Domingo:

Marina havia passado a noite claro. Não conseguiu pregar os olhos. Apenas por alguns segundos talvez. Ela estava se enganando. Sabia que não amava Daniel e mesmo assim não conseguia deixa-lo. Ela não sabia o porque. Talvez fosse por costume. Sempre o teve por perto. Ele era seu parceiro. Não sabia exatamente. Mas amor não era. Aquele "Eu te amo" dela não foi sincero.

Ela levantou cedo e preparou o café. Hoje ela estava disposta a esclarer tudo e colocar todas as cartas na mesma. Tinha que ser sincera com Nicolas e Daniel e também consigo mesma. Não era certo os enganar. Ela vestia o pijama ainda quando pensava no que iria falar. É claro que seria difícil pra ela, sabia que ele sofreria com isso. Nunca que ela se imaginou com outra pessoa que não fosse ele.

Mas o destino muda.

Nem sempre é o que imaginamos.

Nicolas por outro lado acordou cedo. Havia ido dormir na casa do pai. Como sempre fazia em quase todos os finais de semana. A noite passada havia sido divertida. Estar com seus amigos de elenco era um tanto agradavél. Eles realmente conseguiam fazer uma bagunça e tanto. Porém ele sentiu falta. Sentiu falta dela. De Marina. Ele queria muito que ela tivesse ido. Agora que eles estavam se entendendo, ele a queria sempre ao seu lado. Estranhou o fato dela ter cancelado. Parecia tão animada com a proposta do churrasco entre amigos. Com certeza algo sério havia acontecido e ele iria descobrir em seguida.  

Nicolas levantou e depois de fazer suas higienes se preparou para ir a praia. Como fazia todos os domingos. Praia entre amigos e família. Era o que ele mais amava. Pensou em talvez chamar Marina pra ir junto. Será que ela aceitaria?

Marina ouviu barulho em seu banheiro. Daniel havia acordado no andar de cima. Ela estava disposta a contar tudo antes que seu pai chegasse. Sim, ele estava vindo. Antes do almoço ele chegaria. Com a sua madrasta na qual era considerada "boadrasta". Ela estava grávida, esperava um outro irmão para Marina. Ela estava animada com a chegado do pequeno, ela iria conviver mais com ele. Iria acompanha-lo desde cedo. Tudo que ela queria.

— Bom dia

Disse o namorado descendo as escadas. Já estava devidamente vestido. Se aproximou de Marina e a beijou no rosto.

— Bom dia — Respondeu ela.

— Já tomou café? — Perguntou ele.

Ela negou com a cabeça.

Viu ele se servir de café. Ela tinha que tomar coragem para falar tudo logo. Não podia mais deixar passar.

— Vamos tomar então? — Disse ele.

— Sim. Mas antes eu queria falar com você.

Ele a encarou desconfiado. Se aproximou dela e se sentou ao seu lado. Marina estava nervosa.

— Sobre o que? — Perguntou Daniel.

Ele comia uma maça e encarava Marina com um olhar de deboche.

— Sobre nós.

Disse ela rapidamente.

Esfregou as mãos, uma na outra. Estava tão nervosa. Mas por que?

— O que sobre "nós" eu não entendo o que você quer dizer Marina — Ele disse.

Marina suspirou. Precisava falar tudo. Agora ou nada.

— A gente precisa de um tempo. Eu quero terminar isso entre nós dois.

Ele arregalou os olhos. Nunca que iria imaginar essas palavras dela. Sabia que era possível um dia, afinal Marina era jovem, bonita e agora tinha uma carreira bem sucedida. Era de se esperar. Só pensou que ela poderia ter mais consideração.

— Você está terminando comigo? Mas por quê isso agora? Estamos bem.

Ele disse calmamente. Como toda pessoa mais velha e madura lidando com um término.

— Eu quero ser sincera com você....Eu tô gostando de outra pessoa.

Disse ela se mantendo firme.

Ele se chocou. Mas no fim já sabia que fosse esse motivo. Na verdade isso era uma das inúmeras razões pelo fim do relacionamento dos dois.

— Nossa! Eu estou surpreso com isso.

Daniel falou novamente. Colocou o resto da fruta no lixo e se manteve em pé. Na frente de Marina.

— Quem é ele? —Perguntou pegando ela de surpresa.

— Preferia não falar. Se você me permite.

— Tudo bem. Vou te respeitar. Mas eu ainda não entendo essa sua decisão.

— Isso ainda me assusta um pouco.....Mas eu gosto dele de verdade.

— Percebi. Seus olhos brilharam agora. Você o ama Marina. Só espero que ele cuide de você e te trate bem porque melhor que eu ele já é.

Marina sabia que ele estava chateado. Só não demonstraria.

— Só não quero que fique um clima estranho entre nós. Estou sendo sincera com você. Podemos tentar ser amigos.

— Não sei se seria bom. Você é a mulher que eu amo. Não iria conseguir ficar com você sem poder te beijar ou tocar.

Ele tinha razão. Mas ela não queria perde-lô. Mas seria necessário.

— Tudo bem. Tenta pensar sobre isso. Gosto muito de você. Porém só posso te oferecer minha amizade agora.

Ele assentiu.

— Vou pensar sobre isso. Mas antes preciso saber e quero que seja sincera.....Você teve algum relacionamento com ele enquanto estavámos juntos?

Ela gelou.

— Sim.

Disse Marina como se aquela palavra fossem algum pecado.

— Você dormia com ele e comigo, é isso? — Disse ele. Agora ela via raiva em seus olhos.

— Não. Eu nunca dormi com ele. Eu sempre tratei te respeitar o máximo. Me desculpa por isso mas as coisas mudaram. Só não quero que fique chateado comigo.

— Não vou. Só precisava saber isso. Vou pegar minhas coisas e ir embora já sei a sua decisão.

Ela assentiu

— Espera! Não vai tomar café? — Disse Marina.

— Acho melhor não. Prefiro tomar em casa.

Marina assentiu.

Daniel subiu e ela se sentou novamente. Parecia que um peso havia saído de suas costas. Estava se sentindo leve e um tanto liberta. Era uma sensação boa.

Em poucos segundos Daniel voltava com todas as suas coisas. Até algumas roupas que havia na casa de Marina para quando ele dormia ali. Iria levar tudo. Não tinha necessidade de deixar. Ele voltou para a sala e só ai Marina percebeu, ela se aproximou dele.

— Posso te dar um último abraço? — Disse ela.

Ele assentiu meio contrariado. A partir de agora queria distância dela. Não queria atrapalha-la e nem a prejudicar. Ela o abraçou forte. Daniel envolveu seus braços nela. Marina iria sentir falta desse abraço.

— Não vou dizer nada a ninguém. Te respeito e irei continuar fazendo isso. Só quero que se cuide — Disse ele.

— Obrigada por tudo e por todos esse anos. Foram incriveis.

— De nada! Quero que você continue brilhando.

Disse ele se separando do abraço dela. Marina tinha lágrimas nos olhos. Ela iria sentir falta dele. De sua companhia e parceria. Mas felizmente era o certo. Ela amava outro e não podia engana-lo.

— Obrigada.

Ela respondeu.

— Eu vou indo. Fique com a pulseira como lembrança. Espero que não esqueça de mim. Independente de tudo.

— Nunca irei — Disse ela fungando.

Daniel beijou a testa dela e saiu. Marina sabia que era o Adeus deles. O Adeus à esse ciclo.