The College C.R.U.E.L. escrita por Glads


Capítulo 17
Morte




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Newt

Eu estava desabafando com o Tommy sobre a relação conturbada entre mim e meu irmão mais velho John, quando Kate me ligou desesperada.

Depois disso “o tempo voo”.

Minho acordou do acidente depois de algumas cirurgias e após alguns exames e fisioterapia ficaria bem.

Foi um alívio geral.

Até sabermos sobre a Karine.

A menina doce e um tanto inocente que estava se tornando uma amiga, estava em coma.

Bem, isso não era novidade pra gente.

O problema realmente é que ninguém sabia por quanto tempo Karine ficaria assim.

A parte que considero mais impressionante foi Minho se recusar a vê-la, mesmo com a mãe dela não ter feito nada para impedi-lo, o que tínhamos certeza que aconteceria, já que ela culpa o asiático pelo acidente.

Kate estava com tanta raiva de tudo que foi necessário o acompanhamento psicológico para ela, devido sua instabilidade emocional.

Mas quem ali estava estável emocionalmente? Ninguém.

Brenda, Chuck, Teresa, Gally, Thomas, Kate, eu, nenhum de nós estávamos bem.

Dentre todos, Noah era o pior... Ele parecia quase tão mal quanto a Sra. Cooper.

Íamos às aulas normalmente e tentávamos nos sair bem, mas era quase impossível.

Apesar de Minho esconder de todos a culpa e a dor que sentia, eu sabia como ele estava realmente. Então, todo dia depois da aula, eu passava na casa dele para conversarmos, já que ele não estava frequentando o colégio.

Três meses depois do acidente, tudo mudou.

— MINHO, LEVANTA DÁI. – gritei acendendo a luz do seu quarto em meio aos soluços.

— O que foi? – ele pulou da cama em um susto.

— A Karine... Ela... – tentei formular tentando parar os soluços.

Vi meu melhor amigo ficar pálido e pela primeira vez ele deixou seu rosto demonstrar o tamanho da dor.

— Ela morreu? – ele perguntou em um fio de voz.

Neguei com a cabeça e fui até ele o abraçando em busca de conforto.

— Vão desligar as máquinas que a mantém viva. – consegui dizer de uma vez.

Ele suspirou sem retribuir o abraço.

— Não vão. – afirmou.

— O quê? – o soltei sem jeito.

— Eles não podem fazer isso. – falou firme.

— Estamos prendendo ela aqui. – repeti o que Kate me falou mais cedo – Temos que deixá-la ir.

— NÃO. – Minho negou – ELA NÃO VAI MORRER. NÃO HOJE.

— O que você quer fazer? Sequestrá-la? – o encarei.

— Isso mesmo. – sorriu de canto – A mulher da minha vida não vai morrer hoje.

— Plong. – foi tudo o que consegui dizer – Você sabe que não estamos em um filme?

***

É óbvio que o plano deu todo errado e o máximo que o Minho conseguiu foi vê-la e beijá-la.

Foi tudo muito rápido, em uma hora ele chorava em cima do peito dela, em outra seguranças nos retiravam do hospital.

A Sra. Cooper tinha mudado de ideia quanto a permitir que Minho a visse.

E agora, eu também estava proibido de entrar no hospital.

Resolvemos ir andando – com zumbis – sem rumo enquanto chorávamos juntos.

Só chegamos no bairro de Minho uma hora depois de sermos expulsos do hospital.

— Sei que é idiotice perguntar, mas está tudo bem? – uma voz que conheço muito bem surgiu atrás de nós.

Não me contive e virei me jogando nos braços do meu irmão.

Lembro de ter pensado “Dane-se os nossos problemas”.

Meu irmão me envolveu em seu abraço sem falar nada.

Então Minho gritou.

E eu soube.

Karine estava morta.

Empurrei John, meu irmão, para longe de mim e me ajoelhei na frente de Minho que chorava alto ao lado do seu celular quebrado, provavelmente porque o tinha jogado no chão ao ler a mensagem informando o falecimento da nossa amiga.

— Eu a matei, Newt. – o asiático repetia como um mantra – Matei a mulher da minha vida.

— Ei, o que está acontecendo? – John se ajoelhou do meu lado.

— Nossa amiga, Karine, acabou de... De... Foi um acidente... Minho dirigia o carro e... – não aguentei e comecei a chorar de forma mais intensa.

— A Kah não morreu. – ele afirmou.

Encarei meu irmão sentindo uma raiva imensa.

Como ele ousava a chamar por um apelido se nem a conhecia? E pior... Como ele brincava com algo tão sério?

— Como assim? – vi um brilho de esperança nos olhos do meu melhor amigo.

— Não dê ouvidos a ele, Minho. – murmurei sentindo algo se formar na minha garganta – Você é um grande idiota, John.

— Ela está viva. – reafirmou meu irmão.

Meu coração acelerou e por um momento acreditei que era verdade.

— Do que está falando? – Minho se levantou – DIGA!

— Conheci a Karine quando ela estava suja de tinta, no aproximamos com um tempo e nos tornamos amigos.

— Vá direto ao ponto. – implorei me levantando.

— Cheguei ao hospitais instantes antes de desligarem as máquinas. Nem queriam que eu entrasse, porque acharam que eu era você. Fui até o quarto dela e encontrei a Sra. Cooper abraçada a filha se despedindo... Entrei e notei algo que ninguém tinha percebido, a Karine estava mexendo o menor dedo do pé, em seguida começou a movimentar a mão e aí a mãe dela notou... Fui expulso do quarto pelas enfermeiras, mas vi o exato momento que ela abriu os olhos.

— Mas e a mensagem que o Minho recebeu? – perguntei para ninguém específico.

— Talvez a pessoa que mandou pensava que a Kah tinha falecido porque já tinha passado da hora de desligarem as máquinas.

Olhei para o asiático e quase pude ouvir as engrenagens do seu cérebro funcionando.

— EU TENHO QUE IR ATÉ ELA.

Infelizmente, ele não passou da recepção, mas isso é um mero detalhe diante de termos a Karine viva.

Os médicos concluíram que era um milagre.

Todos acreditamos nisso.

Minho foi proibido de vê-la, até mesmo quando nossa amiga recebeu alta – apenas nove meses depois que acordou – mas isso não o impedia de mandar bilhetinhos para ela.

E adivinhem quem era o pombo-correio? Eu.

Claro, ninguém podia sonhar que eu andava levando e trazendo cartas do casal.

Surpreendentemente, Karine, depois que conseguiu voltar a falar e andar – sim, ele teve um problema com isso ­– queria saber se Minho tinha se resolvido com a mãe dele, já que o que causou tudo isso foi a notícia que Minho era filho adotivo.

Depois de tudo o que ela passou, a única coisa que se preocupara era a relação do meu amigo com a sua mãe.

Com um bilhete na mão, fui visitar Karine.

— Olá, senhora Cooper. – disse quando a porta se abriu.

— Oi Newt, pode entrar. – respondeu sorrindo.

Desde a alta de Karine, a mãe dela estava visivelmente melhor.

Encontrei minha amiga na sala, conversando animada com Kate.

Ela ainda não conseguia andar sem auxílio e seu peitoral estava coberto por cicatrizes de algumas cirurgias que tinha feito, seu cabelo estava crescendo, sua feição ainda era abatida, mas seu sorriso continuava o mesmo.

— Oi garotas. – disse me jogando entre elas no sofá – Como estão?

Kate corou quando selei nossos lábios.

— Eu não quero ver o Minho. – Karine sussurrou.

— Por quê? – questionei.

— Eu não consigo andar direito, minha voz está horrível, tenho várias cicatrizes no peito e no pescoço, meu cabelo voltou a crescer agora, mas não passa da orelha. – a vi soluçar – EU ESTOU HORRÍVEL.

— Eu já tentei dizer que isso não tem nada a ver, mas ela é teimosa. – minha namorada afirmou.

— Ele te mandou esse bilhete. – entreguei o papel.

Ela abriu um tanto trêmula e leu em uma voz rouca:

Não existe vida sem você. Preciso te vê.

— Droga. Vocês tem a arte de se apaixonarem pelas pessoas erradas. – Kate falou cruzando os braços.

— Dois errados fazem o certo. – Karine se defendeu.

— Nem sempre. – argumentei – E você não pode dizer isso se está o evitando desde sempre.

— A minha mãe também não deixa ele me vê.

— Mas se conversasse com ela, tenho certeza que a senhora Cooper deixava. – Kate falou o que eu estava pensando.

— Eu... Eu não quero vê-lo.

— Ok. – murmurei desanimado.

— Vocês vão quando para a faculdade? – ela perguntou.

— Semana que vem. – falei.

— Que droga. Perdi um ano da minha vida deitada na cama de um hospital e agora vou ser a única repetente.

Na verdade, ela não seria a única repetente, mas não contei nada para ela.

Sabia que Minho e Karine precisavam de uma forcinha. E fui a pessoa que deu aquele empurrão nele, figuramente falando.


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