A Herdeira do Olimpo escrita por Nogitsune Walker


Capítulo 10
Ajuda!


Notas iniciais do capítulo

Galera, esse cap pide ter alguns erros de português porquê postei pelo celular e não tem o corretor. Ps: prox cap dia 20/03



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Maya

Kye conseguiu entrar na loja por uma clara boia no teto, desligou os alarmes e abriu a porta para mim, para que não ficasse na rua. Sento-me em um divã perto do balcão sentindo-me tonta e enjoada enquanto ele passeava entre as araras escolhendo algumas peças. Uma queimação se espalha a partir do lugar onde as flechas haviam perfurado, seguida de uma dormência. Meu corpo pesa, não consigo levantar os braços, minhas pálpebras se fecham.

"Kye..." chamo num sussurro. Ele me escuta e vem correndo em minha direção.

"O que foi?" Ele pergunta já verificando as ataduras.

"Queimando..." digo. Ele começa a revirar meus bolsos até que encontra um saquinho ziploc com um pedaço de ambrosia, pega um pedaço e me entrega na boca. Sinto o gosto do chocolate quente que Jonathan fazia quando eu ficava doente, me lembra de casa. A queimação diminuir e consigo mover os braços novamente. Abro os olhos e sorrio para ele.

"Você daria um ótimo médico." Digo. Ele sorri em concordância e se levanta, usava apenas uma calça de algodão com estampa camuflada e um par de botas marrons, continua revirando as araras até que encontra uma blusa preta do seu tamanho e uma jaqueta de couro preta que veste na hora. Depois, some dentro da loja e retorna alguns minutos depois com duas mochilas que pareciam bem recheadas, óculos de aviador preso na gola da camisa e uma faixa vermelha na testa que realçava a cor de seus cabelos. Ele me entrega uma das mochilas e coloca a outra nas costas.

"Peguei algumas coisas para você, sei que vai gostar." Ele diz. Coloco a mochila nas costas e me levanto já me sentindo melhor por conta da ambrosia.

"Você está parecendo um legítimo motoqueiro, só falta ter uma Harley Davidson." Digo. Ele dá um sorriso travesso.

"Vou incluir isso na lista Coisas para conseguir."

"Você não está planejando roubar outra moto, não é?" Pergunto enquanto saíamos da loja. Agora já estamos na calçada, caminhado lado a lado. Ele me pega pela cintura e me ergue acima de sua cabeça, de modo que ficasse sentada sobre seus ombros, segura minhas pernas e eu me apoio em sua cabeça. “Kye, eu já consigo andar, pode me pôr no chão." Digo

"Não estou com muita vontade não, além do mais, sei que você gosta quando eu coloco você aí." Sorrio, ele tinha razão. "Acho que nunca te disseram isso, princesa, mas as vezes, quando precisamos roubar algo dos mortais, a névoa nos encobre e eles não dão falta do que roubamos. Se não fosse assim, a polícia local estaria no meu encalço por causa daquela belezura da Hornet." Ele responde. Deito sobre sua cabeça e meus olhos começam a pesar pelo cansaço.

"Hum...acho que alguém vai ter que dormir na minha casa hoje." Ele diz e levanta uma mão fazendo carinho na minha cabeça.

"Você tem uma casa?" Pergunto. Parecia impossível a ideia já que Kye passava mais tempo na forma animal que na humana.

"Tenho. É simples, mas bem confortável até, acho que você vai gostar e, antes que pergunte, comprei o lugar com meu dinheiro, ouviu? Vendi algumas coisas, investi em outras, arranjei um emprego bacana e PIMBA! Tenho uma casa 2.0 do jeito que eu gosto." Ele responde. Não pergunto onde é, apenas espero pacientemente enquanto ele andava pelas ruas de Nova York. Quase meia hora depois, ele para em frente a uma casa de dois andares pintada de azul escuro por fora com alguns detalhes em branco, um jardim com a grama um pouco alta, uma macieira ao lado e uma garagem aberta com um Impala 67 preto estacionado.

"Uau!" Exclamo, a casa era realmente muito bonita.

"Bem-vinda ao meu humilde ninho." Ele diz e segue para a casa. Me coloca no chão e entramos pela garagem. Enquanto passava, vi que, além do Impala, estava a Hornet que eu vira no dia anterior estacionada ao lado. Ele aperta um botão na parede e a porta da garagem desce lentamente. Uma curiosidade toma conta de mim.

"Por que, entre tantos carros, você escolheu um Impala 67?" Ele me olha como se eu tivesse lhe dado uma bofetada na cara dele.

"Não acredito, você não sabe?! Maya, me diga que isso não é verdade!" Ele pergunta me segurando pelos ombros. Pela sua expressão, parecia realmente intrigado com o fato de eu não saber o porquê do Impala. Balanço a cabeça negativamente em resposta. Ele baixa o olhar.

"Desculpe mestres, eu falhei com vocês." Ele diz e ergue a cabeça logo em seguida com uma cara determinada, "Mas isso não vai ficar assim."

"Ahn, do que você está falando?" Ele se vira para mim.

"Estou falando que você vai assistir a melhor série do mundo E vai gostar, ou eu não me chamo Kyetrus. Para a Netflix!" Ele diz fazendo pose como se fosse o Batman e me guia pela sua casa, subindo a escada e me indicando uma cama super-mega-hiper-grande com um bocado de travesseiros, liga uma smart-tv que não devia ter menos que 60 polegadas presa à parede, liga também o ar-condicionado e pula na cama ao meu lado esquerdo com o controla na mão.

"Prepare-se para assistir a melhor série que o ser humano já fez, a oitava maravilha do mundo: Supernatural." E abre os braços esperando os aplausos. Aplaudo ele que se aconchega nos travesseiros e me puxa para que eu deite ao lado dele. O faço e puxo uma coberta sobre nós e ele dá o play.

A série contava a história de dois irmãos, Sam e Dean Winchester que perderam a mãe quando eram mais novos. Anos depois, o pai deles some enquanto caçava algumas coisas sobrenaturais e os dois vão atrás deles num Impala 67. Assistimos 6 episódios e meu telefone começa a tocar. Olho no visor, era Rachel. Kye pega meu celular antes que eu atendesse, odeio quando ele faz isso.

"Alô?" Ele diz. Do outro lado, Rachel responde.

"Alô! Quem é?"

"Olá Rachel. Sou eu, Kye, o namorado da Maya." Ele diz sorrindo enquanto me olhava. Pulo em cima dele.

"VOCÊ NÃO É MEU NAMORADO!" Grito tomo o celular de sua mão. "Oi Rachel, é a Maya."

"Céus Maya, onde você está? Estou te procurando a horas!"

"Estou na casa de Kye, eu tinha um compromisso com ele. Ele falou disso ontem no campus, lembra?"

"Ah, é verdade, esqueci desse detalhe, desculpe. Quando você volta?"

"Acho que vou ficar o resto do dia, não estou me sentindo muito bem."

"Caramba! O que aconteceu? Você está bem?"

"Sim, estou bem, só não vou voltar hoje para casa, nem vou para o campus, okay? Só estou um pouco cansada, devo estar melhor até amanhã." Tusso um pouco e cuspo um pouco de sangue. Ótimo! Adoro ironias.

"Okay, qualquer coisa você me avisa, certo?"

"Combinado." Digo e ela desliga o celular. Fico encarando a tela por alguns segundos antes de levantar ir até o closet dele.

"O que vai fazer?" Ele pergunta da cama.

"Estou exausta, preciso dormir, mas antes vou tomar um banho." Reviro o closet e encontro uma camiseta larga preta da AC/DC, uma calça de moletom e uma toalha. Saio do closet e vou ao banheiro. Tomo uma ducha de água morna enquanto a banheira enchia, depois de cheia, desligo a ducha e entro nela. A água estava quente e depois de alguns minutos, sinto meu corpo relaxar. Lavo o cabelo e fico mais alguns minutos na banheira. Saio, visto a roupa e volto para o quarto. Kye estava na mesma posição que eu o deixara.

"Essa é minha blusa favorita!" É a primeira coisa que ele diz.

"Vai ter que me emprestar ela por hoje." Digo. Ele não pareceu gostar muito da ideia, fecha a cara para mim e lança um travesseiro em mim. O agarro no ar e dou língua para ele em resposta, deito de lado na cama, ao lado dele e puxo a coberta até o queixo. Ele me abraça por trás e me puxa para junto de si e ronrona. O sono logo vem e meus olhos pesam.

"Kye?" Chamo.

"O que foi princesa?"

"Como você faz para ronronar? Achei que grifos não o fizessem."

"Não fazemos, mas digamos que eu aprendi depois que você me salvou da ferroada do manticore. Acho que faz parte da habilidade de se transformar."

"Legal." Respondo e caio em um sono pesado. Sonhei com lobos e grifos naquela noite.

 

Luana

Ainda não conseguia acreditar no que tinha acontecido, o plano quase falhou por causa de uma garota que só percebi estar sobre nós quando ela pulou sobre mim. Vá embora, não quero ser forçada a machucar você- ela dissera, e o pior é que era verdade, ela mal fizera esforço para desviar de meus ataques, me acertou com uma facilidade e a forma como me dominou e urrou, como se fosse um Alfa dominando um Beta, me fez ter calafrios. Se ela conseguia ser mais rápida e mais forte que nós, então definitivamente, tínhamos um grande problema.

"Luana? LUANA!" Helkon chama. Estava tão perdida em pensamentos que quase não o escuto chamar. Estávamos verificando o semideus que conseguimos trazer. Ele estava com um corte feio na testa e inconsciente, com a cabeça pendendo para um lado.

"O que foi, Alfa?" Pergunto.

"Pode leva-lo, também não é ele. É uma cria de Ares, não tem nada nele." Ele diz. Estava apoiado de frente para a parede com os braços estendidos e a cabeça pendendo entre eles. Os outros betas saem do quarto, sabem que preciso de um momento para tentar convence-lo. Suspiro e vou até ele quando a porta se fecha.

"Helkon, talvez devêssemos deixar essa história de lado. Essa busca não está nos levando a nada." Digo tocando em suas costas. Ele contrai os músculos das costas e rosna.

"Não vamos desistir Lua, não podemos. Mesmo se desistíssemos da busca e nos mudássemos, nenhuma alcateia nos aceitaria pois pensariam que somos fracos por não conseguir defender o território de uma bruxa, então nós vamos achar esse semideus, vamos leva-lo e vamos recuperar nosso território." Diz batendo com o dedo indicador na parede à cada promessa, olha para mim por cima do ombro. "Mesmo que isso leve anos." Ele sai do quarto com uma carranca pesada e bate forte a porta, sei que ele iria beber ou ir para a floresta treinar, ele sempre faz isso quando precisa aliviar a pressão.

Vou até o semideus e o coloco sobre meu ombro, "preciso fazer alguma coisa" penso enquanto o prendia no porão, se ele não aceitava que precisávamos de ajuda, então estamos realmente perdidos.

(···)

Pego uma das caminhonetes e vou para a cidade. Ainda é noite e está tudo deserto, concentro-me e consigo sentir o cheiro da garota. Dirijo até que fique mais forte e estaciono em uma esquina quando vejo uma imensa forma descer do céu, um grifo. Ele coloca alguma coisa no chão com cuidado e sua forma começa a diminuir, dando lugar a um homem de cabelo castanho escuro um pouco ruivo completamente nu. Depois, o homem pega o que colocou no chão e percebo a silhueta de um corpo e imensas asas brancas, uma estava com sangue pingando de uma ferida e entra correndo no hospital do quarteirão carregando o corpo. Espero alguns minutos até ser seguro, desço da caminhonete e vou até onde um pouco do sangue do cara com asas havia caído. Ainda estava fresco. Chego mais perto, era o mesmo cheiro da garota que me atacara, mas não poderia ser, ela não tinha asas, ou será que ela era um transmorfo?

Ouço um som de algo se quebrando de dentro do hospital, seguido de um grito agonizante e depois silêncio. Ouço passos depois de alguns minutos e me escondo entre algumas árvores. Do hospital, o homem (ainda nu) sai andando ao lado da garota que mancava um pouco e eles vão para uma loja de roupas em frente ao hospital, a garota não estava mais com as asas, como isso é possível? Aproveito e vou para a caminhonete. Eles saem de lá cerca de meia hora depois, o homem completamente vestido e cada um com uma mochila nas costas. Depois de alguns passos, o homem pega a garota pela cintura e a coloca sobre seus ombros e eles continuam andando. Dou uma margem de meia hora e vou atrás, me guiando pelo cheiro deles. Vejo-os entrar em uma casa e uma luz no quarto de cima se acende e, depois de algumas horas, ela se apaga. Inspiro profundamente, hora de agir. Desço da caminhonete e vou até a casa, prendo meu cabelo em um coque e escalo até a janela, eles estavam dormindo de conchinha (devem ser namorados). Abro a janela devagar e entro no quarto. Assim que toco o pé no piso, sinto um vento forte passar bem próximo à minha orelha e uma bala se crava na parede atrás de mim, levanto o olhar e vejo o homem apontando uma Desert Eagle com silenciador para minha cabeça. Seus olhos cor caramelo brilhavam fraquinho, ele mantinha o braço esquerdo sobre a garota que não fizera menção de acordar e com a direita segurava a arma. Ergo as mãos em rendição, um sinal claro de -Não quero problemas, vim em paz-, ele ergue uma sobrancelha desconfiado e descreve um círculo com a arma, dou uma volta mostrando que estou desarmada, ele aponta para a porta e eu saio do quarto, seguida por ele. Ele fecha a porta com cuidado, guarda a arma no cinto e se vira para mim de braços cruzados e cara fechada.

"Quem é você e o que quer aqui?" Ele pergunta.

"Meu nome é Luana, só quero conversar." Ele se curva sobre mim e inspira profundamente, sentindo meu cheiro, depois me encara nos olhos.

"Você é da alcateia que atacou o acampamento hoje, certo?"

"Sou." respondo. Acho que não devia tê-lo feito por que ele me pegou pelo pescoço e me pressionou contra a parede, erguendo meu corpo para que ficasse na altura de seus olhos (o que era beeeem alto).

"Sabia que por causa de você e de seus amiguinhos, minha amiga ali do quarto quase foi para o Hades?" Um trovão ribombou à menção do deus. Aceno positivamente, ele estava me sufocando, mas parecia não se importar.

"Então, acho bom que saiba que, só não fui até o lugar onde vocês estão e destruí tudo e todos lá, porque ela está ferida e sei que ela não faria isso se não tivesse um ótimo motivo e para sua sorte, respeito muito as opiniões e decisões dela. Caso contrário, o único resquício de vocês que restaria naquela casa seria o cheiro de carne podre." Levo as mãos ao seu pulso e tento afrouxar para respirar, mas não adianta. Quando ele vê que eu já estava quase perdendo a consciência, me solta e eu escorrego até o chão, tossindo um pouco de sangue no processo. Ele não mentiu quando disse o que faria, deu para ver pelo seu olhar, mas me pergunto se ele seria capaz de enfrentar toda uma alcateia por quê ferimos sua amiga. Me levanto um pouco trêmula e o encaro.

"Eu vim em paz, quero só conversar, nossa alcateia está enfrentando um grande problema e.…"

"Seus problemas não me interessam." Ele me corta.

"Por favor, apenas ouça. Se ainda não quiser ajudar, vou entender e vou embora, mas não esperem que os ataques parem." Suplico, ele parece pensar no assunto, acena e faz sinal para que eu o siga. Vamos até a sala de estar, ele se senta em um sofá e eu me sento no outro à sua frente. Ele se recosta, pega a arma do cinto e analisa o cano.

"Pode falar, estou ouvindo." Inspiro fundo.

"A aproximadamente um mês, uma bruxa invadiu nosso território. Ela lançou um feitiço naquele local que impediu que nos transformássemos e disse que só poderíamos voltar a nos transformar naquele território se levássemos um semideus para ela, mas não qualquer um, um especial. Disse que o encontraríamos em Nova York e que saberíamos quem é assim que o encontrássemos. Por isso estivemos atacando o acampamento e sequestrando os semideuses, foi a única forma que encontramos de achar esse semideus que a bruxa quer." Conto. Ele pensa por alguns segundos.

"O que essa bruxa quer com esse semideus?" Ok, essa pergunta me pegou de surpresa.

"Não sei, nenhum de nós sabe, só queremos voltar para casa." Ele fecha os olhos e reflete sobre o que eu disse. "Se nos ajudassem, isso acabaria logo e não teriam mais que se incomodar conosco aqui." Respondo. Ele pensa por alguns longos segundos.

"Vou conversar com ela, não posso prometer nada. Seus sequestros ainda são um problema para nós." Ele se levanta, vai até a porta da frente e a abre. "Você já pode ir."

Levanto e vou até ele.

"Como eu disse, não esperem que os ataques parem, isso só vai acontecer quando acharmos esse semideus." Ele acena positivamente, eu saio da casa e vou até a caminhonete. Ele bate à porta e a tranca. Bom, ao menos eu tentei.

 

Rachel

Acordo com o toque do telefone.

"Alô?" Digo meio sonolenta.

"Alô, Rachel?!" Reconheço a voz de Annabeth.

"Oi Annie, os que foi?"

"Aconteceu de novo, a alguns minutos. Quíron acabou de nos contar. Dessa vez foi um filho de Ares que estava num dos grupos de patrulha."

"Mais alguém? Alguma pista do que os está levando?"

"Alguns dos campistas que estavam lá na hora disseram que viram lobos enormes. Outros dizem que viram alguém com uma máscara de raposa que literalmente criou asas e tentou fugir depois que o semideus de Ares sumiu, eles conseguiram acerta-lo com flechas venenosas, mas um grifo apareceu e o levou de lá." Okay, essa última parte foi estranha.

"Espera, está me dizendo que lobos gigantes estão sequestrando os semideuses, junto com um cara mascarado de raposa que foi resgatado por um grifo depois que levou flechadas na asa?"

"É o que parece."

"Ah tá, só para confirmar mesmo. Obrigado por me avisar." Digo, ela se despede e desliga. Olho em volta, Maya não estava na cama. Dou um pulo e rodo o apartamento chamando por ela, nada. Ligo para ela, ninguém atende. Ligo de novo, dessa vez, um homem atende.

"Alô?" Ele diz.

"Alô! Quem é?" Pergunto de forma acusatória.

"Olá Rachel, sou eu, Kye, o namorado da Maya." Ele diz. Lembro do ruivo de ontem no campus. "VOCÊ NÃO É MEU NAMORADO!" Ouço alguém gritar no fundo e reconheço a voz de Maya.

"Oi Rachel, é a Maya." Ela atende.

"Céus Maya, onde você está? Estou te procurando a horas!"

"Estou na casa de Kye, eu tinha um compromisso com ele. Ele falou disso ontem no campus, lembra?"

"Ah, é verdade, esqueci desse detalhe, desculpe. Quando você volta?" Realmente tinha esquecido disso.

"Acho que vou ficar o resto do dia, não estou me sentindo muito bem."

"Caramba! O que aconteceu? Você está bem?" Como assim?! Se eu descobrir que aquele mega-ruivo-super-sarado fez alguma coisa para minha amiga, ele vai se ver comigo.

"Sim, estou bem, só não vou voltar hoje para casa, nem vou para o campus, okay? Só estou um pouco cansada, devo estar melhor até amanhã." Ela tosse um pouco do outro lado. Desconfiada? Óbvio que eu estou.

"Okay, qualquer coisa você me avisa, certo?"

"Combinado." Responde. Desligo logo depois. Olho o relógio, 4 da manhã, não conseguiria dormir depois dessa. Levanto da cama e começo a revirar o apartamento procurando alguma coisa para fazer. Vou até nosso estúdio e olho alguns esboços de desenhos que eu e Maya tínhamos feito. Ela guardava algumas pilhas desses blocos, dizia que eram lembranças ao mesmo tempo da melhor e pior época de sua vida, os melhores e piores momentos. Nunca tive uma curiosidade para olhar o que eram, mas depois de minha recente suspeita sobre ela ser uma meio-sangue, meus dedos coçavam para olhar. Pego um dos blocos e coloco num cavalete, no canto superior esquerdo estava escrito com a caligrafia dela 10-11 anos. Pego a folha da capa e, com a mão meio trémula, viro a folha.

O primeiro desenho, era todo feito em lápis Grafite. Mostrava uma górgona de corpo inteiro na entrada de um beco com várias correntes nas mãos e, na ponta delas, estavam borrões disformes em preto com duas vendas e vermelho no lugar dos olhos. Me surpreendo com a riqueza dos detalhes que Maya fez no desenho, como as escamas e os olhos das cobras no cabelo da górgona, o cinto do monstro com um punhal e a fachada de uma escola visível do beco. Viro a folha. A próxima, era um desenho em aquarela de Quíron no topo da colina meio-sangue, ao lado do pinheiro de Thalia com uma mão estendida em direção ao artista e, ao lado dele, estava Luke de braços cruzados e um sorriso malicioso, mas seus olhos, estavam dourados, não azuis, como quando Cronos tomou seu corpo. Viro a folha e, mesmo que não tenha estado presente, reconheço a cena. Este, retratava de cima, uma batalha que acontecia no convés de um navio. A batalha acontecia entre uma manada de centauros e vários monstros. Passo o dedo por cima dos traços de um garoto que subia no lombo de um dos centauros, acompanhado de uma garota e um ciclope. Reconheço Percy, Annabeth e Tyson quando eram mais jovens. Quando ergo a folha para virá-la, uma foto empoeirada cai aos meus pés. Pego-a e limpo a poeira. A foto mostrava uma menina bem jovem em pé, na frente do lago de canoagem do acampamento com uma mão atrás da cabeça e a outra apontando para o lago por cima do ombro. A garota usava uma calça jeans escura e uma blusa do acampamento, botas e levava uma espada presa ao cinto. Viro a foto e no verso estava escrito: Minha primeira captura da bandeira M.M.W. M.M.W.? Viro a foto e olho mais de perto. Reconheço os olhos verdes, mas ela ainda não tinha as cicatrizes no rosto.

"Meus deuses!" Exclamo. Maya era realmente uma semideusa. Pego o celular e disco o número de Percy.

"Ahn, alô?" Ele atende. Percebo que o acordei.

"Percy?"

"Oi Rachel. O que aconteceu para me ligar a essa hora?"

"Você e a Annie podem vir aqui hoje, depois da faculdade? Quero que vejam uma coisa. É urgente."

"Ah, podemos sim. Vou falar com ela quando a encontrar." Ele responde e ouço um longo bocejo.

"Obrigado. Desculpe por te acordar."

"Nah, imagina. Te vejo na faculdade." Ele diz e desliga. Inspiro fundo e sento na cama. Um certo alguém vai ter que me dar uma ótima explicação.

 

Kyetrus

 

Foi bem difícil bancar o Durão para aquela loba, mas acho que funcionou já que ela saiu com o rabo entre as pernas. Quem diria que lobisomens ou lobos, que seja, poderiam ser espantados do próprio território por uma bruxa. Tranco a porta assim que Luana sai de minha casa e inspiro profundamente, hora de desligar o modo Durão. Subo para o quarto. Maya ainda dormia um sono pesado. Dou um meio sorriso e me deito ao lado dela na cama, abraçando-a pelas costas em forma de proteção. Ela resmunga alguma coisa e se aconchega no meu agarre. Encosto meu nariz em sua cabeça e inspiro fundo.

"Esses lobos vão se ver com a gente, maninha. Vamos dar um jeito neles." Sussurro. Ela aperta meus braços e sinto o lugar onde as flechas haviam perfurado tremer em um espasmo involuntário. Massageio delicadamente o lugar até que pare de tremer. Você daria um ótimo médico- Sorrio quando as palavras dela voltam em minha mente, não seria uma má ideia. Nós grifos temos uma eternidade pela frente, cinco anos atrás de uma mesa na faculdade não são nada. Ajeito meu corpo na cama e me sento recostado na cabeceira. Pego as pontas das flechas no bolso da jaqueta e as analiso. Eram feitas de bronze celestial como o das armas dos semideuses, estavam sujas do sangue de Maya mas havia mais alguma coisa. Giro a flecha contra a luz da lua que entrava pela janela e vejo um vestígio de alguma coisa verde. Tiro um pouco da substancia com o dedo e a sinto, uma textura mucosa. Sinto seu cheiro, ácido.

"Veneno de Hidra." Murmuro. Não me surpreende o efeito que teve sobre Maya, a Hidra tem um veneno poderoso, se ela não se curasse rápido, o veneno a teria matado antes de conseguir tirar as flechas. O veneno não havia se espalhado muito, por isso consegui tirar o que entrara, mas o estrago que ele fizera ao abrir a ferida demoraria várias horas para cicatrizar.

Sinto Maya se mexer e ela deita sua cabeça sobre meu abdômen. Sorrio para ela e acaricio seus cabelos curtos com a mão direita. Ela faz um som com o peito, ronronando. Rio internamente.

"Você é uma caixinha de surpresas em maninha?" Ela começa a roncar baixinho e a babar um pouco na minha camisa. Pego um travesseiro e o coloco abaixo de sua cabeça.

"Tente não babar muito no meu travesseiro." Digo e saio da cama. Ela continua dormindo como se nada tivesse acontecido. Esse sono pesado ainda vai te matar - penso comigo mesmo e desço para a cozinha fazer alguma coisa para comer.


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