The College C.R.U.E.L. escrita por Glads
— Ele é bipolar. – falei abrindo as portas da escola – É a única explicação.
— Eu disse. – Kate olhou para mim dando de ombros.
Era meu primeiro dia no C.R.U.E.L. e assim que chegamos – sim, eu tive que vim com o Minho – ele já foi beijando uma garota.
Literalmente! Em um momento ele abria a porta do seu Audi preto, no outro ele estava beijando a dona do carro ao lado. Não sei o porquê, mas aquilo me deu náusea e tudo o que consegui foi sair correndo atrás de algum rosto conhecido.
E nossa, como vi muitos rostos familiares, a maioria estava na festa e bom, obviamente eles já tinham apelidinhos para mim, coisas como Trolha, Fedelha, Cara de Mértila e etc. Mas não era isso que me incomodava.
— Ele vai ficar beijando ela o tempo todo? – apontei discretamente para o asiático ainda no estacionamento.
Por sorte tinha encontrado Kate sentada nas escadarias que davam acesso ao colégio.
— Pelo menos até o sinal tocar.
Sentei ao lado da menina de capuz preto, camisa vermelha e calça jeans.
— Você gostou dele. Não foi? – ela me encarou.
— Não... É... Não sei.
— Escuta. – Kate puxou minha mão como se eu precisasse de apoio – Ele sempre tem esse efeito, por favor, não caia na lábia dele, eu vi vocês conversando.
— Nós não podemos... Ahn... Você sabe... Porque nos conhecemos desde sempre e...
— Eu sei. – Kate me interrompeu e me perguntei se o Minho já havia falado de mim antes – Mas eu vi algo... Plong! Não acredito que vou dizer isso. Na festa, Newt e eu fomos para o jardim. Você lembra?
Assenti a incentivando a continuar.
— Depois eu quis ir ao banheiro e o Newt me levou até a parte de cima da casa para que eu fosse em local mais reservado... – ela começou a corar talvez por medo de que eu pensassem alguma besteira – Nós abrimos a porta do quarto de Gally e... Bom, o Minho estava lá.
Prendi a respiração.
— Ti-tinha alguém com ele?
— Sim. A Suely...
Franzi o cenho.
— Eu sei, é um nome péssimo. – Kate riu – O que importa é que eles estavam se beijando e quando abrimos a porta completamente, o idiota do meu melhor amigo murmurou algo...
— E aí galera! – uma voz interrompeu.
Olhamos as duas para frente e encontramos Chuck com um sorriso de orelha a orelha.
— Ah. Oi.
— E aí Chuck? Animado para o início das aulas?
— Sempre. – o menino sorriu animado e sentou um degrau abaixo do nosso – Você sumiu na festa...
Distraída, com o carro no estacionamento – e não com Minho encostado nele beijando outra... beijando uma garota, foi o que disse a mim mesma – não notei que falavam comigo.
— Hey! Tá tudo bem? – de repente vi um anjo segurar meu ombro e por um segundo achei que tinha morrido, mas então percebi que era o Newt.
— Ahn... Claro.
— Olha, o Minho é meu amigo, mas é um completo idiota. – ele advertiu.
Vermelha olhei para Kate, Chuck e o loiro.
— Que coisa! Vocês vivem falando isso! Eu não tô afim de ninguém! – me levantei chateada e entrei no colégio.
Lá dentro tinha mais jovens do que fora. Os armários ficavam em um longo corredor, com algumas portas que levavam as salas e no final via-se a diretoria. Suspirei e desviando de alguns alunos que cochichavam quando eu passava, fui até a sala em busca do meu horário.
— Bom dia. – murmurei para a secretária – Eu vim pegar meu horário.
— Claro! Me acompanhe, a diretora quer falar com você.
— Comigo? – questionei.
— Sim.
A moça me levou até uma porta e assim que adentrei o espaço vi um homem sentado atrás de uma mesa de mogno polido.
— Ahn... Bom dia. – falei.
— Sente-se senhorita Cooper. – o homem pediu.
Fiz o que ele pediu bem lentamente.
— Você é a primeira aluna de outra cidade que recebemos. Como deve ter notado, aqui é uma cidade pequena em desenvolvimento e a nossa escola tem como dever formar alunos capazes de fazer isso acontecer, então não podemos perder tempos com alunos ruins ou...
Estava prestes a pedir que olhasse meu antigo boletim, quando uma mulher com um vestido branco colado entrou pendurando seu casaco – também branco – em um cabide.
— Janson, o que já falei sobre você fingir ser diretor?
Sorri um pouco – só um pouco aliviada – e olhei para a mulher.
O homem se levantou apressado e um tanto sem graça.
— Estava fazendo o meu papel como vice... – ele explicou para a mulher puxando a cadeira para que ela sentasse.
— Claro. – ela concordou e olhou para mim – Sou a diretora Ava Paige, prazer.
Sorri e me vi obrigada a falar:
— Me chamo Karine.
— Sabemos e estamos felizes em ter uma aluna tão boa aqui. – ele mexeu em sua gaveta – Fiquei com seu horário pois queria conhecê-la pessoalmente.
Assenti e peguei o papel quando ela me estendeu.
— Está liberada, querida. – ela fez um gesto com as mãos e me levantei sentindo o olhar do tal Janson em mim – Ah! Espero que também possa compartilhar suas experiências na cidade grande com nossos alunos.
Mas existiam certas coisa que eu não queria compartilhar.
***
— Eles querem nos matar! – Teresa, a menina que me deu carona, murmurou pouco entusiasmada com a aula de matemático – Alguém me tira daqui!
Como se ela possuísse algum poder especial, o sinal tocou e todos fomos liberados.
O primeiro dia de aula tinha sido um plong, usando uma das gírias que aprendi.
Era muito, mas muito dever mesmo.
Agora o pior tinha sido a aula de biologia no primeiro tempo. Tínhamos que ficar em dupla e pelo visto todos os alunos já tinham combinado com quem ficar porque eu acabei com Minho.
Sim, eu estava tentando dá uma chance para ele – o que realmente foi uma das maiores besteiras da minha vida.
O problema é que ontem, quando ele me abraçou de lado senti um incômodo no peito porque obviamente, eu não sou tão idiota a ponto de achar que ele está querendo ser legal logo depois de eu ter o humilhado.
Então o plano consistia em ser legal, mas ignorá-lo o máximo possível e o que obviamente não aconteceu já que Minho estava me esperando em frente a sala de matemática assim que saí.
— Hey! Vamos tomar sorvete? – ele perguntou em um sorriso suspeito.
— Não. – disse apertando a mochila na costa.
— Por quê? – ele pareceu decepcionado.
— Ela tem um compromisso. – Teresa apareceu me salvando.
Suspirei aliviada.
Se todos estavam dizendo que eu precisava ficar longe do asiático, eu devia ficar, mesmo que o meu interior clamasse para desvendar tudo o que não sei.
Como nunca percebi que ele é tão... Minho?
Já o conheço há anos! Literalmente! Não é à toa que nossas mães são amigas, mas desde que meu pai morreu, não tive mais contato com a cidade natal da mamãe, a não ser por vídeochamadas.
Com o coração em prantos, mamãe e eu tivemos que ir para a cidade grande, onde minha mãe se formou e estudou até passar em um concurso público. Finalmente aconteceu e ali estava eu, quartoze anos depois, relembrando o terrível acidente da pasta de dente.
— Você quer brincar? – chamei um garoto que não saia do colo do pai.
— Não. – disse cruzando os braços – Sou um rapaz grande e não brinco de boneca!
— Você não é grande. Sou maior que você, mamãe me falou.
— Vá lá filho. – o homem asiático murmurou.
A contragosto, o menino se colocou de pé e estufou o peito.
— Eu vou comer muito e vou ficar maior que você! – disse ao perceber que era realmente menor que eu.
— Você quer brincar de quê? – perguntei segurando a saia rosa do meu vestido.
O menino ajeitou sua camisa azul e olhou ao redor olhando a minha família conversando com a sua.
— Quem me chamou foi você! – retrucou.
— Mas não sei de quê meninos brincam. – confessei corada.
— Já sei! – ele teve uma ideia.
Demorou cerca de cinco minutos para pegarmos a necessaire da mãe dele e pegamos uma pasta de dente asiática. Em menos tempo ainda, nós já tínhamos sujado nossa roupa e tudo em um raio de dez metros.
— Oh! Céus! Vocês só tem três anos! Imagine se tivesse mais! – foi a primeira coisa que dona Yka disse quando nos encontrou na cozinha.
Nossos pais não tiveram a mesma reação e nos deram um castigo, na época horrível, ficar sentados durante sete minutos no sofá e obviamente ficaram secretamente orgulhosos do nosso plano muito bem arquitetado.
Nós éramos perigosos juntos.
E ainda seríamos de novo, eu só ainda não sabia disso.
— Que compromisso? – Minho me arrancou dos meus pensamentos.
— Ahn... É que....
— Vamos no shopping. Todas nós.
O asiático mordeu o lábio me analisando.
— Tudo bem... Depois falo com vocês.
Vi ele se perder no meio da multidão e encarei Teresa.
— Obrigada por isso.
— Não se preocupe. Estou acostumada a salvar várias meninas dele.
Uma sensação estranha se apossou de mim.
— Sabe... – comecei me forçando a realmente fazer amigos – Odeio mentir.
— E quem disse que é mentira? A gente combinou de ir ao shopping há algum tempo e queremos que vá junto. – Teresa sorriu me puxando sem cuidado algum para que não nos esbarrássemos outros alunos.
– Sério? – perguntei surpresa.
Nunca tinha sido chamada para sair. Nunca mesmo.
— Claro. – a menina me olhou confusa.
Eu queria muito, muito, muito ir, mas não tinha falado nada para minha mãe e nem podia ligar já que ela provavelmente estava nas nuvens em seu primeiro dia no novo emprego.
— É que eu não tem como. – murmurei triste – Não falei com a mamãe e ela não posso ligar.
— Você está morando com o Minho. Certo?
Assenti.
— Então ligue para a mãe dele, avise que vai no shopping e pronto.
Ponderei e acabei concordando, só havia um problema, eu não tinha o número da minha tia de consideração e quando fui pedir para Minho ele abriu um sorriso irritante dizendo:
— Mas é claro que eu posso dá o número da minha mãe.
— Ótimo, fale logo. – Kate que encontramos conversando com o amigo murmurou.
Os dois estavam encostados no carro do asiático conversando seriamente e por um segundo me vi curiosa para saber o assunto.
— Se...
— Droga. – Teresa soltou assim que viu Minho começar.
— Se eu for junto.
— Você vai querer carregar sacolas e nos esperar escolher um vestido para o baile?
— Baile? – questionei.
— Estamos organizando um baile de boas vindas. – Teresa explicou.
— Obviamente, você vai comigo. – Kate disse e Minho começou a ri.
— O que foi? – perguntei revirando os olhos.
— É tão bom te vê falando. – ele gargalhou – E eu só consigo lembrar do Newt achando que vocês eram lésbicas.
— Como você.... – minha amiga começou, mas parou ficando vermelha – Ele te contou?
— Não, eu adivinhei. – ele usou o sarcasmo.
— Quanto mais tempo perdemos aqui, menos usaremos no shopping. – Teresa alertou.
— Sobre isso... – Kate mordeu o lábio – Eu chamei a Brenda.
— Você fez o quê? – Teresa olhou para ela incrédula.
— É que já está na hora de vocês deixarem o passado para trás...
Percebi que havia alguma história mal resolvida entre elas.
A morena de olhos claros bufou, mas não disse nada.
— Agora eu realmente quero ir e vê a briga entre vocês. – Minho pareceu animado.
— Que saco. Me dê o número da sua mãe. – ordenei.
O asiático se levantou e deu um passo a frente deixando uma proximidade perigosa entre nossos rostos.
— Você não manda em mim. – sussurrou.
Pensei em chantageá-lo, mas não sou esse tipo de pessoa.
— Minho. – Kate puxou seu ombro e ao vê-la, ele relaxou – Por favor.
Uma tristeza me abateu, talvez seja a tpm...
Estava claro ali, para mim, que Minho apesar de ser idiota nutre um sentimento especial pela Kate, mas infelizmente, para ele, este não é correspondido já que ela é apaixonada pelo Newt.
— Ok, mas eu ainda vou com vocês.
— O que você está querendo? – Teresa cruzou os braços.
Ele sorriu malicioso.
— Ficar perto da Karine e claramente vê as belas pernas que ela tem.
O encarei incrédula.
Mal sabíamos que ele veria bem mais que pernas.
[...]
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