CASTELOBRUXO - O Início de Uma História escrita por JWSC


Capítulo 15
CAPÍTULO 15 – A Criatura do Mini-magizoo




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Alguns minutos antes...

Assim que Maria passou, a porta fechou-se atrás dela. Maria e Roberto viraram-se e a porta havia sumido. Restará somente a parede cinza escuro.

— Não! — disse Maria.

Os dois se apressaram a tatear a parede em busca da porta que parecia nunca ter existido ali. As lágrimas caiam pelos olhos de Maria, mesmo com seu esforço para que não caíssem, e Roberto tentava desesperadamente encontrar algo que parecesse uma maçaneta ou semelhante.

Depois de terem tateado cerca de dez metros ao redor de onde a porta havia surgido, os jovens perceberam que seria inútil. Maria desabou no chão, com os joelhos juntos, chorando baixo. Roberto tentava colocar os pensamentos em ordem. Havia passado quase todo o caminho até ali revisando onde errara, como tinha chegado a tudo aquilo? Só agora percebia que a prioridade era pensar em como escapar de tudo aquilo.

Ele sentou-se ao lado dela. A única coisa que ouvia eram os soluços baixos de Maria e o som de seus dentes roendo as unhas, enquanto tentava encontrar um meio de fugir dali. Depois de algum tempo Maria falou.

— Estamos presos — disse, instintivamente puxando as pernas para mais próximas de si.

— Deve haver um jeito, uma forma de...

Algo lhe chamou a atenção. Um som baixo, como uma respiração sonolenta. Uma leve bufada vinda de algum lugar mais para o meio de onde estavam.

— Não, não... — choramingou Maria ao seu lado.

— Silêncio, Maria — disse Roberto de repente.

A garota levantou os olhos. Roberto havia levantado e estava mais adiante, olhando para o espaço a frente. Percebiam agora onde estavam, dentro de uma espécie de sala circular gigantesca. Haviam pilares sustentando uma espécie de arquibancada logo acima de onde estavam. Mias a frente, estendia-se um espaço amplo, provavelmente maior que o Campo de Quadribol, com algumas árvores ao redor e rochas dispersas, como se fosse um espaço de transição entre uma floresta e um cerrado. Marcas negras estavam espalhadas pelos pilares e pelo chão, como se explosões tivessem ocorrido por todo o lugar.

— Tem algo aqui — sussurrou Roberto. — Ali, bem ali.

Maria olhou para o monte de pedra que Roberto apontava. Não parecia haver nada ali, nada além de rochas. Estava escuro, o teto do lugar retrava a noite fora ou era de fato a noite, ela não sabia dizer ao certo.

— A mortalha — sussurrou Roberto.

— O que? — falou Maria.

— É a mortalha. Bem ali. Não vê?

— Beto, nós temos que sair daqui. Seja lá o que for que esteja aí, não é bom. Temos que achar um jeito de...

Ela parou. Por um instante pensou ter visto dois pontos amarelos fitando-a em um canto escondido, atrás de um pilar.

— Beto, você viu? — ela caminhou com cuidado para onde havia visto os pontos amarelados, torcendo para que fosse o que imaginava.

Percebeu uma massa de pelos negros atrás do pilar e a cabeça do puerio a olhou. Uma certa alegria e apreensão inundou a garota, era bom ver a criatura ali, não?

— Oi? Pode nos ajudar? — ela disse, aproximando-se do puerio. A voz de Roberto estava distante e inaudível, mas ela achou que ele podia ter dito algo. Entretanto, sua atenção estava em apostar sua última ficha na pequena criatura.

 

— Maria, ali. Bem ali — disse Roberto, já entrando no campo aberto, pisando em grama verde, meio manchada pelas queimaduras.

Haviam conjuntos de árvores em várias partes, algumas negras e dobradas, ao redor de onde estava. Alguns metros na sua frente havia uma massa disforme, como uma pedra retalhada e quebrada em algumas partes, escura como a noite. Foi então que vislumbrou um um movimento no topo da pedra, sutil, mas perceptível.

Roberto estava excitado e nervoso. Finalmente, teria a prova. Não iriam mais zombar dele ou duvidar de sua palavra. Teria encontrado a lendária criatura que matou seu pai e iria expor ela ao mundo. A perspectiva de confirmar o que vinha dizendo por anos era quase inebriante para ele. Tudo teria valido a pena.

Ele sentiu uma baforada de ar quente, seguida de uma respiração profunda. A mortalha não devia respirar ar quente ou devia? Tão pouco se sabia sobre a criatura que tudo era incerto. Podia ter voz ou respirar, seja o que fosse, seria mais uma descoberta dele.

Então do topo da pedra algo se elevou, negro e brilhante. Roberto parou, finalmente havia ouvido a voz de sua consciência, avisando que devia recuar. Algo definitivamente estava errado. Não lembrava de nenhuma descrição sobre a mortalha mencionar escamas, nem dois grandes olhos amarelos brilhantes, como duas lanternas, que agora o fitavam em uma cabeça gigantesca, acima da rocha que começou a se desenrolar.

Seus passos pararam de recuar assim que a cabeça gigantesca se estendeu e ele percebeu que não era uma rocha, mas sim um corpo longo e esguio, repleto de escamas negras e brilhantes. O bafo quente vinha da serpente negra que olhou ao redor, farejando com sua língua bifurcada o ambiente.

A cabeça virou-se para onde ele estava e uma boca gigantesca escancarou-se, com dentes de vinte centímetros. Todo o interior da cobra pareceu brilhar e em seguida seu corpo todo irrompeu em chamas que iluminaram a noite do espaço. A serpente flamejante começou a esticar seu corpo e aproximar-se, silvando e objetivando sua presa.

Roberto não conseguia mover-se, a cabeça da criatura era maior do que ele, com uma bocada podia engoli-lo sem esforço, mas seu corpo estava paralisado, sua visão fixa nos olhos amarelos brilhantes da serpente que o hipnotizavam.

A serpente aproximou-se até cerca de oito metros de distância do garoto, que a essa altura suava com a intensidade do calor produzido pelo corpo da serpente. Com um movimento rápido e preciso, do fundo da garganta da serpente, irromperam chamas laranja e amarelo.

O ambiente brilhou ainda mais quando as chamas dispararam na direção de Roberto e explodiu em todas as direções, atingindo os pilares e a base da arquibancada.

Roberto recobrou a consciência assim que os olhos amarelo brilhantes sumiram atrás da parede de fogo que surgiu. Depois de piscar algumas vezes, percebeu a massa negra na sua frente, com vestes esvoaçantes, onde as letras CB reluziam com o brilho das chamas.

O diretor Orlando havia surgido entre Roberto e a serpente, criando um escudo que barrou as chamas e as dispersou em várias direções. Houve um som de dobradiças e a porta materializou-se atrás deles permitindo que o professor Alexandre, um auror e três patrulheiros entrassem. Orlando fez dois movimentos com a varinha e as chamas foram desviadas para cima e em seguida se extinguiram.

A serpente levantou-se, analisando a situação a nova situação em que se encontrava. Um garoto seria uma presa fácil, mas a presença de vários bruxos, tendo um impedido seu ataque, exigia a reanálise da situação.

— Usem os óculos — berrou Orlando, que não estava com quaisquer óculos e encarava a criatura em desafio. — Cuidem para que ela fique ocupada, procurem a garota, deve estar por aqui.

Roberto tentou dar um passo para trás, mas suas pernas vacilaram e ele caiu sentado. Os dois patrulheiros passaram por ele junto com o auror, disparando feitiços contra a serpente que revidava.

Tudo brilhava muito de amarelo e laranja. Ele sentiu alguém segurar sua camisa, mas não conseguiu ver quem era. Tudo se tornou um borrão de cores, sentiu-se comprimido, como se entrasse por um cano. Ia desmaiar quando sentiu os pés tocarem na grama. Tombou de lado e vomitou, ao longe ouviu uma voz dizer:

— Levem-no para a enfermaria.

Logo, o vulto alto e negro desapareceu de sua vista e o céu negro, cheio de estrelas, foi a última coisa que viu.

 

Alguns segundos antes...

Maria agachou-se. O puerio a olhou com calma. Ela estendeu a mão e o puerio tocou-lhe o dedo. A pele dele era fria e macia. Em seguida a criatura pequena correu para o próximo pilar.

— Não vá, por favor — pediu ela.

A pequena criatura parou, virou-se e fez sinal para que Maria a seguisse. Maria olhou para trás, em busca do amigo, mas não viu Roberto, pois havia caminhado até ficar distante do garoto. Além dos pilares erguia-se uma linha de rochas que impossibilitou que ela visse o que ocorria no campo. Ela acompanhou a criatura, até estar em uma área cheia de árvores, uma pequena floresta. O pueiro a atraia pata dentro das árvores, mas para chegar lá tinha que atravessar alguns metros do campo gramado. Ela saiu da cobertura das arquibancadas e entrou no campo, ficando ao lado de uma árvore queimada.

Ali ela pode ver bem, Roberto mais adiante, parado enquanto fitava uma...

Seu coração parou. Uma cabeça gigantesca olhava para Roberto. Olhos reptilianos amarelos brilhavam em contraste com a pele negra. Ela sentiu o calor que emanava da criatura quando esta balançou a cabeça, procurando algo com sua língua.

Virou-se para Roberto e desenrolou o corpo enorme. Devia ter cerca de quinze metros de comprimento. Sua cauda chegou perto de onde Maria estava e logo foi afastando-se, arrastando no chão enquanto a serpente fitava sua vítima.

— Rober... — ela tentou chamar, mas duas mãos negras e peludas tamparam sua boca.

O puerio havia saltado em suas costas e silenciava seus lábios. Ela desvencilhou as mãos da criatura e olhou para o campo.

— Preciso ajudar o...

Mas antes que pudesse continuar, as chamas irromperem do corpo da criatura. Por toda a extensão do corpo negro da serpente eram visíveis partes onde as escamas eram afastadas por centímetros, permitindo que as chamas rompessem de dentro da serpente, formando uma trilha incandescente.

— Me solte, eu preciso...

Sua voz morreu no instante seguinte, pois a cobra jorrava labaredas laranja e a amarelo na direção onde antes estava Roberto. As chamas espalharam-se em várias direções.

— Não... — suas pernas vacilaram e ela caiu de joelhos. As lágrimas desceram quentes na face.

Ela fechou os olhos e chorou baixo.

Ouviu uma agitação onde Roberto estivera. Patrulheiros e um auror, usando óculos de proteção avançavam para a serpente, mas não havia sinal de Roberto, somente as marcas de chamas.

Ela chorou e dessa vez não deixou que seu choro ficasse preso no peito. O barulho atraiu a atenção da serpente, que se virou para fitar a garota solitária. Vendo a oportunidade de uma presa mais fácil que os bruxos que disparavam contra ela e bloqueavam seus jorros de fogo, a serpente apressou-se na direção de Maria.

A garota não viu exatamente o que houve, por um momento a cobra avançou e as chamas romperem em sua direção. Em seguida, diversos corpos pequenos e peludos saltaram sobre a garota e a empurraram para o meio das árvores com violência.

A garota bateu em um tronco e se viu cercada por olhos amarelos e vermelhos. As chamas começavam a avançar na direção deles, brilhando como um sol forte no meio da escuridão das árvores e plantas. Os puerios cobriram Maria em um abraço apertado e em seguida ela sentiu o corpo comprimir-se, tudo virou borrões e sentiu uma fisgada forte no umbigo.

Ela não conseguiu manter-se acordada, fechou olhos e se deixou desmaiar.


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