The College C.R.U.E.L. escrita por Glads


Capítulo 11
Apaixonada




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A ideia no início era ficar longe de Minho, mas obviamente, como você bem imaginou isso não deu nada certo.

E não foi porque éramos vizinhos, nossas mães eram melhores amigas ou estudávamos no mesmo colégio. O verdadeiro motivo era pior e muito, muito doloroso.

Os sentimentos que eu vinha nutrindo por ele desde as videoschamadas que nossas mães faziam – eu tinha que admitir isso – e tudo o que asiático fez para que eu tivesse certo apreço por ele, colaborou muito para que eu fosse trouxa.

Sim, eu estava sendo e sabia disso.

Comecei a perceber os sintomas da paixão quando notei que a todo instante esperava ele aparecer e fazer alguma gracinha, ou olhar demais para minha perna e quem sabe ficar com ciúmes de Noah.

Antes que se precipite, vou logo adiantar: Não! Eu não usei Noah em nenhum momento. Eu gostava – e ainda gosto – dele de verdade, talvez não tanto quanto ele me adora, mas o suficiente.

A pergunta que fica é: Quando eu notei tudo isso?

Três horas depois da minha “entrada triunfal” ao som de That’s My Girl, na bendita aula de biologia.

— Depois dessa demonstração, vou chamar cada uma das duplas para virem à frente apontar cada osso do neurocrânio e do viscerocrânio em seu parceiro ou parceira.

Obviamente, com a minha vida desde sempre foi uma novela mexicana, Minho era meu parceiro e mesmo tentando ignorá-lo o máximo possível, aquela simples fala da professora alegrou meu coração, já que eu sou uma garota trouxa que romantiza tudo, mas em minha defesa eu tentei reprimir isso tudo.

Minho olhou para mim incomodado.

Ok, tenho que admitir que isso alimentaria ainda mais as fofocas.

Eu poderia simplesmente contar para a professora de tudo o que aconteceu no baile de boas vindas – afinal, o colégio era para ser responsável dessa festa, mas não o fiz. Você já sabe motivo: EU SOU TROUXA.

— Você gravou tudo? – Minho murmurou.

— Hurum. – assenti sem olhar para ele.

— Eu demonstro em você ou...

— Pode ser. – concordei.

Coloquei minha mão em cima da mesa e lembrei em como não tive escolha, a não ser ficar com Minho nessa aula assim que cheguei.

De repente, uma mão um pouco mais escura que a minha pousa em cima dela.

— Mas o quê? – puxo a mão e encaro o asiático.

Ele, de olhos fechados, morde o lábio e diz:

— Desculpe.

— Escute, eu não sou sua amiga. No máximo sou sua colega de classe. Ok? – cochichei enquanto a professora dava as orientações para o trabalho – Não me toque. Você já me expôs demais.

Digamos que ser bipolar nessa cidade é mais comum do que imaginam.

— Se você se incomoda tanto assim em ser bv por que não me beijou? – ele sibilou.

— Não me incomodo em ser bv e sim por você tentar usar algo tão importante para mim como forma de deboche!

— Já que o casal ali sabe tudo sobre o trabalho... – a professora disse alto olhando para nós – Por que não começam?

Suspirei e me levantei ouvindo risadas dos outros alunos, se era pelo o que a professora falou agora ou pelo baile eu não sei.

Olhando para a turma, senti Minho se colocar atrás de mim e me segurar na minha pele descoberta entre o cropped e a saia.

Engoli em seco e notei que ele prendeu a respiração.

— Certo. – o garoto falou atrás de mim com uma voz grossa que acabou me arrepiando.

Pedi aos céus para que ele não tivesse notado.

— Aqui. – Minho pegou na minha testa praticamente me prendendo entre seus braços – Esse é o osso frontal.

Ele também aproveitou e mostrou os ossos parientais que ficam em cima da cabeça, mas o problema foi quando ele teve que apontar os ossos temporais.

Suas mãos desceram devagar demais pela minha cabeça até pararem embaixo da orelha.

Dei um passo para trás com medo de cair diante de toda a explosão de sentimentos no meu corpo e acabei encontrando um muro, ou melhor, o peito do asiático.

Ele falou alguma coisa que não entendi e lutei para não fechar os apreciando a movimentação de sua mão na minha cabeça.

As vezes eu acho que devia existir uma palavra que significasse um problema gigantesco... Entendeu? Porque se existisse eu com certeza usaria para descrever o que veio em seguida.

— Os principais ossos do viscerocrânio são: nasal, lacrimal, vômer, conchas nasais e... – ele passou as mãos acima dos meus lábios e imagino que tenha falado maxilar e quando desceu para abaixo da minha boca tenha dito mandíbula.

Não existia apenas aquela sensação esquisita na minha barriga, minha boca estava seca, minha respiração desregulada e meu corpo todo arrepiado.

Eu odiava isso! Muito mesmo.

Será que meu corpo e coração não pode simplesmente entender que não pode gostar do Minho?

Os braços de Minho caíram ao meu lado quando a turma começou a aplaudir a apresentação.

Suas mãos foram parar na minha cintura e eles afastou nossos corpos.

Olhei para a professora aparentemente satisfeita e saí correndo da sala.

Adolescentes tendem a ser dramáticos, mas eu era muito mais que isso.

Comecei a chorar enquanto corria.

Não queria esse sentimento! Não queria de jeito nenhum!

Não cheguei a andar muito, mas esbarrei em alguém, ou melhor, em Noah.

Bastou vê seus olhos para eu desabar por completo.

Noah simplesmente me abraçou e pelo canto do olho eu sabia que tinha alguém nos observando e também sabia que era ele, era o Minho.

— Está tudo bem? – meu amigo perguntou passando as mãos pelo meu braço.

— Estou sentindo coisas que não devia sentir. – murmurei.

— Ah. – ele soltou – Quer falar sobre isso?

— Hurum... – disse deitada no ombro dele.

— Minho? Você pode dizer que ela passou mal? – Noah perguntou alto.

Fechei os olhos com a confirmação que era o mesmo o asiático parado ali atrás.

Não ouvi resposta, apenas o barulho da porta da sala sendo fechada.

Me afastei e agradeci o Branca de Neve.

— Não vou te atrapalhar? – perguntei.

— De maneira nenhuma.

Foi assim que pela primeira vez na vida matei aula.

***

— Então você está se martirizando por estar confusa sobre o que deve ou não fazer com Minho? – Noah me olhou de um jeito engraçado.

Nós dois estávamos sentados de frente um para o outro em uma das mesas do refeitório vazio.

— Sim. – afirmei sentindo uma angústia no peito.

— Você tem consciência que o que ele fez foi humilhante. Certo?

Concordei.

— E que por causa disso você está sendo chamada de Karine Beijinho. Certo?

— Hurum. – assenti no automático – Espera. O quê?

O garoto fechou os olhos e mordeu os lábios.

— Droga. Você ainda não sabia. – constatou.

Então, novamente, comecei a chorar abaixando a cabeça.

Noah pegou seu celular e digitou algo.

— O que está fazendo? – questionei em meio aos soluços.

— Perguntando o que fazer com uma mulher de tpm para o Gally. – deu de ombros.

O celular apitou e ele leu concentrado a mensagem.

— Você gosta de chocolate? – o garoto arqueou a sobrancelha.

Neguei.

— Você é complicada hein? – ele abriu um sorriso maravilhoso – O que posso fazer por você?

— Tirar isso do meu peito. – murmurei passando a mão no rosto.

— Ah, bem que eu queria, mas a gente não escolhe de quem gostamos, eu sei bem disso. – ele estendeu a mão para mim e eu a segurei – Até porque se pudesse tirar isso de você, já tinha o feito para ter pelo menos uma chance com você.

— O quê? – olhei para ele confusa.

— Ah, Karine... Qual é? Você sabe, eu gosto de você.

O encarei.

— Sério? – perguntei não tão surpresa assim.

— Sim. – ele disse sem piscar.

— Mas nos conhecemos há apenas alguns dias. – aleguei, sabendo que sentia algo por ele.

— E daí? Você estava chorando ainda pouco porque nutre um sentimento por um garoto que te humilhou publicamente. Por que eu não posso gostar de você tão rápido?

A pontada no meu peito foi grande, mas eu sabia que ele tinha razão.

— Eu não posso... Eu... – tentei formular alguma frase coerente.

— Muita coisa de uma vez. Não é? – ele abriu um sorriso compreensivo.

Como alguém pode ser tão perfeito assim?

— Sim... – afirmei soltando uma gargalhada de repente.

Percebi Noah ficar contente com a minha risada.

— Tem alguma chance de você ter um leve interesse em mim? – questionou na cara de pau.

Ri ainda mais.

— É tão bom te vê sorrindo. – ele confessou.

Sorri em silêncio encarando o chão.

— Se continuar assim, talvez você tenha boas chances.

Dessa vez quem sorriu foi ele.

Noah acariciou minha mão e olhando para mim afirmou:

— Eu vou lutar por cada uma delas, Karine Cooper. Vou fazer você acreditar e confiar em mim, mas acima disso vou fazer o possível e impossível para que se apaixone por mim.

[...]


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