Sins - Ripshipping escrita por Taimatsu Kinjou


Capítulo 2
Ira


Notas iniciais do capítulo

Wah~ segunda one Ira! Confesso que me segurei muito pra não ultrapassar as mil palavras nessa.



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Akefia não lida bem com pesadelos do seu passado, ele desperta agitado com suor escorrendo por todos os lados e o coração disparado, mas não perturbado a ponto de se sentir infeliz para lamentar, e não bem o suficiente para se acalmar e organizar os pensamentos. Não, não é assim que as coisas funcionam. Tudo o que ele sente é raiva.

Uma raiva borbulhante que queima suas veias e o enfurece, que sobe pelo peito e se instala na garganta, e ele precisa liberar aquilo ou enlouquece. Ele anda de um lado para o outro feito um animal enjaulado com uma expressão quase selvagem, rosnando maldições aos deuses e o mundo. Em noites boas é assim. Contudo, nas noites muito ruins ele vai beber até secar a garrafa e o corpo ficar letárgico e a mente anestesiada. É assim que Akefia lida com seus fantasmas.

Não é bonito e nem agradável de se ver. Levou tempo para Ishizu compreender e ainda mais tempo para aprender a lidar com Akefia irado.

Com passos cuidadosos adentrou a sala, um rápido olhar avaliou os estragos, mas não deu importância, precisava chegar a Akefia, o homem sentado na poltrona virada para a janela, de onde só via os cabelos brancos. Suspirou, precisava ter calma e cuidado.

— Não fale nada, sua voz é irritante. – a voz rouca e ríspida a surpreendeu causando uma parada abrupta em seus passos. Como ele a percebeu ela nunca saberia, ainda assim continuou.

Agora restava à poucos passos, se estendesse os braços podia toca-lo, mas não o fez, preferindo acabar com a distância. Precisava olhar naqueles olhos cinzas tempestuosos para acalmar as batidas rápidas em seu peito, sem cerimônias se ajoelhou no chão frente a ele, buscando o rosto de expressão perturbada.

Akefia mantinha a cabeça baixa nas mãos, os cabelos lhe cobriam os olhos, mas não era capaz de disfarçar o corpo que tremia ou a respiração pesada. Não era frio e nem medo, era raiva, pura raiva mal controlada pronta para explodir. E ela conhecia bem aquilo, já vira crises do irmão.

— Volte para o quarto, isso não é da sua conta! – cuspiu as palavras ásperas sem sequer olha-la – Não te quero aqui! Vá embora!

Se fosse em qualquer outra circunstância ela teria gritado de volta e eles discutiriam, mas não naquela noite, ao invés disso ela permaneceu sentada apenas olhando. Aquela raiva não era para ela, nem aos deuses ou o mundo, a raiva é por continuar preso as amarras do passado. Vê-lo assim deixava um gosto amargo na boca.

Akefia grunhiu, soltou uma maldição por entre os dentes, estava pronto para se erguer e arrasta-la para o quarto, precisava ficar sozinho, foi quando o toque das mãos suaves em seu rosto o desarmou. Por um momento apenas olhou aquelas mãos quentes, sentia os dedos delicados sobre cicatriz na face direita, se perguntou o que ela pretendia e sua confusão aumentou ao erguer o rosto e encontrar o olhar carinhoso.

— Está tudo bem. – sussurrou e descansou a testa contra a dele, com a ponta dos dedos afastou os cabelos brancos e pressionou as têmporas numa massagem cadenciada – Está tudo bem. – repetiu.

Tentou se afastar, fechou os olhos e respirou fundo, os toques agradáveis faziam-no relaxar, mas o borbulhar violento continuava em seu peito, o impedindo de se reder completamente a ela. Não está tudo bem quando tudo que consegue pensar é em formas de machuca-la, de causar dor, descontar tudo aquilo em cima dela. Abriu os olhos e encontrou o olhar azul, isso o fez grunhir, cerrar os punhos e apertar a mandíbula dolorosamente.

— Pare. – mandou, mas ela não parou. Agora as mãos quentes lhe tocavam os ombros largos, pescoço e peito, o que alcançasse, toques tão suaves que causavam cocegas.

— Não precisa ser assim. – ela falou, a testa ainda contra a dele.

— Você não sabe de nada.

— Sei que você não é assim. – respondeu, agora suas mãos estavam na nuca tensa, esfregando pequenos círculos – Feche os olhos. – pediu e teimosamente levou um tempo para o fazê-lo.

Ela sorriu aliviada, estava chegando até ele, nem sempre funcionava, mas melhorava com o tempo. Gentilmente continuou a acalma-lo com seus toques, e logo os ombros se curvaram em derrota, os punhos se afrouxaram do aperto e a cabeça tombou contra ela. Ele escorregou fora da poltrona para o chão e fechou os olhos pesados a envolvendo num abraço solto, com o nariz pressionado a garganta respirou fundo sentindo o cheiro dela, lhe lembrava areia quente e quase sorriu na comparação.

Ishizu retribuiu o abraço e quando menos esperava ele adormeceu, o corpo num ângulo estranho que causaria dores mais tarde, mas estava bem com isso – Bons sonhos, neshama*. – sussurrou e o beijou.


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Notas finais do capítulo

Neshama: é hebraico e significa alma, segundo minhas pesquisas é uma forma carinhosa de chamar alguém.
Então, o que acharam? Espero que tenham gostado!



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