The College C.R.U.E.L. escrita por Glads


Capítulo 9
Cranks




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Não foi a tinta em cima de mim, não foram as poucas pessoas que riram, nem o vestido tão amado da minha mãe que trazia lembrança do meu pai... O que me machucou de verdade foi Minho.

Não que eu não esperasse uma atitude infantil dele... Um lado do meu cérebro gritava que ele faria algo... Mas sabe quando você prefere acreditar em algo improvável – ser idiota, em outras palavras? Pois é, foi o que eu fiz.

Pelo menos eu sabia voltar pra casa.

Sentindo tinta em todos os lugares do meu corpo, desci cada degrau daquela escada com muita, muita vontade de bater em Mirella e tirar o sorriso estranho da cara de Minho.

Parei bem na frente do asiático, enquanto todos se afastavam com medo de mancharem as suas roupas.

— Espero que esteja contente, Minho. – vi seu sorriso falhar – Será que seu pai estaria orgulhoso?

Eu sei, não devia ter falado aquilo, mas estava com raiva.

Um conselho: Não faça nada com raiva.

Fui até a porta onde Kate, Newt e Chuck se encontravam.

Olhei para o meu par e ouvindo o completo silêncio – até a música tinha sido desligada – disse:

— Vou ter que embora mais cedo.

— Tudo bem. – ele murmurou com os olhinhos arregalados.

— Eu juro que... – Kate começou com Newt segurando seu ombro.

— Fique quieta, por favor. – pedi e ela encolheu os ombros – Você disse no início que eu não devia...

— Mas achei... – ela parecia surpresa.

— Você também se enganou. – dei de ombros.

Olhei para Newt e sorri levemente imaginando meus dentes azuis.

— Eu quero ir andando sozinha. Ok? – disse quando vi ele pegando as chaves do seu carro.

Eles iam protestar quando finalmente coloquei os pés para fora daquela casa.

Ao fundo ouvi uma Kate Raivosa gritar algo como:

— SEU FILHO DA MÃE, IDIOTA!

E depois uma gritaria começar...

Não fiquei para assistir, comecei a caminhar sujando a calçada de azul...

Essa sempre foi minha cor favorita e naquele momento se tornou símbolo da minha desgraça.

E foi dobrando a rua de casa – por sorte eu sabia o caminho para voltar – que vi três rapazes me seguiam.

Não fiquei nervosa, estava com tanta raiva que se eles tentassem algo eu possivelmente mataria cada um deles.

— Ei... – um chamou.

Andei mais depressa já vendo minha casa.

— Ei... – gritaram mais alto.

Suspirei e bem chateada virei:

— Mais que plong! O que é?

Os três ficaram surpresos.

— Quem é você e por que está sujando a nossa calçada?

— Isso... – apontei para o chão – É via pública!

— Não sei de onde veio, lindinha... – o de capuz do meio deu um passo a frente – Mas essa é a nossa cidade.

Revirei os olhos cruzando os braços.

— Ah, ótimo... Deixa eu adivinhar... Vocês são aqueles filhinhos de papai que se dizem inconformados com a sociedade, mas só estão entediados e formaram uma espécie de gangue porque no fim só querem ser aceitos em um grupo. Acertei?

O de capuz veio pra cima de mim e segurou meu pulso mesmo com tinta.

— Veja bem como fala da gente, garota. – ele disse grosso tirando o capuz.

— Newt? – arregalei os olhos vendo meu amigo a minha frente.

— Ótimo, uma amiguinha do meu irmãozinho...

Foi aí que notei... O cabelo do garoto era maior que o de Newt, suas feições eram mais duras e ele não parecia nada amável.

— Quem é você?

Até onde sabia, Newt possuía uma irmã mais nova, apenas.

— O filhinho de papai rejeitado. – esbravejou ele.

— Ela ainda não respondeu porquê está sujando a calçada de azul, John. – um dos dois garotos atrás do irmão de Newt falaram quando ele soltou meu pulso.

— Não é como se eu tivesse escolha. – apontei para o estado do meu vestido.

— Qual seu nome? – John, irmão do meu amigo, perguntou.

— Karine. Agora posso ir para casa Sr. Revolta com o Mundo?

— Como se você não estivesse do mesmo jeito. – retrucou.

Respirei fundo finalmente sentindo o choro subir.

— Olha... Deixa eu ir pra casa. Ok? Acabei de ser humilhada em uma festa e...

— Quem fez isso? – John questionou.

— Cara, esqueça seus antigos amigos... Deixa a garota ir, ela não representa perigo algum...

Os Cranks, o grupo a qual John pertencia, era uma espécie de gangue onde quase todos eles tinham uma vida normal de dia, mas durante a noite saiam juntos para festas e ficavam segundo eles, protegendo as ruas e casas de toda a nossa vizinhança, não que a polícia acreditasse nisso, é claro.

John suspirou e passou a mão suja de tinta – porque ele me segurou – no rosto.

— Que droga. – ele murmurou vendo o que tinha feito – Saia daqui garota.

***

A grande questão: Como entrar em casa sem sujar nada e sem deixar que minha mãe perceba o que houve?

Peguei a saia do vestido e a prendi em meus braços subindo as escadas o mais silenciosamente.

Nunca fiquei tão feliz pela mãe de Minho me mandar em ficar em um quarto separado da minha mãe.

No banheiro do quarto me despi e tomei um banho vendo a tinta azul indo pelo ralo...

E ali dentro chorei por ser uma idiota e pior: Por Minho ser mais idiota ainda.

Quando entrei em meu pijama, um vestido rosa bebê curto, ouvi algumas batidas na porta.

Conferi se havia alguma mancha azul no chão do quarto e abri a porta aliviada.

Não sei como contar para minha mãe e para a mãe de Minho o que houve.

— O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI? – gritei quando vi Minho com os primeiros botões da camisa com manga arregaçadas abertos.

— Shiiiiii... – ele colocou a mão na minha boca e entrou com tudo no quarto – Quer acordar todo mundo?

— É o quê? – o empurrei – O que você quer? Me humilhar mais?

— Não, smurf... – ele revirou os olhos – Quero meu cordão militar.

Só então ele me analisou e parou os olhos na minha perna.

As contorci lembrando quando ele disse que elas eram lindas, mas então tive uma brilhante ideia.

Sentei a beira da cama, cruzei minhas pernas e tive a consciência que meu pijama subiu deixando boa parte da minha coxa aparecendo.

— A mesma que usou para me fazer confiar em você? – sorri passando a mão na minha perna vendo o asiático engolir em seco.

— Karine, só me dê a medalha. – ele engoliu em seco.

— Eu poderia te chantagear... – bati com força na minha coxa e o vi fechar os olhos com a respiração desregulada – Poderia te fazer pagar, mas não sou você.

É... Pernas são o fraco de Minho.

— Eu... – pensei que ele pediria desculpas – Eu quero minha medalha.

— Claro. – murmurei indo, rebolando, até onde tinha guardado o cordão militar do pai de Minho.

— O-o quê está fazendo? – Minho perguntou.

Segurei a medalha, virei com cara de desentendida...

— Como assim? – sorri de canto.

— Igual à Mirella... Achei que teria que te forçar a me entregar a medalha e até que você me bateria como Gally fez.

Minho não me deixou me defender ou falar alguma coisa... Simplesmente pegou o cordão da minha mão e saiu batendo a porta.

Como se não bastasse ser humilhada pelo garoto que gosta, eu ainda tinha que conviver com ele por dois dias na mesma casa – nossa mudança está quase completa na nossa casa de verdade.

Então finalmente entendi o que Minho disse.

E aí percebi que eu não devia ser alguém raivosa, muito menos oferecida...

Eu não posso mudar o que sou pelo o que Minho fez.

Na verdade, o que eu tinha que fazer era deixar o que sou verdadeiramente aparecer e parar de esconder em uma nuvem de timidez ou medo.

E era exatamente o que eu faria.

Eu daria a volta por cima.

[...]


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo é só para não passar em branco.
Prometo que o próximo vai ser cheio de emoções.



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