Hall of Insanity: Gotham's Chronicles escrita por Vtmars


Capítulo 7
I Saw You Standing In The Rain




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Depois de um longo percurso, a van finalmente parou no que parecia ser um grande parque de diversões abandonado. Os capangas já tinham sido deixados em pontos diferentes da cidade, restando apenas Coringa, Harley Quinn e Evelyn no veículo. Eles desceram arrastando a refém e a levaram para dentro do que deveria ser o Túnel do Amor, mas que estava sem água e parecia um corredor sem fim, até que eles chegaram em uma espécie de casa de máquinas, com vários canos trepidando, caldeiras e motores tinindo, caixas e alguns ratos e baratas.

— Seja bem-vinda, querida. Sente-se, a casa é sua – disse Coringa, num tom irônico e risonho, largando Evelyn.

Ele tirou seu terno e se sentou sobre algumas caixas, sendo rapidamente seguido por Harley,  que se sentou no colo do mesmo, afagando carinhosamente seus cabelos.

Evelyn pigarreou.

— E-Então... O que querem comigo?

— Bom, primeiro você vai sair daqui e vai caminhar até bem longe, pode ser a ponte de Gotham, e depois vai esperar o Batman. Quando ele te encontrar, e ele vai encontrar, invente algo, diga que está ferida e traumatizada, tanto faz. O importante... – ele se inclinou para frente. – É não contar sobre o nosso esconderijo, muito menos sobre o nosso acordo. Mas você não é burra, não é mesmo? – ele sorriu. – Não vai contar nada a menos que queira perder a cabeça.

— Confie em mim, queridinha, se falar o que não devia, será a última vez que abrirá a boca – Harley também sorria.

— Não vou contar – assegurou Evelyn, tentando parecer sob controle.

— Quando precisarmos de você, vamos encontrá-la. Até lá, faça a sua parte e dê um jeito de se aproximar do Morcego.

— Pode ficar tranquilo... Os segredos dele serão meus. Posso... Posso ir agora?

Coringa a dispensou com um gesto. Ela começou a caminhar de volta para a entrada do túnel, mas parou e se virou para falar:

— Aliás, meu nome é Evelyn.

Continou a caminhar, sentindo que podia desabar no chão a qualquer momento. Não sabia como ainda estava viva. Deveria agradecer? Se tivesse morrido, não teria se metido nessa confusão. Era melhor não pensar nisso. Evelyn andava, ouvindo o barulho que seus saltos emitiam ecoar pelo local vazio, até que enxergou a entrada. Ela parou e olhou para o céu. Nuvens de chuva pairavam sobre Gotham, e já era possível ouvir os trovões. Evelyn continuou caminhando quase roboticamente. A chuva logo começou a cair e em poucos minutos Evelyn já estava encharcada. Ela abraçou o próprio corpo ao sentir frio, mas de nada adiantou. Quando se deu conta, sua visão já estava embaçada devido às lágrimas. Evelyn não sabia onde estava nem o que estava fazendo. Cansada, ela simplesmente se sentou na calçada e se encolheu, deixando as lágrimas caírem livremente.

É uma armadilha, sua burra. Ninguém vai te encontrar, está em Gotham. O que estava pensando? Vai ter que caminhar até sua casa ou morrer aí, seus pensamentos lhe diziam. Ela não queria acreditar, mas no fundo sabia que era verdade. E o pior era que não podia manter a esperança, pois nunca a teve.

[...]

A chuva dificultava sua busca, mas o Cavaleiro das Trevas não desistiria. Afinal, havia uma vida em jogo, e ele não deixaria mais ninguém morrer por sua causa. Dirigia por toda Gotham, procurando em todos os lugares abandonados, em especial os que Coringa já usara como esconderijo, mas parecia que andava em círculos. Sua mente fervilhava de pensamentos, imaginando infinitas possibilidades. A cada esquina que virava, novas nasciam. Sabia que cada minuto era precioso para salvar a vida da refém e temia pensar que era tarde demais. Coringa não o enganaria novamente, não mataria mais ninguém se dependesse dele. Batman olhava do GPS para a calçada, atento. Estava quase saindo da cidade, quando atravessou um bairro particularmente violento e pensou ter avistado alguém na calçada. Uma única pessoa naquela escuridão. Ele estacionou o Batmóvel. A chuva agora caía mais forte do que nunca e a rua era quase imperceptível devido à fraca iluminação dos postes de luz. Uma lâmpada piscava fraca e clareava rapidamente a pessoa na calçada. Poderia ser qualquer um, mas para a sorte de ambos, era Evelyn Nichols. Batman prendeu a respiração, tenso, e desceu de seu veículo imediatamente, correndo na direção da mulher. Quando estava a cerca de três metros dela, pôde ver bem seu rosto e então teve certeza de sua identidade. Evelyn estava sentada encolhida, pálida e tremendo. Ela abriu os olhos e olhou para o herói. O medo dela era palpável.

— V-Você? ­­– ela perguntou.

— Não tenha medo, eu vou ajudá-la – ele respondeu.

Se abaixou e pegou-a nos braços com firmeza e cuidado. Sua pele estava fria como gelo. Ele a levou para dentro do Batmóvel, ajeitando-a no banco e dirigindo para o hospital em seguida. Coringa ainda estava solto e impune, assim como os outros vilões que tinham fugido do Arkham, mas aquilo já era um progresso, afinal, ele havia resgatado a refém. Mas aquilo ainda estava muito estranho. O que ela fazia na chuva, no meio do nada? Antes que continuasse suas suposições, Batman viu então a silhueta do hospital e diminuiu a velocidade, estacionando o carro na frente do prédio. Antes de descer, no entanto, olhou para Evelyn e perguntou:

— Pode me dizer o que aconteceu?

— Eles... Eles me torturam. Por diversão. Perguntavam coisas que eu não sabia responder. D-Depois se cansaram de mim e me largaram na rua – inventou ela.

— Desgraçados! – Batman deu um soco no volante e suspirou. Era bem a cara de Coringa fazer isso.

— Eu achei que morreria lá. Você... me salvou, obri...

— Não precisa agradecer – ele interrompeu. – Eu só fiz o meu dever.

Evelyn forçou um sorriso e Batman desceu do carro, pegando-a nos braços novamente e levando pra dentro do hospital.

[...]

Jordan foi o primeiro a chegar na Ace Chemicals, seguido de seu colega Nathan. Eles começaram a ligar as máquinas enquanto esperavam o resto do pessoal. Tudo parecia normal ali, até que Nathan gritou:

— Jordan!

— Que foi? – gritou ele de volta.

— Dá pra vir aqui um minutinho?

— Não tá vendo que eu tô ocupado? – respondeu, enquanto limpava o suor da testa devido ao esforço para ligar as máquinas.

— Vem logo, porra! – gritou Nathan novamente, num tom um pouco esganiçado.

Jordan bufou e foi até onde Nathan estava, na ponta de uma das plataformas, olhando pra baixo, para os tanques de ácido.

— Sai daí, cara, tá querendo morrer? – disse Jordan, puxando Nathan pelo ombro.

Foi então que olhou para onde Nathan olhava e entendeu o pânico do colega. O ácido havia sido escorrido de alguns tanques e era possível ver que um corpo se encontrava no fundo de um deles.

— O que vamos fazer? – perguntou Nathan, aflito.

— Temos que nos livrar disso. Anda, pega a sua caminhote, vamos aproveitar enquanto os outros não chegam. Se o chefe ver isso, a gente já era!

Nathan saiu correndo e Jordan usou uma escada para entrar no tanque e tirar o corpo de lá. Carregou-o pra fora e Nathan o ajudou a pôr no porta-malas. Em seguida, entraram no carro e dirigiram até debaixo da ponte Metro-Narrows, um lugar deserto, exceto pela presença de alguns drogados. Eles foram de ré até a beira da água e desceram do veículo, atirando o corpo da mulher desconhecida lá sem dó. Eles se entreolharam e voltaram pra caminhote, arrancando e dirigindo pra bem longe.

Enquanto isso, o corpo de Hannah McLean afundava cada vez mais na água. Naquela água escura e poluída, ela pareceu mexer a mão voluntariamente. Um mínimo movimento. Provavelmente não foi nada.

[...]

  Bruce chegou em sua mansão exausto depois de mais uma madrugada patrulhando. Tirou seu uniforme e foi logo subindo as escadas para o seu quarto e chamando Alfred para preparar seu banho. O mordomo estava na sala e caminhou lentamente até seu patrão, sem dizer nada.

— Algum recado? – perguntou Bruce, vestindo um robe.

Alfred pigarreou.

— Mr. Freeze fugiu do Arkham hoje à noite, patrão.

— O quê?! – ele perguntou, incrédulo. – Como?

— Houve um apagão que durou pouco mais de um minuto. Parece que foi tempo suficiente para ele escapar.

Bruce se sentou na cama e pressionou as têmporas, deixando escapar um suspiro.

— Isso não é possível, já são quatro em menos de um mês!

— Admite que vai precisar de ajuda para detê-los?

— Não tão cedo – ele deu um sorriso cansado. – Vou pegar esses lunáticos um por um e colocá-los de volta no Arkham, que é o lugar deles. Um pequeno deslize vai ser suficiente – disse, determinado.

— Vou preparar o seu banho, patrão – Alfred suspirou e saiu do quarto.


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