The College C.R.U.E.L. escrita por Glads


Capítulo 16
Tragédia




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— Ah! Oi, querida. – minha tia sorriu quando abriu a porta da sua casa – O Minho não está.

— Na verdade, vim falar com a senhora.

O nervosismo começava a tomar conta do meu corpo, como se algo ruim estivesse por vim.

E bom, estava mesmo.

— Claro, entre. – ela esticou a porta – Sua mãe está bem?

— Sim. – murmurei engolindo em seco e entrando.

— Você veio falar sobre o baile? – ela fechou a porta da casa.

Fiquei surpresa, afinal, ela não devia saber de nada.

— Como assim, tia?

— O Minho me contou o que fez e me pediu dinheiro para poder consertar o seu vestido.

— Ahn? – franzi o cenho – Ele fez o quê?

— Pensei que já sabia. – a titia deu de ombros – Afinal, já fazem semanas do baile e dias que mandou o vestido para a lavanderia e ele não voltou.

Demorei alguns segundos para ligar os pontos.

Eu tinha mandado meu vestido para a lavandeira e haviam me garantido que fariam o possível para a minha peça voltar ao normal.

— A senhora quer dizer que o Minho pegou o meu vestido na lavanderia e...

— E enviou para outra que vai deixar seu vestido branco novamente? – a mulher completou – Foi isso mesmo que ele fez.

Meu coração acelerou diante do fato.

— Ahn... Não, não era sobre isso que vim falar. – resolvi voltar ao motivo de ter ido pra lá.

— O que foi, então? – ela questionou.

— Podemos sentar?

Ela assentiu e me conduziu até o sofá.

— Eu vou ser direta. – respirei fundo – Minho é seu filho?

Os olhos da mulher se arregalaram e ela caiu sentada na poltrona um tanto surpresa.

— É claro que sim. – disse tentando regular a voz.

— Tia, eu...

Ela fechou os olhos e sussurrou:

— É a merda daquele trabalho. Não é? Eu já falei que devo ter me enganado quanto a tipagem sanguínea do Minho.

— Ele fez um teste e deu AB+.

A mãe de Minho se mexeu inquieta.

— De quem é o cordão militar do Minho? O tipo sanguíneo lá é B e alguém com essa tipagem, pode gerar um filho AB+ dependendo do pai.

Vi as lágrimas da minha tia começarem a escorrer.

— O cordão é... É da... É da mãe biológica dele. Durante o ensino médio éramos quatro amigos, sua mãe, Lilian, Yan e eu. Na faculdade, cada um tomou seu rumo e Lilian começou a servir o exercito, mas ela nunca perdeu o contato com Yan e assim que ele acabou a faculdade, os dois casaram. Minho veio logo depois e a Lilian... E ela morreu treze minutos após o parto.

Coloquei as mãos na boca e senti meus olhos marejarem.

— Foi quando sua mãe e eu fomos ajudar Yan com a sua perda. Como seu pai e sua mãe já estavam esperando você, fui a única que pude ajuda-lo com Minho recém-nascido. Assim que vi aquele bebê pequeno e indefeso soube que não importava o que aconteceria, seria a mãe que minha amiga nunca pôde ser, por ela, por Minho e por mim. – ela pausou e respirou fundo – Yan e eu seguimos sendo apenas amigos até o aniversário do nosso filho. Assim que todos os convidados da festa de um ano do Minho foram embora, estávamos arrumando a bagunça em uma hora e na outra nos beijando.

Minha tia não conseguiu mais se conter e começou a soluçar alto.

Corri até ela e a abracei forte.

— Minho pode não ser meu filho biológico, mas...

Antes que ela pudesse terminar de falar o barulho de algo no chão caindo foi ouvido.

A titia e eu nos viramos juntas e bem ali, próximo a porta havia um Minho de olhos arregalados e no chão próximo a ele um copo de café expresso derramado.

— Diga que não é verdade. – a voz do asiático ressoou pela casa.

Fechei os olhos percebendo que Minho tinha ouvido toda ou quase toda a conversa.

— Minho. – a mãe dele sussurrou em meio às lágrimas.

— APENAS DIGA. – ele ordenou sem se mover.

— É verdade.

E com um coração caindo em um abismo, vi Minho sair da casa apenas com uma calça jeans e uma camisa preta.

— Vá atrás dele. – a mulher a minha frente pediu – Por favor, vá atrás dele.

— Me perdoa, tia. – pedi enxugando as minhas lágrimas – Me perdoa.

Chuck tinha toda razão... Revelar o segredo trouxe consequência e eu ainda não tinha passado por nenhuma ainda.

Corri para a porta da casa, abri e entrei no carro de Minho, no exato momento que ele ligou o motor.

— QUE MERDA VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? – ele gritou comigo.

— TE IMPEDINDO DE COMETER UMA LOUCURA! – usei o mesmo tom.

Ele bufou e começou a dirigir murmurando coisas como “isso não está acontecendo” ou “não pode ser”.

Fiquei calada por dez minutos, sem saber para onde Minho dirigia e tentando controlar meus próprios sentimentos diante de tudo isso.

— Karine. – Minho chamou por fim – O que você tem a ver com tudo isso?

— Eu desconfiei, desde... Desde aquela noite que você me contou sobre o acidente e...

— E NÃO PENSOU EM CONTAR PARA MIM? – ele bateu contra o volante.

— Eu tinha que saber se era verdade ou não. – argumentei.

— VOCÊ DEVIA TER ME CONTADO! – gritou novamente e abracei meu corpo  – VOCÊ DEVIA TER ME CONTADO, SUA GRANDE IDIOTA!

Tudo o que vi depois foi uma luz.

***

Minho gritou com a menina.

Karine abraçou o próprio corpo completamente magoada.

Ela estava usando cinto de segurança.

Ele não.

O asiático fez uma ultrapassagem com o carro.

A garota se segurou no banco.

Ele foi arremessado do carro, graças a sua falta de cuidado. Ironicamente, por causa disso, sobreviveu.

Ela permaneceu no lugar enquanto o carro capotava.

O impacto de seis toneladas de um caminhão a noventa e cinco quilômetros por hora chocando-se direto com a frente do veículo teve uma força descomunal.

As portas do carro foram arremessadas para longe e o motorista foi jogado contra o vidro caindo próximo a uma árvore. O chassi foi lançado, bateu na pista e parou ao lado dele. As rodas foram parar do outro lado da pista como se fossem frágeis igual a uma folha de papel. O carro deixou de parecer um carro e transformou-se apenas em algo de metal completamente amassado.

O tanque de gasolina começou a pegar fogo no exato momento que o motorista do caminhão desceu cambaleante de seu veículo.

Como alguém pode fazer uma ultrapassagem tão arriscada?, perguntou-se o caminhoneiro que só queria chegar o mais rápido possível em sua casa para vê pela primeira vez sua netinha recém-nascida.

— Você está bem? – o senhor rechonchudo fez a pergunta retórica ao se aproximar do jovem motorista caído no chão.

— Ela... Ela tá no carro. Por favor... – Minho tentou se sentar, mas gritou de um jeito tão arrepiante que o senhor nunca esqueceu.

— Calma, filho. Vou ver se ela tá bem.

— Ela tem que está! – o garoto falou bravo e gemendo de dor.

Claro que o caminhoneiro não quis falar nada sobre o braço do jovem está torto ou sobre sua camisa está coberta de sangue devido algo enfiado no meio do abdômen dele.

O senhor trêmulo pediu ao Criador que protegesse o rapaz, que a menina estivesse viva e que ele não tivesse um segundo ataque do coração. Tudo isso em apenas cinco segundos.

O calor do fogo aqueceu o homem a ponto de tornar-se doloroso, mas ele precisava tirar aquela menina, cujos cabelos ele já conseguia vê, de lá de dentro.

Estava quente demais, a parte de trás do carro estava quase completamente destruída pelo fogo, ainda assim o senhor não desistiu.

Ele tinha visto o simples e puro amor nos olhos daquele rapaz.

Sem dúvida, ela é ou era o amor da vida dele.

“Deus queira que continue sendo”, pensou

E ele, já viúvo sabia o quanto doía perder o amor.

Finalmente conseguiu ver a garota de frente.

Seus lábios estavam azuis, seus braços cruzados, suas pernas unidas e por incrível que pareça ela parecia imaculada.

Imaculada demais.

O Sr. De Silva, esse era o nome dele, sabia muito bem o que estava acontecendo.

Sua falecida esposa tinha passado por isso antes que o pior acontecesse...

Com lágrimas, pela sua esposa e pela garota tão nova, ele a colocou nos braços antes que o carro explodisse e fez uma prece à Deus.

Aquele casal era tão jovem... Não mereciam ficar sem viver o amor deles...

Bastou deitar a menina ao lado do seu amado, para o carro explodir.

Nenhum deles pareceu se importar.

O caminhoneiro ligava para ambulância.

A menina parecia não respirar.

O rapaz tentava olhar para a garota enquanto gritava:

— KARINE! KARINE! KARINE!


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