Afrodite escrita por Alice Pereira


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Já tinha postado essa história anteriormente, porém ela foi excluída para que eu pudesse reorganizá-la.
Espero que gostem ♥



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 “Die, die we all pass away

But don’t wear a frown cuz it’s really okay

And you might try ‘n’ hide

And you might try ‘n’ pray

But we all end up the remains of the day

Enquanto as caveiras cantavam na tela, a criança já tinha dormido no colo da mãe há tempos e agora quem assistia o filme era a própria mulher que, distraída com a animação, não percebeu que havia mais alguém na sala: uma deusa, num sentido mais literal do seria de se esperar, se recostava no batente da porta. Seus cabelos ondulados emolduravam um rosto de feições delicadas, contrastando com a pele alva. Um discreto sorriso despontava dos rubros lábios, acompanhado de um olhar acolhedor.

A garota adormecida talvez pensasse que era Branca de Neve vindo repreendê-la por ter se vestido de lobo na festa à fantasia da creche, porém a jovem mãe não podia nem imaginar de quem se tratava.

— Compreendo que Danny Elfman não pudesse revelar a verdade, porém é perturbador ver que um semideus compôs isso! – A melódica voz deixou Kelly aturdida por alguns instantes, mesmo depois de estar encarando a intrusa. Impelida a atacá-la ou chamar a polícia, a única coisa que impediu a mortal de fazer isso foi aquela palavra: semideus. Um termo que rondava seus pensamentos há anos, apesar de jamais ter botado alguma credibilidade nele.

Quem acreditaria, afinal? As palavras de Ralph voltaram como uma onda, inundando sua mente. O deus da guerra, ele havia se intitulado, emendado com uma torrente de desculpas absurdas. Seria alguma delas verdadeira, afinal?

— Não possuo muito tempo, mas sinto como se o seu gesto pedisse uma resposta. Claro, demorei alguns anos para decidir se tomava isso como uma afronta ou uma homenagem e cheguei à conclusão de que é a primeira opção. – Seu sorriso foi substituído por uma expressão solene enquanto ela se aproximava do sofá. – Entretanto não irei puni-la. Na verdade, gostarei de ser representada por essa pequena guerreira, mesmo não achando a guerra particularmente agradável.

Percebendo a confusão que se formava no rosto da mortal, a deusa completou:

— Sou Afrodite, a original, deusa do amor e da beleza. Creio que consegue entender o resto a partir disso. – Dito isso, a deusa desapareceu com um discreto aceno de despedida. Kelly se viu sozinha com os cadáveres na tela, a pequena Afrodite adormecida em seu colo e um emaranhado de pensamentos. Agora, além das palavras do ex-namorado trazidas do além, ela se preocupava com a veracidade daquela conversa. Que prova tinha de que não fora pura imaginação?

Convencida de que tinha pego no sono e sonhado, resolveu desligar a TV e ir dormir. Colocou a filha na cama de casal no único quarto da casa e deitou-se junto com ela, observando sua expressão pacífica. Filha de um deus da guerra? Não, essa possibilidade não existia durante seu sono.

— Foi só um sonho, pare de revirar o passado. – Murmurou ela, como quem repreende uma criança travessa. “Um comentário engraçado vindo da boca de uma jovem de 24 anos”, diria qualquer um dos olimpianos, se você perguntasse. Quando se fala de deuses, o tempo não significa muita coisa.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo! Porém não vou mentir, é muito provável que demore para ser atualizada, apesar de eu já ter escrito boa parte do capítulo 1.
Não desistam de mim, por favor!