CASTELOBRUXO - O Início de Uma História escrita por JWSC


Capítulo 30
CAPÍTULO 13 - O Combate na Câmara Subterrânea




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Alguns Minutos Antes...

 

Os garotos chegaram na entrada da caverna subterrânea.

— É esse o lugar? — Perguntou Eduardo.

— Parece que é — disse Miguel.

— Vamos entrar? — Questionou Roberto.

— Chegamos até aqui — disse Miguel. — Vamos em frente.

Assim que entraram, Miguel sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Os pelos em seus braços se arrepiaram a cada passo que davam. Seus sentidos estavam atentos a todos os movimentos da caverna, mesmo que ela parecesse estar deserta.

Miguel buscou o que lhe incomodava. Mesmo no escuro, sentiu uma presença perigosa vinda de um dos cantos mais distantes. Fazer silêncio pareceu ser a melhor opção e instintivamente esticou o braço para segurar Roberto e avisá-lo do perigo. Entretanto, enquanto ele analisava o ambiente, os três garotos continuaram a andar e estavam mais a frente para dentro da câmara.

Miguel tremeu, não sabia como avisar os amigos que havia algo muito perigoso ali, algo que fazia com que ele tremesse. Algo lhe dizia que a criatura, seja lá o que fosse, não havia percebido a presença dele, mas percebera os três garotos que andavam alheios ao perigo eminente.

Miguel observou que estava coberto pela escuridão da caverna, diferente de onde os amigos já se encontravam, em um ponto mais iluminado. Tinha algumas urtigas-solares no bolso e algo em sua mente lhe dizia para ficar escondido. Andando com calma, ele se esgueirou pela parede da câmara, indo na direção em que a criatura parecia estar. Ficar escondido embaixo do nariz do perigo lhe pareceu melhor do q ficar do outro lado da caverna.

Segurou as urtigas-solares na mão e preparou a varinha. Iria jogá-las na criatura assim que ela se move-se e tiraria os amigos dali.

— Miguel?! — exclamou Roberto, mais alto do que deveria.

Miguel percebeu um movimento onde a criatura estava.

— Silêncio — disse Hugo.

Outro movimento leve da criatura e Miguel quis avisar os amigos para pararem de falar, mas não soube como.

— Silêncio você, o Miguel acabou de virar pó!

Miguel viu os olhos amarelos se abrirem. A criatura olhou diretamente para onde os amigos estavam. Não parecia ser humana. Era grande e volumosa, com algo que pareciam escamas raspando de leve na parede.

— Olhem. É a Maria! — Exclamou Hugo.

Os olhos amarelos se fecharam. Miguel sabia onde estavam os olhos e sentia o clima da caverna mudar. Eles estavam em desvantagem e ele não conseguiria fazer nada para enfrentar aquela criatura.

Teve vontade de soltar as urtigas-solares no chão, pois depois de ver e sentir a presença da criatura, aquele emaranhado de plantas não parecia ser grande coisa.

Estava congelado no lugar. A emoção de querer pegar a criatura de surpresa se foi assim que vira os olhos e a intenção dela. A confiança em tudo aquilo que seu irmão lhe ensinara parecia uma sonho distante perdido na escola.

Lutar contra alunos um ano mais velhos era uma coisa, mas aquilo era diferente. Um confundus fraco como o dele não faria diferença. Impactus, Flipendo. Nenhum deles faria diferença naquela criatura.

Os amigos se distanciaram, indo em direção de onde emanava uma luz fraca e fantasmagórica. Miguel despertou de seu devaneio e começou a fazer movimentos com a boca. Torcia para que de alguma forma mágica sua voz alcançasse os amigos e os fizesse voltar. Ali era muito mais perigoso do que imaginara. A morte estava ao lado deles, desperta e viva.

Apertou a varinha e as plantas com força tentando desesperadamente não fazer barulho enquanto tentava avisar os amigos. Por fim, decidiu engolir o medo e ir até onde os amigos estavam. Pisando com calma para não fazer barulho, ele começou a afastar-se da parede. Havia dado cerca de cinco passos da parede quando ouviu a voz vinda da escuridão.

— Que tal se juntar a eles?

Miguel congelou no lugar. Pelo canto do olho observou a criatura mover-se. O que parecia ser uma criatura grande e assustadora começou a reduzir de tamanho e a mudar de forma. Avançava enquanto falava com os três garotos de modo despreocupado.

 — Cuca — disse Miguel em voz baixa.

A cuca falou e os garotos responderam. Miguel estava congelado no lugar. Aquela era a última criatura que esperava ver ali.

De repente, a cuca atirou-se na direção de Eduardo e o segurou pela bochecha. O movimento rápido fez Miguel recuar e esbarra em uma das estalagmites, soltando as urtigas-solares no chão.

— Eu não gosto de ser enganada. — Embora não estivesse gritando, Miguel pode ouvir muito claramente a voz dela. — Agora você me dirá onde está seu amigo ou terei que estragar esse rosto lindo.

— Ele está lá fora — disse Hugo.

Miguel sabia que era arriscado, mas também podia funcionar. Caso ela acreditasse, ele se manteria oculto na escuridão enquanto pensava no que fazer. Observou o caminho que levava até mais próximo de onde eles estavam. Talvez se conseguisse chegar perto o suficiente poderia jogar as folhas e atear fogo. Uma distração para que fugissem.

Ele observou o caminho que teria que fazer. Houve um som alto de pedras se movendo enquanto a cuca moldava o solo, fazendo surgir duas camas de pedra. Hugo e Eduardo observavam assustados os preparativos. Miguel aproveitou o barulho para aproximar-se de onde estavam.

O olhar de Eduardo foi atraído pelo movimento nas sombras e ele apertou a vista para ver o que era. Uma luz de reconhecimento surgiu em seu rosto quando ele percebeu que era Miguel escondido. Logo se recompôs e tentou fingir não ter visto nada.

A cuca levantou a terceira cama de pedra e virou-se sorrindo para eles.

— Bem, acho que não precisarei de todos então. Metade de vocês já será o bastante para me satisfazer por algum tempo.

— Metade? — Questionou Eduardo.

— Sim, metade. Só precisamos esperar seu amigo voltar e então terei os quatro reunidos. Aliás, três já estão aqui, não é mesmo?

— Três? — Repetiu Eduardo.

— Sim. Três. Um, dois e três. — A cuca apontou diretamente para onde Miguel estava escondido. — Confesso que não sei como permaneceu oculto por tanto tempo, mas que bom que está aqui. Evita meu esforço de ter que procurar dois corpos na floresta.

 

Roberto foi levantado com brutalidade pelo homem. O sorriso do homem era malicioso e o garoto percebeu que não escaparia do braço firme que o segurava.

 — Olha só o que temos aqui — disse James. — Um garoto de Castelobruxo. Vocês conseguiram chegar bem longe, não? Onde estão seus amigos?

O garoto não conseguiu responder, o que irritou James que segurou com mais força o braço do garoto.

— Onde estão seus amigos, garoto?

Roberto apontou para a caverna.

— Lá dentro.

— Estão com ela?

O garoto concordou e James sorriu.

— Chegamos, amigos. A encantada está lá dentro. Hoje é o dia que faremos muito dinheiro, colegas. Se preparem, pois iremos capturar uma cuca. Segurem bem essa rede, temos que prendê-la completamente. Se uma parte ficar de fora ela poderá fugir. Hiago, cuide do garoto. Garanta que ele não suma daqui, logo nós voltaremos.

— Sim, senhor.

James puxou a varinha das vestes e caminhou com cuidado para dentro da caverna. Após alguns metros, ouviu vozes. Mais um pouco e chegou na câmara escura onde ao fundo havia um brilho fantasmagórico. Naquele local ele viu dois garotos de pé e ao lado deles a cuca. Ela estava falando com eles e James pode ouvir a conversa:

— Três?

— Sim. Três. Um, dois e três. — A cuca apontou na direção de onde James surgira. — Confesso que não sei como permaneceu oculto por tanto tempo, mas que bom que está aqui. Evita meu esforço de ter que procurar dois corpos na floresta.

— Me esperava? — Ele disse.

Por um momento a cuca pareceu surpresa, mas logo ela sorriu.

— Que noite interessante. Tantas pessoas me visitam e eu sequer preparei a mesa do jantar para recebê-los. Que péssima anfitriã eu sou. Mas confesso que estou surpresa que tenha chegado aqui antes dos outros. Eles me pareceram mais bem preparados.

— Temos nosso modo de fazer as coisas. É bem mais efetivo.

Todo o grupo de James estava espalhado na entrada da câmara, segurando suas varinhas e esperando a ordem de ataque. A cuca analisou todos com prazer e estalou os dedos. Das paredes surgiram fantasmas com expressão de dor e sofrimento.

— Espero que não se incomode por eu ter trazido meus amigos para nosso encontro.

— Claro que não — respondeu James. — Quanto mais melhor para nosso conto. Nossa história com você será mais valiosa assim.

Miguel fez sinal para os amigos e mostrou o punhado de urtigas que carregava. Eduardo viu o movimento e discretamente chamou Hugo para ver o amigo.

Observando os ajudantes de James, Miguel buscou aquele que parecia mais ansioso e notou um jovem de cabelos ruivos que mexia na varinha de forma ansiosa. Tinha um sorriso malicioso no rosto e parecia estar quase para largar em uma corrida.

Assim que os fantasmas surgiram pela parede e James respondeu a cuca, Miguel apontou a varinha para o jovem e pronunciou, de forma firme e precisa, o feitiço confundus.

O feitiço disparou pelo ar, vindo do lado da cuca e alcançou o escudo criado pelo jovem, que ficou surpreso por um instante. Em seguida, com raiva no rosto apontou a varinha para a cuca e disparou um feitiço vermelho. Antes que o feitiço tivesse alcançado o escudo criado pela cuca, Miguel jogou as urtigas no caminho.

Diversas explosões de luz surgiram quando o feitiço atingiu as urtigas, criando um forte brilho que cegou todos os que estavam ali, exceto os garotos que fecharam os olhos e agacharam-se antes.

Miguel correu em direção a cama de pedra de Maria. Quando tocou na rocha ouviu um estampido e um ponto no fundo caverna explodiu quando um feitiço o atingiu.

A partir daí o caos se instaurou na caverna. O grupo de James disparava feitiços contra a cuca e os fantasmas, que contra-atacavam lançados objetos e sumindo entre as paredes e o chão, para depois surgir atrás dos bruxos e levantá-los no ar, soltando para que caíssem no chão.

Eduardo e Hugo logo chegaram onde Maria estava deitada.

— Vamos tirar ela daqui — disse Hugo.

— Você sabe como tirar essas coisas da cabeça dela? — Questionou Eduardo.

Os dois amigos negaram.

— Vamos só puxar isso — sugeriu Hugo.

— Mas e se machucar ela? — Indagou Eduardo.

— Temos que fazer algo, ficar aqui não é uma opção — disse Miguel.

Hugo segurou firme os fios que estavam na cabeça da garota e puxou. Não pareciam estar presos na cabeça dela, mas tão somente apoiados, de modo que o movimento foi mais exagerado do que necessário.

No instante que os fios saíram de sua cabeça, Maria despertou com olhos arregalados e levantou-se, como se tivesse sido acordada de um pesadelo.

Miguel disparou na direção da garota e a deitou novamente.

— Cuidado ou vai ser atingida por um feitiço.

Maria olhava para todos os lados, visivelmente desorientada e confusa.

— O que... onde... — ela começou e então viu os garotos. — Onde estamos?

— Depois explicamos — disse Hugo enquanto ajudava a garota confusa a descer da cama. — Temos que sair daqui agora.

— E quanto aos outros? — Perguntou Eduardo, olhando para as outras camas.

— Não temos como levar todos — respondeu Hugo.

— Não acho que devíamos deixar eles aqui.

— Então salve eles, enquanto isso eu vou tirar a Maria daqui.

— Vamos buscar ajuda — sugeriu Miguel. — Os professores não devem estar longe. Podemos guiá-los até aqui.

— Sim, vamos — incentivou Hugo e começou a caminhar.

— Vamos, Eduardo.

— Antes eu quero proteger eles.

Eduardo aproximou-se das camas, mesmo agachado, apontou a varinha e pronunciou o feitiço Protego. Miguel aproximou-se do amigo e lançou o feitiço em outras camas. Ele sabia que o feitiço não duraria muito e não aguentaria mais do que um golpe.

— Vamos, Edu. Não podemos fazer mais nada.

Miguel puxou o amigo e ambos foram pela parte mais obscura da caverna, enquanto os feitiços se chocavam no ar, bem como bruxos e fantasmas eram lançados longe.

A cuca em si parecia tranquila naquele caos, atacando e defendendo com tamanha perícia que parecia um membro experiente do Clube de Duelos.

Os garotos subiram a passagem até a saída o mais rápido que conseguiram. Assim que sentiram a brisa de fora da caverna pensaram estar salvos, mas não foi o que encontraram.

Maria e Hugo estavam amarrados em um canto, Roberto estava em pé do outro lado e um bruxo baixo estivera falando com o garoto antes de ser interrompido pela chegada dos outros dois.

— Ora essa. Vocês estão surgindo como guirivilhos da água.

Com um movimento preciso o bruxo fez com que cordas surgissem e prendessem os dois garotos.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora extraordinária.
Fui acometido por vários de problemas de saúde e passei por um procedimento cirúrgico recentemente.
Tudo isso atrapalhou de forma gigantesca o cronograma tanto dessa história como de outros projetos.
Espero que agora a situação se normalize e eu possa finalizar esse projeto que gosto tanto.

Obrigado por terem se mantido fiéis e pacientes ^_^
Fico muito satisfeito e feliz!!!



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