— Me desculpe. - James disse - Eu não tive a intenção de …

— Shhh— sibilei, colocando o dedo em seus lábio.

James franziu as sobrancelhas e me encarou.

— Isso é tudo? - escutei Lucius dizer

— É tudo que consegui juntar. - escutei Peter responder - O príncipe sabe que tem alguma coisa errada com as finanças, preciso tomar o triplo de cuidado agora.

Chegamos perto da cerca viva que dividia os dois jardins e espiamos por entre as folhas. Lucius estava parado em frente a Peter, segurando um enorme saco de juta. Quando ele se mexeu, o conteúdo do saco tintilou.

— Não pode ser. - sussurrou James

— Você deve fazer um esforço, Wormtail. - disse Lucius - Voldemort não vai dominar todos os reinos se você continuar nos dando essa mixaria.

Peter assentiu.

— Vocês estão perto de dominar Beauxbatons? - perguntou ele

Naquele momento, eu gelei por inteiro. Eu deveria ter imaginado que escutar aquela conversa não seria uma boa ideia.

— Não. - mentiu Lucius - As defesas deles estão fortes.

Suspirei e James sorriu para mim.

— A princesa continua aqui? - perguntou Lucius

Peter assentiu.

— Ela e James estão se dando muito bem. - disse Peter - Eu não me espantaria se eles anunciassem o casamento ainda esse ano.

Lucius sorriu.

— Vamos ver… - ele disse

Peter fez um aceno de cabeça e Lucius se virou de costas para ele, se dirigindo para os limites da propriedade. Peter se virou na direção oposta e voltou para o castelo. James fez menção de se levantar, subitamente, mas meus reflexos eram mais rápidos e eu me joguei em cima dele.

— O que você está fazendo? - ele sussurrou

— Aquele é um dos melhores assassinos de Hogwarts! - exclamei, com a voz baixa - Se você correr atrás dele estará morto em questão de segundos.

— Lily! - James protestou - Ele está com todo o dinheiro!

— Eu sei! - respondi - Mas agora sabemos o que está acontecendo. Não adianta você for atrás de Lucius Malfoy, porque você vai morrer antes de consertar as coisas.

James suspirou e assentiu.

— Eu pensei que a melhor assassina do reino fosse uma garota. - ele disse

— Ela era. - murmurei - Dizem que ela morreu.

— Como você sabe essas coisas? - ele me perguntou

Dei de ombros.

— Faço pesquisas. - respondi

Ele assentiu.

— Você pode sair de cima de mim, se quiser. - ele disse

Dei uma risada.

— Me desculpe. - eu disse, me levantando rapidamente

Ele deu um sorriso fraco.

— Eu preciso ir - ele suspirou

— O que você vai fazer? - perguntei

— Expulsar Peter do reino. - ele disse

O olhei nos olhos e vi que ele estava prestes a chorar.

— James, você não pode fazer isso. - eu disse

— Por que não? - ele respondeu

— Peter é seu melhor amigo e seu tesoureiro. - eu disse - Você não pode expulsá-lo.

— Você acha que eu devo mantê-lo aqui? Perdoá-lo? - se irritou James - Peter é a razão pela qual todos os meus súditos estão famintos e morrendo de toda a sorte de doenças.

— Eu sei, James. - respondi rispidamente - É por isso que eu acho que você tem que matá-lo.

James me encarou boquiaberto.

— O que?! - ele exclamou

— Ele sabe todos os seus segredos, todos os seus pontos fracos. - argumentei - Se você o expulsar, ele vai correndo para Durmstrang!

James deu de ombros.

— Ele é um dos meus melhores amigos. - ele disse com a voz tremida

— Eu sinto muito, James. - eu disse, com sinceramente.

James limpou uma lágrima com a manga de sua farda.

— Eu preciso ir. - ele disse - Aproveitar que o povo está aqui para contar a verdade a todos eles.

Assenti.

Ele fez uma pequena reverência e saiu do jardim, apressado.

Passei pela cozinha novamente mas, em vez de voltar ao castelo, fui para o jardim ao lado. De onde Lucius e Peter haviam acabado de sair.

Suspirei e sentei no banco mais próximo.

Peter era a razão de que o povo estava passando por dificuldades, mas Peter só havia assumido a função há alguns anos. Seria possível que o pai dele também fosse corrupto? Ou Fleamont simplesmente não se importava com o povo da mesma forma que James se importava?

— Olha só quem está aqui… - ouvi

Olhei para trás e vi Lucius apoiado na cerca viva, me encarando com olhos brilhantes como a lua.

— Lucius! - exclamei - O que você está fazendo aqui?

— Vim te ver. - ele disse, sentando no banco ao meu lado e colocando a mão sobre minha coxa.

— Lucius, vá embora. - eu disse, empurrando sua mão. - Isso é perigoso.

— Um passarinho me contou que você e o príncipe estão se dando muito bem. - ele murmurou - Isso é verdade?

— É claro que é verdade. - respondi, rispidamente - Eu preciso me aproximar dele.

Lucius deu de ombros.

— Você está com ciúmes? - ri - James vai estar morto logo.

— É claro que eu estou com ciúmes! - ele sorriu - E você está linda, a propósito.

Sorri.

Lucius se aproximou de mim e plantou um beijo no meu pescoço, tentando me envolver em seus braços.

— Lucius! - exclamei - Você está louco?

— Lily… - suspirou ele, ainda me beijando.

Levantei rapidamente e o encarei.

— Vá embora. - ordenei - Agora.

Lucius se levantou e colocou seu rosto bem próximo ao meu.

— Não se esqueça que você está brincando de princesinha por um motivo. - ele disse - Voldemort quer o príncipe morto em duas semanas, no máximo.

Assenti, mas ainda com um olhar firme.

Ele se distanciou e foi correndo, silencioso como um felino, sumindo na escuridão. Senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto, mas as limpei rapidamente e saí correndo para o palácio.

Cheguei no salão e todos estavam quietos, olhando para James, que estava no palco junto aos tronos de seus pais. Sirius segurava Peter com força e um olhar vidrado.

Suspirei e senti uma mão nas minhas costas. Dei um pulo, preparada para dar um soco em Lucius, mas era só Remus. Eu conseguia ver uma trilha de lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

— Eu sinto muito. - sussurrei

Ele deu um leve sorriso para mim.

— Obrigado. - murmurou

James limpou a garganta.

— Eu estou prestes a assumir o reino por completo. - ele começou - Mas há alguns meses eu assumi o setor das finanças do reino, junto com meu amigo Peter Pettigrew.

— Você sabe o que ele vai fazer? - perguntei a Remus

— Não. - ele murmurou - Ele não quis nos dizer.

— E desde então eu venho tentado melhorar a vida de todos vocês. Eu tripliquei o valor de dinheiro que vai para o povo, na esperança de que isso ajudasse a acabar com os problemas de Hogwarts. - a voz de James retumbava com a força de cinco exércitos no grande salão. - Até recentemente, eu não sabia que nada havia mudado. Eu achei que estivesse ajudando.

James encarou Sirius.

— Hoje, eu descobri o que estava acontecendo. - disse ele - Meu amigo de infância, Peter Pettigrew, estava mandando toda a cota do povo para Durmstrang, pelo assassino Lucius Malfoy.

O olhar de Severus, que estava na multidão, encontrou com o meu. Ele parecia me repreender.

James segurou o cabo de sua espada, que pendia do seu cinto.

Então percebi que James não podia matar Peter. Aquilo iria acabar com ele. Não importa o quanto Peter havia sido terrível, matá-lo não diria nada sobre sua personalidade, mas sobre a de James.

Saí correndo na multidão e me joguei contra James.

O povo, por incrível que pareça, achou adorável.

— Lils? - ele sussurrou

— Você não pode matá-lo. - sussurrei, abraçada a ele.

Senti um peso sair dos ombros de James.

— Eu sei. - ele disse

— Peça para todo mundo ir para casa. - eu disse - Peter pode ficar no calabouço até pensarmos em uma melhor solução.

James assentiu e me deu um beijo na bochecha.

— Obrigado.

Sorri e o soltei.

— Eu vou para meu quarto. - murmurei

— Boa noite. - ele disse

Sorri.

Desci do palco sem levantar meu rosto, afinal estava sem minha máscara, e me dirigi para a saída do salão.

— Me desculpem. - murmurou James, visivelmente sem graça. - Peço que vocês, por favor, voltem para suas casas. Podem levar toda a comida, se quiserem. Peter será trancado no calabouço e eu prometo que as coisas vão melhorar.

O povo começou a bater palmas e eu saí correndo para o meu quarto. Era uma boa coisa eu já ter aprendido a andar no castelo tão bem, porque eu não enxergava mais nada, à medida em que todas as minhas lágrimas resolveram sair dos meus olhos naquele momento.