The College C.R.U.E.L. escrita por Glads


Capítulo 6
Praia




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Eu estava na sala pintando as unhas da Sra. Yka, avó de Minho, quando ele apareceu com uma camisa branca, calção marrom, sandálias e óculos de sol que o deixavam perigosamente lindo.

— Onde está indo? – a mãe do rapaz perguntou tirando os olhos da revista que lia.

— Karine e eu vamos à praia. – ele disse na maior naturalidade do mundo.

— É mesmo? – minha mãe surgiu da cozinha com um pedaço de bolo.

Olhei para o asiático incrédula.

Ele havia feito coisas do tipo à semana toda, visivelmente tentando me agradar. O que Minho não sabia é o quanto odeio ser obrigada a fazer algo que não quero.

— Acho que mudei de ideia. – voltei o olhar para as unhas da senhora em minha perna – Vou ficar aqui e pintar minha unha também.

— Você não pinta a unha quase nunca. – mamãe observou.

— Exato. Quase nunca. E hoje é o dia do quase.

— Qual é, Karine? – Minho cruzou os braços deixando seus músculos irritantemente visíveis – Todo mundo vai.

— Todo mundo quem? – olhei para ele e sem querer suspirei.

O garoto sorriu de canto e começou:

— Ah... Você sabe... O pessoal...

— Que pessoal, Minho? – questionei e percebi nossas mães virando o rosto de mim para o asiático como se assistissem à um filme cômico.

— Você sabe...

— Se soubesse, não teria perguntado.

A mãe dele gargalhou e ele me fuzilou, mas não conseguiu esconder o sorriso.

Ele não falou nada, então fechei o esmalte, peguei o celular no bolso e liguei para Kate:

“Ei, você vai para a praia com o Minho?”, perguntei.

“Não. Por quê?”

“Era só isso mesmo. Beijos!”, disse desligando.

— Comprovado. Ninguém vai com você. – disse tranquilamente e percebi minha mãe segurar uma risada.

— Como sabe? Eu posso simplesmente não ter convidado a...

— Sua melhor amiga? – questionei – Impossível, Minho.

— Ok, você venceu. – ele sorriu de um jeito que me fez estremecer.

— Sabe... – a Sra. Yka falou pela primeira vez – Vocês jovem devem se divertir. Meu único filho se diverte muito, vocês têm que vê como ele apronta cada uma. Ontem ele puxou o cabelo da sua coleguinha e foi parar na direção da escola...

Mordi o lábio diante da triste situação e a mãe de Minho começou a conversar com a sogra.

No fim, acabei indo com Minho, pele insistência da minha mãe, mas não sem antes mandar uma mensagem para Teresa.

Andar de carro com o asiático tinha passado a ser tolerável com as semanas que se passaram com a gente indo e vindo juntos para a escola. Os outros alunos já nem falavam mais nada sobre a humilhação na festa.

— O que você tanto pensa quando estamos aqui no carro? – ele perguntou quando dobramos a esquina da casa.

— No quanto foi bom fazer aquele acordo com você.

Ele murmurou algo inaudível e me olhou com um sorriso presunçoso:

— Sim, eu me lembro bem da sua costa nua...

Pronto. Fiquei da cor de um tomate.

— Não fique envergonhada. Eu já vi muito mais que isso em você.

Arregalei os olhos e pensei se tranquei realmente a porta do banheiro todas as vezes que tomei banho.

— Co-como assim?

— Você não lembra quando tomamos banho juntos?

— Definitivamente não. E não venha dizer  que eu estava bêbada, porque eu não bebo!

— Nem eu. – afirmou e em seguida gargalhou – Tínhamos uns dois anos, eu me lembro vagamente de estarmos em uma piscina e você se apresentar como “Kaíne”. De repente, eu joguei água em você e seu biquíni, muito fofo e nada sexy, caiu.

Abri um sorriso e infelizmente não conseguir acessar essa memória.

— Por que nunca falou comigo? – deixei a pergunta escapar.

— Como assim? – ele olhou para mim quando paramos no sinal.

— Você não dizia nada quando eu ligava a videochamada.

— Ah! – ele pareceu inseguro – É que... Bom, assim como você não vai ao baile para não usar vestido, eu evitei tudo o que podia depois da morte do papai, principalmente coisas relacionadas a ele.

Franzi o cenho me perguntando o que tinha a ver com aquele homem.

Minho acelerou o carro assim que sinal abriu e continuou:

— Minha memória é boa, Karine... E nós bricamos muito quando pequenos. Meu pai quase sempre brincava com a gente e bom... Sempre que te via nas vídeochamadas lembrava dele. Desculpe.

— Oh! – fiquei uns segundos sem fala – Tudo bem... Eu só achava que você me ignorava por ser esnobe.

Ele riu.

— Eu sou e você sabe...

— É, eu sei. – disse olhando para o céu que formava algumas nuvens pesadas – Ahn... Acho que vai chover.

— São três da tarde, estava muito quente e justo agora vai chover... – ele pareceu decepcionado.

— O clima é doido.

O vi apertar o volante, olhar para mim e sussurrar sem motivo:

— Com certeza.

— Isso foi um flerte? – pensei alto.

— Tentativa de um, pelo visto. – ele riu.

Dei de ombros e depois disso ficamos em um silêncio tranquilo.

A praia ficava perto, apenas à uma hora de carro, e foi só colocar o pé no lugar que suspirei aliviada.

Aquela visão era extremamente relaxante.

— Lindo, não é? – Minho disse apertando o alarme do carro o trancando – Como você.

Olhei para ele esperando vê um sorriso sacana, mas encontrei um garoto sério.

— Agora sim foi um flerte. – ele murmurou e eu desviei o olhar para o mar.

— Vamos tomar banho?

Eu tinha trocado meus típicas calças jeans e uma das minhas camisas estampadas, para meu maiô e um short azul, apenas.

— Você quer?

— Não sei... – mordi o lábio – Agora que eu estou aqui, acho que só quero apreciar a vista tomando sorvete.

Ele assentiu e me conduziu para a areia da praia, tirando sua camisa e a estendendo no chão para que eu sentasse.

Não sabia o que era melhor. Vê um garoto  sendo fofo não querendo que você sente na areia ou vê aquele físico maravilhoso.

— Já volto. – ele disse.

Olhei dois garotinhos loiros construindo um castelo e não pude evitar sorrir, não pelas crianças, mas por Minho.

Eu sabia o que estava acontecendo e mesmo assim não fiz nada para impedir.

Pela primeira vez tinha um garoto flertando comigo e sendo legal sem interesse algum. Na minha mente, era perfeitamente aceitável termos começado com o pé esquerdo, eu mesma estava sendo completamente tímida.

Esse foi o problema.

Eu achei que podia mudar Minho e na verdade, ninguém muda as pessoas, apenas elas mesmas.

Claro, até então, eu não sabia isso.

— Tome. – ele entregou um copo grande com um sorvete de três bolas chocolate, flocos e baunilha – Não sabia qual gostava.

— Não era preciso. – murmurei por pura educação encantada demais pelo o que ele havia feito.

Minho sentou ao meu lado, me entregou uma colher pequena e começamos a comer observando as ondas ao longe.

— Estou conseguindo ser menos irritante?

— Hurum. – disse com sorvete na boca – Cheguei a conclusão que você tem um irmão gêmeo. Você é o bom e tem o mau. Só que vocês escondem a verdade de todo mundo.

Minho gargalhou e percebi que seu sorriso realmente deveria ser considerado a oitava maravilha do mundo.

— Você descobriu tudo! – ele falou em uma voz falsamente afetada – E qual de nós prefere mais?

— Não sei... Você fica fofo assim, mas confesso que amo quando me irrita.

— É mesmo? – ele incentivou brincando com o celular em sua mão, mas sem tirar os olhos de mim.

— É. – murmurei encarei o chão.

— Pode falar, Karine. Você tem o mesmo efeito sobre mim.

Aquela frase bastou e eu me vi falando:

— Você é uma pessoa boa, mas odeio quando está beijando outras meninas.

— Outras meninas? – ele me interrompeu – Quer dizer que...

— Quer dizer talvez eu sinta...

— Ciúmes? – ele sugeriu com um sorriso.

— Não!  Uma espécie de incômodo. – falei – Não somos nada um do outro para que eu sinta ciúmes.

— Não somos porque você não quer. – ele sussurrou.

Por um momento esqueci do sorvete que continuava tomando.

— O quê? – soltei.

— Karine eu...

— Eu não sou idiota, Minho. Você não ia querer do nada namorar com alguém quando pode beijar um monte de garotas. Eu posso ter certo apreço por você, mas não vou cair em seus joguinhos.

— E quem falou de namoro? – ele se fez de desentendido.

— Você está sendo todo fofo do nada Minho. Você com certeza quer me beijar porque sou um desafio para você, a única que te rejeitou. – expliquei torcendo para que ele dissesse que não era nada disso – Não minta, Minho. Você falou de namoro sim, porque uma coisa é certa, eu não vou perder o bv sem está namorando sério.

De tudo, a única coisa que ele entendeu foi:

— Você é bv?

— Que saco. Sou. Por quê? Vai ficar felizinho porque o desafio é maior. Agora?  – levantei chateada por ele não ter dito que aquilo era mentira.

— Ei! Calma! – Minho se levantou – Eu acho legal.

— O quê? – virei confusa apertando o copo em minha mão.

— Se você nunca beijou ninguém não foi por falta de oportunidade, com certeza, mas sim porque você está esperando alguém especial.

Demorei alguns segundos para processar o que ele havia dito.

Minho abriu um sorriso, se aproximou pegando um pouco de sorvete e colocou na boca.

— Desculpa. Eu estou à muito tempo sem beijar nenhuma garota e isso me confundiu. Mas, uma coisa eu preciso que entenda... – ele me olhou sério enquanto eu terminava o sorvete que a essa altura estava derretido – Eu sou um grande idiota, realmente, mas eu beijo várias garotas por um motivo.

— Prazer próprio? – arqueei a sobrancelha.

— Um motivo verdadeiro. – ele afirmou – Acredite em mim.

— Você vai me contar qual é?

— Em breve. – ele sorriu vendo que minha chateação já estava acabando.

— Tudo bem... E desculpe também, vocês garotos, tendem a ser idiotas.

Depois daquilo passeamos por boa parte da praia e assistimos ao por do sol deslumbrados no exato momento em que uma garoa fina começou a cair.

Obviamente quando voltamos ao carro estávamos ensopados e a chuva já caia grossa.

— Algum problema em molhar seu precioso Audi? – questionei colocando o cinto de segurança.

— Nenhum.

Pesquei meu celular do bolso e franzi o cenho ao vê a mensagem que Teresa enviou à três horas e meia.

“Tudo bem. Não sou louca de deixar você e Minho sozinho. Thomas e eu estamos indo te salvar!”

Rapidamente me martirizei por nem sequer lembrar dos meus amigos depois que cheguei aqui.

— O que foi? – Minho percebeu minha inquietude.

— Eu mandei mensagem para a Teresa. Ela ia nos encontrar aqui com o Thomas e eles nunca apareceram.

Minho pareceu chateado pela minha tentativa de “estragar o nosso passeio” chamando outras pessoas, mas em seguida, ficou preocupado.

Ele dirigiu o mais rápido que pode em segurança.

Isso é uma coisa que notei nele... Dirigindo, Minho se concentra como se sua vida dependesse disso.

Assim que consegui sinal, recebi várias mensagens de Kate, Newt e até Brenda.

Não abri nenhuma. Simplesmente liguei para Newt.

“Oi.”, ele atendeu em uma voz nervosa.

“Você tem notícias do Thomas e da Teresa?”

“Ah, eu tenho. Eles estão com muita raiva de vocês e a Kate então...”

Ouvi um barulho do outro lado da linha.

Minho me olhou em expectativa e assenti como se dissesse que nossos amigos estão bem, mesmo sem ter certeza.

“Kate! Pare de jogar almofadas em mim! Só disse a verdade! Você não está com raiva dela?”, Newt gritou.

De repente a voz da minha amiga surge:

“Quer dizer que você faz o que disse para não fazer e ainda não me chama?”

“Kate...”, murmurei, “Calma. Explica direito.”

“Você marca um encontro com o Minho, chama Teresa e Thomas, mas não me conta nada!”

“Desculpa, foi muito rápido...”, me defendi.

“Mas você teve tempo de chamar a Teresa. Não é?”

“Não quis te chamar porque você disse que ia ajudar a irmã do Newt a comprar o vestido.”, te expliquei.

“Eu poderia cancelar com a Sonya!”, ela estava chateada.

“Eu não sabia. Do contrário, teria te chamado.”

“Isso não importa agora.”, ela disse a contragosto, “Teresa está muito chateada porque o Thomas torceu o pé.”

“O quê? Foi grave?”

Minho me olhou preocupado.

“Que nada. Ele foi querer se exibir e torceu, mas o médico disse que está tudo bem.”

— Ele só torceu o pé. – falei para o asiático que me encarou confuso.

“E por que estão chateados comigo?”, perguntei.

“Ah! Isso eu não sei... Acho que eles estão chateados porque queriam ir, assim como eu, a diferença é que tenho mais motivos, já que minha amiga se esqueceu de mim, porque do Minho eu espero tudo, mas de você, Karine...”

Revirei os olhos.

“Acho que vamos dá uma passada aí com vocês para entender isso de perto.”

“Ok, estamos na casa do Thomas. Minho sabe onde é.”

Expliquei o que tinha acontecido para Minho e fomos para a casa do nosso amigo, mas assim que estacionamos e eu ia abrir a porta do quarto, o asiático segurou meu pulso e falou

— Você tem me mudado de uma maneira inexplicável, Karine. Você está me fazendo ser melhor.

Como eu disse, ninguém muda uma pessoa.

[...]


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