Sins - Ripshipping escrita por Taimatsu Kinjou
Notas iniciais do capítulo
Wah~ segunda one Ira! Confesso que me segurei muito pra não ultrapassar as mil palavras nessa.
Akefia não lida bem com pesadelos do seu passado, ele desperta agitado com suor escorrendo por todos os lados e o coração disparado, mas não perturbado a ponto de se sentir infeliz para lamentar, e não bem o suficiente para se acalmar e organizar os pensamentos. Não, não é assim que as coisas funcionam. Tudo o que ele sente é raiva.
Uma raiva borbulhante que queima suas veias e o enfurece, que sobe pelo peito e se instala na garganta, e ele precisa liberar aquilo ou enlouquece. Ele anda de um lado para o outro feito um animal enjaulado com uma expressão quase selvagem, rosnando maldições aos deuses e o mundo. Em noites boas é assim. Contudo, nas noites muito ruins ele vai beber até secar a garrafa e o corpo ficar letárgico e a mente anestesiada. É assim que Akefia lida com seus fantasmas.
Não é bonito e nem agradável de se ver. Levou tempo para Ishizu compreender e ainda mais tempo para aprender a lidar com Akefia irado.
Com passos cuidadosos adentrou a sala, um rápido olhar avaliou os estragos, mas não deu importância, precisava chegar a Akefia, o homem sentado na poltrona virada para a janela, de onde só via os cabelos brancos. Suspirou, precisava ter calma e cuidado.
— Não fale nada, sua voz é irritante. – a voz rouca e ríspida a surpreendeu causando uma parada abrupta em seus passos. Como ele a percebeu ela nunca saberia, ainda assim continuou.
Agora restava à poucos passos, se estendesse os braços podia toca-lo, mas não o fez, preferindo acabar com a distância. Precisava olhar naqueles olhos cinzas tempestuosos para acalmar as batidas rápidas em seu peito, sem cerimônias se ajoelhou no chão frente a ele, buscando o rosto de expressão perturbada.
Akefia mantinha a cabeça baixa nas mãos, os cabelos lhe cobriam os olhos, mas não era capaz de disfarçar o corpo que tremia ou a respiração pesada. Não era frio e nem medo, era raiva, pura raiva mal controlada pronta para explodir. E ela conhecia bem aquilo, já vira crises do irmão.
— Volte para o quarto, isso não é da sua conta! – cuspiu as palavras ásperas sem sequer olha-la – Não te quero aqui! Vá embora!
Se fosse em qualquer outra circunstância ela teria gritado de volta e eles discutiriam, mas não naquela noite, ao invés disso ela permaneceu sentada apenas olhando. Aquela raiva não era para ela, nem aos deuses ou o mundo, a raiva é por continuar preso as amarras do passado. Vê-lo assim deixava um gosto amargo na boca.
Akefia grunhiu, soltou uma maldição por entre os dentes, estava pronto para se erguer e arrasta-la para o quarto, precisava ficar sozinho, foi quando o toque das mãos suaves em seu rosto o desarmou. Por um momento apenas olhou aquelas mãos quentes, sentia os dedos delicados sobre cicatriz na face direita, se perguntou o que ela pretendia e sua confusão aumentou ao erguer o rosto e encontrar o olhar carinhoso.
— Está tudo bem. – sussurrou e descansou a testa contra a dele, com a ponta dos dedos afastou os cabelos brancos e pressionou as têmporas numa massagem cadenciada – Está tudo bem. – repetiu.
Tentou se afastar, fechou os olhos e respirou fundo, os toques agradáveis faziam-no relaxar, mas o borbulhar violento continuava em seu peito, o impedindo de se reder completamente a ela. Não está tudo bem quando tudo que consegue pensar é em formas de machuca-la, de causar dor, descontar tudo aquilo em cima dela. Abriu os olhos e encontrou o olhar azul, isso o fez grunhir, cerrar os punhos e apertar a mandíbula dolorosamente.
— Pare. – mandou, mas ela não parou. Agora as mãos quentes lhe tocavam os ombros largos, pescoço e peito, o que alcançasse, toques tão suaves que causavam cocegas.
— Não precisa ser assim. – ela falou, a testa ainda contra a dele.
— Você não sabe de nada.
— Sei que você não é assim. – respondeu, agora suas mãos estavam na nuca tensa, esfregando pequenos círculos – Feche os olhos. – pediu e teimosamente levou um tempo para o fazê-lo.
Ela sorriu aliviada, estava chegando até ele, nem sempre funcionava, mas melhorava com o tempo. Gentilmente continuou a acalma-lo com seus toques, e logo os ombros se curvaram em derrota, os punhos se afrouxaram do aperto e a cabeça tombou contra ela. Ele escorregou fora da poltrona para o chão e fechou os olhos pesados a envolvendo num abraço solto, com o nariz pressionado a garganta respirou fundo sentindo o cheiro dela, lhe lembrava areia quente e quase sorriu na comparação.
Ishizu retribuiu o abraço e quando menos esperava ele adormeceu, o corpo num ângulo estranho que causaria dores mais tarde, mas estava bem com isso – Bons sonhos, neshama*. – sussurrou e o beijou.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Neshama: é hebraico e significa alma, segundo minhas pesquisas é uma forma carinhosa de chamar alguém.
Então, o que acharam? Espero que tenham gostado!