The College C.R.U.E.L. escrita por Glads
Aquela tarde fatídica começou no shopping.
As meninas não paravam de ir de loja em loja procurando o “vestido perfeito” e assim como eu, Minho ficava sentado olhando.
— Ah! Qual é? Venha escolher um vestido também! – Kate murmurou quando me viu fazendo careta ao entrarmos na vigésima loja.
— Eu não vou ao baile. – disse procurando um puff ou sofá.
— O QUÊ? – Minho me puxou para ficar de frente para ele.
— Posso ajudar? – uma vendedora prestativa surgiu do nada.
— Claro! – Brenda falou sorridente – Estamos procurando vestidos de festa.
A funcionária de cabelo azul saiu puxando Teresa e Brenda em direção aos vestidos.
Percebi que Minho ainda me encarava, então um pouco incomodada resolvi ir atrás das meninas.
Kate me seguiu.
— Você vai! Eu disse que você ia comigo quando estávamos na escola!
— Ah! Achei que você estava falando com o Minho. – falei.
— Ele sempre vai sozinho nos bailes e esse ano estou torcendo para Newt me convidar. – ela confidenciou.
— Ele nunca te chamou? – perguntei vendo o asiático se sentar em uma cadeira em frente ao caixa.
— Eles morrem de vergonha um do outro, Karine. – Brenda, que tinha ouvido tudo, esclareceu.
— Espera. Vocês realmente nunca tiveram nada? – arregalei os olhos.
— Para você ter ideia... – Teresa começou pegando um vestido da cor de seus olhos – Eles ficam nesse clima desde o namoro do Tom e da Bren-brenda.
— O quê? Vocês namoraram? – perguntei.
— Foi só um beijo, mas a Teresa não acredita. – ela revirou os olhos – Somos amigos agora.
— Eu sei que não foi. – a morena retrucou.
— Gente. Sem briga, por hoje. – Kate disse batendo as mãos uma na outra – Na verdade, deve haver briga sim, mas com a Karine. Ela não que ir ao baile!
— Você tem que ir! – Teresa e Brenda disseram juntas, se entreolharam e até esboçaram um sorriso.
— Eu apoio! – Minho falou alto fazendo os poucos clientes da loja nos olharem feio.
— Posso ir de calça? – soltei meu cabelo.
— Qual a graça de ir ao um baile se for de calça? – Kate cruzou os braços.
Voltei a amarrar meu cabelo em um rabo-de-cavalo alto e dei de ombros.
— Por que não quer ir? – Minho perguntou com a voz muito próxima a mim.
Virei e dei de cara com ele.
— Eu... Ahn... – foquei em seus olhos e uma vontade absurda de contar toda a minha vida para ele apareceu – A última vez que usei um vestido foi no velório do papai.
Desviei o olhar e notei que por um momento tinha esquecido está em uma loja e tudo o que via eram os olhos do asiático.
As meninas estavam sem-expressão e eu dei de ombros sem graça.
Odeio causar essa reação nas pessoas.
— Já escolheram alguma coisa? – a vendedora de cabelo azul apareceu colocando as mãos na cintura.
— Sim. – puxei um vestido que vi assim que pisamos na loja – A Kate vai experimentar esse.
— Eu já comprei o meu, além disso rosa combina com você. – ela falou.
— Como assim? Então por que experimentou nas outras lojas?
— Para não ficar sentada com você e com o Minho. Vocês estavam TÃO desanimados.
Senti uma mão apertar meu ombro.
— Acho que você devia tentar acabar com esse trauma. – sugeriu Minho.
Mordi os lábios e encontrei Brenda, Kate e Teresa olhando incrédulas para o asiático.
— Só vou experimentar. – alertei – E depois eu penso.
As meninas pularam animadas e entreguei o vestido para a vendedora que me conduziu ao provador.
O lugar possuía três espelhos que iam do chão ao teto e um banco preto.
Não tranquei a porta porque a vendedora garantiu que ficaria ali esperando. Talvez esse tenha sido meu erro.
Despi-me com cautela abri o zíper do vestido rosa e o passei pelas minhas pernas sem conter uma risada ao lembrar de Minho dizendo que elas são sua nova religião.
Percebendo que o vestido tinha bojo, retirei meu sutiã preto.
No momento em que ajeitei a parte da frente e estiquei o braço para tentar fechar o zíper na costa da peça, a porta é aberta com tudo.
— Ai meu Deus! O que está fazendo aqui? – apertei o vestido contra meu corpo e vi Minho entrar no provador nos trancando.
— Shiii. – ele colocou a mão na minha boca – Fique quieta.
— Que raios...
— Um assaltante entrou na loja. – ele sussurrou perto demais.
— E você quer que eu acredite? – murmurei e o vi encarar meus lábios.
Ele deu de ombros.
— Ok, você é mais esperta do que pensei.
— E você está menosprezando minha inteligência.
Minho riu.
— A Mirella está aqui.
— Quem é Mirella? – perguntei apertando o vestido contra meu corpo.
— Eu beijei ela faz um ano.
Eu poderia ter me sentindo péssima, mas já esperava coisas assim do asiático, então comecei a ri.
— Saia do provador. – o empurrei em direção à porta.
— Você não entende. – ele segurou meu ombro – Ela me persegue desde então!
— Da próxima, tente não sair beijando todo mundo. – sugeri.
Ele fez uma careta.
— Agora pode dá licença e me deixar tentar fechar o zíper do vestido?
Só assim ele pareceu perceber minha costa nua e engoliu em seco.
Em um movimento brusco, o garoto me virou e puxou o feixe da minha peça, mas não sem antes de me fazer estremecer com o contato de nossas peles.
— Me deixa ficar aqui, por favor.
Revirei os olhos.
— Com uma condição. – disse sorrindo.
— Qualquer coisa para não encontrar com aquela garota grudenta.
Não sei bem o motivo, mas soltei:
— Você não vai beijar nenhuma garota até o baile de boas-vindas.
— O quê? – ele arregalou os olhos – Só pode ser brincadeira.
— Eu sou irredutível. Você decide agora. – falei analisando o caimento do vestido em meu corpo.
— Ahhhhhh! – ele parecia extremamente bravo.
E eu... Bom, estava feliz e estranhamente a vontade para falar.
Foi ali que finalmente perdi toda a timidez.
— Decidiu? – coloquei as mãos na cintura, olhando para Minho através do espelho.
O garoto bufou e sentou no banco preto.
— Você acha que ela vai embora quando? – perguntei doida para tirar o vestido rosa.
— Não sei. A Kate vai avisar. – murmurou a contragosto.
Eu não me contive e comecei a ri.
A feição de Minho relaxou e ele quase esboçou um sorriso.
— O que foi?
— Você está com muita raiva. – disse me contorcendo.
— Seu risada é linda. – ele observou.
De repente as minhas gargalhadas cessaram e eu me perguntei quem em sã consciência acharia isso bonito em mim.
— Obrigada. Eu acho. – disse cruzando os braços e olhando de um lado a outro como se algo pudesse passar e me tirar dali.
— Você vai ao baile?
Neguei com a cabeça pensando que ele ia questionar, mas Minho não o fez, apenas assentiu parecendo entender.
— É difícil está usando um vestido depois de tudo?
Ele parecia querer saber mais coisas sobre mim.
— Está mais fácil do que imaginei, talvez porque você esteja aqui me fazendo ri.
O garoto pareceu contente com a resposta.
Observei seus olhos puxados passarem do meu rosto aos meus pés.
— Não só suas pernas que são bonitas. – ele pareceu surpreso – Você toda...
O celular dele apitou no bolso.
Ele parou o que dizia e pegou o aparelho se levantando e dizendo:
— Ela foi embora.
Assenti e um pouco triste o observei ir embora.
Analisei mais uma vez o vestido em mim e sorri.
Eu estava bonita, mas se por acaso eu tomar coragem de ir ao baile, não vai ser com ele.
Agradeci mentalmente por ter enrolado o meu sutiã dentro da camisa, porque sabe se lá o quê Minho falaria ao ver a peça.
Despi-me e tornei a vesti a minha calça jeans e a camisa preta de Star Wars, dessa vez sem interrupção.
Saí do shopping sem comprar vestido algum foi umas missões mais impossíveis que já passei.
Até Teresa e Brenda se uniram tentando me convencer.
Não deu certo.
Minha cabeça estava a mil, mas o pensamento que começava a me causar dores era apenas dois.
Será que Minho quis dizer que eu sou bonita? Por que isso me animou tanto?
[...]
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Capítulo pequeno para compensar o próximo.