— Casa de Lobos

Uma semana se passou depois da conversa que tive com minha mãe, posso dizer que o nosso relacionamento mãe e filha meio que melhorou, não que eu ainda aprovasse seu relacionamento com aquele pervertido do meu professor. Mas eu iria ficar no meu canto, por pelo menos um tempo, e irei marcar em cima, qualquer deslize que ele possa fazer eu não iria perdoar e jogaria tudo o que tenho e mandar ele de uma vez para o espaço e sem passagem para volta.

A temporada de provas escolares havia chegado e trazendo os blábláblás de minha mãe sobre estudar para não pegar uma pendencia de recuperação no fim. Por isso resolvi fazer sua vontade e falei com os meninos para darmos um tempo com a banda até a temporada de provas passar, afinal, queria nenhum motivo que atrapalhasse as minhas tão sonhadas férias de verão. Mal saía de casa nesse tempo, o máximo era ficar um pouco na rua em frente de casa com Naruto e Sasuke, era um pouco entediante, mas não queria ficar esquentando a cabeça da minha coroa.

Era quarta-feira à tarde e eu estava sentada no sofá comendo um biscoito recheado enquanto assistia Miraculous na televisão, e o episódio de hoje estava bom, era o fim da temporada. Mas a voz de minha mãe estava atrapalhando tudo enquanto falava pelo telefone residencial com a tia Mikoto:

— Ah, Mikoto antes que eu me esqueça, você não sabe quem eu encontrei no mercado hoje... – revirei os olhos e aumentei o volume da televisão, minha mãe estava falando alto demais. - Não comadre, eu vi a Naomi... sim, você vai se espantar quando a ver. Nem parece mais aquele periguete de escola, está toda religiosa e coberta do pé a cabeça como se fosse a santa do pau oco... Uhum... e você não sabe o que ela me contou...

— Mãe, estou tentando assentir televisão, fale mais baixo. – Eu tive que a repreender, minha mãe estava passando dos limites no volume de sua voz, e pelo jeito não largaria o telefone tão cedo diante de suas fofocas desnecessárias.

Ela me fitou, franzindo o cenho e fechei mais a cara, crispando os lábios e deitei no sofá, voltando a prestar atenção na televisão. Era por umas dessas que eu preferia ficar na rua, quando fico em casa ela não me deixa assistir minhas coisas direito.

Saco.

— Mikoto querida, estou indo aí por que o babado é cabeludo e não dá para contar por telefone... é mesmo, a Kushina que iria querer saber disso, já que tem um ódio mortal por ela... Ok comadre, me espera que já estou saindo de casa.

Suspirei aliviada quando mamãe desligou o telefone e já caminhava em direção da porta.

— Sakura estou indo ali na casa da Mikoto, não saia de casa por que a caixa da Avon está para chegar, você receba.

— Uhum.

— Vou demorar nada não, e quando terminar isso aí trate de estudar para prova.

— Tá, mãe, tá – gesticulei com a mão para ela ir logo. – Me deixa assistir isso aqui em paz.

— Volto logo – em seguida saiu, deixando a casa só no silêncio a não ser o som da televisão e da minha boca traçando.

Até parece que ela não vai demorar, quando se ajunta com a tia Mikoto e a madrinha Kushina acabam com o dia todo só fofocando na rua, não sei quanto assunto elas arrumam. Mas enfim, estava só na expectativa se a Lady Bug e o Cat Noir vão se revelar, sempre torço por esse dia acontecer, e cada episódio é uma frustração, mas tudo bem a vida segue.

Depois de um tempo o desenho acabou entrando no comercial, era tempo de levantar do sofá e ir à cozinha tomar uma água e pegar uma tangerina para comer. Quando voltava para a sala a campainha tocou. Bufei, mudando a rota até a porta, escutando a abertura do desenho soar quando voltava do comercial.

Eu tinha que ser rápida.

Abri a porta, esperando ser o entregador da Avon da minha mãe, mas dou de cara com Sasuke de cara amassada, olhos inchados e o humor de cão.

— Ah, é você – larguei a porta aberta e voltei com passos rápidos para o sofá, observando as cenas de ação de Lady Bug.

Ouvi os passos de Sasuke adentrar a casa e fechar a porta, aproximando-se do sofá e revirou os olhos quando viu o que eu assistia.

— O que faz aqui? – Perguntei, sem ao menos o olhar, descascava minha tangerina. – Senta aí.

— Sua mãe está lá em casa com a minha mãe e estão falando alto pra caralho, não deixa ninguém dormir. – E bufou, colocando alguns fios de seu cabelo para trás. - Posso dormir no seu quarto?

— Sobe lá, a cama está bagunçada mesmo – respondi, sem dar muita atenção para ele, só escutei seus passos subindo as escadas.

Não era a primeira vez que Sasuke pedia para dormir na minha cama a tarde por causa do falatório de nossas mães que não tinha consciência que seus filhos quando estão em casa aproveita para tirar uma sonequinha. E Sasuke como é bem esquentadinho ficava com a macaca e acabava saindo de casa e vindo parar aqui em casa do que na casa de Naruto, pois o menino era imperativo demais e a última coisa que Sasuke iria fazer na casa dele era dormir.

Quase uma hora depois a maratona de Miraculous que tinha toda quarta-feira havia acabado, assim como as besteiras que eu traçava enquanto assistia, não conseguia assistir nada se não estiver comendo alguma coisa. Só não engordava de ruim, pois comia de tudo.

Subi para o meu quarto e encontrei Sasuke dormindo de bruços na minha cama e o bicho tinha uma bunda grande. Ignorando aquele pequeno detalhe, não tão pequeno assim fui em direção ao meu guarda-roupas, procurava uma roupa qualquer para vestir depois que tomasse banho. Optei por uma camiseta vermelha e uma bermuda de algodão preta com algumas florezinhas brancas como estampas. Peguei minha toalha e marchei para o banheiro tomar meu banho e aproveitar para lavar meu cabelo que estava nojento de tão oleoso.

Despois que me despi entrei no box e abri o registro do chuveiro, e aí é claro foi inevitável me segurar diante daquela água gostosinha cair por minha pele e senti na obrigação de cantar. E a música da vez naquele meu show debaixo do chuveiro era uma das minhas favoritas do My Chemical Romance, House Of Wolves. Cantei com muito fervor, dando tudo de mim aquela música foda, ouvindo em minha mente os sons dos instrumentos tocando enquanto derramava o shampoo em minha mão, por que mano, aquele era meu momento mais íntimo em meu banho.

Well, I know a thing about contrition

(Eu sei algo sobre remorso)

Because I got enough to spare

(Porque tive bastante para dividir)

And I'll be granting your permission

(E terei sua permissão garantida)

'Cause you haven't got a prayer

(Porque você nunca fez uma oração)

Well I said hey, hey hallelujah

(Bem, eu disse? Hey, hey aleluia!)

I'm gonna come on sing the praise

(Ah bem, agora, vamos, cante o louvor)

And let the spirit come on through you

(Deixe o espírito vir através de você)

We got innocence for days!

(Nós tivemos inocência por dias!)

Esfregava minha cabeça enquanto balançava para cima e para baixo, sentindo a água levar a sujeira que o meu shampoo tirava.

Well, I think I'm gonna burn in hell

(Bem, eu acho que eu vou queimar no inferno)

Everybody burn the house right down

(Todo mundo queima a casa agora)

Agora era a vez do condicionador, e aproveitei o frasco para usar como microfone enquanto cantava o refrão, dando alguns passinhos, dançando cuidadosamente para não cair naquele chão molhado.

And say, ha

(E eu direi, ha)

What I wanna say

(o que eu quero dizer!)

Tell me I'm an angel

(Diga-me que sou um anjo)

Take this to my grave

(Leve isso ao meu túmulo)

Tell me I'm a bad man

(Diga-me que sou um homem mau)

Kick me like a stray

(Chute-me como um perdido)

Tell me I'm an angel

(Diga-me que sou um anjo)

Take this to my grave

(Leve isso ao meu túmulo)

Coloquei o condicionar no lugar e esfreguei o produto na minha cabeça e depois tirei com água.

(S-I-N, I S-I-N)

(P-E-C-A-D-O, EU P-E-C-O)

(S-I-N, I S-I-N)

(P-E-C-A-D-O, EU P-E-C-O)

(S-I-N, I S-I-N)

(P-E-C-A-D-O, EU P-E-C-O)

(S-I-N, I S-I-N)

(P-E-C-A-D-O, EU P-E-C-O)

Depois que tomei banho peguei minha toalha e me sequei, colocando minha roupa, eu ainda cantava, mas minha voz estava moderada:

You play ring around the ambulance

(Você brinca com o anel na ambulância)

Well, like you never gave a care

(Como se nunca tivesse se importado)

So get the choir boys around you

(Então, pegue o coro de garotos a sua volta)

It's a compliment, I swear

(É uma homenagem, eu juro)

And I said, ashes to ashes, we all fall down

(E eu digo, cinzas para cinzas, nós todos caímos)

I wanna hear you sing the praise

(Eu quero ouvir você cantar o louvor)

I said, ashes to ashes, we all fall down

(Eu digo, cinzas para cinzas, nós todos caímos)

We got innocence for days!

(Nós tivemos inocência por dias!)

Well, I think I'm gonna burn in hell

(Bem, eu acho que eu vou queimar no inferno)

Everybody burn the house right down

(Todo mundo queima a casa agora)

Deixei minhas roupas sujas no cesto de roupas sujas e saí do banheiro enquanto secava meus cabelos com a toalha e entrei em meu quarto encontrando Sasuke do mesmo jeito de antes. Caminhei descalça pelo cômodo até o guarda-roupas novamente e murmurava baixo o resto daquela música:

And say, ha

(E eu direi, ha)

What I wanna say

(o que eu quero dizer!)

Tell me I'm an angel

(Diga-me que sou um anjo)

Take this to my grave

(Leve isso ao meu túmulo)

Tell me I'm a bad man

(Diga-me que sou um homem mau)

Kick me like a stray

(Chute-me como um perdido)

E a voz de Sasuke soando baixa complementou comigo aquele final de refrão:

Tell me I'm an angel

(Diga-me que sou um anjo)

Take this to my grave

(Leve isso ao meu túmulo)

Parei de cantar e virei minha cabeça para trás, o encontrando virado com a barriga para cima, já de olhos abertos e a cara com indícios de sono, me fitando.

— Ah, você acordou. – Comentei voltando minha atenção para o guarda-roupas a procura da minha escova de cabelo, ela havia sumido novamente.

— Não tem como dormir com você cantando alto dentro do banheiro – sua voz saiu bem rouca e baixa enquanto bocejava.

— Lamento, querido, a música me chama, o que eu posso fazer?

Me agachei no chão para ver se ela não estava debaixo da minha escrivaninha. Droga, acho que vou ter que ficar sem pentear meus cabelos.

— O que está procurando aí?

— A minha escova de cabelo, vê se ela está aí na cama?!

Voltei até a cômoda e abrir algumas gavetas, bagunçando as roupas que havia arrumado semana passada e nem sinal dela.

— Isso aqui?

Virei-me para Sasuke e o vi com minha escova amarela nas mãos.

— Isso – sorri e fui até ele e peguei minha escova e voltando para frente do meu espelho já penteando meus cabelos limpos e cheirosos. – Ela sempre some.

— Também, seu quarto está mais bagunçado do que o do Naruto.

— Então arruma para mim se está tão incomodado – respondi na mesma moeda, fitando-o revirar os olhos através do espelho.

Voltei minha atenção as minhas madeixas coloridas, eu tinha que fazer algo urgente nesse cabelo, estava horrível àquela tinta mal pintada.

— Folgada - murmurou enquanto se remexia em minha cama, enfiando a mão no bolso de sua bermuda escura. - Toma.

Virei-me e ergui minha atenção para ele que estava agora sentado na minha cama já com os pés para fora dela, estendia dois papéis pequenos e retangulares para mim.

Franzi o cenho, pouco curiosa.

— O que e isso?

— Vem ver.

Aproximei-me com passos rápidos e peguei os papéis de sua mão, observando do que se tratava.

— Ingressos para o show dos Foo Fighters? – E o fitei, as sobrancelhas erguidas enquanto balançava os papéis no ar. - Aonde conseguiu isso? Pois grana sei que você não tem.

Sasuke apenas revirou os olhos, entediado.

— Itachi que me deu, ele havia comprado faz um tempo e viu agora que nesse dia que não vai poder ir por causa de um estágio que ele conseguiu arrumar.

— Hm, legal.

Não fiz tanto afago, e entreguei o par de ingressos a ele, pois eu não era muito fã dos Foo Fighters, quem gostava mesmo era Sasuke e seu irmão. Fiz menção em ir até minha escrivaninha para ligar o computador quando sua voz soou de um jeito despreocupado:

— Soube que nesse show terá uma participação especial da Joan Jett.

Parei na mesma hora. Eu havia ouvido direito? Show da Joan Jett?

Virei meu corpo para sua frente, surpresa.

— O que você disse? – Já sentia minhas mãos ficarem soadas.

Ele sorriu debochado para mim, erguendo as sobrancelhas e dobrando a perna esquerda para cima do colchão, virando o corpo para frente do outro lado aonde eu estava.

— É o que diz nas letras pequena do ingresso.

Me apressei e arranquei os ingressos de sua mão e observei com mais atenção as letras pequenas que estava logo abaixo de alguns logotipos de patrocinadores. Já podia sentir a minha respiração falhar quando vi o nome da Joan Jett escrito naquele papel.

— Ah meu Deus – murmurei, extasiada com aquela notícia e o fitei. – Você vai me levar junto, não vai?

— E por que eu a levaria?

— Qual é, Sasuke, o que você ganharia fazendo tamanha maldade comigo? – Ele não podia estar falado sério, me mostrar aqueles ingressos só para me deixar maluca. - Você sabe que sempre fui louca para ir ao show da Joan Jett, mas nunca tive oportunidade.

— O show é dos Foo Fighters – me corrigiu.

— Não importa, a Joan vai estar lá e vai ser legal. – E num impulso subi em cima da minha cama, ficando de joelhos e implorei para ele com as minhas duas mãos juntas. – Me leva junto, por favor.

— Só com uma condição.

— Qual? – E sentei em cima dos meus calcanhares, esperando a bomba.

— Você tocará com a banda no baile da escola.

Franzi o cenho, sentindo uma irritação tomar conta de mim, era bom demais para ser verdade.

— Nem pensar, não vou tocar no baile daquela idiota da Ino.

— Então – e puxou os ingressos de minha mão – sem show para você

— Ah, não – avancei para cima dele para resgatar aqueles ingressos, mas Sasuke não permitiu, desviando a mão que estava minha felicidade para os lados para eu não pegar. – Me dê esses Ingressos, Sasuke.

Eu já estava praticamente em cima dele, e nessa brincadeira de pega mais não pega ingresso acabou com ele caindo para trás no colchão e eu caindo em cima dele, mas ignorava aquele detalhe, com a mente focada em resgatar o que eu queria.

— Não até você aceitar ir ao baile.

— Claro que não – neguei, pois sabia que iria odiar aquela festa, ainda mais a fantasia. Seria um circo de horrores.

E foi num movimento rápido que ele inverteu nossas posições, agora ficando em cima de mim, nossas pernas entrelaçadas, uma de suas mãos espalmadas no colchão ao lado de minha cabeça para sustentar um pouco de seu peso e a outra mão segurando os ingressos escondida atrás de suas costas.

— Agora a escolha é sua – sua voz soava debochada e com aquele sorrisinho que já estava me dando nos nervos. – Sem baile, sem Joan.

Bufei irritada revirando os olhos, ignorando o fato de seu corpo colado ao meu, fazendo pressão de partes não indevidas sob as minhas e nossos rostos tão próximos que podia sentir as pontas de sua franja tocando nas minhas bochechas.

— Tudo bem, você venceu – minha voz saindo entredentes. – Eu vou nesse baile idiota.

E os cantos de sua boca ergueram-se mais, em satisfação, para em seguida erguer os ingressos para mim.

— Você é muito cruel, Sasuke. - Agarrei aqueles papéis com minhas duas mãos, agora estava em meu poder e foi inevitável não sorrir enquanto lia novamente o nome da Joan escrito.

— Com você tem que ser assim.

O fitei, seus olhos negros me observando, mas logo desviei meus olhos para os ingressos e a raiva que sentia dele por me chantagear havia se transformado numa alegria tão grande que me contagiava toda. Um dos meus sonhos estava para se realizar, e de uma forma ou outra - mesmo com a chantagem barata e baixa – eu devia isso a Sasuke por me fazer conhecer Joan Jett.

— Ai meu Deus, eu nem acredito que irei ver a Joan ao vivo – e dei gritinhos de alegria, mas não podia me remexer muito devido a um peso sobre mim. – Dá para você sair de cima de mim, você é pesado demais.

O empurrei com as duas mãos espalmadas em seu peito e ele saiu, caindo deitado ao meu lado na cama e suspirou, fitando o teto.

— Já imaginava que iria ficar desse jeito quando soubesse da apresentação dessa mulher.

— Essa mulher é uma lenda do rock, ela é a minha fonte de inspiração para eu ser pelo menos metade do que ela é. - Dei outro gritinho de felicidade, sorrindo como uma idiota olhando os papéis. – Ai meu Deus, estou tão feliz que sinto até vontade de beijar a sua boca, sabia?

— Então beija.

Ops, acho que falei o que não devia. Virei meu rosto para ele, sentindo que começava a pisar numa área minada.

— Quê?

Ele virou seu rosto para mim, e me fitava com seus olhos negros, havia um brilho diferente neles. Prendi a respiração.

— Se quer me beijar então beija.

Soltei uma risada debochada, sentindo meu corpo se retesar um pouco nervosa. Desviei meu olhar do dele, já podendo sentir meu rosto começar a esquentar. Alerta vermelho, eu tinha que desviar o assunto.

— Para de brincadeira.

— Não estou de brincadeira – e seu corpo ficou de lado, virado para mim, meu coração acelerou mais. Ele parecia focado naquela conversa, e sério o bastante em seu olhar. – Se está com vontade então faz.

— O que é isso agora, assim tão de repente?

— Como se a gente nunca tivesse ficado antes – e se aproximou um pouco mais.

Apoiei meu cotovelo no colchão para levantar meu corpo um pouco para cima, já sentindo um friozinho circular meu estômago. Era verdade, nós havíamos ficado antes umas duas vezes talvez. A primeira foi a dois anos quando ele descobriu que eu havia perdido meu BV com Naruto, estávamos sozinhos no quarto dele e conversa vai e conversa vem engatamos em uma sobre ter beijado alguém. Eu tinha quatorze anos e o zoava por ele ser ainda BV, e com raiva ele também rebateu, mas acabei soltando que eu não era mais e tive que dizer com quem foi. Resumindo, eu tirei o BV de Sasuke naquele dia. A segunda vez foi numa festa no começo do ano, não lembro muitas coisas devido eu estar bastante bêbada, mas sabia que nós nos beijávamos muito pelos cantos. Conclusão, nenhuma dessas vezes nós dois ousamos tocar no assunto, agíamos como se nada tivesse acontecido. E eu até preferia assim, pois nessas duas vezes, eu senti algo que não queria sentir, e sabia que se aprofundasse iria desencadear sentimentos que prefiro que fiquem adormecidos dentro de mim. Agora não entendia por que ele queria tocar naquele assunto depois de tanto tempo.

— Qual foi, Sasuke, o que faz trazer esse assunto agora? Pensei que nem se lembrasse mais disso, faz tanto tempo.

— Está com medo de mim? – Ele desafiou, erguendo as sobrancelhas para cima.

Levei minha mão em seu peito e o empurrei de leve.

— Não tenho medo de você, seu idiota.

E então ele agiu rapidamente e novamente eu o tinha em cima de mim e dessa vez foi impossível ignorar os efeitos que o seu corpo quente e pesado causava em mim, seu cheiro de Natura preenchendo cada canto do meu quarto fazia meu coração acelerar.

— Então por que você está tão nervosa? – Ele questionou, as suas mãos espalmadas no colchão a cada lado do meu rosto, seus olhos fitando-me profundamente.

— E-eu não estou nervosa – minha voz era baixinha, minha respiração estava pesada com seu rosto bem próximo ao ponto de sentir seu nariz roçando o meu.

— Ah, é - murmurou, seus olhos semicerrando, desviando para meus lábios –, então se você não quer então me afaste agora.

Puta que pariu, agora era tarde demais para controlar as vontades do meu corpo, apenas acabei com aquele pouco espaço que havia entre a gente e colei a minha boca na dele. Eu podia sentir as reações virem como bombas atômicas quando nossas bocas se movimentavam violentamente, nossas línguas entrando em contado uma com a outra. Minhas mãos estavam em sua nuca, o puxando ainda mais para mim, enquanto a sua descia até a minha coxa e a apertava com força, dobrando-a para cima para que assim se encaixar no meio de minhas pernas. Gemi por entre seus lábios quando sentia o frenesi de nossas pélvis se esfregando por cima daquelas roupas, era bom.

Sasuke desceu sua boca por meu queixo, deixando uma trilha de beijos por aonde passava, parando em meu pescoço. Minha respiração era acelerada quando agarrava seu rosto com minhas duas mãos e o puxava de volta para minha boca, desesperada por mais dele, mais daquelas sensações malucas que deixava meu corpo em chamas. Sua mão agora passava por minhas costas e adentrava a minha blusa, tocando a minha pele, já podia senti-lo excitado e aquilo causava uma certa pressão em meu ventre.

Não media as consequências do que podia acontecer depois daquele momento de fraqueza, só queria curtir o agora e os nossos amassos gostosos naquela cama. Mas uma hora teríamos que encarar a realidade de nossos atos e aquele momento havia chegado quando a campainha tocava lá embaixo, nos fazendo separar.

Abri meus olhos e fitei Sasuke, ofegante, minha respiração era acelerada e meu coração batia muito forte em meu peito. Ele também não estava melhor do que eu, seus lábios vermelhos entreabertos e seus ombros subindo e descendo diante da respiração pesada.

A campainha tocou novamente e aquilo pareceu me trazer de volta a realidade, desviando de seus olhos e o empurrar para o lado e pular daquela cama o mais rápido que eu pude, ainda sentindo os efeitos que aquele beijo havia causado em mim.

— Sakura...

— Sasuke... – o interrompi, virando-me para ele, já estava no portal do meu quarto. O que eu diria agora? – Que droga.

Saí daquele quarto atordoada, descendo as escadas pulando de dois em dois degraus e logo abri a porta, era o entregador da Avon com a caixa de produtos da minha mãe. Aquele cara havia me salvado de mim mesmo por continuar me atolando em minha própria burrada.

Sasuke não era para mim, e eu não sou para ele. Éramos incompatíveis e brigávamos mais do que ficávamos de bem. Um relacionamento com ele era a mesma coisa que assinar a sentença de meu sofrimento, e eu não queria isso para mim. Era por isso que sempre trancava a sete chaves aquele sentimento diferente quando ele estava por perto, por que na verdade eu gostava de seus toques e de seus beijos, gostava tanto que ficava com medo de que aquela atração se transformasse em algo maior. E eu tinha que evitar a todo custo que esse sentimento desabrochasse.

Por que se não, eu estaria lascada.