Consequências. escrita por MedusaSaluz


Capítulo 4
Enfermaria




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Quando abriu os olhos, só viu branco. O que deixava mais do que claro que não estava em seu quarto.

Enfermaria.

Acordara poucas vezes ali. Sabia que não havia dormido muito tempo. Ainda havia rastros de toda a dor interna que passara durante o evento da batalha contra Cinderblock e ela ainda vestia seu uniforme. Sentou-se desajeitadamente na maca. O gosto do sangue ainda estava em sua boca. Sabia o que era aquilo. Tinha vontade de vomitar.

— Ah, que bom, você acordou, Rae! – Viu, rápido como um raio, Garfield se aproximar da maca em que estava. Ela o encarou, em dúvida. Não sabia que dúvida era aquela que encarava o metamorfo: o que ele estava fazendo ali? Quanto tempo havia dormido? Como estavam os outros? Você contou algo que te contei para a equipe?  – Feliz aniversário. – Ele disse, apertando sua mão sem nem pedir permissão para se aproximar.

— Obrigada, mas... – A notícia boa era que ainda era o dia de seu aniversário, o que queria dizer que ela realmente não havia apagado muito tempo. As más notícias eram que ainda era seu aniversário e que o rapaz verde não pararia de falar.

— Desculpe por tudo. Por não ter me importado com você e ter jogado toda aquela informação em você, por ter esquecido que era se aniversário, por ter me distraído em batalha, por... – Ele foi interrompido por ela.

— Garfield, cala a boca.

— ... por não calar a boca. – Ele sorriu, sem graça. Ela massageou as têmporas, precisava se atualizar e se ele era a única fonte, teria que usá-lo.

— Primeiramente, já pode soltar minha mão. – Como se a pele da amiga estivesse em chamas, a mão verde soltou-a, rapidamente. - Segundo, me diz por favor o que aconteceu depois que eu apaguei.

Ele não queria responder aquela pergunta. Lembrava-se do que tinha acontecido antes de Ravena começar a se afogar no próprio sangue pela exaustão. Ele havia se distraído e falhado com ela e Kory. Por causa de uma garota que nem se lembrava de quem ele era. Terra ainda o tirava do eixo. Heróis não deveriam sair de seu eixo tão facilmente. O metamorfo suspirou antes de contar a história, mantendo os olhos nas mãos da empata.

— O Vic colocou você no carro e te trouxe pra cá. Ele falou um monte de palavras que eu não entendi muito bem, estava distraído, mas disse que teve que tentar te deixar fora do transe de cura e não conseguiu. Mas, você está bem, aparentemente. – Ela não esperava uma resposta muito profunda dele, mas precisava saber sobre quem mais a infernizaria naquela situação.

— Richard perguntou algo para você e a Kory? – Ravena perguntou, tentando se certificar que não seria colocada sob interrogatório sobre sua saída dos titãs.

— Sim. A gente falou que durante o voo você já tinha cambaleado um pouco. – O titã verde respondeu, inicialmente, estranhando a pergunta.

— Você não disse mais nada, Garfield? – Ela levantou ambas as sobrancelhas violeta para o colega, para que ele pudesse entender do que ela estava falando.

— Não. Seu segredo está bem guardado. – Mutano queria sorrir, para trazer mais carinho, mas a ideia de Ravena sair da equipe e ir embora... Era difícil manter seu costumeiro otimismo.

Cortando a conversa, as palavras proferidas por uma voz conhecida fizeram o metamorfo quase saltar em surpresa e a empata olhar para porta com vontade de cobrir o rosto com as mãos:

— Eu sabia que você estava escondendo algo, Gar. – Richard Grayson, ainda vestindo seu uniforme preto e azul, estava parado na porta da enfermaria, sua expressão séria. Detestava que qualquer um dos titãs lhe escondesse algo. Principalmente, quando mentiam na sua frente. – Gar, posso falar com a Ravena a sós?

— Claro. – Mutano lançou um olhar para a de cabelos púrpura que só poderia significar “boa sorte”.  Se afastou da maca, tomando seu caminho para a porta, no meio desse cruzando o caminho de Dick, que se aproximava da mesma maca.

O titã verde caminhou poucos passos no corredor, mas sua audição aguçada o segurou para trás, ao ouvir o início da conversa dentro da enfermaria:

— Você está bem? – A voz de Dick fez aquela pergunta.

Ele não fazia aquilo dentro da torre há algum tempo. Mas tinha curiosidade sobre o que Ravena estava passando, o fato dela cogitar sair dos titãs, tudo. Não precisou raciocinar muito. Logo, o rapaz estava na forma de um pequeno besouro verde, que entrou na enfermaria e se escondeu da vista dos outros heróis ali presentes.

— Ainda tenho algumas dores. – Ravena respondeu. Para ela era estranho acordar dolorida. Aquilo nunca havia acontecido antes, graças a seu estado de cura, que sempre a recuperaria completamente.

— Assim que terminarmos essa conversa peço para o Vic dar uma olhada em você. – O líder puxou uma cadeira e se sentou ao lado da maca, de modo que pudesse olhá-la nos olhos. A empata e o besouro sabiam o que isso queria dizer no mundo de Asa Noturna: interrogatório. - Então, além do novo corte de cabelo, o que o Gar sabia que ninguém mais poderia saber? – Por trás da máscara, ela não podia ver, mas ele cerrava os olhos azuis.

—  Sério, você realmente vai fazer esse jogo comigo, garoto prodígio? – Jogou o velho apelido no colega, ironicamente. Ela sabia com funcionava. Ele leria cada milímetro de movimento que ela fizesse, afim de saber se ela falava a verdade. Por que ela tinha de estar na mesma equipe que o aprendiz do morcego de Gothan?

— Sarcasmo não vai te salvar do interrogatório. – Se manteve sério, mesmo que houvesse algo nostálgico que o tentasse a sorrir quando chamado daquela forma. Principalmente por Ravena de cabelo curto. – Se bem te conheço, você sabe exatamente o que aconteceu na batalha hoje.

— E como eu te conheço, Richard, sei que vai querer saber o que foi. – Ravena rebateu, deixando bem claro em seu tom que não queria falar daquilo. Mas, como o próprio herói dissera, sarcasmo não a salvaria.

— É para sua segurança e da equipe. – Ele justificou a necessidade das informações que ela escondia sobre si mesma. A última vez que ela ficara tão reservada, bem, foi um pouco antes do fim do mundo, antes dela mesma se tornar um portal interdimensional para um demônio. Esse demônio sendo seu próprio pai. Desde então, sabia mais do que nunca que era primordial que não houvessem segredos entre os titãs. Principalmente se os segredos fossem de Ravena. - Você sabe que me sinto na responsabilidade... – Ele continuou a justificativa, sendo cortado por ela.

— Isso é minha responsabilidade e de mais ninguém.

“Rae consegue ser bem mais teimosa e orgulhosa que o Dick as vezes” Se o besouro verde estivesse na forma humana, estaria fazendo uma careta ao olhar aquele conflito. Mas, se ele, ou qualquer outro titã estivessem visíveis ali, aquela conversa com certeza tomaria um tom mais agressivo. Então era de extrema importância que ele não fosse descoberto, porque com certeza sobraria sermão para ele.

— Certo, é sua responsabilidade. – Dick respirou fundo. Sabia que não tiraria nada de Ravena naquela postura. Afinal, ela não era do tipo que respeitava a autoridade de ninguém. Aquilo não era conversa de heróis. Foi por esse motivo que ele tirou a máscara. Os olhos azuis a encararam em preocupação. - Aqui, entre amigos, o que está acontecendo?

Ravena não sabia se deveria dizer. Mas, em algum momento precisaria. Richard e Garfield não iriam deixa-la em paz. Mais cedo ou mais tarde, Kory e Victor iriam começar a perceber que havia algo de errado. Se fossem quatro contra ela e um desses fosse Richard, não faria sentido guardar segredo. Nem um pouco. Olhou seu líder nos olhos. Se existia alguém que poderia guardar um segredo...

Pela segunda vez naquele dia, ela deixar as palavras desenrolarem de sua língua:

— Eu posso morrer a qualquer momento.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem!
Beijos de luz!



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