Hall of Insanity: Gotham's Chronicles escrita por Vtmars


Capítulo 8
I'm Done With It




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/720835/chapter/8

 

Três dias se passaram desde a fatídica noite em que Evelyn fora sequestrada e Batman a encontrara na rua. Os médicos disseram que ela estava em choque e deveria repousar, e assim ela fez. Pedira uma licença médica do trabalho e agora passava em casa, sozinha e pensativa. Tentava imaginar como faria Bruce Wayne se aproximar dela, como descobriria seus segredos... O Coringa a mataria se sequer desconfiasse que ela estivesse ajudando seu inimigo, ela não tinha dúvidas. Ela suspirou e abraçou seus joelhos, tentando tirar esses pensamentos da cabeça, quando de repente a campainha tocou. Evelyn estranhou; ela não costumava receber visitas, muito menos inesperadas. Temeu que fosse o Coringa ou algum capanga seu à sua procura. A campainha tocou de novo e ela respirou fundo, levantando da cama e indo em direção à porta. Abriu a mesma e não conseguiu conter a expressão de surpresa quando viu que era seu chefe, Bruce Wayne, quem estava ali.
 – Sr. Wayne? O que faz aqui? Eu tirei licença médica, não soube?
— Soube sim, e por isso mesmo que estou aqui. Como você está se sentindo?
— ... Melhor, obrigada.
— Bom.
    Eles se encararam em silêncio por alguns segundos.
— Onde estão os meus modos? Entre, sr. B. – Evelyn deu um sorriso sem graça.
— Eu não quero incomodar, só passei para saber como estava, nem trouxe flores...
— Imagina, não será incômodo algum, e eu nem gosto de flores. Entre – ela saiu da frente da porta, dando espaço para ele passar.
    Bruce hesitou um pouco, mas acabou cedendo e entrou.
— Sente-se – Evelyn fechou a porta. – Aceita uma bebida?
— Pode ser vinho... – ele se sentou, olhando ao redor. Era um apartamento espaçoso e bem decorado, com quadros, esculturas, uma televisão grande e algumas fotos. Uma delas era de Evelyn, criança, sorrindo abraçada a um homem que devia ser seu pai.
    Evelyn voltou da cozinha com duas taças e uma garrafa de vinho já aberta, sentou do lado de Bruce e serviu a bebida.
— Seu pai? – perguntou ele, indicando o retrato.
— Ah... Sim, ele era uma ótima pessoa. Sinto falta dele — ela pegou sua taça e tomou um gole de vinho.
— O que aconteceu? – perguntou novamente, pegando sua taça também.
— Ele morreu em um acidente no trabalho quando eu tinha 13 anos – disse. – Caiu de um andaime.
    Ele não precisa saber a verdadeira história... Não agora, pensou.
— Sinto muito, entendo como deve ter sido difícil, também perdi os meus pais quando era criança – Bruce tomou um gole da bebida.
— Todos conhecem a sua história, sr. B. – sorriu. – Ainda bem que teve a sorte de ser cuidado pelo seu mordomo. Como é o nome dele, mesmo?
— Alfred – ele sorriu também. – Ele tem sido ótimo para mim durante todos esses anos. E me chame de Bruce.
— Como quiser, Bruce – ela terminou sua bebida. – Seja sincero: O que está fazendo aqui? Quer dizer, depois daquele vexame na festa, achei que o senhor me detestasse.
    Aquilo pegou Bruce de surpresa. De fato, ele não gostava muito de Evelyn. Ela sempre parecera fingida, manipuladora e interesseira aos seus olhos, mas algo mudara naquele dia que ele a salvara. Ele vira uma Evelyn frágil, assustada, mais humana. Ele sentira que devia protegê-la, que nada daquilo teria acontecido se ele tivesse sido mais rápido que o Coringa. Era como se ela fosse sua responsabilidade. Mas ele não podia dizer isso.
— Bom, todo mundo comete erros e fala besteira quando está alcoolizado. Eu não a detesto, admito que é inteligente e ambiciosa, a empresa precisa de você. Fiquei de certa forma preocupado quando soube que tinha sido sequestrada por Coringa e Harley Quinn. Queria saber se estava bem mesmo.
— Ainda não consigo dormir à noite, mas já estou muito bem, obrigada – ela sorriu de leve. – Quando a licença acabar e eu estiver recuperada, vou voltar ao trabalho, prometo.
— Não tenha pressa, faça no seu tempo... Imagino o que deve estar passando agora.
    Evelyn o encarou por alguns segundos.
— Eu sabia que por trás daquela imagem de playboy irresponsável existia um homem maduro e sensível.
— Obrigado, eu acho – Bruce se mexeu, desconfortável com o comentário. – Acho que eu deveria ir, não posso ficar muito tempo longe das empresas – ele se levantou, deixando a taça sobre a mesa de centro.
— Tem razão – ela fez o mesmo. – Eu te acompanho até a porta, vamos.
    Evelyn caminhou até a porta e abriu-a para o chefe.
— Obrigada pela visita, eu precisava mesmo disso – disse ela, sorrindo e ficando na ponta dos pés para dar um beijo na sua bochecha. – Volte quando quiser.
— Eu que agradeço por me receber... Melhoras – disse Bruce, ainda desconfortável. Ele saiu do apartamento e foi em direção ao elevador, descendo em seguida.
    Evelyn fechou a porta atrás de si, rindo, e se jogou no sofá.
— Isso pode ser interessante...

[...]

A lua iluminava o céu, desta vez, estava minguando lentamente. Ninguém ousava andar nas ruas de Gotham à noite, apenas drogados, ladrões, bêbados, gangsters ou justiceiros; Um grupo distinto de pessoas. Nas margens de água próximas da ponte Metro-Narrows, um corpo repousava sobre o chão, o corpo de uma mulher, especificamente Hannah McLean. Ela estava deitada de bruços, de sua cintura para cima seu corpo estava em terra, mas o resto ainda estava sob a água. Parecia que recém as correntes de água haviam a levado para lá, para sua sorte.

Hannah começou a inspirar e expirar devagar, com dificuldade, dava para ver sua persistência, suas costas não paravam de se mexer conforme a garota respirava tortuosamente. Parecia acordar-se de um sonho ruim. Ou melhor, de um terrível pesadelo, apesar de não se lembrar de nada o que havia acontecido. Sentia que foi terrível, porque senão, o que ela estaria fazendo ali? Sentia dores em todo o corpo e uma queimação insuportável na pele, mas de algum jeito, estava aliviada. Pensava que o pior havia passado, mesmo sem ter certeza sobre o que aconteceu.

Ela levantou-se devagar, com muita dificuldade, mas conseguiu. Piscava os olhos lentamente, retornando à sua consciência. Sentia-se zonza e enjoada, além da confusão em sua mente. Ela olhou para seu próprio corpo, suas roupas estavam corroídas e rasgadas. Não estava mais usando seu casaco, apenas sua camiseta social feminina e sua calça, que não estava mais nem se parecendo como uma calça, assemelhava-se mais a uma bermuda rasgada. Não podia ser pior. Como pôde ter deixado que aquilo acontecesse?

Como de súbito, Hannah lembrou-se que iria às Ace Chemicals investigar há algumas noites, mas por algum motivo, não lembrava-se de nada do que aconteceu depois. Mas agora tinha certeza que algo acontecera lá, e se acontecera, era porque realmente tinha algo secreto e perigoso nas Ace Chemicals. Mas talvez não devesse voltar lá, nunca mais. Não sabia o porquê, mas sentia medo, um pavor de voltar nas indústrias “abandonadas”.

Ela cambaleou até ruas de Gotham cujas nem sabia o nome, não fazia ideia de onde estava. Para sua sorte, havia um orelhão em uma calçada próxima; As ruas pareciam sujas, ratos e baratas andavam livremente e havia um grupo de homens um pouco mais longe, apenas observando e fumando. Hannah chegou até o orelhão, mas quando foi ligar, lembrou-se que estava sem nada, nem um centavo. Somente seu corpo e suas roupas rasgadas, corroídas e imundas. Ela olhou em volta mais uma vez, e notou rapidamente que os homens estavam mais próximos, não era muito para se perceber, mas estavam. Contou quantos eram, nove. Logo a ruiva andou para um pouco mais longe, incomodada com a presença de tais pessoas. 
— Vai a algum lugar, coisinha linda? – perguntou um deles, a encarando como se ela fosse um pedaço de carne. 

Ela apenas caminhou mais rapidamente, por vezes, cambaleava um pouco, mas tentava não fazer isso para não notarem. Hannah estava com frio, com medo, e não fazia ideia do que estava acontecendo. Nada poderia piorar aquela situação. 

Até que, o mesmo homem aproximou-se mais dela, tocando em seus ombros com suas mãos, sussurrando em seu ouvido: 
— Eu perguntei “vai a algum lugar?”, quero uma resposta! Seja educada, cadela imunda. 

Sem pensar duas vezes, Hannah virou-se e fingiu que iria beijá-lo, o homem aceitou o beijo, mas então, ela mordeu o lábio dele, arrancando-o e cuspindo-o no chão, era estranho como ela teve tanta facilidade. Sangue jorrava da boca do homem, que a tapava com suas mãos, apavorado. Ele caminhou para trás, confuso, zonzo, atordoado e sentindo uma dor lancinante. 
— Eu não preciso ir a lugar algum, Gotham é a minha casa. – Hannah respondeu, sua voz firme e sem medo algum. Agora ela não temia mais eles, não temia a ninguém. Sentia que nada poderia derrubá-la. O medo, por alguma razão, havia passado subitamente. Era como se tivesse despertado de um coma, o qual foi sua vida toda até aquele momento. 

Alguns dos homens correram para longe, enquanto outros avançaram tentando atacar Hannah, para vingar o que parecia ser o “líder” deles, que agora estava sem o lábio inferior e sentado no chão, atordoado demais para se levantar. Eles pararam, sacaram suas armas e as apontaram para Hannah, que levantou as mãos, sorrindo debochada. Seu sorriso era perturbador, por dentro, aqueles homens estavam apavorados, mas tentavam esconder, pois ela era só uma mulher, pelo menos eles pensavam. 
— Então, vamos começar a brincar... – ela comentou, totalmente imóvel. – Bem... vocês escolheram a mulher errada. 

Assim que ela terminou a frase, avançou para perto dos homens, que dispararam tiros sem parar, mas ela conseguiu ser tão veloz que nenhum pegou nela, parecia inacreditável, mas Hannah conseguiu. Ela derrubou um homem, com poucos golpes certeiros e rápidos, pegou sua arma, atirando diretamente nas cabeças de todos os outros, inclusive o qual ela arrancara o lábio, todos caíram no chão, mortos. Por fim, ela atirou no homem o qual roubara a arma, o mesmo já estava inconsciente. Ela gargalhou vendo todos caídos, o sangue escorrendo, alguns ratos se aproximaram, lambendo as poças de sangue que se formavam. 

Hannah roubou a jaqueta de couro de um deles, vestindo-a para proteger-se do frio, também roubou o dinheiro que tinha nos bolsos dos homens, que na verdade, era uma quantia muito generosa. Antes de ir, ela abaixou-se e tocou no sangue do chão, manchando suas mãos e escrevendo algo em um grande muro no local, um recado para quem chegasse ali. Para todos verem sua arte. 
Finalmente, ela afastou-se, limpando suas mãos na roupa por baixo da jaqueta e indo embora para procurar um táxi para então ir para sua casa descansar. 

Não importava o que tivesse ocorrido nas Ace Chemicals, de qualquer forma, aquilo havia mudado ela, de um jeito que ela nunca voltaria a ser o que era antes. Mas Hannah não estava triste com aquilo, pelo contrário, estava pulando de felicidade. Finalmente estava livre, e estava viva. 

[...]

Tim Drake, também conhecido como o Robin Vermelho, adentrava agora o Asilo Arkham. Tentava lembrar ao máximo da conversa que tivera com Bruce há algumas horas. Ele havia sido perfeitamente claro quanto a o que fazer lá. Deveria se apresentar ao diretor do asilo, Eric Hannigan, e ajudar no que ele pedisse, de preferência vigiando o prédio.

Não demorou muito para que avistasse o tal diretor, conversando com alguns outros funcionários, com uma expressão séria. Tim se aproximou, sendo logo notado pelos outros, e disse:
— Sr. Hannigan? Sou o Robin Vermelho, vim ajudar a vigiar o Arkham, para assegurar que mais nenhum interno fuja. 
— Está zombando da segurança?
— Claro que não, mas como deve saber, quatro criminosos já fugiram neste mês, seria melhor ter ajuda extra.
— Certamente não preciso da ajuda de um rapazote como você, mas já que não cobra, pelo menos comece a patrulhar o prédio e seja útil! – mandou o Sr. Hannigan, de um jeito petulante.

Já irritado com a falta de educação do homem, Tim simplesmente lhe deu as costas e virou em um dos imensos corredores do Arkham.

Alguns minutos se passaram e ele continuava patrulhando o local e prestando atenção nos mínimos detalhes do prédio. Notara que todos os pacientes que vira estavam calmos e alguns até sorridentes, como se tivessem certeza de que logo sairiam dali. Mas não seria assim se dependesse dele.

Fora o comportamento estranho dos internos, Tim não notara nada de diferente ou fora do normal, até que viu a porta de uma sala se abrir e ficou em posição de combate imediatamente. Felizmente, era só um enfermeiro. Tim relaxou e tentou agir normalmente e voltar a caminhar, mas o rapaz o notou e olhou para ele, sorrindo de forma amigável.
— Oi! Você deve ser o Robin Vermelho, certo? Veio para vigiar o Asilo?
— Isso mesmo... – ele sorriu sem jeito.
— É um prazer conhecê-lo, sou seu fã! – disse o enfermeiro, animado. – Sage Duncan, senhor – ele estendeu a mão e apertou a de Tim.
— Sério?! – perguntou quase gritando, então pigarreou e repetiu a frase com mais calma. – Sério?
— Claro, desde que eu era criança! – ele riu. – Você e o Batman eram incríveis, ou melhor, ainda são, claro. Nem acredito que isso está acontecendo, teve uma época em que eu queria ser um super herói quando crescesse. Enfim, Robin, é um prazer tê-lo aqui, fale comigo se precisar de algo. Até mais.
— Até – eles se despediram com um aceno e Tim observou Sage sair empurrando um carrinho com equipamentos hospitalares.

Ele aparentava ser jovem, cerca de 20 anos, provavelmente era estagiário. Media 1,75 ou menos, tinha o cabelo castanho claro arrumado e olhos azuis. Parecia inofensivo, não representava ameaça. Tim sorriu de leve consigo mesmo; seria bom ter um amigo ali. Continuou então caminhando pelo Asilo, prestando atenção em tudo.

Horas se passaram, ou assim Tim imaginou. Cansado, ele simplesmente se sentou no chão e encostou a cabeça na parede. O Asilo Arkham era enorme, com corredores que pareciam não acabar mais, a além de tudo era feio e antigo. Mas até então não havia acontecido nada de estranho. Tim sabia que devia se manter alerta, porque o mais provável seria que o que quer que estivesse acontecendo ali se repetisse quando ele ficasse distraído, mas mesmo assim se deu um tempo para recuperar as energias, afinal, tudo fica mais difícil quando se faz cansado. Fechou os olhos e permaneceu assim por alguns minutos, sem dormir, quando ouviu uma sirene começar a soar. Tim se levantou sobressaltado e olhou ao redor: estava tudo absolutamente escuro a sua volta.

Droga, outro apagão! Alguém deve estar fugindo!, pensou, correndo imediatamente em direção à ala das celas dos pacientes de alto risco. Corria velozmente, apesar de não enxergar nada, por sorte prestara atenção nos mínimos detalhes do local. Achava que estava perto e conseguiria impedir a fuga que provavelmente estava acontecendo, quando sentiu algo bater em seu rosto com força, derrubando-o instantaneamente. Tim se levantou o mais rápido que pôde, tocando o rosto e sentindo a bochecha inchada e sangue escorrendo do nariz. Irritado, ele olhou ao redor, no escuro.
— Covarde, mostre-se!

Ouviu então uma risada psicótica que conhecia muito bem.
— Confuso, passarinho? Eu também estaria se fosse você – Coringa apontou uma luz de lanterna no rosto de Robin, que correu imediatamente em sua direção, mas bateu-se em uma parede ao invés de agarrar o palhaço.

Ele riu novamente.
— Isso vai ser mais fácil do que eu pensei, ainda nem precisei usar o gás.
— Vai ser ainda melhor do que da outra vez, pudinzinho – disse Harley Quinn de algum lugar, parecendo animada.
— Vocês não vão conseguir de novo... Seja lá o que estejam planejando, não vai dar certo! – respondeu Tim, andando pelo corredor escuro, tentando seguir as vozes.
— Quem disse que eu estou planejando, garoto tolo?
— Não sou mais um garoto! – disse, acertando um soco no rosto de Coringa, porém sentindo algo bater em sua cabeça logo em seguida.
— Menino levado! Se não se comportar, vou ser obrigada a bater mais forte! – falou Harley, com deboche.

Tim estava atordoado e se afastou um pouco, tentando recuperar a noção de espaço para atacar novamente. Então pôde ouvir claramente o som de uma arma sendo engatilhada.
— Quieto, Robin, não quero ter que te matar antes da hora! – riu Coringa.
— Não sou sua marionete! – replicou.
— Ah, é sim. E vai dançar como eu mandar.
— Não tão rápido! – uma quarta voz gritou.

Alguma coisa pesada bateu em Coringa e ele desabou no chão no mesmo instante. A luz da lanterna foi ligada novamente e Tim viu o rosto assustado de Sage o encarando. Segurava a lanterna em uma das mãos e um revólver na outra. Ele desviou o olhar para Harley, apontando a arma pra ela.
— Se você se mexer eu atiro – disse, tentando parecer firme.
— Tente, eu sei que não tem coragem! – desafiou Harley.

Ele não reagiu.
— Sage! – gritou Tim.
— Foi o que pensei – ela riu. – Acontece que estou com pressa e não tenho tempo para esperar você se decidir, portanto... – ela derrubou uma granada de gás do riso no chão. – Bons sonhos, crianças!
— Cuidado! – gritou Tim.

Mas não havia escapatória e o gás não demorou para os afetar...

Tim acordou algumas horas depois em um lugar que se assemelhava a uma enfermaria e olhou ao redor, vendo Sage de pé ao lado de sua maca.
— O que aconteceu?
— O gás do riso. Coloquei minha máscara hospitalar e deu tempo de te tirar de lá. Por sorte, consegui usar o tanque de gás oxigênio com o qual acertei o Coringa pra te fazer respirar.
— Devia ter se preocupado em pegar Coringa e Harley.
— E deixar você morrer? Até parece – ele sorriu.

O herói suspirou.
— Bom, obrigado pela ajuda de qualquer jeito. Se você não tivesse agido, provavelmente eles teriam me levado. Foi minha culpa, eu não deveria ter baixado a guarda!
— Era o mínimo que eu podia fazer. E não se culpe, esses malucos são imprevisíveis... Mas você e o Batman vão conseguir descobrir o que está acontecendo e prender todos eles, certo? – disse Sage com otimismo, sorrindo.
— É, espero que sim... – Tim passou a mão na cabeça, onde Harley havia batido; o local estava enfaixado. – O sr. Hannigan deve estar querendo me matar.
— Ele devia te agradecer, isso sim! Pelo menos ninguém fugiu dessa vez. Mas se quer minha opinião, às vezes ele pode ser muito rabugento.
— Eu notei – ele riu um pouco.
— Bem, preciso ir dar o remédio para alguns pacientes. Descanse agora, nada de sair para combater o crime! Maria vai te ajudar se precisar de algo – ele indicou uma senhora de meia-idade cuidando do paciente da maca ao lado, que sorriu para eles. – Até mais.
— Até... 

Sage saiu da enfermaria e Tim se recostou na maca, pensativo. Bruce precisa saber disso.

[...]

Hannah abriu a porta de sua casa, exausta. Quando estava no táxi, o taxista parecia a encarar pelo retrovisor um pouco assustado, mas ela não entendia o porquê. Bem, pelo menos, agora estava no conforto do lar. Ela trancou a porta e atirou-se na cama, despreocupada. Não passaram mais de dois minutos de paz, então perguntas começaram a surgir em sua mente, e elas precisavam imediatamente de respostas. Quantos dias haviam se passado? Alguém notou sua falta? Castiel notou sua falta? E o encontro? O que houve nas Ace Chemicals? 

Todas aquelas perguntas a fizeram sentir calafrios. Inquieta, Hannah levantou-se e foi até o banheiro lavar o rosto. Ela nem olhou-se no espelho. Apenas abriu a torneira e simplesmente lavou o rosto, mas então, quando o secou e finalmente olhou-se no espelho, não sabia como reagir. 

Medo? Angústia? Repulsa? Não conseguia encontrar as palavras certas. Ela entrou em desespero, quebrou o espelho com um só soco, machucando sua mão. Ela colocou ambas as mãos em sua cabeça, puxando fortemente seus cabelos, seus olhos encheram-se de lágrimas. Ela nem se importava com a dor que estava sentindo fisicamente, a psíquica era mais forte. 

Sua pele estava pálida, completamente pálida, parecia doente e sem cor, e então, ela lembrou-se do que aconteceu. Lembrou-se de tudo o que aconteceu nas indústrias. Lembrou-se do ácido, e logo sentiu a raiva subindo, não iria aguentar. Ela se jogou contra a parede, machucando-se de novo e caindo no chão. Hannah chorava, encolhida no canto do banheiro. A morte de seus pais não havia sido um acidente, e tentaram a matar naquela noite. Na verdade, conseguiram. Mas nunca pensaram que ela conseguiria sobreviver. Como ela conseguiu? Nem ela sabia o motivo. 

Mas uma coisa ela sabia: Iria se vingar, nem que para isso tivesse que morrer novamente. Se bem que agora nada a mataria, pois para quem encara a morte, nada mais irá temer. Ela abriu um sorriso psicótico, levantando-se e pegando os cacos de vidro com as próprias mãos para colocá-los fora. 

Sua nova vida recém havia começado. 

[...] 

De manhã, o Comissário Gordon e sua equipe principal foram a um local o qual foram requisitados, uma rua bastante perigosa, próxima da ponte Metro-Narrows. O comissário segurava seu café em sua mão, tomando-o uma vez ou outra. O local do crime havia sido fechado pelos detetives, Gordon estava de pé em frente de um carro de polícia, pensando. 

Os corpos dos homens mortos estavam sendo cobertos com lençóis brancos e logo seriam levados. Todos foram mortos com tiros na cabeça e um deles estava sem o lábio inferior, que já havia sido recolhido do chão e guardado para futuras investigações. O comissário apenas olhava para a cena com uma visível desaprovação em seu rosto. Com certeza aqueles homens eram criminosos, mas o que levou alguém a matar todos à sangue frio? Pelo menos teria que existir um motivo. Mas Gordon havia perdido uma parcela de sua esperança há algum tempo. Já sabia que nem sempre assassinos tinham motivos, apenas matavam por diversão ou loucura, e nessa situação, talvez não tenha sido diferente. Talvez fosse apenas o Coringa ou um de seus capangas se “divertindo”. 
— Que loucura, hein, chefe... – comentou a novata da equipe, uma mulher de vinte e poucos anos, de cabelos vermelhos, chamada Elizabeth Hunter, mas todos a chamavam de Lizzie. – Às vezes eu penso, esse mundo está perdido. Principalmente nessa cidade. Talvez nem o Batman nem nós consigamos deter o crime. Ele está à ativa desde que eu me lembro, desde que eu era uma criança. Acho que antes mesmo de eu nascer. E cada vez mais, surgem mais loucos. Nem o Arkham é capaz de curá-los. Eles apenas continuam voltando, como uma praga. – ela olhava para o muro, o qual estava escrito algo, uma simples e pequena frase. Apenas duas palavras, mas foram escritas com sangue, e isso sim era perturbador. 
— Mesmo com isso sempre se repetindo por todos esses anos, eu tento manter minha esperança. – declarou Gordon, também olhando para o muro. 

Nele estava escrito “Estou aqui”.

[...]

Bruce entrou em seu escritório e imediatamente desabou no sofá, cansado de lidar com tantos acionistas e mal vendo a hora de sair dali. Tivera mais trabalho que o normal hoje; nunca tinha notado como Evelyn fazia falta nas Empresas até então. Esperava que ela se recuperasse logo do sequestro e voltasse. Ele olhou para o teto, tentando imaginar uma forma de deixá-la mais confortável em relação a voltar ao trabalho. Precisava que ela superasse o choque, mas soubera que ela nem saía de casa desde o ocorrido. Isso não soava nada bom. Algo precisava ser feito.
Bruce levantou e foi até sua mesa, tirando o telefone do gancho e ligando para a própria casa. Alfred atendeu em pouco tempo.
— Alfred, sou eu, preciso que faça algo para mim.
— Qualquer coisa, patrão Bruce – respondeu o mordomo com prontidão.
— Compre algo e mande para a srta. Nichols com um convite para jantar hoje à noite. Exceto flores, ela não gosta – disse, lembrando-se do ela falara quando ele a visitara em casa.
— Se me permite dizer, patrão, não gosto nada dessa moça, você poderia arrumar algo muito melhor que apenas um rosto bonito e superficial. Não precisa bancar o playboy irresponsável o tempo todo, sabia?
— Pare com essas bobagens, Alfred, não é nada do que você está pensando. Eu só quero conversar com ela, sobre as Empresas – disse Bruce, convicto.
— Como quiser... Onde devo marcar?
— Você que sabe, escolha algum restaurante chique e me avise depois. Até mais.
— Até logo, patrão.

Bruce desligou e suspirou, olhando para a enorme pilha de papéis que ainda tinha para assinar.

Enquanto isso, Evelyn estava deitada na sua cama, encolhida. As janelas e cortinas estavam completamente fechadas, deixando-a na maior escuridão, mas ela não se importava. Na verdade, gostava assim. Dormia e acordava, olhava para o relógio, suspirava e repetia o processo, era assim praticamente o dia todo. Ela ainda não superara o que acontecera no banco naquele dia, e não parava de pensar sobre isso. Ainda tinha medo, receio, ansiedade...

De repente, a campainha tocou. Evelyn não queria levantar para atender, mas fez um esforço, torcendo para que fosse algo que valesse a pena. Caminhou até a porta e abriu-a. Um homem gordinho de uniforme, com um boné escondendo a careca, estava parado na frente, sorrindo.
— Flores para a srta. Evelyn Nichols.
— Sou eu mesma... – respondeu, confusa.
— Por favor, assine aqui – ele lhe alcançou uma prancheta e uma caneta.

Evelyn assinou e devolveu a prancheta e a caneta para o homem, que lhe entregou um grande buquê de margaridas.
— Tenha um bom dia – desejou o entregador, saindo em seguida.

Evelyn fechou a porta e foi até o sofá, sentando-se. Inspecionou o buquê e notou um bilhete entre as flores. Puxou-o e leu com atenção.

Receba estas flores como um convite para jantar. Hoje, às 20h no Sebastian's. Estarei esperando.

Bruce.

— Rápido e direto – ela riu. Rapidamente imaginou que não era um jantar romântico, ele apenas devia querer conversar sobre negócios ou outras amenidades. Homens... – Vai ser como tirar doce de criança.

Evelyn se levantou e jogou as flores na lixeira. Não queria nada de um Wayne, muito menos flores. Tinha alergia a elas. Talvez fosse psicológico, ou não, o fato era que ela as detestava. Pegou o telefone e discou o número do salão de beleza. Se não fosse pelo jantar, não sairia de casa, mas precisava ficar linda esta noite, sentia tinha a obrigação de encantar seu chefe. Era isso ou morrer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hall of Insanity: Gotham's Chronicles" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.