuras, Azathoth e Soldado Fantasma. Não era apenas uma garota, mas uma heroína.
— Nunca pensei ser abduzido pela minha própria filha — comentou Gregório ainda assustado.
Karen estava com o cenho franzido. Triste e aborrecida. Não um aborrecimento comum, de qualquer dia. Era um aborrecimento consigo mesmo, com o que havia feito aos pais.
— A gente viu os telejornais, filha. — comentou Helena. — Você defendeu nosso planeta com bravura, estamos orgulhosos do que você se tornou.
Os pais tinham um sorriso bobo no rosto.
— Mas não vamos pagar o prejuízo — Gregório.
Karen pigarreou.
— Eu me escondi a vida inteira por ser diferente, e o que vocês fizeram nesse tempo todo foi me proteger. — Karen levitou lentamente em direção aos pais, a dois palmos do chão. — E aprendi que se defendi o mundo hoje, é por que vocês me defenderam ontem. — A garganta trava e impede que as palavras saiam.
Ela pousa suave na frente dos pais. Seus olhos se espremem, as lágrimas do choro contido tornam a visão de Karen turva.
— Se orgulham do que me tornei, mas eu me orgulho do que vocês decidiram ser: — toda a resistência de ser forte naquele momento acaba, quando uma lágrima solitária desceu no lado esquerdo do rosto de Karen. — Os meus pais, para sempre.
Era um apertado abraço triplo. O mesmo de anos atrás com a pequenina Karen, que sofria por suas diferenças no passado, que continuava pequenina, mas se tornara uma gigante naquele dia.
Helena segurou a mão da filha com a ternura materna que sempre teve.
— Vamos para casa, filha — disse Helena com um sorriso afetuoso e lágrimas no rosto.
Gregório pôs o braço sobre os ombros da filha.
— Vou chamar os seus irmãos e daremos uma festa, a minha filha querida tornou à casa — disse Gregório segurando as lágrimas.
Karen emocionada, queria mesmo era estar em casa e voltar à vida que tinha antes. No entanto, sabia que não seria assim, não mais.
Se dando conta disto, ela gira o pescoço e seu tronco acompanha o movimento. Olhava para trás e contemplava os companheiros de batalha. Os pais andam para frente, a mão agarrada a de Helena trava. Era um não.
Helena vira-se e olha para filha, Gregório faz o mesmo.
— Eu não posso, mãe. — Karen balança a cabeça negativamente. Olha para o pai. — Não agora, pai.
Gregório e Helena estavam confusos, tentavam entender as palavras da filha.
— Depois do que aconteceu hoje, preciso estar preparada para lidar comigo mesmo e com este tipo de situação. — Karen lentamente solta lentamente a mão de sua mãe e dá dois passos para trás. — E só vou conseguir isso com o auxílio do Tales.
Gregório não compreende e se exalta.
— Se está se referindo a este assassino sem escrúpulo alguém, é aqui que termina sua jornada do herói, mocinha! — esbraveja com lágrimas no rosto.
—Minha filha, acompanhamos tudo sobre os salvadores de São Paulo, mas foi por você. — Helena aproxima-se da filha e a puxa para junto dela. — Ele pode ter a ajudado, mas não muda o que é!
Tales abaixa a cabeça. Com os olhos no chão, reflete o monstro que se tornara para a sociedade. Azathoth, sentindo o constrangimento do homem ao seu lado, tenta amenizar a situação.
— Senhores, se seguiram a indicação do Victor é por que confiam em mim. — Azathoth erguendo seu dedo indicado e apontando para o Soldado diz. — E este homem não é pior do que eu, se não fosse por ele, não estaríamos aqui.
Gregório respira fundo, não era uma reflexão. Todo o ar em seus pulmões sairiam em forma de palavras de afronta.
— É um vigilante, Azathoth! — exclama Gregório enquanto Karen toca o pulso do pai e da mãe no mesmo instante. — Este tipo de gente acha que está acima da lei e –
O desabafo do pai é interrompido quando, através de Karen, memórias daquela breve jornada são compartilhadas. Ela decidiu, como último recurso, quebrar o juramento de que não entraria na mente dos pais e o fez com relutância.
O garoto franzino com sua infância no campo.
O garoto levado para um planeta de outra dimensão.
O garoto que lá, torturado transforma-se num Soldado para espalhar a desgraça.
O homem que retorna à sua terra, com o objetivo de se redimir.
O homem, que ainda falho, levanta a mão e tira vidas.
Logo, vem à mente dos pais de Karen a cena do Soldado entregando-se para Dagon na tentativa de salvá-la.
Saia daqui Karen. Vá embora. — o pensamento do Soldado falhava. — Não quero que se lembre de mim assim.
Acima de tudo, o homem que não se importou em trocar a sua vida, pela de Karen.
Helena tomou o próprio fôlego, retornava a sua realidade. Espantada, trocava olhares com seu marido.
— Gregório, — Helena engoliu a saliva e enxugou as lágrimas em seu rosto. — este homem é um mentor digno de ser o mentor da nossa filha.
A última e definitiva palavra, viria de Gregório.
— Eu prometo pai, vou voltar o mais rápido possível — dizia Karen.
Gregório olha para o Soldado, desta vez com outros olhos.
— Treine a nossa filha. — Gregório sorri com o coração em paz. — Faça-a voar o mais alto que puder.
***
Itaberá
James e Karen subiam um monte a pé. A garota parecia estar exausta. Abriu um cantil com água e deu um grande gole até que estivesse seco.
— São dez quilômetros a pé, não seria mais fácil com a Carmem? — indagou Karen sem fôlego.
— Aí, você não sentiria o que está sentido agora — disse o Soldado. — Você tem potencial, garota. — James deu um sorriso. — O meu dever agora é aprimorar isto.
Jogou uma toalha para Karen. Ambos observavam a verde paisagem que aquela altitude proporcionava.
— Eu posso não ser um herói, mas acredito neles. — disse o Soldado enquanto a garota enxugava o rosto. — E você é uma deles.
Karen sorria lisonjeada.
— Para de falar merda! — exclamou a garota com um sorriso no rosto. — Tá com medo de apanhar para uma garotinha?
Tales sorriu com a provocação.
— Isso é um convite para um segundo round? — indagou Tales se distanciando.
A pequena garota de cabelos também tomou distância.
— Se você acha — disse Karen avançando furiosamente em direção ao Soldado pelo ar.
O Soldado, em solo, fez o mesmo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Karen Maximus retorna em Soldado Fantasma 2 e A Frente Unida